sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Erosão e Assoreamento em Áreas Urbanas

Erosão e Assoreamento em Áreas Urbanas 

  • Erosão é o processo de “desagregação e remoção de partículas do solo ou de fragmentos e partículas de rochas, pela ação combinada da gravidade com a água, vento, gelo e/ou organismos (plantas e animais)” (IPT 1989). 
A erosão pode ser “natural” ou “geológica”, que se desenvolve em condições de equilíbrio com a formação do solo; e “acelerada” ou “antrópica”, cuja intensidade é superior à da formação do solo, não permitindo a sua recuperação natural.
  • A erosão acelerada pode ser de dois tipos: erosão laminar, ou em lençol, “quando causada por escoamento difuso das águas das chuvas, resultando na remoção progressiva dos horizontes superficiais do solo”; e erosão linear, “quando causada por concentração das linhas de fluxo das águas de escoamento superficial, resultando em incisões na superfície do terreno” na forma de sulcos, ravinas e boçorocas e solapamento de margens de canal. 
A erosão laminar é dificilmente perceptível, porém é evidenciada pela tonalidade mais clara dos solos, exposição de raízes e queda da produtividade agrícola. É determinada a partir de cálculos, segundo a Equação Universal de Perdas de Solo (USLE), levando em conta os índices: erosividade da chuva, erodibilidade, comprimento de rampa, declividade do terreno, fator uso e das feições lineares, os sulcos são pouco profundos (inferiores a 50 cm) e podem ser mais facilmente corrigidos por meio da melhoria do manejo do solo.
  • Este tipo de erosão está geralmente associado a áreas rurais e ocorre sob a forma de áreas de concentração, sendo induzidas pelos seguintes fatores: 
Manejo agrícola inadequado em áreas de cultura, sem a adoção de práticas conservacionistas, como o simples plantio sem obedecer às curvas de nível e sem a implantação de terraços e canais escoadouros vegetados; solos preparados de forma inadequada e culturas de má cobertura, além de outras situações. Normalmente ocorre a formação de sulcos de forma generalizada em toda a vertente, sendo comum a evolução para ravinas e boçorocas nos pontos de concentração do escoamento superficial; 
  • Modificação do escoamento das águas pluviais condicionado por trilhas de gado, carreadores, cercas, divisas antigas e áreas de empréstimo, que aduzem e concentram as águas pluviais.
As ravinas são feições de maior porte, profundidade variável, de forma alongada e não atingem o nível d’água subterrânea, onde atuam mecanismos de desprendimento de material dos taludes laterais e transporte de partículas do solo

Assoreamento:
  • Nome técnico que se dá ao processo acelerado de deposição de sedimentos detríticos em uma área rebaixada (área de sedimentação). Do ponto de vista geológico a sedimentação é um processo natural, decorrente da erosão. 
No entanto sua aceleração, devido a fatores antrópicos, resulta em uma série de efeitos indesejáveis no meio ambiente. Reserva-se o termo assoreamento para a sedimentação acelerada por processos de ocupação do espaço geográfico pelo homem, com suas atividades decorrentes: desmatamento, pecuária, agricultura, mineração, urbanismo, etc.
  • O processo de assoreamento numa bacia hidrográfica encontra-se intimamente relacionado aos processos erosivos, uma vez que são estes que fornecem os materiais que, ao serem transportados e depositados, darão origem ao assoreamento.
Assoreamento e erosão são dois processos diretamente proporcionais na dinâmica de uma bacia hidrográfica: quando aumenta a erosão, haverá o consequente aumento do assoreamento em algum lugar a jusante na bacia hidrográfica. 
  • A erosão mais efetiva na produção do assoreamento, é a originada por processos onde atua a água, seja na forma de chuva, rios ou correntes litorâneas. Em regiões de clima muito frio, as geleiras exercem papel importante, seja diretamente devido ao deslocamento da massa de gelo, seja pela enorme quantidade de água produzida na época do degelo.
O assoreamento ocorre em regiões rebaixadas como o fundo de vales, rios, mares ou qualquer outro lugar em que o nível de base da drenagem permita um processo deposicional. 
  • Em algumas regiões a erosão eólica é capaz de transportar enorme quantidade de material, normalmente areia fina. Este fenômeno poderá resultar no assoreamento de corpos hídricos.
Como o assoreamento é uma consequência direta da erosão, para se observar se uma região está sujeita a assoreamento, basta que se observe a água das enxurradas e dos rios após as chuvas. Se for barrenta, amarela, é porque a região a montante está sendo muito erodida e as águas estão carregadas de sedimentos. Ao erodir um terreno a água da chuva leva a argila em suspensão, originando a cor amarelo ocre às águas. 
  • A quantidade e a granulometria do material transportado pelas águas depende de sua velocidade (energia) e de seu volume. Águas com pouca energia transportam material fino e as com muita velocidade transportam, além do material fino em suspensão, material grosseiro que é arrastado e desce aos saltos através do talvegue do rio
À medida que a água perde energia, o material mais grosseiro começa a se assentar (depositar) na calha dos rios ou nos remansos dos meandros, dando origem a depósitos fluviais (em alguns locais formam-se praias fluviais). 

O Assoreamento é o acúmulo de areia, solo desprendido de erosões e
outros materiais levados até rios e lagos.

Materiais de Assoreamento:
Classe I - Sedimentos argilo-silto-arenosos, provenientes da erosão de terrenos por águas de chuva.
Classe II - Entulho inerte areno-pedregoso, proveniente de obras de construção civil, demolições e pequenas reformas e desagregação de pavimentos urbanos.
Classe III - Restos de madeiras, metais, vidros e plásticos e lixo urbano (papéis, papelão, plásticos, tecidos, vidros, pneus, móveis e outros utensílios, etc).
Classes I e II = 95%
Classe III = 5%. 
Consequências do Assoreamento:
Em lagos, lagoas, baías e golfos; 
  • Elevação do fundo do corpo hídrico, prejudicando a navegação e diminuindo a lâmina d'água, o que provoca seu maior aquecimento e menor capacidade de dissolver oxigênio. Alteração da circulação e dos fluxos das correntes internas, comprometendo a vegetação da orla (manguezais) e as zonas pesqueiras. 
Em área de manguezais o assoreamento altera a flutuação das marés pelo avanço da linha de orla, podendo muito rapidamente comprometer este importante ecossistema. 
  • O material fino em suspensão na coluna d’água (turbidez) é uma barreira à penetração dos raios solares, prejudicando a biota que realiza fotossíntese e consequentemente diminuindo a taxa de oxigênio dissolvido na água.
Em rios; 
  • O carreamento intenso de sedimentos provoca a elevação topográfica do talvegue de córregos, rios e canais, originando inundações, que nada mais são do que o transbordamento da água para além de sua calha. 
Este processo interfere na dinâmica hidráulica, provocando aumento da velocidade da corrente próxima a uma das margens, provocando sua erosão, deslocando o eixo do curso de água e dando início à construção de meandros, o que leva a uma maior deposição de material sedimentar na planície do rio, potencializando o problema das inundações. 
  • A simples retificação do curso do rio, somente desloca o problema para jusante. Como a retificação aumenta a velocidade da água, o material que ficaria depositado na planície passa a ser transportado diretamente para outro lugar. No caso do Rio de Janeiro, estas medidas agravaram mais ainda a situação da Baía de Guanabara, que em pouco menos de 100 anos teve uma grande perda de volume de água devido ao assoreamento. 
Combatendo ou Mitigando o Assoreamento:
Medidas Preventivas 
  • Podem ser citadas: o diagnóstico dos dispositivos de drenagem pré-existentes a jusante da obra, a implantação do sistema de drenagem conforme Projeto de Drenagem Provisória pré-aprovado, a minimização de descidas d’água e pontos de lançamento, o ajuste constante da orientação do escoamento sobre o solo exposto, a limpeza constante dos dispositivos de retenção de sedimentos e a proteção superficial dos solos expostos. 
Medidas Mitigadoras:
  • Incluem: o controle rigoroso dos parâmetros geométricos do aterro; a verificação constante dos caimentos e dos pontos baixos; a estabilização das saias de aterro; a implantação de leiras ou bermas de alívio provisórias; o selamento de trincas com argila; a manutenção da cobertura vegetal do solo, ou, na sua impossibilidade, proteção do solo com coberturas artificiais; e correção de sulcos de erosão pelo lançamento e compactação de solo de boa qualidade, a forração emergencial de áreas instáveis com filme plástico e a antecipação mais breve possível da forração vegetal. 
Também podem ser executadas obras hidráulicas que diminuam a velocidade das correntes, como escadas e obstáculos transversais ao longo do talvegue, ou mesmo pode se optar pela construção de reservatórios ao longo da drenagem, que possam represar a água, o que, além de diminuir sua velocidade e volume, passam a se constituir em locais de deposição de sedimentos, evitando que cheguem ao local que se pretende proteger. 

Os sete mandamentos do bom loteamento:
  1. Evitar ao máximo as terraplenagens: 
  2. Usar a criatividade e adaptar seu projeto à topografia e não a topografia ao seu projeto;
  3. Demarcar os lotes sem retirar a vegetação e o solo superficial. Somente retirar a vegetação e o solo superficial, se realmente necessário, no momento da construção de cada edificação, ou seja, lote a lote;
  4. Em terrenos com declividade acima de 30% (17º) adotar lotes com a maior dimensão paralela às curvas de nível e estimular que as habitações tenham a parte frontal apoiada sobre pilotis (ou expedientes equivalentes), assim evitando encaixes profundos na encosta;
  5. Em terrenos muito inclinados reduzir o número de ruas a nível, devendo ser privilegiado o acesso a pé às moradias. 
  6. As ladeiras perpendiculares às curvas de nível deverão ser descontínuas.
  7. Não implantar loteamentos em terrenos com declividade superior a 57% (30º). Acima dessa declividade criar áreas verdes reflorestadas permanentes. 
Caso alguma terraplenagem seja mesmo indispensável, retirar antes a capa de solo superficial (+ou- 150 cm) e estocá-la, para depois utilizá-la no recobrimento de áreas terraplenadas a serem protegidas com vegetação. O solo superficial é o solo de melhores características agronômicas e construtivas: mais fértil, mais resistente à erosão e melhor para compactar. 
  • Nunca lançar o solo resultante de escavações e terraplenagens encosta abaixo. Retirá-lo da área e levá-lo para um bota-fora regularizado sugerido pela Prefeitura. 
Logo de imediato à abertura, promover a pavimentação das ruas e a instalação do sistema de drenagem das águas pluviais. Só liberar o loteamento para a construção de habitações somente após a infra-estrutura básica implantada. 
  • Programar as operações de terraplenagem de forma a liberar o mais cedo possível os taludes finais para proteção superficial, ou seja, conduzir a terraplenagem de “cima para baixo” ou em painéis sucessivos. 
Taludes de cortes e aterros resultantes de terraplenagem deverão ser de imediato protegidos com pintura de calda de cal. Mais tarde essa proteção poderá ser substituída por alguma opção vegetal de caráter paisagístico, caso assim se deseje. 
  • Programar os eventuais serviços de terraplenagem para os meses menos chuvosos, de forma que na época das chuvas as superfícies de solo porventura expostas já estejam devidamente protegidas. 

Erosão e Assoreamento em Áreas Urbanas