domingo, 1 de junho de 2014

Arrabidaea chica - Crajiru

Arrabidaea chica - Crajiru

  • Unicamp desenvolve medicamento a partir do crajiru, planta encontrada e utilizada para fins medicinais em todo o país. O novo produto promete beneficiar diabéticos com ulcerações e pacientes imunodeprimidos.
O Crajiru é um arbusto com aspecto de cipó; quando cultivado perto de uma outra árvore, cresce como trepadeira. Folha verde escuro, não possui cheiro, porém, quando cortada ou machucada libera uma tintura de cor avermelhada. 
  • Encontrada em quintais e utilizada na medicina caseira e na tintura. O Crajiru também é chamado de Cajuru, Paripari, Piranga, Chica, Pariri, Cipó-Cruz e Carajurú, é uma planta comumente encontrada na Floresta Amazônica e pode ser utilizada para o tratamento de anemias cuja causa seja carência de ferro (anemia ferropriva), uma vez que possui grandes quantidades deste elemento em sua constituição. 
Os pigmentos do crajiru, quando tratados com enzimas, liberam agliconas, que apresentam atividade anticancerígena e antioxidante. Os extratos do crajiru demonstraram atividade de reparo do DNA, evitando o surgimento de tumores e ainda possuem a ação cicatrizante.
  • O crajiru (Arrabidaea chica) também conhecida como cipó-cruz, chica, cajuru, cipó-pau, paripari, pariri, oajuru, carajuru, puca panga, chica cricket-vine (inglês), dentre outros nomes populares. Inclui os sinônimos botânicos Bignonia brachypoda, Arrabidea platyphylla e Bignonia platyphyllan. Pertence à família Bignoniaceae.
Curiosidades:
  • O crajirú (Arrabidaea chica (Bonpl.) Verl.) é uma espécie trepadeira lenhosa, ornamental, amplamente utilizada na medicina caseira. Na Amazônia, o chá das folhas é utilizado como anti-inflamatório e adstringente, contra cólicas intestinais, diarréia com sangue, anemia, leucemia e lavagem de ferimentos (OLIVEIRA, 2001).
A planta possui folhas compostas bi ou trifolioladas, folíolos oblongo-lanceolados, cartáceos, 8-13 cm de comprimento, flores campanuladas rósea-lilacinas, dispostas em panículas terminais, frutos tipo síliquas deiscentes (LORENZI & MATOS, 2002).
  • As folhas trituradas, esmagadas em água, cozidas ou cruas, rendem uma tintura marrom ou enegrecida usada pelos índios Sionas em pintura de vestuário e também para a face. 
Os Tikunas preparam uma infusão das folhas para lavar os olhos com conjuntivites agudas, especialmente entre as crianças. Os Sionas denominam o corante de nea-kuri ("tintura preta”) ou ma-kuri ("tintura vermelha”); neste caso um preparo diferente que rende uma tintura vermelha (SCHULTES & RAFFAUF, 1990).
  • As propriedades tintoriais desta planta são devido a dois pigmentos antociânicos do tipo 3-desoxiantocianidinas: a carajurina que é o pigmento principal e a carajurona (GRENAND et al., 2004). A atividade anti-inflamatória das folhas de A. chica deve-se as 3-desoxiantocianidinas associadas com outros compostos presentes na planta. Testes químicos também revelaram saponinas, flavonas e taninos em folhas e talos (ZORN et al., 2001).
No Nordeste, chá contra cólicas e tratamento de micoses. Para os índios da Amazônia, tinta para a pele. Em Passos de Minas (MG), banho de assento e tratamento contra picada de insetos. A sabedoria popular já utiliza a Arrabidaea chica verlot, conhecida popularmente como crajiru. 
  • Ao lado do alho, do caju e da carqueja, a planta está na relação nacional de espécies medicinais de interesse do Sistema Único de Saúde (SUS), que reúne cerca de 70 itens. Em 2003, um projeto de uma empresa de cosméticos resolveu investigar o crajiru para a produção de batons. 
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acabou levando a outras descobertas, como a potencialidade de se criar outro medicamento fitoterápico para cicatrização de lesões de pele e mucosa. Matéria de Shirley Pacelli, no Correio Braziliense, socializada pelo ClippingMP.
O chá de crajiru preparado a partir de suas folhas verdes, é um líquido vermelho, tanto que seus frutos eram comumente usados por indígenas para a pintura de corpos e objetos. Há citações sobre esta propriedade corante na obra “Iracema” de José de Alencar: “Ao romper d’alva, Poti partiu para colher as sementes de crajuru que dão a bela tinta vermelha[...]“..
Propriedades Químicas:
  • Alguns de seus constituintes químicos são alcalóides, pigmentos flavônicos (antocianinas, antocianosídeos), cumarinas, ferro assimilável, flavonóides, saponinas, taninos, triterpenos, dentre outros. 
Por conter taninos, o crajiru tem leve ação cicatrizante; por conter flavonóides, ação anti-inflamatória. Assim, o chá de crajiru pode ser utilizado em forma de banhos e lavagens para auxiliar no tratamento de afecções na pele (picadas de insetos, ferimentos, psoríase) ou na região íntima.
  • Quando consumido em forma de chá, ajuda na cicatrização de úlceras gástricas e serve como antidiarreico. Com precaução pode ainda ser adjuvante no tratamento da conjuntivite não complicada. O crajiru pode ser utilizado como cosmético, em pomadas e cremes ou mesmo em forma de tinturas para cicatrização de acne, diminuição da inflamação e da vermelhidão da pele.

Arrabidaea chica - Crajiru

Benefícios do crajiru:
  • O Crajiru possui ação anti-inflamatória, antitumoral e antianêmica (folhas secas), adstringente e afrodisíaca. É regulador do sistema digestivo (estômago, fígado e intestinos), cólicas intestinais, diarréias, disenterias, colites. Usado em banhos vaginais para leucorréias.
As propriedades antitumores e cicatrizantes do cajiru são efetivas apenas quando não há tratamento enzimático, ou seja, a planta deve ser utilizada sob a forma de tinturas, extratos ou chás para preservar este efeito.

Contraindicações e efeitos colaterais do crajiru:
  • Não foram relatados efeitos colaterais decorrentes do uso nas bibliografias consultadas.
Outros Usos:
  • Arrabidaea chica (Bonpl.) B. Verl. (Bignoniaceae) é uma espécie medicinal muito utilizada na Amazônia, da qual pode ser obtido um pigmento vermelho. É comum a utilização como um corante natural a partir de folhas frescas de curajiru (A. chica) e a sua utilização em cortes histológicos de origem animal. 
O corante foi obtido por fervura de folhas e por fermentação. As lâminas histológicas foram preparadas com amostras de tecidos seguindo a metodologia usual. Foram feitas combinações do corante de crajirú com corantes usuais (hematoxilina e eosina) e também coloração apenas com crajirú. 
  • O resultado obtido pela técnica da fervura foi um corante vermelho com pH 5,5, enquanto que no método da fermentação foi um corante marrom com pH 6,4. Devido à sua natureza ácida, o corante de crajirú apresentou maior afinidade por componentes acidófilos dos tecidos, corando em rosa o citoplasma das células e fibras colágenas. 
A hematoxilina (corante básico) corou em azul ou violeta o núcleo das células e outras estruturas ácidas. Conclui-se que o corante de A. chica pode ser utilizado, como uma forma alternativa, como corante ácido em técnicas de coloração em Histologia.

Chá de crajiru