quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Cations e suas aplicações

Peneiras molecular Mezoporosa

  • O cátion é um íon com carga positiva. É qualquer espécie monoatômica ou poliatômica cuja carga seja igual ou um múltiplo da carga do próton. É formado pela perda de elétrons da camada de valência de um átomo (ionização). Nesta categoria enquadram-se os metais, os elementos alcalinos e os elementos alcalinoterrosos, entre outros.
Um dos cations mais comuns é o cátion sódio; este forma compostos iônicos (sais) quando combinado com ânions (íons de carga negativa).Um tensoativo catiônico é um agente tensoativo, como um surfactante que possui um ou mais grupos funcionais que ionizados em solução aquosa produz íons orgânicos que possuam carga elétrica positiva (cátions), um grupo hidrofílico carregado positivamente ligado à cadeia graxa hidrofóbica, e sejam responsáveis pela modificação da tensão superficial. Um exemplo são os quaternários de amônio, como o cloreto de cetiltrimetilamônio e os cloretos de dialquildimetilamônio.
  • Um polímero catiônico é aquele que devido à alta densidade de suas cargas positivas em sua cadeia, atrai e se liga à moléculas de predominantes cargas negativas.
  • Um corante catiônico é aquele cuja estrutura que produz a cor, a estrutura cromófora comporta-se como um cátion. 
Aplicação de peneiras moleculares contendo cations orgânicos em catalise básica:
  • Este estudo inédito de peneiras moleculares contendo cátions alquilamônio como catalisadores básicos. As peneiras moleculares estudadas foram zeólitas faujasita (FAU) e silicatos mesoporosos (do tipo MCM-41). Foram estudados os seguintes parâmetros: diferentes cátions alquilamônio; diferentes teores dos cátions e aplicação desses catalisadores em reações de interesse na catálise básica. O estudo e aplicação dessas peneiras moleculares era um campo totalmente inexplorado, entretanto espera-se que as excelentes propriedades básicas desses materiais, recentemente descobertas, façam crescer suas aplicações para produção de insumos e produtos para a química fina. Os novos catalisadores foram comparados nas reações de condensação de Knoevenagel e Claisen-Schmidt e na reação de adição do óxido de propileno com o metanol.
Em comparação com a vasta aplicação de peneiras moleculares ácidas como catalisadores sólidos em processos químicos industriais, pouca atenção tem sido dada àquelas com propriedades básicas. Grande parte do investimento que tem sido empregado nas peneiras moleculares ácidas é estimulado pelo fato de que as reações químicas envolvidas nos processos petroquímicos (e.g. craqueamento e isomerização) são tipicamente catalisadas por ácidos. Segundo Tanabe e Hölderich, 127 processos industriais utilizam catalisadores com propriedades ácidas, sendo que apenas 10 são catalisados por materiais com propriedades básicas. Dentre estes, apenas um exemplo emprega zeólita básica: a ZSM-5 impregnada com sulfato de césio (teor de césio 20-25% em massa), utilizada pelo grupo Merck na produção do 4-metil tiazol (Equação 1.1), um intermediário na síntese do tiabendazol (um fungicida). A rota industrial anterior de obtenção do 4-metil tiazol envolvia 5 etapas, além do emprego de produtos químicos muito agressivos, tais como os gases cloro e amônia. O menor número de etapas no novo processo industrial, a estabilidade térmica e a capacidade de regeneração dessa peneira molecular microporosa permitiu o seu emprego na rota atual. 
  • Além deste exemplo, as peneiras moleculares microporosas (particularmente zeólitas) e, mesoporosas com propriedades básicas, apresentam potencial para aplicação em muitas outras reações de importância comercial. Parte desse potencial está na possibilidade de ajuste das suas propriedades catalíticas, atividade, seletividade e estabilidade, através do controle da sua composição química e por tratamentos químicos posteriores às sínteses. 
A utilização de catalisadores heterogêneos básicos em reações orgânicas, ao invés de homogêneos, desperta interesse pela redução do número de operações de separação e neutralização envolvidas e pela redução do impacto ambiental decorrente dos rejeitos líquidos. Em particular, o emprego de peneiras moleculares pode proporcionar aumento significativo na seletividade à formação de produtos com menor diâmetro cinético, devido a limitações estéricas e difusionais nos poros do catalisador. Um exemplo do efeito desta seletividade, denominada como seletividade de forma, é a etoxilação de compostos hidroxilados ROH (e.g. R = H ou C2H5). Esta reação gera produtos que apresentam ampla variedade de aplicações despertando, conseqüentemente, o interesse industrial.As propriedades básicas de zeólitas contendo cátions inorgânicos têm sido estudadas em uma grande variedade de trabalhos, mas nenhuma atenção foi dada àquelas contendo cátions orgânicos. Com exceção de dois trabalhos da década de 1960, que estudaram as isotermas de troca iônica de cátions alquilamônio, nenhum outro relatou os efeitos da presença de um cátion orgânico nas propriedades das zeólitas. A substituição de zeólitas contendo césio por aquelas contendo cátions alquilamônio é tecnologicamente interessante uma vez que além de, teoricamente, aumentar-se a basicidade desses materiais o custo do catalisador é sensivelmente reduzido. 
  • Recentemente, Kubota et al. preparam a zeólita beta (estrutura BEA) e a utilizaram como catalisador sem antes realizar a etapa de calcinação. Ou seja, ela foi empregada ainda contendo o cátion orgânico direcionador de estrutura, o tetraetilamônio. Esta zeólita apresentou-se como um excelente catalisador na reação de condensação de Knoevenagel, catalisada por sítios básicos, a temperatura ambiente. Este resultado pode indicar que zeólitas trocadas com cátions orgânicos apresentam um vasto potencial de aplicação, ainda pouco conhecido e explorado. Neste mesmo trabalho, Kubota et al. obtiveram também excelentes resultados na condensação de Knoevenagel empregando a peneira molecular SiMCM-41, mantendo o cátion tensoativo no interior dos poros, denominado [CTA+]-SiMCM-41. Neste catalisador, os sítios ativos são os grupos de alta basicidade ≡SiO-.
Neste contexto situa-se este trabalho, o qual procurou obter peneiras moleculares contendo cátions alquilamônio e aplicá-las em reações catalisadas por sítios básicos, i.e. reações de condensação e alcoólise. O conteúdo deste trabalho consiste de 3 etapas: 
  • Troca iônica com cátions alquilamônio empregando-se zeólitas FAU comerciais na forma sódica (Na-Y e Na-X, razão Si/Al = 2,5 e 1,4, respectivamente). 
  • Síntese da peneira molecular FAU contendo o cátion tetrametilamônio. O cátion orgânico direcionador de estrutura é mantido no interior dos poros para avaliar a sua atividade catalítica. Várias peneiras moleculares, compreendendo diferentes estruturas e diferentes teores de alumínio também foram utilizadas como comparação. 
  • Síntese da peneira molecular [CTA+]-SiMCM-41. O cátion orgânico CTA+ é mantido no interior dos poros para avaliar as propriedades básicas deste catalisador.
Aplicações:
  • O desempenho do melão é importante para o agronegócio brasileiro tanto no mercado interno como internacional (Crisóstomo et al., 2002). Os estados do Rio Grande do Norte, Ceará,
Bahia e Pernambuco produzem mais de 90% do melão brasileiro, destacando-se as regiões de Mossoró, Assú e Baraúna, no Rio Grande do Norte, e Baixo Jaguaribe no Ceará. Nestas regiões, a qualidade dos frutos produzidos atende aos requisitos básicos do mercado internacional, porém está abaixo da média dos países concorrentes, dificultando a obtenção de melhores preços (Silva & Costa, 2003).
  • A qualidade dos frutos de melão é prejudicada pelo desequilíbrio entre nutrientes no solo e por adubações excessivas e desuniformes, as quais, além de acumular no solo os nutrientes não assimilados pelas plantas nem lixiviados, originam regiões no campo com fertilidade diferente da média utilizada para recomendação de corretivos e fertilizantes. Por isto, mesmo em campos com fertilidade média adequada, a qualidade dos produtos agrícolas pode ser reduzida em regiões com pH e teores de nutrientes inadequados (Silva, 2000; França et al., 2000). Tal fato foi confirmado por Miranda et al. (2005), que associaram a variabilidade espacial da qualidade dos frutos de melão com características químicas e físicas dos solos, fossem estas inerentes ao solo, ou causadas por práticas inadequadas de manejo, como a aplicação desuniforme de água, fertilizantes e corretivos (Gonçalves et al., 1999; Schlindwein & Anghinoni, 2000; Bergez & Nolleau, 2003).
Em cultivos do meloeiro em alguns solos de origem calcária do RN e CE, irrigados com água rica em Ca2+ e com aplicações elevadas de K2O, observa-se deficiência de K+ para a cultura, devido à inibição competitiva da absorção de K+ pelos altos teores de Ca2+ no solo (Crisóstomo et al., 2002). Por outro lado, altas concentrações de Ca2+ e K+ podem inibir a absorção de Mg2+, diminuir sua translocação da raiz à parte aérea, e, assim, causar sua deficiência. Isto acontece porque K+, Ca2+ e Mg2+ competem pelos mesmos sítios de absorção na raiz, de maneira que o cátion em maior concentração na solução do solo tem absorção preferencial em detrimento dos outros. Além disto, teores elevados de cátions monovalentes na solução do solo podem induzir deficiência dos divalentes, que são retidos mais fortemente pelo complexo de troca do solo (Malavolta et al., 1997).
  • O conceito de relações catiônicas ideais surgiu, segundo Kelling & Peters 2004), da observação de que solos com baixos teores de K+ trocável não respondiam à adubação potássica, enquanto outros com teores satisfatórios respondiam. Segundo os autores, testes com várias relações não comprovaram este conceito, nem determinaram o benefício econômico de adubações feitas para atingir tal relação. 
O enfoque do nível de suficiência, que recomenda teores suficientes, mas não excessivos de cada cátion em vez de tentar obter uma relação favorável de saturação dos cátions, é suportado por maior base de pesquisa e tem apresentado melhores resultados agronômicos e econômicos. Neste sentido, os autores indicam faixas de saturação de cada cátion, as quais pouco afetariam o crescimento e produtividade das culturas: 65 a 85% de Ca2+, 6 a 12% de Mg2+ e 2 a 5% de K+, com o H+ ocupando os sítios restantes.
  • Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar as relações catiônicas do solo que melhor correlacionam com atributos indicadores de qualidade, para identificar aquelas que possam estar influenciando a qualidade dos frutos de melão.

Sol a pino. Centenas de homens  buscam sombra para descansar. O ritmo na divisa entre Mossoró, no RGN, e Icapuí, no Ceará, parece preguiçoso. Mas ali, na mesma fazenda em que há clima de “happy hour”, outro grupo se divide para colocar a mão na massa, produzindo mudas, preparando a terra e dando conta do cultivo do melão.
Material e métodos:
  • Os dados foram coletados no ano de 2002 em duas áreas de produção comercial de melão em Mossoró-RN (05o 09’ 59,55’’ latitude sul, 37º 24’ 39,92’’ longitude oeste), nas quais o híbrido Goldex foi cultivado em Latossolo Vermelho-Amarelo Eutrófico (LVA) e o híbrido Orange Flesh em Argissolo Vermelho-Amarelo (PVA). O clima de Mossoró é do tipo BSwh’ de Köppen (seco, muito quente com a estação chuvosa no verão, atrasando-se para o outono), com precipitação média anual de 500 a 600 mm.
As características químicas e físicas dos solos LVA e PVA foram, à época de realização das amostragens, respectivamente: pH = 6,81 e 7,00; matéria orgânica = 16,52 e 13,32 g dm-3; P = 126,08 e 55,68 mg dm-3; K+ = 23,68 e 4,81 mmol dm-3; Ca2+ = 87,08 e 65,33 mmol dm-3; Mg2+ = 28,83 e 12,87 mmol dm-3; Na+ = 12,19 e 6,97 mmol dm-3; CTC = 161,54 e 100,49 mmol dm-3; areia = 577,54 e 872,27 g kg-1; silte = 98,62 e 64,04 g kg-1; argila = 314,13 e 63,83 g kg-1 e densidade do solo = 1,51 e 1,62 Mg m-3.
  • As mudas, produzidas em bandejas de poliestireno, foram transplantadas em espaçamento de 2,0 m entre linhas. No Goldex, a cada gotejador espaçado de 50 cm foram dispostas duas plantas a 10 cm uma da outra, porém a cada três gotejadores, um recebia apenas uma planta, totalizando 16.667 plantas por hectare; no Orange Flesh, a cada gotejador espaçado de 80 cm foram dispostas três plantas a 10 cm uma da outra, totalizando 18.750 plantas por hectare. Os tratos culturais seguiram o sistema de produção empregado na região.
A irrigação, manejada com base na evapotranspiração de referência calculada pelo método de Penman Monteith, utilizou tubos com gotejadores espaçados de 50 cm e vazão de 2,27 L h-1 no LVA, e espaçados de 80 cm com vazão de 5,0 L h-1 no PVA. A lâmina bruta de irrigação aplicada foi de 322,8 mm no LVA e 316,7 mm no PVA. Foram fornecidos, através da fertirrigação, 69,8 kg ha-1 de N, 135,5 kg ha-1 de P2O5, 266,2 kg ha-1 de K2O, 1,4 kg ha-1 de B, 1,3 kg ha-1 de Mg e 9,4 kg ha-1 de S, no LVA. 
  • No PVA foram fornecidos 85,5 kg ha-1 de N, 115,2 kg ha-1 de P2O5, 315,8 kg ha-1 de K2O, 4,8 kg ha-1 de B, 5,8 kg ha-1 de Mg e 4,7 kg ha-1 de S. O solo de cada área foi amostrado na fase de pleno florescimento, na camada de 0 a 20 cm, segundo uma malha com espaçamento regular de 20 m entre amostras, totalizando 75 parcelas no LVA e 56 parcelas no PVA. Após a colheita, os melões foram classificados em tipo exportação (PEXP), tipo mercado nacional (PNAC) e refugo. Foram determinadas a espessura da polpa (ESPOLP) com paquímetro; a firmeza de polpa, usando penetrômetro com “plunger” de 8 mm de diâmetro e o teor de sólidos solúveis totais (SST), utilizando refratômetro.
Os teores de Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e a acidez potencial (H+ + Al3+) das amostras de solo foram determinados segundo metodologias relatadas em Embrapa (1997). Calcularam-se as relações catiônicas: capacidade de troca de cátions (CTC), K:Ca, K:Mg, K:CTC, K:(Ca+Mg), Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg e percentagem de sódio trocável (PST), calculada pela equação PST = (Na+/CTC) x 100.
  • Os dados foram analisados através da estatística descritiva para verificar sua amplitude e variabilidade; teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade; coeficiente de correlação de Spearman para identificar possível influência das relações catiônicas sobre as características de qualidade. Adotou-se o modelo de regressão linear múltipla sem o intercepto para avaliar a importância das relações catiônicas estudadas (K:Ca, K:Mg, K:(Ca+Mg), K:CTC, Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg e PST) em explicar as características de qualidade dos frutos de melão (espessura de polpa (ESPOLP), firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis totais (SST)). O modelo de melhor ajuste foi selecionado pelo procedimento passo a passo com teste para saída de variáveis (stepwise backward), no qual o modelo inicial contém todas as variáveis independentes e, a cada passo, a variável de menor importância é eliminada, até restarem no modelo apenas variáveis significativas. Calculou-se a soma dos quadrados do tipo II, na qual o efeito de uma variável do modelo é ajustado para todos os outros efeitos. O coeficiente de determinação parcial (%) foi calculado para indicar quanto da variação total é explicado pelo efeito de uma variável ajustada para as demais.
Resultados e discussão:
  • Os valores médios das características de qualidade, os quais, para espessura de polpa, foram 4,05 cm no Goldex e 3,90 cm no Orange Flesh. De acordo com os padrões citados por Filgueiras et al. (2000), a firmeza de polpa (53,12 N do Orange Flesh e 40,21 N do Goldex) foi elevada; o conteúdo de sólidos solúveis totais do Goldex (12,19 %) foi adequado, mas o Orange Flesh (9,10 %) apresentou alguns valores baixos. Apesar da baixa variabilidade destas características, a ocorrência de regiões no campo com produtos de baixa qualidade pode causar redução considerável de receita (Upadhyaya et al., 1999).
Os parâmetros de estatística descritiva da, confrontados com os valores citados por Kelling & Peters (2004), indicam que o LVA apresentou alta saturação por K+ (15 %), baixa saturação por Ca2+ (54%) e valores de Mg2+ acima dos adequados; no PVA, os valores de saturação por K+ foram adequados (5%), existindo locais com excesso (até 20%), os de Ca2+ foram adequados (64%), havendo locais com valores baixos, e o Mg2+ apresentou tanto valores adequados como elevados. Os dados originais dos dois solos, apresentados por Miranda (2004), indicam grande variabilidade dos teores de nutrientes, apesar das médias adequadas e valores de pH dentro da faixa ideal.
  • Considerando-se adequada para melão a relação Ca:Mg no solo de 3:1 (Silva, 2000), verificou-se excesso do Ca2+ em relação a Mg2+ no LVA, cuja média foi 3,72:1, mas variou entre 2,5:1 e 4,9:1 e, principalmente no PVA, onde Ca:Mg foi 5,43:1, com variação entre 2,6 e 13:1. Em geral, não são encontrados resultados significativos em ensaios com esta relação, como foi o caso da relação 2:1, mesmo tendo se mostrado mais favorável para matéria seca de plantas de feijoeiro (Oliveira & Parra, 2003).
O excesso de K+ em relação ao Ca2+, verificado no LVA, é indicado pela relação média de 027 (1:3,7), variando entre 0,41( 1:2,4) e 0,17 (1:5,9), enquanto é considerada adequada para melão a relação 1:9 (0,11), segundo Silva (2000).
  • Da mesma maneira, a média de 12,5 vezes mais Ca2+ (0,08), variando entre 7,1 (0,14) e 33,3 vezes (0,03), indica excesso de Ca2+ em relação a K+ no PVA. Se considerada a relação K:Mg de 1:3 (0,33), preconizada por Silva (2000) como adequada, a relação média de 1:1, variando entre 1,85 vezes mais Mg2+ (0,54) e 1,7 vezes mais K+, indica excesso de K+ em relação a Mg2+ no LVA. Em contrapartida, no PVA, a variação entre 1,1 (0,90) e 14,2 vezes mais Mg2+ do que K+ (0,18) indica existirem locais com excesso de Mg2+.
Outra indicação dos teores muito elevados de K+ no LVA é a relação K:(Ca+Mg), cuja média foi 0,21, com variação entre 0,13 e 0,32, enquanto no PVA a média foi 0,06 com variação entre 0,03 e 0,12. Os maiores valores desta relação indicam predominância de K+ em relação a Ca2+ e Mg2+, os quais podem ter sua absorção reduzida, como foi observado em alfafa por Moreira et al. (2005).
Apesar de representar em média apenas 11 a 14% dos teores de Ca2+ nos dois solos, o Na+ pode representar risco em locais no PVA onde seus teores correspondiam a até 28% do Ca2+. Além disso, os teores de Na+ representavam 52 a 60% dos de Mg2+, chegando a 150% em alguns locais do PVA. As PST médias de 7,54% no LVA e 7,03% no PVA não seriam prejudiciais para o melão, segundo Fipps (2003), que classifica como extremamente sensíveis culturas afetadas por PST entre 2 e 10 e sensíveis as afetadas por PST entre 10 e 20. No entanto, solos com PST maior do que 6% podem apresentar problemas de estabilidade estrutural (Van de Graaf & Patterson, 2001).
  • A espessura de polpa do Goldex correlacionou-se positivamente (P<0,05) apenas com K:CTC; o que não ocorreu significativamente no Orange Flesh (P>0,1). Isto indica a possibilidade de que a espessura de polpa tenha sido prejudicada pela maior disponibilidade de Ca2+ e favorecida pela maior disponibilidade de K+, o que está de acordo com Lester et al. (2005) que obtiveram maiores teores de açúcares, vitamina C e beta caroteno do Orange Flesh, além de melhor firmeza e coloração, devido à fertilização suplementar com potássio durante o desenvolvimento de frutos e maturação.
A firmeza de polpa do Goldex correlacionou-se positivamente com a relação Mg:CTC (P<0,01) e com Ca:CTC (P<0,1). Marschner (1995) destaca a importância do Mg2+ por ser o átomo central da molécula de clorofila; ser requerido ou promover fortemente várias enzimas e reações enzimáticas; regular o pH celular e o equilíbrio cátion ânion; atuar em processos necessários à síntese de proteínas, formação de RNA, transferência de elétrons e síntese de ATP. Além disso, plantas deficientes em Mg2+ acumulam amido e açúcares nas folhas, com menor translocação para tecidos de armazenamento de frutos, sementes, raízes e tubérculos. No Orange Flesh a firmeza teve correlações negativas (P<0,05) com K:Mg e K:(Ca+Mg) e positiva com Ca:CTC, além de correlação negativa (P<0,1) com K:Ca. O Ca2+ influencia a qualidade dos frutos de melão devido à sua função na estrutura das células, melhorando a textura e proporcionando frutos firmes e consistentes (Faria & Fontes, 2003).
  • O teor de sólidos solúveis totais do Orange Flesh não se correlacionou com as relações catiônicas, apesar da correlação positiva com o teor de Mg2+ observada por Miranda (2004). No Goldex as correlações positivas (P<0,1) com as relações K:Ca, K:CTC, K:(Ca+Mg), Na:Ca e Na:Mg, podem indicar a ocorrência das maiores SST nos locais com maior disponibilidade de K+ e onde seus teores tendiam a se equilibrar com os de Ca2+. Além de SST, o K+ trocável no solo atua sobre tamanho, espessura, coloração da casca e acidez de frutos, e promove o aumento nos teores de carboidratos, óleos, gorduras e proteínas nos produtos agrícolas (Malavolta et al., 1997; Faria & Fontes, 2003). A influência positiva das relações envolvendo Na+ pode ser devida à atenuação da predominância no solo dos cátions divalentes Ca2+ e Mg2+, retidos mais fortemente do que os monovalentes (Malavolta et al., 1997).
As regressões revelam a baixa contribuição das relações catiônicas para a variação das características de qualidade do melão. A contribuição para espessura de polpa do Goldex das relações Ca:Mg (0,12%) e Ca:CTC no Orange Flesh (6,19%), cujas correlações foram negativas, levanta a possibilidade do excesso de Ca2+ ser causa importante do desequilíbrio entre os teores de cátions trocáveis do solo.
  • A maior contribuição para a firmeza de polpa do Goldex, das relações Na:Ca e Na:Mg, esta última também no Orange Flesh, as quais têm correlação negativa, indica que o excesso de Na+ em relação a Ca2+ e Mg2+, pode ter prejudicado a absorção destes cátions. A contribuição destacada de Ca:CTC (10,9%) no Orange Flesh, com correlação positiva, reforça a influência de teores elevados de Ca2+ no aumento da firmeza de polpa, tão importante que Marschner (1995) cita que a elevação no teor de Ca2+ nos frutos causa aumento na firmeza e atraso no amadurecimento, enquanto que, em tecidos de frutos de plantas com deficiência severa ocorre desintegração da estrutura das membranas e vazamento de solutos de baixo peso molecular.
O teor de SST do Goldex teve as maiores contribuições de K:Mg e Mg:CTC, este último foi o de maior contribuição no Orange Flesh, que também teve contribuição de Ca:Mg. Isto indica a importância tanto do Mg2+, como já discutido, como do K+, que influencia o teor de açúcares nos frutos de melão, atuando no carregamento e descarregamento da sacarose do floema para os frutos, mas cuja absorção durante o desenvolvimento de frutos e maturação pode ser inadequada se houver competição pela absorção com Ca2+ e Mg2+ (Lester et al. 2005).
  • As variáveis de qualidade dos frutos de melão apresentaram poucas correlações com as relações catiônicas do solo. No Goldex, as melhores correlações foram de K:CTC com espessura de polpa; Ca:CTC e Mg:CTC com firmeza de polpa e K:CTC, K:Ca, K:(Ca+Mg), Na:Ca e Na:Mg com SST,todas positivas. No Orange Flesh, observou-se correlações apenas de firmeza de polpa com Ca:CTC (positiva), K:Mg, K:Ca, K:(Ca+Mg) e Na:Ca (negativas).
No Orange Flesh, através da contribuição para as regressões, identificou-se como mais importantes as relações catiônicas Ca:CTC para espessura (6,2%) e firmeza de polpa (10,9%), e Mg:CTC para SST (1,5%).

O melão não é uma fruta calórica, pois 100 gramas dela contém apenas 30 calorias, sendo excelente para fazer sucos, sorvetes e refrescos.