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sábado, 21 de setembro de 2013

Ocimum gratissimum - Alfavacão, alfavaca-cravo

Alfavaca florescida

  • A alfavaca (Ocimum gratissimum) é uma planta medicinal também conhecida como alfavacão, alfavaca-cravo e manjericão-cheiroso. Inclui os sinônimos botânicos Ocimum guineense e Ocimum viride. A alfavaca é nativa da África e Ásia tropical, mas pode ser encontrada em todo o Brasil. Pertence à família Lamiaceae. 
O gênero Ocimum contém aproximadamente 30 espécies nativas dos trópicos e subtrópicos, sendo que espécies deste gênero são cultivadas com freqüência na Europa e América. As espécies pertencentes ao gênero Ocimum caracterizam-se por serem ricas em óleos essenciais destinados às indústrias para produção de fármacos, perfumes e cosméticos (MORALES e SIMON, 1996), e por apresentarem propriedades terapêuticas úteis à população (MARTINS et al, 1994).
  • Entre as espécies de interesse terapêutico, destaca-se o Ocimum gratissimum L (CRUZ, 1986). Trata-se de uma angiosperma da família Lamiaceae originária do Oriente, e que hoje está difundida por países tropicais como o Brasil onde é conhecida popularmente como alfavacão, alfavaca e alfavaca-cravo (2002, citado por FARIA et al., 2006; LORENZI, 2008).
O Ocimum gratissimum L é um subarbusto aromático, ereto, com até 1m de altura. Suas folhas são ovalado-laveoladas, de bordos duplamente dentados, membranáceas, 4-8 cm de comprimento. As flores são pequenas, roxo-pálidas, dispostas em racemos paniculados eretos e geralmente em grupos de três. Fruto do tipo cápsula, pequeno, possuindo 4 sementes esféricas. Tem aroma forte e agradável que lembra o cravo-da-índia. (LORENZI, 2008; CORRÊA, 1926). 
  • Nessas últimas décadas tem-se observado grande interesse pelo potencial terapêutico das plantas medicinais (Yunes et al., 2001), de tal modo que cerca de 30% das drogas prescritas no mundo são obtidas direta ou indiretamente de plantas (Koehn & Carter, 2005). 
Com isso, tem-se verificado grande avanço científico envolvendo estudos químicos, alimentícios, farmacológicos de plantas medicinais, visando obter novos compostos com propriedades farmacêuticas (Cechinel Filho & Yunes, 1998). 
  • Dentre estes estudos se destacam a caracterização das plantas e dos constituintes químicos dos óleos essenciais, por pertencerem ao maior e mais diversificado grupo dentro dos produtos naturais, e por apresentarem grande importância terapêutica e econômica (Silva et al., 2003).
Muitas espécies de alfavaca, tomilho e orégano têm sido amplamente utilizadas na medicina popular como agentes anti-inflamatórios, antioxidantes e antissépticas (Abdeslam et al., 2007). 
  • A alfavaca (Ocimum gratissimum L.) pertence ao gênero Ocimum e à família Labiatae (Pereira & Maia, 2007). 
O tomilho (Thymus vulgaris L.) é uma planta da família Lamiaceae que compreende 150 gêneros, com cerca de 2.800 espécies distribuídas em todo o mundo (Porte & Godoy, 2001). O orégano (Origanum vulgare L.) é uma erva nativa da Europa, África e sudoeste da Ásia (Flégner, 2011). 
  • Os óleos essenciais podem ser extraídos de diferentes partes da mesma planta e, apesar de apresentarem cor e aspecto semelhantes, podem apresentar diferente composição química, característica físico-químicas e odores (Robbers et al., 1997). 
Embora extraído do mesmo órgão e da mesma espécie vegetal, a composição química do óleo essencial pode variar significativamente em função de épocas específicas, podendo esta variação ocorrer tanto no período de um dia como em épocas do ano (Reis et al., 2003), estar relacionado ao estágio de desenvolvimento, às condições climáticas e de solo (Simões & Spitzer, 2003).
  • Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo a caracterização de plantas frescas e secas (comerciais) de alfavaca, orégano e tomilho, a obtenção dos óleos essenciais através do método de arraste a vapor e a quantificação dos compostos químicos por CG/EM 
Propriedades Químicas:
  • Dentre os compostos presentes nesta espécie, destaca-se o ácido rosmarínico, um metabólito secundário produzido por várias famílias das plantas superiores, dentre elas as lamiáceas, tendo os aminoácidos fenilalanina e tirosina como precursores em sua rota biossintética. Inúmeras espécies, que contém este metabóliito, como Rosmarinus officinalis L, Symphytum officinale L., Melissa officinalis L., Salvia officinalis L., Lavendula angustifolia Mill. etc, são usadas em terapias alternativas e no tratamento de algumas doenças (PARNHAM & KESSELRING, 1985; PETERSENA & SIMMONDSB 2003). 
O ácido rosmarínico possui uma ampla faixa de ações no organismo, atua como: a) adstringente; b) antioxidante; c) antimutagênico; d) antibacteriano; e) antiviral; f) Inibição do dialdeido malônico (MDA). O dialdeido malônico contribui para a reação inflamatória por ativação de citocinas, como o TNF-β e a IL-8; g) inibição da formação de prostaglandinas em processos inflamatórios, por mecanismos diferentes dos anti-inflamatórios não esteroidais (PARNHAM & KESSELRING, 1985).
  • Por seu sabor e odor similar ao cravo-da-Índia, a alfavaca é bastante usada na culinária. O óleo essencial da alfavaca é seu constituinte mais importante em termos biológicos e contém cerca 70 a 80% de eugenol, além de timol e geraniol. 
O eugenol é também usado na fabricação de produtos dentários por ser antisséptico local e analgésico. De acordo com testes em cobaias, o óleo essencial da alfavaca relaxa os músculos do intestino delgado, o que reforça a sua utilização para o tratamento de distúrbios gastrointestinais. 
  • O óleo essencial das folhas contém: eugenol (77,3%), 1,8-cineol (12,1%)(Nordeste do país), β-cariofileno, o-cimeno, p-cimeno, carvacrol, canfeno, limoneno, a-pineno, b-pineno, geraniol, timol, gratissimeno, linalol, b-elemeno, b-cubebeno, citral, cânfora, a-tujeno, a-humuleno, etc. 
O teor máximo de eugenol ocorre às 12:00 h enquanto o 1,8-cineol, tem seu maior teor pela manhã e no final do dia (Lorenzi & Matos, 2008). A planta contém também taninos, esteróides, triterpenóides e carboidratos.
  • A alfavaca produz ainda o ácido rosmarínico, que no organismo, atua como adstringente, antioxidante, antimutagênico, antibacteriano, anti-inflamatório e antiviral. A ação antibacteriana é reforçada pelos fenóis contidos nos óleos essenciais da planta, que tem ação contra bactérias do gênero Proteus, Klebsiella, Salmonella, Escherichia, e Shigella. 
Devido a esta atividade, a Ocimum gratissimum faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil. 


Ácido rosmarinico:
  • O ácido rosmarínico (VII) é um éster dos ácidos caféico e 3,4-dihidroxifenillático, encontrado como um metabólico secundário de várias espécies vegetais. Seu nome é proveniente do nome da primeira planta da qual foi isolado, o Rosmarinus officinalis (alecrim), e foi dado pelos químicos italianos Scarpati e Oriente1 (1958, citado por Petersen e Simmonds, 2003). 
Ele é encontrado principalmente em espécies da família Boraginaceae e da subfamília Nepetoideae da família Lamiaceae, mas já foi descrito em outras famílias vegetais, como nas Blechnaceae (samambaias), nas Zosteraceae, nas Potamogetonaceae e nas Cannaceae, entre outras (PETERSEN e SIMMONDS, 2003). 
Dentre as espécies vegetais que contém o ácido rosmarínico destacam-se: Anethum graveolens (endro), Artemisia dracunculus (estragão), Betonica officinalis (betônica), Borago officinalis (borragem), Glechoma hederacea (erva-terrestre), Hyssopus officinalis (hissopo), Lavandula angustifólia (alfazema), Lycopus europaeus (licopus), Majorana hortensis (manjerona), Melissa officinalis (erva cidreira), Mentha arvensis piperascens (hortelã), Mentha pulegium (poejo), Mentha spicata (hortelã-peluda), Momordica charantia (melão-de-são-caetano), Monarda didyma (bergamota), Nepeta cataria (gataria), Ocimum basilicum (manjericão), Origanum vulgare (orégano), Orthosiphon aristatus (ortosifão), Petroselinum crispum (salsinha), Prunella vulgaris (brunela), Rosmarinus officinalis (alecrim), Salvia officinalis (sálvia), Salvia sclarea (sálvia-esclaréia), Salvia sp., Satureja hortensis (segurelha), Satureja montana (segurelha), Symphytum officinalis (confrei), Thymus serpyllum (serpilho), Thymus vulgaris (tomilho) (Ácido rosmarínico, 2008).
O ácido rosmarínico possui fórmula molecular C18H16O8, e também é designado pelos nomes ácido α-O-cafeoil-3,4-di-hidroxifenillático; ácido α-[3-(3,4-dihidroxifenil)-1 oxo-2-propenil]-3,4-di-hidroxi-benzenopropanóico; ácido 3-(3,4-di-hidroxifenil)-2-[3-(3,4-di hidroxifenil)-1-oxo-2-propeniloxi]-propanóico; ácido rosemárico. Apresenta número de registro CAS 20283-92-5 (Rosmarinic acid, 2009). 

Alfavacão, alfavaca-cravo

Propriedades medicinais:
  • Suas folhas e ramos são aromáticas e usadas empiricamente nas práticas caseiras como estimulante, carminativa, diurética e na forma de banhos contra gripes em crianças. É também um excelente tempero culinário, para carnes e massas. 
A coleta para fins medicinais fica condicionada a horários definidos. Em torno de 12:00 h para o preparo de enxaguatório bucal aproveitando o eugenol (antisséptico) (77,35%) e, antes da 9:00 h ou depois das 16:00 h, para aproveitar o 1,8 cineol (12,1%) princípio balsâmico de ação antisséptica pulmonar e expectorante para banhos antigripais em crianças. Esta planta age como larvicida e repelente de insetos de longa duração (mais de 2h). Seu óleo essencial tem ação bactericida e analgésica de uso em odontologia
  • O xarope de alfavaca, tanto de suas folhas quanto raízes, é eficaz contra tosses, dores de cabeça e bronquites. Os extratos obtidos da planta são usados pela população no tratamento de reumatismo, paralisias, epilepsia e doenças mentais. Na lavoura, estes extratos, se borrifados em plantas doentes, pode agir como inseticida e fungicida. 
As influorescências da planta em forma de chá são usadas popularmente para o tratamento de problemas digestivos, flatulência, gripe, tosse, prurido, estresse, dor de cabeça, fadiga e como sedativo e expectorante. 
  • O óleo essencial das influorescências tem ação antibacteriana de amplo espectro associado com antibióticos ou em preparações de uso tópico em lesões infectadas, principalmente por Staphylococcus aureus, cepa causadora de infecções cutâneas. 
Quando usado o chá das folhas de alfavaca para banhos, o mesmo proporciona alívio dos sintomas de micose e afecções de pele em geral. A ingestão do chá das raízes é usado contra diarréias, distúrbios do estômago, dores de cabeça e como sedativo.

Indicações: 
  • Má digestão, flatulência, gases estomacais. 
  • Indicada para amenizar a Tosse, combate resfriados e ameniza as dores no corpo. 
Contraindicações:
  • A alfavaca pode causar reações alérgicas em alguns pacientes. O uso interno do óleo essencial é contra-indicado e pode causar palpitações, sudorese, tontura e outros efeitos colaterais.
Outros Usos:
  • Tratar de dores de cabeça: 
  • Acabar com aftas: 
  • Como afrodisíaco: 
  • Tratar de dores de ouvido: 
  • Afastar moscas e picadas de mosquitos: 
Ela ainda ajuda a aumentar a produção de leite nas lactantes, evita as cãibras no estômago, elimina catarros, febre, tosses, gripe, ajuda a tratar problemas renais, má digestão, gastrite, náuseas e vômito e infecções intestinais.
  • Extratos obtidos da planta são usados pela população no tratamento de reumatismo, paralisias, epilepsia e doenças mentais, além de conter substâncias ativas que são utilizadas como inseticida, nematicida, fungicida, antimicrobiana e anti-séptica local. Por seu sabor e odor semelhantes ao do cravo-da-índia, é usada também como condimento em culinária (PATON, 1992; MATOS, 2000; EFFRAIM, 2001; LORENZI, 2002; LORENZI, 2008). 

Chá de Alfavacão