Assoreamento dos Rios por Erosão dos Solos
- Assoreamento é o processo em que o acúmulo de lixo, entulho e outros detritos no fundo dos rios e lagoas interferem na topografia de seus leitos impedindo-os de portar cada vez menos água, provocando seu transbordamento em épocas de grande quantidade de chuvas.
No Brasil o despejo sistemático de esgotos domésticos, provenientes de habitações que são lançados diretamente nas margens dos rios ou indiretamente, filtrados dos aterros sanitários é uma das causas de morte da vida marinha nos rios e lagos que não deve ser confundido com o processo de assoreamento. Segundo Jorge Paes, devido à redução de profundidade, que provoca a Desertificação e o assoreamento.
- Não se deve confundir também os processos erosivos, causados pela turbulência das águas e ventos com os processos de degradação químicos, antrópicos que em alguns casos contribuem que os assoreamentos físicos, desagregam solos e rochas formando sedimentos que serão posteriormente transportados para o mar.Embora o depósito de sedimentos constitua um fenômeno do assoreamento fluvial, que pode ser seguido de Desertificação , a milênios vem contribuindo na purificação e filtragem das águas de chuva que correm no leito de um rio.
O assoreamento é um fenômeno muito antigo e existe há tanto tempo quanto existem os mares e rios do planeta, e este processo já evitou que o fundo dos oceanos entupisse com milhões de metros cúbicos de impureza orgânicas, esse trabalho de filtragem antes das encostas oceânicas, levam anos para se formarem.
- Porém o homem vem acelerando este antigo processo através dos desmatamentos, desbarrancamentos e outras ações que acabam por expor as áreas à erosão, a construção de favelas sem contenção de encostas , além de desmatar, tem a erosão acelerada devido à declividade do terreno, as técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desmatamentos extensivos para dar lugar a áreas plantadas, a ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem com seu papel natural de absorvedor de águas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial e das grandes emissões gasosas.
O assoreamento não chega a estagnar um rio, ao contrário, acumula por dizer a sua força erodindo novos caminhos em outras direções, como se o rio reclamasse seu leito original, mudando drasticamente seu rumo. O assoreamento de um rio, nas vizinhanças duma cidade , quando não remanejado pelas prefeituras, pode criar lagos nos espaços urbanos deixando as populações inteiras ilhadas em suas casas.
- A deposição de sedimentos em reservatórios é um grande problema no Brasil, bem como os danos aos espaços urbanos de São Paulo e Rio de Janeiro, pois a maioria da energia consumida vem de usinas hidroelétricas, e essa água acaba por se perder ou estagnar em doenças. No caso da Usina hidrelétrica de Tucuruí, por exemplo, foi calculado em 400 anos o tempo necessário para o assoreamento total do reservatório da barragem, o que é controlado, porém o que não se observa nos espaços urbanos segundo J. Paes.
Apesar de não "matar" os rios, o assoreamento pode aumentar o nível de terra submersa e ajuda a aumentar os níveis das enchentes nos espaços urbanos e rurais de ocupação humana.
Erosão:
- Erosão é o desgaste do solo e das rochas e seu transporte, em geral feito pela água da chuva, pelo vento ou, ainda, pela ação do gelo, quando expande o material no qual se infiltra a água congelada. A erosão destrói as estruturas (areias,argilas, óxidos e húmus) que compõem o solo, levando seus nutrientes e sais minerais existentes para as partes baixas do relevo.
Em solos cobertos pela vegetação a erosão é muito pequena e quase inexistente, mas é um processo natural sempre presente e importante para a formação dos relevos. O problema ocorre com a retirada das vegetações para uso agrícola, deixando o solo exposto e tornando a erosão, o que pode levar à desertificação.
Agentes erosivos:
- Água, gelo, chuva ou vento. A superfície da Terra como a conhecemos é formada tanto por processos geológicos que formam as rochas, como por processos naturais da degradação e também de erosão. Uma vez que a rocha é quebrada por causa da degradação, os pequenos pedaços podem ser movidos pela água, gelo, vento, ou gravidade. Tudo o que acontece para fazer com que as rochas sejam transportadas chama-se erosão.
A superfície do solo, não castigado, é naturalmente coberta por uma camada de terra rica em nutrientes inorgânicos e materiais orgânicos que permitem o crescimento da vegetação; se essa camada é retirada, esses materiais desaparecem e o solo perde a propriedade de fazer crescer vegetação e pode-se dizer que, no caso, o terreno ficou árido ou que houve uma desertificação.
- As águas da chuva quando arrastam o solo, quer ele seja rico em nutrientes e materiais orgânicos, quer ele seja árido, provocam o enchimento dos leitos dos rios e lagos com esses materiais e esse fenômeno de enchimento chama-se assoreamento.
O arrastamento do solo causa no terreno a erosão:
- Na superfície do terreno e no subsolo, as águas correntes são as principais causas da erosão. Análise do efeito das águas que fazem a erosão superficial de terrenos: A erosão depende fundamentalmente da chuva, da infiltração da água, da topografia (declive mais acentuado ou não), do tipo de solo e da quantidade de vegetação existente. A chuva é, sem dúvida, a principal causa para que ocorra a erosão e é evidente que quanto maior a sua quantidade e frequência, mais irá influenciar o fenômeno. Se o terreno tem pouco declive, a água da chuva irá "correr" menos e erodir menos.
Se o terreno tem muita vegetação, o impacto da chuva será atenuado porque a velocidade da água escorrendo no solo será diminuída devido aos obstáculos (a própria vegetação "em pé e caída") que agirão como pequenos degraus que evitam a erosão.
- A erosão será diminuída também com as raízes darão sustentação mecânica ao solo; além disso, as raízes mortas propiciarão existirem canais para dentro do solo onde a água pode penetrar e com isso, sobrará menos água para correr na superfície.
Outro fator importante é que, se as chuvas são frequentes e o terreno já está saturado de água, a tendência é que o solo nada mais absorva e com isso, toda a água da chuva que cair, correrá pela superfície. Se o solo é arenoso o arrastamento será maior do que se ele fosse argiloso .
Fatores que contribuem:
Muitas ações devidas ao homem apressam o processo de erosão, como por exemplo:
- Os desmatamentos (desflorestamentos) desprotegem os solos das chuvas.
- O avanço imobiliário em encostas que, além de desflorestar, provocam a erosão acelerada devido ao declive do terreno.
- As técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desflorestações extensivas para dar lugar a áreas plantadas.
- A ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem o seu papel de absorvedor de águas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial.
Tipos de erosão:
Erosão pluvial:
- A erosão pluvial é provocada pela retirada de material da parte superficial do solo pelas águas da chuva. Esta ação é acelerada quando a água encontra o solo desprotegido de vegetação. A primeira ação da chuva se dá através do impacto das gotas d'água sobre o solo.
Este é capaz de provocar a desagregação dos torrões e agregados do solo, lançando o material mais fino para cima e para longe, fenômeno conhecido como salpicamento. A força do impacto também força o material mais fino para abaixo da superfície, o que provoca a obstrução da porosidade (selagem) do solo, aumentando o fluxo superficial e a erosão.
- Necessário se faz em separar claramente as ravinas formadas somente por erosão superficial das formadas pelo processo de erosão remontante. A ação da erosão pluvial aumenta à medida que mais água da chuva se acumula no terreno, isto é, a retirada do solo se dá de cima para baixo.
Na erosão remontante acontece exatamente o contrário: a retirada do material se dá de baixo para cima, como é o caso das voçorocas. Uma ravina de origem pluvial pode progredir em direção a uma voçoroca, mas não necessariamente. Da mesma forma podemos ter a progressão de voçorocas independente da erosão pluvial, pois esta depende do fluxo subterrâneo e não do fluxo superficial.
- Muitos autores e textos didáticos têm erroneamente confundido estes fenômenos. Separá-los, no entanto, não é somente uma questão de rigor científico, mas uma necessidade prática, pois as formas de se combater um processo erosivo dependerá de que tipo de erosão estamos enfrentando. Muitos processos indicados para evitar ou combater erosão pluvial, não funcionam quando se trata de combater erosão remontante, principalmente nos casos em que amplas voçorocas já estão instaladas na paisagem.
Principais formas de erosão pluvial:
- Erosão laminar: quando a água corre uniformemente pela superfície como um todo, transportando as partículas sem formar canais definidos. Apesar de ser uma forma mais amena de erosão, é responsável por grandes prejuízos na atividade agrícola e por transportar grande quantidade de sedimentos que vão assorear os rios.
Erosão em sulcos de escorrência: quando a água se concentra em determinados sulcos do terreno, atinge grande volume de fluxo e pode transportar maior quantidade de partículas formando ravinas na superfície. Estas ravinas podem rapidamente atingir a alguns metros de profundidade.
A erosão pluvial laminar:
- Erosão laminar: quando a água corre uniformemente pela superfície como um todo, transportando as partículas sem formar canais definidos. Apesar de ser uma forma mais amena de erosão, é responsável por grande prejuízo às terras agrícolas e por fornecer grande quantidade de sedimento que vai assorear rios, lagos e represas. Erosão Pluvial
Este tipo de erosão é provocado pelas águas das chuvas. A água das chuvas pode escorrer sobre a superfície do solo formando as enxurradas, ou infiltrar-se no terreno.
- As gotículas de chuva, ao caírem em um barranco ou em qualquer outro terreno, provocam a saltitação (splash erosion) das partículas, tendo assim o que se chama de “ação mecânica das gotas da chuva”, e é justamente esta que provoca o arrancamento e o deslocamento de partículas. Quando o escoamento pluvial acontece é porque a quantidade de chuva caída em uma determinada área é maior que o poder de infiltração, dessa maneira formando as enxurradas, que irá esculpir de várias maneiras os locais por onde passar.
A ação das enxurradas vai, pouco a pouco, retirando a camada fértil do solo, tornando-o cada vez mais improdutivo. Além disso, as enxurradas arrancam plantas e fazem desmoronar barrancos.
- A água da chuva que se infiltra no solo pode também arrastar para baixo sais minerais diversos, tirando-os do alcance das raízes e, portanto, empobrecendo a camada superficial do solo. A ação da água que se infiltra no solo e que corre na superfície pode, também, provocar desmoronamentos, formando grandes buracos conhecidos como voçorocas. As voçorocas são comuns em terrenos arenosos e desmatados, podendo atingir centenas de metros de comprimento e trinta ou mais metros de profundidade.
A erosão pluvial é um dos principais fatores que contribui para a diminuição da produtividade e sustentabilidade dos solos agrícolas, podendo acarretar sua degradação. Vários autores têm avaliado perdas de solo, água, nutrientes e matéria orgânica em diferentes sistemas de uso e manejo do solo. No Brasil, o principal agente de erosão é a água das chuvas. Infelizmente, em nosso país são muitos os exemplos de terras ricas que se tornaram estéreis.
- É importante lembrar que a erosão pluvial do solo é o resultado da interação entre diversos fatores, como o potencial erosivo da chuva, a suscetibilidade do solo à erosão, o comprimento do declive, a declividade do terreno, o manejo de solo, de culturas e de restos culturais e as práticas mecânicas conservacionistas complementares.
Erosão eólica:
- Ocorre quando o vento transporta partículas diminutas que se chocam contra rochas e se dividem em mais partículas que se chocam contra outras rochas. Podem ser vistas nos desertos na forma de dunas e de montanhas retangulares ou também em zonas relativamente secas.
Formação das dunas:
- Quando o vento sopra seguidamente na mesma direção, ele acaba depositando num mesmo lugar a areia que carregou. Sendo dessa maneira que as dunas se formam, estas que são grandes depósitos de areia que podem ser encontrados em algumas praias e em desertos. As dunas podem surgir também quando a areia, transportada pelo vento, se acumula em torno de um obstáculo, como por exemplo uma grande pedra.
A erosão eólica ocorre em geral em regiões planas, de pouca chuva, onde a vegetação natural é escassa e sopram ventos fortes. Constitui problema sério quando a vegetação natural é removida ou reduzida; os animais e o próprio homem contribuem para essa remoção ou redução. As terras ficam sujeitas à erosão pelo vento quando deveriam estar com a vegetação natural e são colocadas em cultivo com um manejo inadequado.
Erosão marinha:
- A erosão marinha é um longo processo de atrito da água do mar com as rochas que acabam cedendo transformando-se em grãos, esse trabalho constante atua sobre o litoral transformando os relevos em planície e deve-se praticamente à ação de um fator presente na termodinâmica: a convecção dos ventos, responsáveis pelo surgimento das ondas, correntes e marés .
Tanto ocorre nas costas rochosas bem como nas praias arenosas. Nas primeiras a ação erosiva do mar forma as falésias, nas segundas ocorre o recuo da praia, onde o sedimento removido pelas ondas é transportado lateralmente pelas correntes de deriva litoral.
- Nas praias arenosas a erosão constitui um grave problema para as populações costeiras. Os danos causados podem ir desde a destruição das habitações e infra-estruturas humanas, até a graves problemas ambientais. Para retardar ou solucionar o problema, podem ser tomadas diversas medidas de proteção, sendo as principais as construções pesadas de defesa costeira (enrocamentos e esporões) e a realimentação de praias.
Erosão química:
- Envolve todos os processos químicos que ocorrem nas rochas. Há intervenção de fatores como calor, frio, água, compostos biológicos e reações químicas da água nas rochas. Este tipo de erosão depende do clima, em climas polares e secos, as rochas se destroem pela troca de temperatura; e em climas tropicais quentes e temperados, a umidade, a água e os dejetos orgânicos reagem com as rochas e as destroem.
Erosão glacial:
- As geleiras (glaciares) deslocam-se lentamente, no sentido descendente, provocando erosão e sedimentação glacial. Ao longo dos anos, o gelo pode desaparecer das geleiras, deixando um vale em forma de U ou um fiorde, se junto ao mar.
Pode também ocorrer devido à susceptibilidade das glaciações em locais com predominância de rochas porosas. No verão, a água acumula-se nas cavidades dessas rochas. No inverno, essa água congela e sofre dilatação, pressionando as paredes dos poros. Terminado o inverno, o gelo funde, e congela novamente no inverno seguinte. Esse processo ocorrendo sucessivamente, desagregará, aos poucos, a rocha, após um certo tempo, causando o desmoronamento de parte da rocha, e consequentemente, levando à formação dos grandes paredões ou fiordes.
Erosão fluvial:
- Erosão fluvial é o desgaste do leito e das margens dos rios pelas suas águas. Este processo pode levar a alterações no curso do rio. O relevo resultante da sedimentação das rochas no processo de erosão é denominado Colúvio. A erosão das rochas pode gerar ravinas, voçorocas e deslizamentos de terra, no qual estes sedimentos são escoados para as partes mais baixas, formando colúvios e depósitos de encosta.
Consequências da erosão:
- Efeitos poluidores da ação de arraste
- Os arrastamentos podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com materiais áridos.
- Morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por soterramento.
- Turbidez nas águas, dificultando a ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e oxigenação das águas.
- Arraste de biocidas e adubos até os corpos d'água e causarem, com isso, desequilíbrio na fauna e flora nesses corpos de água.
Outros danos:
- Assoreamento que preenche o volume original dos rios e lagos e como consequência, vindas as grandes chuvas, esses corpos d’água extravasam, causando as enchentes
Instabilidade causada nas partes mais elevadas podem levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias (ver deslizamento de terra).
Voçoroca:
- A voçoroca, boçoroca ou barranco é um fenômeno geológico que consiste na formação de grandes buracos de erosão, causados pela água da chuva e intempéries, em solos onde a vegetação é escassa e não protege mais o solo, que fica cascalhento e suscetível de carregamento por enxurradas. Pobre, seco e quimicamente morto, nada fecunda.
São causadas pelo intemperismo físico da ação pluvial e são considerados ações erosivas. Os sedimentos decorrentes dessas ações climáticas são deslocados para as partes mais baixas e ali depositados. Formam-se assim os colúvios e depósitos de encosta, caracterizando o processo de sedimentação.
- O termo "voçoroca" tem origem no termo tupi ibysoroka, que significa "rasgo de terra", de yby ("terra") e sorok ("rasgar") .
A voçoroca pode ser prevenida com a plantação de árvores na beira dos buracos, para evitar que o fluxo da água leve consigo, terra e sedimentos, que são retidos por suas raízes. . Devem também ser escavadas caixas de retenção ou drenagem da água para interromper o caudal.É um fenômeno prejudicial, pois destrói terras cultiváveis e colabora para o assoreamento de rios.
Assoreamento dos Rios por Erosão dos Solos
- A relação entre a humanidade e a natureza tem levado a uma forte pressão exercida sobre os recursos naturais. Essa pressão vem acontecendo, uma vez que o homem busca crescimento econômico, sem preocupar-se em atrelar o desenvolvimento ao meio ambiente – conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química e biológica, que permitem, abrigam e regem a vida em todas as suas formas – (LEI FEDERAL nº. 6.938 de 31/08/81 – PNMA, Art. 3).
Dentro deste contexto, percebe-se a crescente necessidade de mudança do comportamento do homem em relação ao meio ambiente, no sentido de buscar uma forma de desenvolvimento sustentável, compatibilizando suas práticas econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes na qualidade de vida (SILVA, 1993 a).
- Como forma de reduzir o aumento do impacto causado à natureza, o homem vem promovendo sua maior interação (através de modificações de seus costumes e de sua percepção sobre a natureza) entre si mesmo e o meio ambiente, como uma maneira de amenizar os problemas, propiciando, assim, uma razoável melhoria na qualidade de vida da humanidade.
Impacto Ambiental:
Promovido pela Erosão na Margem Direita do Baixo São Francisco:
- BRANCO (1988) e ALVARENGA e SOUZA (1997), conceituam impacto como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; o meio biótico, a qualidade dos recursos ambientais, sendo essas alterações física, química e biológica, sofridas pelo meio ambiente decorrente da atividade antrópica.
Essas alterações se fazem sentir também no solo através de erosão, da acidificação, acúmulo de metais pesados, da redução de nutrientes e de matéria orgânica e tendo como impacto a perda de área produtiva, da produção e da renda familiar, alterando dessa forma a qualidade de vida da população.
De acordo com BARRETO e OLIVEIRA (1995), impacto ambiental constitui-se em modificações nas condições ecológicas. Todos os impactos ambientais são provocados por tensores que induzem a diferentes modificações com conseqüência de maior ou menor intensidade. Tensor é qualquer fato ou situação que conduz um sistema a movimentar seus recursos gastando mais energia para manter seu equilíbrio homeostático.
- Para BOLEA (1984), impacto ambiental é a alteração produzida por uma ação ou atividade, seja ela favorável ou desfavorável, no meio ou em alguns componentes do meio ambiente.
A principal dificuldade encontrada na definição de impacto ambiental e, consequentemente na sua identificação, consiste na própria delimitação do impacto, já que o mesmo se propaga espacial e temporalmente através de uma complexa rede de interrelações (LA ROVERE, 1990). Assim, os desequilíbrios ambientais muitas das vezes têm causa setorial dentro de um conjunto de elementos que compõem a paisagem. A bacia hidrográfica, como parte integrante de tais setores (naturais e sociais) deve ser gerenciada com esta função, para que sejam amenizados os impactos ambientais (GUERRA, 1996).
- HOLLY (1984), conceitua erosão como sendo a manifestação da deterioração da superfície do solo afetada por forças externas, particularmente água, gelo, vento e o homem como o fator antropogênico de relevante importância.
Erosão marginal é o recuo linear das margens, devido à remoção dos materiais do barranco pela ação fluvial (correntes e ondas) ou por forças de origem externa (precipitação) (FERNANDEZ, 1990).
- De acordo com THORNE e TOVEY (1981), erosão marginal é um processo geomórfico de grande transcendência e sua importância prática e científica, aumentou nas últimas décadas devido a três principais razões: primeiro, a erosão da margem desempenha um papel importante no controle da largura do canal; segundo, esta erosão contribui significativamente no incremento da carga de fundo dos rios; e, terceiro, a destruição progressiva da área marginal desvaloriza os terrenos ribeirinhos e limita o seu uso adequado.
A atuação dos principais agentes erosivos que comandam a erosão marginal ainda gera dúvidas. As diferentes conclusões a que vários cientistas chegaram a respeito dos fatores que controlam esta erosão são decorrentes das diversas condições pedológicas, hidrológicas e climáticas da área (FERNANDEZ, 1995).
- No Estado de Sergipe, os impactos causados pela ação antrópica, principalmente o desmatamento, é responsável pela degradação do solo, pois, sem a proteção das matas ciliares as margens dos rios tornam-se vulneráveis ao assoreamento e à erosão.
No Baixo São Francisco Sergipano, principalmente na área irrigada do Perímetro Cotinguiba-Pindoba, que abrange terras dos municípios de Propriá, Neópolis e Japoatã, situando-se na margem direita do rio São Francisco, entre os Km 74 e 60, à montante do seu estuário do Oceano Atlântico (Figura 1), a erosão marginal tem provocado impactos negativos como a perda de área produtiva e assoreamento do rio São Francisco, devido à devastação das matas ciliares e a mudança do regime fluvial do mesmo, mediante a exploração do potencial energético pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), ocasionando desestruturação da economia tradicional, representada pela produção agrícola e pesqueira (SILVA, 1993b).
- O processo erosivo nesta área chega a atingir recuo da margem da ordem de 33,30 metros em um período de 01 (um) ano (CASADO et. all., 2000), o que causa problemas sócio-econômicos para os agricultores, influenciando também na qualidade da água em função da presença de sedimentos, que provocam o assoreamento da calha do rio.
O assoreamento do rio São Francisco vem comprometendo o funcionamento dos Perímetros Irrigados da região. Para as áreas de irrigação é necessário que se tenha cota suficiente para o bombeamento das águas. Com o assoreamento do rio é necessário que se faça, periodicamente, dragagem de sedimentos para evitar o entupimento das bombas utilizadas para a irrigação, o que gera um custo adicional à manutenção dos Perímetros Irrigados (CASADO, 2000).
- Considerando os impactos ambientais (bióticos, físicos e antrópicos) decorrentes da erosão na margem do rio São Francisco, especificamente na área do Projeto Cotinguiba-Pindoba, que tem atingido o desenvolvimento da região, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os impactos ambientais provocados por este tipo de erosão e suas conseqüências para a população ribeirinha, em função da perda de área produtiva.
A Matriz Referencial foi utilizada para permitir a identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância de cada um dos fatores ambientais (ALVARENGA e SOUZA, 1997).
- Esse método foi usado na etapa de identificação dos resultados dos estudos de impactos. Funciona como listagens de controle bidimensionais, onde são dispostas as ações do processo erosivo marginal e os fatores ambientais que poderão ser afetados, permitindo assinalar os impactos de cada ação sobre os componentes por ele modificados.
Depois de completada, a matriz observou-se o conjunto de impactos gerados pela erosão nas margens do rio, destacando-se as ações que causaram um maior número de impactos (LEOPOLD citado por SÁ, 1999 e OLIVEIRA, 1991). Segundo ALVARENGA e SOUZA (2000), para análise dos impactos, recomenda-se a aplicação de um critério de importância aos impactos identificados, ou seja, faz-se uma seleção dos mais importantes para estudos mais aprofundados
- Foi trabalhada a Listagem Simples, que enumera apenas os fatores ambientais e, algumas vezes, seus respectivos indicadores, isto é, os parâmetros que fornecem as medidas para cálculos (quantitativo e qualitativo) da magnitude dos impactos.
- Listagem Descritiva que oferece, além do rol de parâmetros ambientais, alguma forma de orientação para análise dos impactos ambientais. Esta apresenta fatores ambientais a serem considerados nos estudos, fornecendo para cada um deles critérios de avaliação que devem ser empregados. Este tipo de listagem pode tomar a forma de questionário, no qual uma série de perguntas em cadeia tenta um tratamento integrado e análise dos impactos (CLARK, 1976).
- Portanto, através de análises interpretativas, aplicação de questionários e observações ―in locu‖, foram realizados levantamentos sistemáticos das principais fontes causadoras de impactos ambientais na área do projeto, mensurando o nível de intervenção da ação antrópica do ambiente (Projeto Cotinguiba-Pindoba).
A análise dos impactos ambientais inclui, necessariamente, identificação, previsão de magnitude e interpretação da importância de cada um deles, permitindo uma apreciação abrangente das repercussões do projeto sobre o meio ambiente, entendido na sua forma mais ampla.
- Uma visualização conjunta dos fatores ambientais envolvidos é bastante útil neste estudo, o que pôde ser feito através da Matriz Referencial de Impacto. A partir desta, chegou-se a uma idéia das inter-relações entre ações do empreendimento e fatores ambientais afetados por ela.
Após análise dos dados obtidos com a aplicação da Matriz Referencial, observou-se que a partir da fase de implantação do Perímetro Irrigado Cotinguiba - Pindoba até a atualidade, a desapropriação da área; o desmatamento e a limpeza da mesma, geralmente com queimadas; a abertura de estradas; a unidade de bombeamento; o uso de irrigação e o uso e ocupação do solo contribuíram significativamente para o aumento da magnitude dos impactos negativos.
- A alteração da paisagem; a diminuição da fauna e da fertilidade do solo; a alteração da vazão do rio, bem como a retirada da vegetação existente se faz sentir até os dias atuais, se refletindo indiretamente, de forma negativa na renda do agricultor. Entretanto, a abertura de estradas facilitou o acesso aos serviços de saúde e às escolas levando à educação da população local a outras localidades, além da oportunidade de emprego e aquisição de bens. A unidade de bombeamento destaca-se por permitir o uso da irrigação. A contratação de mão-de-obra e o uso e ocupação do solo geraram impactos positivos (Quadro 2) dando oportunidade de emprego e o conseqüente aumento da renda familiar.
Apresentou-se, após estudos de todas as ações e de todos seus efeitos relevantes sobre os fatores ambientais, uma síntese e uma classificação dos impactos mais importantes, conforme pode ser observado no Quadro 2, seguido da descrição detalhada de cada ação e seus efeitos, tanto positivos quanto negativos. Para avaliar a magnitude fez-se o uso de uma escala que variou de –5 à +5.
- O Perímetro Irrigado possui duas áreas distintas de produção: uma apta exclusivamente à monocultura do arroz, com 1.117 ha, e outra a policultivos – hortaliças, fruteiras, grãos e pecuária, com 1098 ha. O desenvolvimento econômico-social da área em questão vem sendo promovido, gradativamente, pela atividade agropecuária. Impacto neste caso é positivo pelo aumento da produção agrícola resultado do uso da irrigação (a área total irrigável é de 1.918,5 ha). Porém ocorrem impactos negativos devido ao manejo inadequado, sem considerar a conservação do solo e água, levando à compactação do solo; salinização e/ou acidificação; declínio de nutrientes e matéria orgânica do solo e redução da macro e microfauna do mesmo, favorecendo em alguns casos a redução de produtividade.
A erosão analisada sob a ótica da Matriz Referencial de Impacto é considerada como um fator ambiental físico, o qual vem promovendo impactos negativos a quase todas as ações desenvolvidas no empreendimento, sendo o seu processo natural e acelerado.
- Portanto, o avanço da erosão, na margem direita no Baixo São Francisco Sergipano, como componente gerador de impactos negativos leva ainda a alteração da paisagem, com a destruição progressiva da margem; assoreamento da calha do rio, alterando a qualidade da água do mesmo; redução de nutrientes do solo, diminuindo a produção das culturas; redução da área agricultável, com conseqüente queda da produtividade agrícola, causando redução da renda familiar limitando o acesso da família a bens e serviços necessários à sua sobrevivência. Este processo erosivo, apesar de acelerada evolução segundo as últimas observações ―in loco‖, ainda restringe-se a um número pequeno de lotes, potencialmente comprometendo a produção.
De modo geral, vale ressaltar como fatores que concorrem para o baixo desempenho produtivo, as dificuldades dos irrigantes em mobilizarem financiamentos (seja pela limitação da oferta, seja pelo impedimento da inadimplência) e os problemas ―culturais‖ em adaptarem-se às tecnologias e a demanda do mercado.
Outras Considerações
- O processo erosivo na margem direita do rio São Francisco, apesar dos vários impactos negativos que vem causando de forma progressiva à área em estudo, ainda limita-se a um trecho reduzido na margem do Baixo São Francisco.
No entanto, se medidas mitigadoras não forem adotadas com uma certa urgência, grandes prejuízos de ordem econômica deverão afetar o Perímetro Irrigado Cotinguiba-Pindoba nos próximos anos, inviabilizando uma quantidade considerável de área irrigada.
- Como medida mitigadoras o enrocamento com pedras, vem sendo ainda timidamente adotado nos pontos em que está havendo a perda de área na margem, caracterizado como uma medida emergencial para a contenção da erosão nos taludes do rio.
A revegetação – utilizando-se tanto espécies nativas quanto exóticas, de rápido desenvolvimento e adaptação, parece ser uma alternativa a médio prazo para o controle da erosão, recuperação da fauna e reconstituição da paisagem.
Assoreamento dos Rios por Erosão dos Solos