sábado, 9 de agosto de 2014

Brometo de metila

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberou o uso emergencial de agrotóxicos à base de Brometo de Metila em fibras e caroço de algodão, destinados à exportação. 
  • Devido a uma exigência do Paquistão, o uso emergencial de agrotóxicos à base de Brometo de Metila em fibras e caroço de algodão, destinados à exportação, foi autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A medida para combate ao bicudo do algodoeiro foi publicada nesta quinta-feira, 5 de dezembro, no Diário Oficial da União.
  • Empresas interessadas em comercializar o produto devem requerer aprovação para uso emergencial e apresentar termo de compromisso para geração e apresentação dos estudos necessários à realização do registro definitivo do agrotóxico. O registro do Brometo de Metila, para uso emergencial, será cancelado se constatado problema de ordem agronômica, toxicológica ou ambiental.
  • O bicudo do algodoeiro foi identificado no Brasil em 1983 e causa danos às estruturas reprodutivas do algodoeiro e ao produto final, reduzindo diretamente a produção do algodão. Segundo o coordenador-geral de agrotóxicos e afins do Mapa, Carlos Venâncio, a medida é necessária para impedir a suspensão do comércio com o Paquistão. “Várias práticas são adotadas para o manejo dessa praga, no entanto o uso desse defensivo é uma exigência formal do país importador de fibras e caroço de algodão”, disse.
Os produtos químicos que destroem a camada de ozono são estáveis e contêm elementos de cloro ou de bromo, como os clorofluorcarbonetos (CFC) e o brometo de metilo. A sua estabilidade permite-lhes atingir a estratosfera inalterados, sendo só então quebradas as suas moléculas por ação da radiação UV e libertados os radicais (de cloro ou bromo).
  • O brometo de metila é usado principalmente como fumigante na agricultura, para controlo de pragas e para tratamento de quarentenas enquanto que os CFC são muito utilizados em frigoríficos, aparelhos de ar condicionado, indústria eletrônica, artigos de limpeza, entre outros.
Embora o bromo seja libertado para a atmosfera em menores quantidades que o cloro, é 60 vezes mais danoso para a camada de ozono. As emissões de bromo devem-se principalmente ao uso de extintores de incêndio contendo bromo e de brometo de metilo.
  • Em 1996, eram produzidas a nível mundial cerca de 71500 toneladas de brometo de metilo, produto muito utilizado na agricultura. Estima-se que 70% das emissões médias de brometo de metilo esteja associado à fumigação de solos antes da plantação de culturas. A emissão deste produto varia com vários aspectos, como o método aplicado e as condições ambientais locais.
O composto químico bromometano ou brometo de metila, é um composto orgânico halogenado com fórmula química CH3Br. É um gás incolor, com suave aroma a clorofórmio, não inflamável. Suas propriedades químicas são bastante similares às do clorometano. Nomes comerciais do bromometano são Embafume, Bromometano, e Terabol, entre outros .

Características do brometo de metila:
  • Penetra profundamente no solo e difunde-se nas estruturas de edifícios, atingindo as pragas mais inacessíveis
  • Atua relativamente rápido
  • Efetivo para várias condições e sistemas de cultura
  • Fumigante efetivo para a maioria das pragas a baixas concentrações
  • É principalmente usado como fumigante para controlar pragas em culturas hortícolas como morangos, melão, pimentos, pepinos, entre outros.
Existem outros fatores que restringem o uso de brometo de metila: pode alterar cor e cheiro de alguns produtos alimentares; é tóxico para plantas em crescimento; produz resíduos que podem afetar as águas subterrâneas e é tóxico para o Homem, requerendo treino e equipamento especiais dos operadores. Além disso, o brometo de metilo foi inscrito, em 1992, no Protocolo de Montreal como uma das substâncias responsáveis pela destruição da camada de ozono, devendo ser eliminada de forma faseada até 2005, nos países industrializados.
  • Na Dinamarca e na Holanda, o brometo de metila já deixou de ser usado na fumigação. Mais de 90% das alternativas ao uso de brometo de metila foram já identificadas, sendo muitas delas utilizadas em diferentes partes do mundo. No entanto, não há uma única substância que possa substituir o brometo de metila em todas as suas aplicações, devendo as alternativas ser escolhidas de acordo com as condições locais das explorações. Algumas alternativas usam outros produtos químicos, outras recorrem a técnicas não químicas. A maioria das alternativas viáveis inclui uma gestão integrada de pragas que consiste na combinação de práticas e técnicas químicas e não químicas necessárias para atingir um controle de pragas satisfatório, muitas vezes com redução do recurso no uso de produtos químicos.
No entanto, os governos de alguns países desenvolvidos - Austrália, Europa e América do Norte - expressaram preocupação sobre o fato de as alternativas ao brometo de metila serem mais caras e pouco eficazes, tentam prolongar a utilização das substâncias depois de 2005, algo que será discutido na próxima reunião das partes do Protocolo de Montreal.

Origem:

O brometo de metila tem origem tanto natural como sintética. Se produz naturalmente no oceano, por algas e algas laminariales. Também por plantas terrestres, como várias do gênero das brassicas. Em sua maior parte é produzido pelo oceano. Na indústria se produz reagindo metanol com ácido bromídrico.

CH3OH + HBr → CH3Br + H2O

No laboratório se obtém adicionando ácido sulfúrico a uma mistura de metanol e brometo de sódio (pelo que se forma ácido bromídrico):

2NaBr + H2SO4 → Na2SO4 + 2HBr

E este ácido bromídrico produzido que irá reagir com o metanol.
  • É obtido também por reação do bromo com metanol em presença de fósforo branco, ou ainda por reação do metanol com o tribrometo de fósforo (PBr3), por processo similar a de outros halogenetos de alquila, por meio dos halogenetos de fósforo, como o tricloreto de fósforo (PCl3) ou o pentacloreto de fósforo (PCl5).

Brometo de metila ou Bromometano
Outros nomes:
  • Brometo de metila 
  • Monobromometano 
  • Metil fume 
  • Halon 1001 
  • Curafume 
  • Embafume 
  • R-40 B1 
  • UN 1062 
  • Embafume 
  • Terabol
Fórmula química
  • CH3Br
Compostos organobromados relacionados:
  • Dibromometano
  • Tribromometano
  • Tetrabromometano
  • Bromoetano
Compostos relacionados:
  • Metano
  • Brometo de hidrogênio
  • Bromofluorometano
Usos:

Com o Protocolo de Montreal sua produção e uso foi descontinuado em etapas. Era amplamente usado como inseticida e nematicida com efeito fungicida, acaricida, rodenticida, herbicida (sementes em germinação). Se utilizava para desinfetar e esterilizar solos (matava sementes de todas as spp.), fumigar cereais, proteger mercadoria armazenada, desinfectar depósitos e moinhos (em especial contra o gorgulho dos grãos e a traça da farinha) como gás não combinado ou combinado com dióxido de carbono e/ou dibrometo de etilideno. Ainda que o bromometano seja perigoso de usar, é consideravelmente mais seguro e mais efetivo que os outros poucos esterilizantes de solo disponíveis. Seu desaparecimento na indústria de germoplasma vegetal resultou em mudanças das práticas culturais, incrementando as tarefas mecânicas de solo. O bromometano era muito usado como fumigante multipropósito para matar variedades de pestes: ratos, insetos, fungos. O ISPM 15 de regulações serve quando se exporta em "packaging" de madeira a certos países. Também era um bom solvente para extração de óleos de sementes e de lãs.
  • O Protocolo de Montreal tem restringido severamente o uso de brometo de metilo internacionalmente, os EUA conseguiram retardar seu uso com exceções. Em 2004, dados disponíveis, 3.200 tons de bromometano se aplicaram nada mais que no Estado da Califórnia, (California Department of Pesticide Regulation). Para o mesmo ano, toda Argentina usou 870 tons.
Considerando informação veiculada pelo Ministério do Meio Ambiente no início do ano (2011), informando que as importações de Brometo de Metila estão suspensas, a Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário e Quarentenário (ABRAFIT) esclarece que a proibição diz respeito somente ao uso do Brometo de Metila como Herbicida na Agricultura, cumprindo as determinações da Instrução Normativa Conjunta n° 1, de 10 de Setembro de 2002. Portanto, o uso do Brometo de Metila para fins quarentenários e fitossanitários continua liberado até dezembro de 2015, com possibilidade de prorrogação. 
  • A Instrução Normativa nº 1 dispõe sobre a proibição e prazos para o uso de Brometo de Metila para expurgos em cereais e grãos armazenados e no tratamento pós-colheita das culturas, e define o cronograma para o término de sua utilização. 
No cronograma contido no artigo 2º desta Instrução Normativa fica determinado que o uso do Brometo de Metila está proibido para cultura de fumo desde 31 de dezembro de 2004 e para sementeiras de hortaliças, flores e formicida desde o dia 31 de dezembro de 2006. Já para tratamentos quarentenários e fitossanitários de embalagens e suportes de madeira utilizadas para fins de importação e exportação está liberado até 31 de dezembro de 2015, com possibilidade de prorrogação. 
  • Sendo assim, de acordo com o Artigo 4º da IN 1, “Ficam as operações de fumigação para fins de controle fitossanitário e quarentenário identificados como tratamentos autorizados oficialmente para exterminar, remover ou tornar inférteis as pragas não quarentenárias regulamentadas e quarentenárias, mediante a utilização do Brometo de Metila”. 
Para o presidente da ABRAFIT, Marco Bertussi, o uso do Brometo de Metila para fins quarentenários e fitossanitários é fundamental para garantir as exportações brasileiras e extremamente importante para o crescimento do país, uma vez que a sua utilização no tratamento de embalagens e suportes de madeira para transporte internacional de mercadorias viabiliza a entrada dos produtos brasileiros na Europa, Estados Unidos e demais países que adotaram a Norma Internacional de Medidas Fitossanitárias nº 15 (NIMF 15). 
  • A ABRAFIT - Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário e Quarentenário, é uma entidade de âmbito nacional, sem fins lucrativos, que congrega empresas especializadas em tratamento fitossanitário e quarentenário, registradas no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e juridicamente habilitadas para a execução de tratamentos fitossanitários e quarentenários, em qualquer de suas modalidades. 
Sua missão é representar os interesses das empresas associadas, promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor, fortalecer o status fitossanitário do país, através do pronto atendimento das demandas por tratamentos fitossanitários e quarentenários, em processos de importações e exportações de mercadorias, de forma que o Brasil tenha cada vez mais condições técnicas para realizar essas operações, e que sua barreira fitossanitária esteja cada vez mais fortalecida, protegendo a agricultura, fauna e flora do país, contra a entrada e instalação de pragas quarentenárias. 
  • No decorrer de 2005, assim que a Norma Internacional de Medida Fitossanitária nº 15 (NIMF 15) começou a ser implementada no Brasil em caráter emergencial para atender aos exportadores e importadores que utilizam embalagens e/ou suportes de madeira na comercialização de produtos destinados ou oriundos de países que notificaram a internalização da NIMF 15, a ABRAFIT saiu a campo a convite do MAPA e ministrou palestras em 16 estados brasileiros sobre a sua implementação e impacto no comércio Internacional. 
A Instrução Normativa nº 07 que oficializava a NIMF 15 no país chegou a ser publicada no Diário Oficial da União, no dia 17 março de 2006, e entraria em vigor de forma definitiva dia 16 de maio do mesmo ano, mas considerando as alterações sofridas pela NIMF 15 e aprovadas na I Reunião da Comissão de Medidas Fitossanitárias (CMF), realizada em Roma, no período de 3 a 7 de abril de 2006, o Ministério da Agricultura decidiu revogar a IN 07. 
  • Enquanto a Portaria nº 7 estiver sob consulta pública, continuará em vigor a Instrução Normativa nº 4, que foi implantada no Brasil em 06 de Janeiro de 2004 em caráter emergencial, para atender as recomendações do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), e simplificar o processo de certificação fitossanitária com o uso de marca internacional, indicando que o material foi submetido ao Tratamento por Fumigação com Brometo de Metila (MB), ou Tratamento Térmico (HT) nas importações e exportações de mercadorias, com o objetivo de se evitar a introdução e disseminação de pragas florestais quarentenárias nos países. 
A NIMF15 foi editada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e Alimentação (FAO), em março de 2002, e entre os países que já adotaram a Norma estão: África do Sul, Argentina, Áustria, Bolívia, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Sul, Costa Rica, Egito, Equador, EUA, Filipinas, Guatemala, Índia, Jordânia, México, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru, Suíça, Taiwan, Turquia, Venezuela, União Européia e Brasil em caráter emergencial. 
  • No entanto, esses foram apenas os primeiros passos de uma jovem associação que aprendeu a caminhar muito rapidamente, e entre as propostas que já começam a ser colocadas em prática estão a realização de cursos técnicos e divulgação dos cursos de interesse dos associados, a cobrança de uma postura ética do segmento, o desenvolvimento de ações de orientação junto aos clientes (importadores e exportadores), a elaboração de ações de geração de empregos, além da colaboração com os órgãos governamentais brasileiros e de outros países. 
Diminuição da camada de ozônio:

O bromometano é um dentre uma lista de substâncias redutoras do ozônio estratosférico no Protocolo de Montreal. Como o bromo é 60 vezes mais destruidor do ozônio que o cloro, quantidades menores de brometo de metilo causam consideráveis danos à camada de ozônio. Em 2005 e em 2006, seguem existindo exceções sob o Protocolo de Montreal.

Controvérsia:

O bromometano é usado para preparar campos de golf, esterilizando-os antes de replantar spp. de pastos. Particularmente para controlar Cynodon dactylon (pasto Bermuda, chepica, capim). O Protocolo de Montreal estipula que o bromometano deve descontinuar-se progressivamente. O governo dos EUA tem adotado exceções para prevenir desarmonias de mercado.

Toxicidade:
  • Se inala-se uma alta concentração em breve período, produz enxaqueca, enjôo, vertigem, náusea, vômito, debilidade; pode acompanhar-se de excitação mental, convulsões, e manias agudas. Mais tempo de inalação de mais baixas concentrações causam bronquite e pneumonia.
  • O líquido agride a pele, produzindo irritação e enrugamento, e aparecem bolhas durante as horas seguintes após o contato. Tanto o líquido como seus vapores atacam severamente os olhos .
  • Os níveis de exposição letais variam de 1.600 a 60.000 ppm, dependendo da duração do contato.
  • Os efeitos respiratórios, renais e neurológicos são os mais presentes em humanos. Não há casos de graves efeitos sobre o sistema nervoso de exposições de longa duração ou de baixos níveis registrados em pessoas, ainda que estudos em coelhos e em macacos mostram moderadas a severos danos.
Fontes e destinos:

As fontes de CH3Br incluem produção oceânica, queima de biomassa, combustão de hidrocarbonetos, emissões de vegetais e de pântanos, fumigação de solos, bens duráveis, perecíveis, estruturas. Os destinos são descomposição fotoquímica na alta atmosfera (reação com radicais hidroxila (radicais (OH), fotólise a altitudes muito extremas), erosão de solos, degradação química e biológica no oceano, absorção por plantas verdes.
  • Apresenta incompatibilidade química com dimetilsulfóxido e óxido de etileno.
Detalhes importantes:

O brometo de metila é um produto químico muito insidioso. Dado que o limiar de odor é muito mais alto que a concentração tóxica, não é perceptível sua presença (não há advertência). Os sintomas aparecem depois de horas de latência e duram semanas, inclusive no caso de uma só exposição. O brometo de metila reage violentamente ou inclusive de forma explosiva com álcalis, metais alcalinos e alcalino terrosos, e metais em pó, particularmente o alumínio
  • Dados dos WRI (World Resources Institute), organização dedicada a investigar questões ambientais, apresentam a Costa Rica como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com 51,2 quilos por hectare. Em 2009, o país importou mais de 400 TM (toneladas métricas) em fórmulas com bromometano, um agroquímico e componente apontado como destruidor da camada de ozônio (XVI Relatório sobre o Estado da Nação em Desenvolvimento Humano.
Bicudo do algodoeiro