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domingo, 1 de setembro de 2013

A quimica da Farmácia

Os gastos com medicamentos totalizaram, no mundo todo, US$ 856 bilhões 
no ano de 2010. 

  • A informação, do Instituto IMS Health, foi divulgada durante a CPhI South America 2011. No Brasil, o consumo de medicamentos aumenta a cada ano, mas o potencial de crescimento ainda é grande, considerando as numerosas parcelas da população que ainda não têm acesso a eles por causa da baixa renda.
Química farmacêutica é a ciência que estuda as propriedades químicas envolvidas na ação terapêutica e tóxica de fármacos, bem como seus mecanismos de ação moleculares e a relação entre a estrutura e atividade. A química farmacêutica, modernamente tem sido chamada de química medicinal, dado a grande interdisciplinaridade e complexidade que a ciência adquiriu. 
  • Além disto, ela descobre, planeja, identifica, analisa e modifica substâncias para possuírem melhor desempenho farmacológico.
Entre tantas substâncias químicas conhecidas, aquelas que apresentam atividade farmacológica recebem o nome de farmoquímicos. Muitos destes são obtidos através de métodos de isolamento e purificação de amostras originadas dos Reinos Animal (ex.: heparina) e Vegetal (ex.: digoxina). 
  • É, nas famosas "plantas medicinais", onde são encontradas muitas destas substâncias importantes na Farmácia e na Medicina. Mas, há outras fontes a serem consideradas: fonte mineral (ex.: sais, como o "cloreto de sódio"), fonte biotecnológica (ex.: penicilinas) e a tradicional fonte sintética (ex.: salicilato de metila).
Os medicamentos são produtos tecnicamente elaborados que contêm, em sua composição, tais substâncias "especiais", as quais são responsáveis pelo efeito desejado, sendo, portanto, conhecidas como o "princípio ativo" destes. 
  • Com o desenvolvimento da química, foram notados avanços nas diversas áreas de obtenção desses "princípios ativos" ou fármacos, valendo ressaltar as pesquisas em Química de Produtos Naturais (extraindo muitas substâncias e enviando-as para testes biológicos e farmacológicos) e em Síntese Química (produzindo, muitas vezes, aquilo que a natureza não produz!).
Historicamente, povos antigos já desenvolviam interesse no estudo da relação: doença-substância-cura. No século VII a.C., assírios utilizavam plantas que, atualmente, são fontes de fármacos modernos (ópio, camomila, extrato de rosas). Papiros do Egito divulgavam indicações clínicas de, aproximadamente, 700 espécies de plantas, entre elas, o rícino (com substâncias de efeito laxativo). Povos orientais se aperfeiçoaram na extração de substâncias da classe "alcalóide", como a quinina (eficiente no tratamento da malária). 

A química farmacêutica é a ciência que estuda as propriedades químicas envolvidas 
na ação terapêutica e tóxica de fármacos, bem como seus mecanismos de 
ação moleculares e a relação entre a estrutura e atividade. 

  • A química farmacêutica, modernamente tem sido chamada de química medicinal, dado a grande interdisciplinaridade e complexidade que a ciência adquiriu. Além disto, ela descobre, planeja, identifica, analisa e modifica substâncias para possuirem melhor desempenho farmacológico.
No século XIX, médicos, farmacêuticos (inclusive bioquímicos) e químicos começaram a desenvolver técnicas voltadas para o estudo das substâncias responsáveis pelas atividades farmacológicas, ou seja, os fármacos. Então a farmacologia passou a trabalhar em "conjunto" com a química (que tratava do isolamento/obtenção e análise química das substâncias). 
  • Os resultados foram positivos e os esforços se concentraram, principalmente, nas doenças carenciais, infecciosas e degenerativas. Como exemplo, temos os estudos sobre a diabete (Diabete mellitus), os quais levaram à descoberta da insulina (hormônio necessário no metabolismo lipídico e glicídico). 
A introdução de um medicamento novo, no mercado, é um processo trabalhoso, caro e sofisticado. Após a síntese química ou isolamento do fármaco, este deve ser caracterizado (determinação estrutural: espectroscopia de infravermelho, ressonância magnética nuclear, espectrometria de massas; propriedades físicas: ponto de fusão, rotação específica, solubilidade; propriedades químicas: possíveis reações com outras substâncias, que venham a interagir, caso sejam utilizadas em uma terapia multi medicamentosa; outros).
  • Depois da fase de caracterização, vem a fase dos testes de atividade biológica (que, também, podem envolver a farmacologia), tais como: ação sobre um agente patológico ou sobre um sistema biológico, entre outros. Também, são realizados testes toxicológicos, que garantem a segurança do produto. 
Posteriormente, são realizados testes clínicos "voluntários", onde os pacientes são rigorosamente acompanhados, sendo necessários, por tanto, estudos de Farmacologia Clínica, Análises Clínicas e Patologia.
  • Com a aprovação do medicamento (incluindo a do fármaco), são desenvolvidos estudos sobre técnicas de fabricação e de controle de qualidade, que garantam a produção contínua e segura do produto. Mais uma vez, nota-se a influência da química, tratando do desenvolvimento de técnicas para análise e controle da qualidade (métodos instrumentais de análise químicas, por exemplo). 
Por fim, após dispensação do medicamento, nas farmácias, o farmacêutico faz o acompanhamento, ou melhor, o seguimento farmaco terapêutico, atentando para estudos de farmacovigilância. É, nesta etapa, onde se encontra o "berço" da Atenção Farmacêutica.
  • Um medicamento pode ser destinado a fins profiláticos, curativos ou de diagnóstico. A substância química é acompanhada de "excipientes" que compõem a formulação. Se a substância (ou fármaco) foi isolada de uma planta, o medicamento é um fito medicamento. 
No caso de não haver a fase de isolamento de constituintes vegetais, mas partes do vegetal, o produto é um medicamento fitoterápico. Os demais medicamentos alopáticos são obtidos de síntese química (que envolvem diversas reações, principalmente, orgânicas) e de outras fontes naturais. 
  • No organismo, os medicamentos passam pela fase farmacêutica, caracterizada pela "dissolução" e liberação do fármaco, pela fase farmacocinética, que envolve a absorção, distribuição, biotransformação e excreção, e pela fase farmacodinâmica, na qual a substância interage com seu receptor, desenvolvendo o mecanismo de ação farmacológica. 
A química apresenta importância, principalmente, na biotransformação dos fármacos, onde ocorrem reações de oxidação, redução e hidrólise, além de conjugação com grupos polares, que "facilitam" a excreção.
  • A legislação sanitária brasileira tem direcionado muitas normas e leis para os "fármacos" e não somente para os medicamentos que os contém. Nomes químicos e até termos que indicam uma estrutura química têm sido utilizados, como, por exemplo, na Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998, a qual aprovou o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial (esta apresenta, inclusive, alusão aos "isômeros" de substâncias). 
O fato ganhou grande dimensão com a Lei nº 9.787/99, a qual estabeleceu a criação do medicamento genérico e a utilização de nomes genéricos (que possuem relação com os nomes químicos) em produtos farmacêuticos. 
  • Um estudo detalhado sobre a participação da Química na Farmácia é longo e envolve vários temas, desde a história das civilizações até o avanço das pesquisas científicas. Com as informações aqui apresentadas, temos um "guia" que direciona para os principais pontos relacionados com um estudo tão rico e complexo.
A Química da Farmácia