segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Tungstênio - (W)

Lampadas com filamento de Tungstênio

  • As lâmpadas de tungstênio halogenas são usadas para gerar radiação infravermelha em aplicações semicondutoras, tais como RTP (Processo Térmico Rápido). A tecnologia de radiação térmica pode ser usada para mudar materiais em chapas base para chips do semicondutor ou pastilhas do semicondutor feitas de silicone.
Normalmente, para esse efeito, um grupo de lâmpadas é montado dentro do sistema térmico muito perto da superfície da pastilha do semicondutor. O ciclo de estresse térmico destas lâmpadas é extremamente curto e engloba aquecimento, sequências constantes e de resfriamento, dependendo das exigências. O aquecimento uniforme dentro e entre as pastilhas do semicondutor é de importância vital aqui.
  • As lâmpadas halogenas de quartzo simples e duplas são usadas em aplicações RTP ou CVD. As lâmpadas infravermelhas de quartzo convertem com eficiência a energia elétrica em calor radiado. Em fábricas de fabricação de semicondutores, as lâmpadas halogenas de quartzo são usadas em sistemas ou câmaras que permitem transferências de calor de alta intensidade durante ciclos operacionais curtos. Adicionalmente, as lâmpadas halogenas de quartzo com filamento facultam flexibilidade extra quando ajustando as várias temperaturas necessárias ao processo.
O tungstênio (português brasileiro) ou tungstênio (português europeu) (também conhecido como volfrâmio ou wolfrâmio) é um elemento químico de símbolo W e número atômico 74.
  • Um metal de cor branco cinza sob condições padrão, quando não combinado, o tungstênio é encontrado na natureza apenas combinado com outros elementos. Foi identificado como um novo elemento em 1781, e isolado pela primeira vez como metal em 1783. Os seus minérios mais importantes são a volframita e a scheelita. 
O elemento livre é notável pela sua robustez, especialmente pelo fato de possuir o mais alto ponto de fusão de todos os metais e o segundo mais alto entre todos os elementos, a seguir ao carbono. Também notável é a sua alta densidade, 19,3 vezes maior do que a da água, comparável às do urânio e ouro, e muito mais alta (cerca de 1,7 vezes) que a do chumbo. 
  • O tungstênio com pequenas quantidades de impurezas é frequentemente frágil e duro, tornando-o difícil de trabalhar. Contudo, o tungstênio muito puro é mais dútil, e pode ser cortado com uma serra de metais. 
A forma elementar não combinada é usada sobretudo em aplicações eletrônicas. As muitas ligas de tungstênio têm numerosas aplicações, destacando-se os filamentos de lâmpadas incandescentes, tubos de raios X (como filamento e como alvo), e superligas. A dureza e elevada densidade do tungstênio tornam-no útil em aplicações militares como projéteis penetrantes. Os compostos de tungstênio são geralmente usados industrialmente como catalisadores.
  • O tungstênio é o único metal da terceira série de transição que se sabe ocorrer em biomoléculas, usadas por algumas espécies de bactérias. É o elemento mais pesado que se sabe ser usado por seres vivos. Porém, o tungstênio interfere com os metabolismos do molibdênio e do cobre, e é algo tóxico para a vida animal.
Propriedades químicas:
  • O tungstênio elementar é resistente ao ataque de ácidos, bases e oxigênio.O estado de oxidação mais comum do tungstênio é +6, porém exibe todos os estados de oxidação desde −2 até +6. A combinação típica do tungstênio é com o oxigênio, formando trióxido de tungstênio amarelo, WO3, solúvel em soluções aquosas alcalinas originando íons tungstato, WO42-. Os carbetos de tungstênio (W2C e WC) são produzidos ao aquecer tungstênio em pó com carbono. W2C é resistente ao ataque químico, embora reaja fortemente com o cloro para formar hexacloreto de tungstênio (WCl6).
Em solução aquosa, o tungstato dá origem a heteropoliácidos e ânions de polioxometalato sob condições neutras ou ácidas. À medida que o tungstato é submetido à ação do ácido, começa por produzir-se "paratungstato A", um íon solúvel e metaestável, W7O24-6, que com o tempo se converte no ânion menos solúvel "paratungstato B", H2W12O42-10. A acidificação adicional produz o ânion muito solúvel metatungstato, H2W12O40-6, após o que é atingido o equilíbrio. O íon metatungstato existe na forma de um agrupamento simétrico de doze octaedros tungstênio-oxigênio conhecidos como ânion de Keggin. Muitos outros ânions existem como espécies metaestáveis. A inclusão de um átomo diferente, como o fósforo, no lugar dos dois hidrogênios centrais do metatungstato, produz uma ampla variedade de heteropoliácidos, como o ácido fosfotúngstico (H3PW12O40).
  • O trióxido de tungstênio pode formar compostos de intercalação com os metais alcalinos. Estes compostos são conhecidos como bronzes; um exemplo é o bronze de sódio-tungstênio.


Aplicações químicas:
  • O sulfeto de tungstênio (IV) é um lubrificante de alta temperatura e é um componente dos catalisadores de hidrodessulfurização. MoS2 é mais vulgarmente usado em tais aplicações.
Os óxidos de tungstênio são usados em esmaltes cerâmicos e os tungstatos de cálcio/magnésio são largamente usados em lâmpadas fluorescentes. Cristais de tungstatos são usados como cintiladores em física nuclear e medicina nuclear. Outros sais de tungstênio são usados nas indústrias química e de curtumes.

Isótopos:

O tungstênio de ocorrência natural consiste de cinco isótopos cujas meias-vidas são tão longas que podem ser considerados estáveis. Teoricamente, todos eles decaem para isótopos do elemento 72 (háfnio) por emissão alfa, mas tal apenas foi observado para o 180W com uma meia-vida de (1,8 ± 0.2)×1018 anos; em média, isto resulta em cerca de duas emissões alfa do 180W em um grama de tungstênio natural, por ano. Não foi observado o decaimento dos outros isótopos de ocorrência natural, restringindo as suas meias-vidas a:
  • 182W, T1/2 > 8,3×1018 anos
  • 183W, T1/2 > 29×1018 anos
  • 184W, T1/2 > 13×1018 anos
  • 186W, T1/2 > 27×1018 anos
Foram caracterizados outros 30 radioisótopos artificiais, dos quais os mais estáveis são 181W com meia-vida de 121,2 dias, 185W com meia-vida de 75,1 dias, 188W com meia-vida de 69,4 dias, 178W com meia-vida de 21,6 dias, e 187W com meia-vida de 23,72 h. Todos os restantes isótopos radioativos têm meias-vidas menores do que 3 horas, e a maioria deles tem meias-vidas abaixo dos 8 minutos. O tungstênio tem também 4 meta-estados, sendo o mais estável 179mW (T½ 6,4 minutos).

Ação biológica:
  • O tungstênio, com número atômico 74, é o mais pesado elemento químico que se sabe ser biologicamente funcional, seguido pelo iodo (Z = 53). Embora não o seja nos eucariotas, o tungstênio é usado por algumas bactérias. Por exemplo, enzimas chamadas oxirredutases usam o tungstênio de modo similar ao molibdênio ao usarem-no num complexo tungstênio-pterina com molibdopterina (a molibdopterina, apesar do nome, não contém molibdênio, mas pode formar complexos tanto com o molibdênio como com o tungstênio usados pelos seres vivos). 
As enzimas utilizadoras do tungstênio tipicamente reduzem ácidos carboxílicos a aldeídos. Contudo, as oxirredutases de tungstênio podem também catalisar oxidações. A primeira enzima que se descobriu requerer tungstênio requer também selênio, e neste caso o par tungstênio-selênio pode funcionar de modo análogo ao par molibdênio-enxofre de algumas enzimas que requerem cofator de molibdênio. Sabe-se que uma das enzimas da família das oxirredutases que por vezes usa o tungstênio (a formato desidrogenase H bacteriana) usa uma versão selênio-molibdênio da molibdopterina. Embora se saiba que uma xantina desidrogenase bacteriana contendo tungstênio pode conter tungstênio-molibdopterina, bem como selênio não ligado a proteína, não foi ainda descrito de modo definitivo um complexo tungstênio-selênio.

Efeitos bioquímicos:
  • No solo, o tungstênio metálico oxida produzindo-se o ânion tungstato. Pode ser importado de modo seletivo ou não seletivo por alguns organismos procariotas e poderá substituir o molibdato em certas enzimas. O seu efeito sobre a ação destas enzimas é em alguns casos inibitório e em outros positivo. Pensa-se que uma enzima portadora de tungstato nos eucariotas seria inerte. A química do solo determina como o tungstênio é polimerizado; solos alcalinos causam tungstatos monoméricos; solos ácidos causam tungstatos poliméricos.
O tungstato de sódio e o chumbo foram estudados pelo seu efeito sobre as minhocas. Descobriu-se que o chumbo era letal em doses baixas e que o tungstato de sódio era muito menos tóxico, mas o tungstato inibia completamente a sua capacidade reprodutiva.
  • O tungstênio foi estudado como antagonista metabólico do cobre biológico, num papel similar à ação do molibdênio. Descobriu-se que os tetratiotungstatos podem ser usados como compostos de quelação do cobre biológico, de modo similar aos tetratiomolibdatos.
Propriedades físicas:
  • O tungstênio na sua forma impura é um metal de cor branca a cinza, frequentemente frágil e difícil de trabalhar, mas quando puro, pode ser facilmente trabalhado. Pode ser cortado com uma serra de metais, forjado, trefilado, extrudido ou sinterizado. Dentre todos os metais na forma pura, o tungstênio tem o mais alto ponto de fusão (3 422 °C), a menor pressão de vapor e (a temperaturas acima de 1 650 °C) a maior resistência à tração. 
Apresenta o menor coeficiente de expansão térmica entre todos os metais puros. A pequena expansão térmica e os elevados ponto de fusão e resistência do tungstênio devem-se a ligações covalentes fortes formadas entre os átomos de tungstênio pelos elétrons 5d. A ligação de pequenas quantidades de tungstênio com o aço aumenta muito a resistência deste último.O tungstênio, quando exposto ao ar, forma na sua superfície um óxido (sempre trióxido de tungstênio, WO3) protetor quando formado entre os 327 e os 400 °C, porém pode ser oxidado em alta temperatura.

História:
  • Os primeiros relatos que se sabe hoje fazerem referência a ocorrências deste elemento remontam ao século XVI. Nessa altura, os mineiros que extraíam minério de estanho nos Montes Metalíferos, relatavam a existência de um mineral que acompanhava o minério de estanho, e que reduzia o rendimento da extração deste metal a partir do minério. Johann Gottlob Lehmann, em 1761, foi o primeiro a fundir cristais puros de volframita em nitrato de sódio. 
A existência do tungstênio seria proposta, pela primeira vez, em 1779, por Peter Woulfe, o qual após examinar a volframita, concluiu que este mineral continha uma nova substância. Em 1781, Carl Wilhelm Scheele descobriu que um novo ácido, o ácido túngstico, podia ser obtido a partir da scheelita (então chamada tungstenita). Scheele e Torbern Bergman sugeriram que poderia ser possível obter um novo metal por meio da redução deste ácido. 
  • Em 1783, Juan José e Fausto Delhuyar descobriram um ácido obtido da volframita que era idêntico ao ácido túngstico. Mais tarde nesse mesmo ano, na Espanha, os irmãos conseguiram isolar o tungstênio por meio da redução do seu ácido com carvão vegetal, sendo-lhes creditada a descoberta deste elemento, publicada em setembro de 1783 na obra Analisis químico del volfram, y examen de un nuevo metal,que entra en su composicion.
As primeiras aplicações do tungstênio começaram a ser desenvolvidas em meados do século XIX, química (1847) e aços (1855), e no início do século XX, filamentos (1903) e carbetos (1913).
Durante a Segunda Guerra Mundial, o tungstênio teve um papel significativo nos negócios políticos de bastidores. Portugal, como principal produtor europeu do elemento, foi pressionado por ambos os lados, devido às suas jazidas de minério de volframita. A resistência do tungstênio às altas temperaturas e a sua capacidade de aumentar a resistência de ligas metálicas, tornava-o uma matéria-prima importante para a indústria do armamento.
  • Entre 1779 e 1781, Peter Woufe (1727-1803) e Carl Wilhelm Scheele (1742-1786) descobriram que um composto ácido (hoje conhecido como ácido túngstico) podia ser produzido a partir de um mineral chamado naquela época de tungstenita (hoje, scheelita, CaWO4). Em 1783, os irmãos espanhóis Juan José (1742-1796) e Fausto de Elhuyar (1755-1833) obtiveram o mesmo ácido a partir de outro mineral, a volframita [(Fe,Mn) WO4]. Ainda naquele ano, eles isolaram pela primeira vez o elemento por meio da redução do ácido túngstico com carvão vegetal. Em função do nome do mineral, eles denominaram o novo elemento volfrâmio, que provém do alemão Wolf rahm (baba ou saliva de lobo) e se refere às perdas de estanho a partir do processamento de seus minérios, contendo também volframita ou scheelita. Essa denominação é usada principalmente em idiomas de origem germânica ou eslava. É a partir dela que se originou o símbolo do elemento: W. Tungstênio provém da junção das palavras suecas tung e sten, que significam pedra pesada. É dessa forma que o elemento é mais conhecido em inglês e nas línguas de origem latina.
O tungstênio é o 18° elemento mais abundante da crosta terrestre (1,25 mg kg-1). Ele ocorre principalmente na forma de tungstatos: volframita, scheelita, ferberita (FeWO4) e hubnerita (MnWO4). Com teores de WO3 da ordem de 75-80% em massa, a scheelita e a volframita são hoje a principal fonte do tungstênio produzido no mundo. As reservas mundiais totalizam cerca de 3 milhões de toneladas, sendo mais de 60% localizadas na China.
No Brasil, as principais jazidas de volframita estão situadas no Pará, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
  • Os principais depósitos de scheelita localizam-se na região de Seridó, entre os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Nossas reservas representam cerca de 1% do total mundial e o país responde por 0,3% da produção mundial do elemento (cerca de 61 mil t em 2010). A China é a maior produtora mundial (85%) e é o país que mais consome tungstênio no mundo.
Os tungstatos naturais são submetidos à fusão com carbonato de sódio (Na2CO3) a alta temperatura, resultando em tungstato de sódio (Na2WO4), solúvel em água. A partir dessa solução, mediante adição de ácido clorídrico, precipita o ácido túngstico, que é convertido em trióxido de tungstênio (WO3) após calcinação. O tungstênio metálico é obtido por meio da redução de WO3 sob fluxo de gás redutor (H2) ou em presença de carbono a alta temperatura. O metal pode ser obtido na forma de pó, filamentos ou barras maciças. O WO3 é ponto de partida para a produção de numerosos compostos do elemento. O tungstênio, que pertence ao grupo 6 da Tabela Periódica (junto com cromo e molibdênio), possui coloração cinza-aço.
  • Seu ponto de fusão é o mais alto entre todos os metais, e perde apenas para o carbono em toda a Tabela Periódica. O tungstênio natural é uma mistura de cinco isótopos, um dos quais (180W) é ligeiramente radioativo (emissor alfa, com meia-vida de 1,8 x 1018 anos). Possui o menor coeficiente de expansão térmica de todos os metais. É estável ao ar à temperatura ambiente, mas queima a WO.3 quando aquecido. Reage vigorosamente com flúor à temperatura ambiente e com cloro ao rubro. É resistente a ácidos, inclusive água régia. Apenas a mistura HNO3 + HF o dissolve lentamente a quente. Resiste bem a soluções alcalinas, mas é atacado por fusões com NaOH ou Na2CO3 (em presença de ar ou NaNO3), convertendo-se em tungstato.
O tungstênio é o único metal da 3ª linha de transição da Tabela Periódica com função biológica comprovada. Ele aparece em algumas bactérias e em enzimas chamadas oxirredutases, desempenhando papel similar ao molibdênio nas oxirredutases existentes no organismo humano.
O tungstênio possui estados de oxidação variando de +2 a +6, sendo o mais comum e o mais estável o +6. O tungstênio solúvel está principalmente na forma de tungstatos: o mais simples deles é WO.4.2-, análogo ao cromato (CrO 2-) e ao molibdato (MoO4 2-). À medida que o pH diminui, o íon tungstato simples se transforma em várias espécies polimerizadas. Por isso, a química do tungstênio solúvel em meio aquoso é bastante complexa. Dentre os chamados politungstatos, destaca-se o ânion (W.12 O.41).10-, chamado paratungstato (dodecatungstato), cujos sais de sódio e de amônio são comercialmente disponíveis.
  • O tratamento de tungstatos de metais alcalinos e alcalino-terrosos com agentes redutores (basicamente, metais alcalinos) a altas temperaturas e atmosfera inerte produz os chamados bronzes de tungstênio. Parte do tungstênio no estado de oxidação +6 é reduzido a +5. Afora a cor amarela característica do bronze (ligas cobre-estanho), colorações vermelha e violeta são possíveis conforme a quantidade de redutor empregada. Os bronzes de tungstênio possuem brilho intenso, elevada condutividade elétrica e baixa reatividade, mas são oxidáveis pelo oxigênio do ar. A redução de soluções de tungstatos com agentes redutores (Sn2+, Zn etc.) produz materiais de coloração azul intensa: o azul de tungstênio.
As propriedades do tungstênio o tornam indispensável para a sociedade atual. O primeiro importante uso comercial surgiu em 1868, como aditivo para endurecer o aço. A partir do início do século XX, houve uma grande diversificação das aplicações industriais. Hoje, mais da metade do elemento é usado na fabricação de ligas metálicas (como o ferrotungstênio, contendo cerca de 80% em massa de W), com destaque para aços de alta velocidade (high speed steel, usados na fabricação de instrumentos de corte por serem resistentes à abrasão), e na preparação de carbetos (W2C, WC), os quais, devido à elevada dureza, revestem brocas de perfuração (utilizadas nas indústrias de mineração, petróleo e construção civil) e são usadas na fabricação de ferramentas de corte de alto desempenho. 
  • Na área militar, ligas de tungstênio com níquel e ferro ou cobalto são usadas na manufatura de mísseis, granadas, canhões e projéteis (o tungstênio foi importante na indústria de armamento na II Guerra Mundial). O metal é ainda empregado na fabricação de joias hipoalergênicas resistentes a riscos e arranhões e com brilho permanente (sua densidade é comparável à do ouro), de juntas e conexões para materiais de vidro pyrex® (borossilicato) (face à similaridade de seus coeficientes de expansão térmica) e de instrumentos analíticos (por exemplo, absorção atômica, analisador elementar, espectrômetro de massas). O tungstênio é o metal que compõe o ânodo nos tubos de Coolidge dos aparelhos de geração de raios X.
Os produtos químicos de tungstênio correspondem a cerca de 10% do consumo do elemento. O WO3, amarelo-limão, é usado como pigmento e também para colorir materiais cerâmicos. Os tungstatos CaWO4 e MgWO4 são componentes do pó branco que reveste internamente os bulbos de lâmpadas fluorescentes. Bronzes de tungstênio são usados na manufatura de tintas.
  • Tungstatos de sódio e potássio são usados na indústria de couros e peles, na precipitação de proteínas sanguíneas (técnica de Folin-Wu), em análises clínicas (por exemplo, ureia e creatinina) e na dosagem gravimétrica do cálcio (CaWO4). Catalisadores de Ni-W são usados em refinarias em um processo de purificação de petróleos brutos e seus derivados, que emprega hidrogênio (H2) a alta pressão e temperatura, chamado hidrotratamento. O sulfeto de tungstênio (WS2), que tem propriedades similares à grafita, é usado como lubrificante industrial a altas temperaturas (da ordem de 500 oC). O tungstênio está presente em dois produtos do nosso cotidiano: a lâmpada incandescente e a caneta esferográfica.
Esta tem como princípio a passagem de uma tinta contida em um tubo cilíndrico por uma esfera rolante que desliza sobre o papel. A escrita mantém um fluxo constante de tinta, o qual para quando se interrompe a escrita. Essa esfera deve ter dureza e densidade elevadas, características do tungstênio. A caneta foi inventada pelo húngaro László Biró (1899-1985), cuja patente depositou em 1938. As primeiras unidades foram vendidas nos Estados Unidos em 1945, e o lançamento da versão europeia por Marcel Bich (1914-1994) popularizou o produto. De 10.000 unidades vendidas em 1945, chega-se a mais de 100 bilhões hoje.
  • A primeira versão da lâmpada incandescente de tungstênio surgiu na Hungria em 1904. Era uma resposta à necessidade de substituir a lâmpada de filamento de carbono introduzida por Thomas Alva Edison (1847-1931) em 1879, que durava apenas algumas horas. Entre 1898 e 1909, surgiram na Europa lâmpadas de ósmio (que eram muito caras) e de tântalo (cujo filamento era frágil). Nos Estados Unidos, melhorias nos processos de purificação e fabricação de filamentos de tungstênio levaram à consagração da lâmpada incandescente que hoje conhecemos e ao fim das lâmpadas de carbono, ósmio e tântalo na década de 1910.
Materiais duros:
  • O tungstênio é usado sobretudo na produção de materiais duros baseados no carbeto de tungstênio (WC), um dos carbetos mais duros, com um ponto de fusão de 2 777 °C. WC é um bom condutor elétrico, mas W2C não tanto. WC é usado na fabricação de abrasivos resistentes ao desgaste, ferramentas de corte e lâminas de perfuradoras, serras circulares, e ferramentas de fresadoras e tornos mecânicos usadas nas indústrias de metal-mecânica, transformação de madeira, mineração,petróleo e construção e representa cerca de 60% do consumo atual de tungstênio.
A indústria de joalheria fabrica anéis de carbeto de tungstênio sinterizado, compósitos de carbeto/metal de tungstênio, e também de tungstênio metálico. Por vezes os fabricantes e retalhistas referem-se ao carbeto de tungstênio como um metal, mas trata-se realmente de um material cerâmico. Por causa da dureza do carbeto de tungstênio, os anéis feitos deste material são extremamente resistentes à abrasão, e mantêm um acabamento brilhante por muito mais tempo que os anéis feitos com tungstênio metálico. Contudo, os anéis de carbeto de tungstênio são frágeis, e podem fissurar com um impacto forte.

Ligas: 
  • A dureza e densidade do tungstênio são utilizadas para obtenção de ligas de metais pesados. Um bom exemplo é o aço rápido, que pode conter até 18% de tungstênio. O ponto de fusão do tungstênio torna-o um bom material para aplicações como tubeiras de foguetes. Superligas contendo tungstênio, como Hastelloy e Estelite, são usadas nas lâminas de turbinas e em peças e revestimentos resistentes ao desgaste.
Outros usos:
  • Aplicações que requerem a sua alta densidade incluem dissipadores de calor, pesos, contrapesos, lastros de quilha para iates, lastros de cauda para aviões comerciais, e lastros em carros de corrida da NASCAR e Fórmula 1. É um material ideal para uso em maços para rebitagem, onde a massa necessária para obter bons resultados pode ser conseguida com uma barra compacta. Ligas de alta densidade de tungstênio com níquel, cobre ou ferro são usadas em dardos de alta qualidade (para permitir um menor diâmetro e logo agrupamentos mais apertados) ou em iscas artificiais (contas de tungstênio permitem que a mosca se afunde rapidamente). Alguns tipos de cordas de instrumentos musicais são enroladas com fios de tungstênio.
A sua densidade, semelhante à do ouro, permite que o tungstênio seja usado em joalheria como uma alternativa ao ouro ou à platina. O tungstênio metálico é mais duro que as ligas de ouro (embora não tão duro como o carbeto de tungstênio), e é hipoalergênico, o que o torna útil para a fabricação de anéis resistentes aos riscos, especialmente em desenhos com acabamento escovado.

Armamento:
  • O tungstênio, geralmente em liga com níquel e ferro ou cobalto para formar ligas pesadas, é usado em penetradores por energia cinética como alternativa ao urânio empobrecido, em aplicações nas quais as propriedades pirofóricas do urânio não são requeridas (por exemplo em munições de armas ligeiras concebidas para penetrarem proteções pessoais). De igual modo, as ligas de tungstênio têm sido também utilizadas em obuses de artilharia, granadas e mísseis, para criar estilhaços supersônicos. O tungstênio também tem sido usado em explosivos de metal inerte denso, na forma de pó denso para reduzir danos colaterais ao mesmo tempo que aumenta a letalidade dos explosivos num raio pequeno.
Eletrônica:
  • Dado que retém a sua resistência a altas temperaturas e tem alto ponto de fusão, o tungstênio elementar é usado em muitas aplicações de alta temperatura, como filamentos de lâmpadas, tubos de raios catódicos e válvulas termiônicas, resistências de aquecimento, e tubeiras de foguetes. O seu alto ponto de fusão torna o tungstênio também apropriado para usos aeroespaciais e a altas temperaturas como aplicações em soldagem, notavelmente na soldagem TIG (também chamada de soldagem de tungstênio gás inerte).
Devido a suas propriedades condutoras e relativa inércia química, o tungstênio é usado em elétrodos, e nas extremidades emissoras de instrumentos de feixe de elétrons que usam canhões de emissão de campo tais como microscópios eletrônicos. Em eletrônica, o tungstênio é usado como material de interligação em circuitos integrados, entre o material dielétrico dióxido de silício e os transístores. É usado em películas metálicas, que substituem a cablagem usada na eletrônica convencional por um revestimento de tungstênio (ou molibdênio) sobre silício.
  • A estrutura eletrônica do tungstênio torna-o um dos principais materiais usados em alvos de raios X, e também para blindagem de radiações de alta energia (como na indústria radio-farmacêutica para conter amostras radioativas de fluorodesoxiglicose. O pó de tungstênio é usado como material de enchimento em plásticos compósitos, que são usados como substitutos não tóxicos do chumbo em balas, e escudos antirradiação. Dado que a expansão térmica deste elemento é semelhante à do vidro borossilicato, é usado na fabricação de vedantes de juntas vidro-metal.
A temperatura de transição para a supercondutividade do tungstênio puro, é menor do que 0,01 K, contudo, várias ligas de tungstênio têm temperaturas de transição de até alguns K e são por vezes utilizadas em circuitos supercondutores de baixa temperatura.

Ocorrência e produção:
  • O tungstênio é encontrado nos minerais volframita (tungstato de ferro-manganês, FeWO4/MnWO4), scheelita (tungstato de cálcio, CaWO4), ferberita, stolzita e hubnerita. Importantes depósitos destes minerais situam-se na Bolívia, na Califórnia e Colorado (Estados Unidos), na China, na Áustria, em Portugal (Mina da Panasqueira), na Rússia e na Coreia do Sul (com a China produzindo aproximadamente 75% da demanda mundial).
Em 2008, produziram-se aproximadamente 62 200 toneladas de concentrados de tungstênio. O tungstênio é extraído dos seus minérios em várias etapas. O minério acaba por ser convertido em óxido de tungstênio (IV) (WO3), o qual é aquecido com hidrogênio ou carbono para produzir pó de tungstênio. Por causa do elevado ponto de fusão do tungstênio, não é comercialmente viável moldar lingotes de tungstênio. Em vez disso, o tungstênio em pó é misturado com pequenas quantidades de níquel ou outro metal pulverizado, e sinterizado. Durante o processo de sinterização, o níquel difunde-se no tungstênio produzindo uma liga.O tungstênio também pode ser extraído pela redução com hidrogênio do hexafluoreto de tungstênio (WF6):

WF6 + 3 H2 → W + 6 HF

ou decomposição pirolítica:

WF6 → W + 3 F2 (ΔHr = +)

O tungstênio não é negociado por contratos de futuros e não pode ser seguido nas bolsas como a London Metal Exchange. O preço do metal puro era cerca de 20 075 dólares por tonelada em outubro de 2008.

Precauções:
  • Dado que o tungstênio é raro e os seus compostos geralmente inertes, os efeitos do tungstênio sobre o ambiente são limitados. A dose letal mediana LD50 depende fortemente do animal e do método de administração e varia de 59 mg/kg (intravenosa, coelho) a 5000 mg/kg (pó de tungstênio metálico, intraperitoneal, ratos).

Lampadas de tungstênio

domingo, 22 de setembro de 2013

Passiflora spp - Maracujá

Passiflora spp - Maracujá

  • Maracujá (do tupi mara kuya, "fruto que se serve" ou "alimento na cuia") é um fruto produzido pelas plantas do gênero Passiflora (essencialmente da espécie Passiflora edulis) da família Passifloraceae. O nome da árvore é também conhecido como Maracujazeiro. 
Também conhecida como sacra-fruta foi por muito tempo tida como uma divindade pelas civilizações pré-colombianas do interior mineiro.Sua nêmesis seria a manga,fruta tida como raiz de todo o mal e egoismo. É espontâneo nas zonas tropicais e subtropicais da América.
  • Cultivada também pela sua flor ornamental (tal como as outras espécies do mesmo gênero botânico), a Passiflora edulis é cultivada com fins comerciais, devido ao fruto, no Caribe, no sul da Florida e no Brasil, que é o maior produtor - e também consumidor - mundial de maracujá. O maracujá de uso comercial é redondo ou ovoide, amarelo ou púrpura-escuro quando está maduro, e tem uma grande quantidade de sementes no seu interior.
O fruto é utilizado especialmente para produzir suco ou polpa de maracujá, às vezes misturada a suco de outros frutos, como a laranja. É popularmente conhecido como a fruta da tranquilidade. A flor do maracujá é polinizada principalmente por um inseto conhecido como mamangava.
  • O maracujá também é conhecida como flor-da-paixão, inspirado na paixão de Cristo. De acordo com missionários jesuítas que encontraram essa planta na América do Sul, as cores azul e branca da flor simbolizam a pureza do céu. As pétalas brancas significam os dez apóstolos (menos Pedro e Judas). 
A coroa correlaciona com a coroa de espinhos e os cinco estames vermelhos representam as cinco feridas. As folhas pontiagudas significam a lança que matou Jesus. Quando a flor do maracujá é aberta parcialmente, relembra a estrela vista pelos Três Reis Magos. 
  • A produção de maracujá vem ganhando grande importância no Brasil, notadamente a partir das últimas três décadas, o que coloca o País numa situação de destaque no ranking mundial. De acordo com estimativas da ITI Tropicals (2005) a produção mundial de maracujá é de 640.000 toneladas e o Brasil como primeiro produtor apresenta aproximadamente 70% desse total. 
O Equador aparece em segundo lugar e a Colômbia em terceiro, com respectivamente 85.000 e 30.000 toneladas. Atualmente, o maracujá é plantado em quase todos os estados brasileiros, proporcionando economia e renda em inúmeros municípios, com forte apelo social, já que se destaca como uma cultura com uso intensivo de mão-de-obra. 
  • Não obstante essa pujança da cultura, a pesquisa não tem acompanhado esse crescimento de forma adequada, principalmente, em relação ao melhoramento e a obtenção de variedades. Apenas nos últimos anos, tem sido lançado algum material melhorado. 
As pragas, notadamente aquelas que afetam o sistema radicular, como a morte prematura de plantas, entre outras, assim como os insetos constituem os principais entraves para a cultura do maracujá, constituindo, muitas vezes, fator limitante. 
  • Além disso, as dificuldades na obtenção de sementes selecionadas de variedades e híbridos com boas características agronômicas requerem esforço concentrado em melhoramento genético.
Por sua vez, a matéria-prima para alimentar os programas de melhoramento é a variabilidade genética, disponível nos bancos de germoplasma que, neste caso, é bastante modesta, tanto em âmbito internacional quanto no nacional, apesar de as fontes de recursos genéticos disponíveis na natureza serem muito amplas. 
  • Neste trabalho, procurou-se mostrar esse paradoxo, qual seja, ampla variabilidade natural, com pequena representatividade de recursos genéticos disponíveis nos bancos de germoplasma, propondo ações emergenciais para reverter essa situação, resgatando essa variabilidade e colocando-a à disposição da pesquisa. 
Variabilidade e Recursos Genéticos: 
  • Vários autores, entre eles Ferreira & Oliveira (1991) descrevem a ampla variabilidade genética existente no gênero Passiflora. Ferreira (1998), Castellen et al. (2005) destacam que, grande parte dessa variabilidade está dispersa no território brasileiro, o que coloca nosso país entre um dos principais centros de diversidade genética desse gênero. 
Vieira & Carneiro (2004), compilando dados do IPGRI, relacionam mais de 50 espécies de Passiflora que são cultivadas ou apresentam potencial comercial, destacando a origem e as formas de utilização, além do status de cultivo de cada uma delas. 
  • Tendo em vista o grande número de espécies de Passiflora existente, aliada às diferentes formas de utilização (muitas são comestíveis), é notória a expressiva variabilidade genética interespecífica, além da enorme variabilidade intra-específica que ocorre naturalmente. 
Lamentavelmente, a erosão genética que vem ocorrendo nas espécies de Passiflora é significativa, sobretudo, devido à ação antrópica, quer seja para a expansão da fronteira agrícola, quer seja pelo o crescimento industrial, como construção de hidrelétricas, rodovias, indústrias, etc. 
  • Castellen et al. (2005) relatam que as florestas tropicais que antes ocupavam grandes extensões contínuas, com a devastação decorrente do crescente processo de urbanização e expansão das atividades agrícolas, ficaram restritas a pequenos e esparsos fragmentos. 
Ultimamente, vários estudos têm demonstrado os riscos inerentes desse processo de fragmentação florestal, tais como: redução na diversidade e no tamanho populacional das espécies animais e vegetais, aumento dos níveis de endogamia nas populações e modificações nas interações bióticas como polinização, dispersão de sementes, predação e herbivoria. 
  • Diante disso, o resgate e a conservação de germoplasma autóctone em coleções e bancos de germoplasma são imperativos, assim como é recomendável a introdução de material proveniente de outros países. Em conseqüência da escassez de pesquisa nessa área, muitas das espécies de Passiflora são ainda desconhecidas e outras estão em processo de domesticação. 
Aliás, Ford-Lloyd & Jackson (1986) relatam que, a domesticação das plantas é o resultado da inteligência humana em conduzir o processo evolutivo dirigido ao habitat que o homem criou, já Wet & Harlan (1975) destacam que, a variabilidade genética inicialmente era explorada pela intuição, mas, com base nos conhecimentos acumulados ao longo das gerações, esse patrimônio genético passou a ser cada vez mais utilizado, o que provocou amplas mudanças fenotípicas, a fim de que as plantas atendessem às necessidades do homem. 
  • Seguindo essa lógica, algumas espécies, como por exemplo, Passifora alata, têm sido recentemente incorporadas ao processo produtivo, ocupando importantes nichos de mercado. Coleções e Bancos de Germoplasma Coleções e Bancos de Germoplasma 
De maneira geral, tanto para o número de coleções por país quanto para o número de acessos nas coleções houve incremento contínuo no período estudado. Há de se destacar que no levantamento de 1999, foram consideradas apenas coleções de Passiflora edulis. 
  • Os países que tiveram maiores incrementos nos acervos de germoplasma são: Brasil, Colômbia, Equador e Peru. Os Estados Unidos da América apresentaram, no último inventário de 2004, apenas uma coleção com número reduzido de acessos em contraposição a números elevados apresentados nos levantamentos anteriores.
Não é por acaso que o Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, pois aliado a outros importantes fatores, existem, no País, as maiores e melhores coleções de germoplasma de Passiflora do mundo, o que dá sustentabilidade a essa pujante agroindústria brasileira. 
  • Embora o Brasil tenha essa posição privilegiada, quando comparado aos demais países em termos de recursos genéticos, verifica-se que há, ainda, um longo e urgente caminho a percorrer, notadamente em relação ao resgate e à conservação de germoplasma.

São, em sua maioria, trepadeiras; algumas são arbustos, e algumas poucas espécies são herbáceas e são mais conhecidas pelo seu fruto, o maracujá.

Propriedades Químicas:
  • Alcalóides indólicos (harmana, harmina, harmol, harmalina), flavonóides (vitexina, isvitexina, orientina, 0,55g % de apigenina), glicosídeos cianogênicos, álcoois, ácidos, gomas, resinas, taninos 
No Brasil é possível encontrar diversos tipos de frutas durante a maioria dos meses do ano. Sendo um País de grande extensão e de clima variado que permite o cultivo tanto de frutas tropicais quanto de frutas de clima temperado ou frio (OETTERER et al., 2006). 
  • O maracujá que, na língua tupi, significa “alimento em forma de cuia”, é uma das primeiras frutas silvestres que os descobridores conheceram nas Américas. Os maracujás ou flores-da-paixão já eram conhecidos e utilizados na América antes da chegada dos primeiros europeus, e relatos históricos do uso como medicamento fazem referencia a sua propriedade contra febre (GURGEL, 2004).
De acordo com a secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária - SEAGRI (2010), maracujazeiro típico das regiões tropicais e sub-tropicais constituem cerca de 530 variedades sendo 150 nativas do Brasil e 60 delas produzem frutos que podem ser aproveitados na alimentação.
  • A Passifloraceae representa uma família botânica com grande diversidade natural, sendo o Brasil um dos centros de diversidade, concentrando grande número de espécies (130 espécies). A correta identificação e caracterização torna possível conhecer melhor as espécies, inclusive quanto a sua distribuição. 
Relativamente, poucas espécies de Passifloraceae nativas do Brasil são mantidas em cultivo e existem espécies ameaçadas de extinção que são muito pouco conhecidas e não têm sido encontradas recentemente, inclusive na natureza (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, 2007). 
  • Cultivada por suas características alimentícias, ornamentais e medicinais, o maracujazeiro é uma planta trepadeira de produção anual, de grande porte, lenhosa, vigorosa e de crescimento rápido, podendo atingir até 10 m de comprimentos. O principal uso do maracujá está na alimentação humana, na forma de sucos, doces, geleia, sorvete e licores. 
É rico em vitamina C, cálcio e fósforo, alem de possuir valor medicinal, em função das suas propriedades terapêuticas: as folhas e o suco contem passiflorina, conhecido como um sedativo natural, e o chá preparado com as folhas, tem efeito diurético. Conhecido também pelo valor ornamental por suas belas flores, que são um atrativo devido ao seu tamanho, exuberância das cores e pela originalidade das formas (MELETTI, 1996).
  • A produção de maracujá é de grande importância para a economia brasileira, devido ao emprego intensivo de mão-de-obra, geração de renda, e principalmente pela colheita continuada da safra ao longo do ano. Além disso, seu cultivo pode ser realizado em vários estados brasileiros, posicionando o Brasil como maior produtor mundial (ARAÚJO et al., 2002). 
O maracujá possui uma produção em grande escala nas mais diversas regiões do Brasil, favorecendo o aumento do consumo por todos os brasileiros, seja in natura, ou na forma processada, podendo ser utilizado tanto no comércio interno quanto para a exportação. 
  • As cascas do maracujá encontram-se aplicada na fabricação de doces em calda, ou são usualmente são transformadas em farinha, na qual vem sendo estudadas tanto para uso terapêutico quanto aplicadas como parte dos ingredientes de algumas formulações de receitas. A casca do maracujá principalmente a parte branca também é rica em pectina, niacina (vitamina B3), ferro, cálcio, e fósforo. 
Nutrientes que atuam no crescimento e na produção de hormônios e previne problemas gastrointestinais (niacina), na prevenção da anemia (ferro), no crescimento e fortalecimento dos ossos (cálcio) e na formação celular (fósforo). Além disso, o fruto é muito conhecido na medicina popular para o tratamento da ansiedade, insônia e irritabilidade, sendo sua casca comumente estudada em função do seu poder de diminuir a glicemia e o colesterol LDL sem diminuir o colesterol HDL atuando como um alimento funcional. 
  • Sendo assim, faz-se necessário a caracterização dos diversos tipos de espécies, inclusive as espécies pouco estudadas e exploradas como é o caso da passiflora cincinnata Mast., contribuindo para a tecnologia de alimentos e para futuros estudos sobre a funcionalidade terapêutica do fruto, pois além da importância do simples conhecimento da composição das diferentes espécies deste fruto, estas análises têm extrema importância para realização de pesquisas com o maracujá, como por exemplo, no caso da escolha da melhor espécie para fabricação de um determinado produto.
Neste sentido, objetivou-se determinar as características físico-químicas e nutricionais da polpa e da farinha da casca do maracujá do mato (Passiflora cincinnata Mast.) e do maracujá amarelo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg.) durante o armazenamento em temperatura média de 20,6ºC ± 1. 
  • A pós-colheita se inicia no momento da separação do produto comestível de seu meio por ato deliberado, com a pretensão de utilizar o mesmo como alimento e finaliza quando é submetido ao processo de preparação para o consumo final (CHITARRA, 2005).
As perdas pós-colheita começam na colheita e ocorrem em todos os pontos da comercialização até o consumo (CENCI, 2006). Cerca de 20 a 50% do que é produzido das frutas tropicais tradicionalmente comercializadas atingem perdas na pós-colheita, enquanto para outras frutas nativas ou exóticas, ainda pouco exploradas, representam na maioria das vezes, valores maiores que 50% (SILVA et al., 2007). 
  • O ciclo vital dos frutos inicia-se com a fertilização, que é seguida pelas etapas de formação, crescimento, maturação e senescência. Durante o crescimento ocorre multiplicação das células e aumento do seu tamanho, e determina o tamanho final do fruto. 
A maturação é iniciada antes que o crescimento termine e inclui um serie complexa de transformações, que variam conforme o fruto, e durante a qual há um balanço entre processos de síntese e degradação. A senescência é a fase em que os processos de degradação passam a predominar, levando ao envelhecimento e morte dos tecidos (SILVA et al., 2007).
  • A fase denominada amadurecimento, ou seja, o final da maturação coincide com as modificações mais intensas de coloração e textura, tornando-se o fruto atraente para o consumo.A senescência, como envolve principalmente degradação, acarreta perda de massa devido ao consumo de substratos e também a perda de água, o murchamento, perda de brilho, e amolecimento excessivo dos tecidos (CHITARRA, 2005). 
No decorrer da maturação, os frutos sofrem alterações de natureza física que envolve modificações de massa, coloração e textura. Durante o desenvolvimento, o fruto aumenta de volume, apresenta, em geral, coloração verde e textura muito firme. 
  • A partir da maturação, a cor verde tende a desaparecer, e a textura torna-se gradativamente mais macia. A perda da cor verde, que começa ocorrer no início da maturação passa de verde-escura para verde-clara, e no amadurecimento desaparece, se dá por ocorrer à degradação da clorofila e a síntese de outros pigmentos amarelos, vermelhos e alaranjados (SILVA et al., 2007).
A taxa respiratória de uma fruta depende do seu grau de desenvolvimento. Inicialmente, durante o crescimento, ocorre um aumento da taxa respiratória, que diminui lentamente até chegar ao estado de maturação (GONÇALVES, 2009). 
  • Após a colheita, a respiração passa a ser o principal processo fisiológico dos frutos, uma vez que os frutos não dependem mais da absorção de água e minerais pela raiz, nem da condução de nutrientes pelo sistema vascular, nem da atividade fotossintética da planta-mãe. A energia liberada pela respiração é utilizada nos processos de síntese que ocorrem no amadurecimento (SILVA et al., 2007). 
Outros fatores ambientais também interferem na vida útil dos produtos. Alguns desses fatores incluem a umidade relativa e a atmosfera gasosa (oxigênio, dióxido de carbono e etileno). Às vezes é difícil estabelecer um equilíbrio entre esses fatores. Por exemplo, uma alta umidade relativa pode manter a textura, mas pode também facilitar o crescimento microbiano (CENCI, 2006).
  • Os frutos, em se tratando da produção de CO2, são classificados em dois grupos: climatéricos e não-climatéricos. Frutos não-climatéricos apresentam maturação e amadurecimento relativamente lentos, acompanhados de variação pouco significante da respiração (SILVA et al., 2007), sendo assim a taxa respiratória desses frutos se mantém em declínio constante durante o processo de amadurecimento e senescência. Essas frutas são menos perecíveis, e são colhidas apenas quando atingem o estado ideal de maturação (GONÇALVES,2009). 
Já os frutos climatéricos, que representam a maioria das frutas, apresentam um aumento rápido e muito acentuado da respiração durante a maturação. Esse aumento na respiração pode coincidir ou vir logo em seguida a um aumento muito brusco e intenso na produção de etileno (SILVA et al., 2007). 
  • Em função do aumento rápido da taxa respiratória tornando as frutas rapidamente perecíveis, as climatéricas são colhidas antes do inicio do amadurecimento, para que se possa controlar através de processos tecnológicos a velocidade respiratória do fruto (GONÇALVES, 2009). 
Contudo, o climatério é considerado uma fase dominada por atividade catabólica, na qual há aumento da permeabilidade das membranas permitindo o acesso de substratos as enzimas já existentes e consequentemente uma intensificação do metabolismo (CHITARRA, 2005).
  • O etileno é um gás, um hidrocarboneto (C2H4), que desempenha um papel importante na regulação do processo deteriorativo intrínseco da planta (THEOLOGIS et al., 1992; BOUZAYEN et al., 1997; ZIMMER, 1998 citado por WINKLER et al. 2002). É considerado a substancia mais sensível de todos os compostos orgânicos, que influencia no crescimento, amadurecimento e senescência das plantas (GONÇALVES, 2009). 
Além de atuar como fitormônio, o etileno controla muitos estádios do desenvolvimento da planta, tais como, maturação de frutos climatéricos, senescência de folhas e flores. Sua síntese autocatalítica é fortemente estimulada por fatores exógenos, como infecções fúngicas e/ou bacterianas, injúrias mecânicas, estresses hídrico, térmico e salino, e também por outros fitormônios (THEOLOGIS et al., 1992; BOUZAYEN et al., 1997; ZIMMER, 1998 citado por WINKLERet al. 2002). 
  • Durante o armazenamento muitos compostos voláteis são acumulados na atmosfera como é o caso do etileno que é aparentemente o mais importante, sendo que a remoção do mesmo da atmosfera pode reduzir os processos fisiológicos relacionados ao amadurecimento e senescência (CENCI, 2006). 
Além disso, o etileno atua diretamente no aumento da respiração celular, influenciando no metabolismo do fruto, favorecendo o aumento das pectinas solúveis, consequentemente melhorando a textura da fruta, ativa as transformações da cor das frutas com a estimulação da degradação da clorofila, estimula a hidrólise de polissacarídeos, a perda de ácidos, taninos e fenóis, enfim, acelera todo o processo metabólico de amadurecimento do fruto (GONÇALVES, 2009).
  • Sendo assim, no processo de maturação dos frutos climatéricos, ocorre um aumento significativo na taxa respiratória e na produção de etileno. O maracujá-amarelo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg.) é um fruto climatérico (KADER et al., 1989 citado por WINKLERet al., 2002). 
Além do maracujá, outros produtos que são altamente sensíveis ao etileno como brócolis, cenoura, alface e alho porró não podem ser armazenados juntamente com produtos que apresentam produção elevada de etileno (CENCI, 2006).
  • A niacina, também conhecida como vitamina B3, vitamina PP ou ácido nicotínico, é uma vitamina hidrossolúvel cujos derivados (NAD+, NADH, NADP+ e NADPH) desempenham importante papel no metabolismo energético celular e na reparação do DNA. A designação "vitamina B3" também inclui a amida correspondente, a nicotinamida, ou niacinamida. 
Outras funções da niacina incluem remover substâncias químicas tóxicas do corpo e auxiliar a produção de hormônios esteroides pelas glândulas supra-renais, como os hormônios sexuais e os relacionados ao estresse.

Propriedades medicinais:
  • O maracujá é considerado um calmante natural que age no sistema nervoso central, aquietando-o, além de possuir outras propriedades medicinais. A composição de flavonoides, alcaloides e saparinas, dentre outras substâncias presente no maracujá, muitas vezes são administradas em forma de extratos ou suplementos para o tratamento de doenças que agem no sistema nervoso, incluindo depressão, ansiedade e ataques de pânico. 
O maracujá não possui substâncias viciantes e não produz efeitos colaterais associados ao uso de antidepressivos e tranquilizantes. A Passiflora incarnata pode aliviar dores de cabeça causadas devidos à tensão e deixa a pessoa mais tranquila. Também ajuda a curar ressacas ao sanar o desarranjo dos neurotransmissores.
  • As folhas de maracujá possuem efeito adstringente e agem como sedativo no tratamento da tensão nervosa, insônia e problemas respiratórios. As harmalas, substâncias presentes no maracujá, inibem o consumo excessivo e desnecessário de oxigênio pelo cérebro. 
Acredita-se que estes compostos ​​também são responsáveis por diminuir os níveis de circulação e respiração, reduzindo a pressão arterial. Alguns estudiosos consideram os alcaloides harmina e harmalina, eficazes contra o Mal de Parkinson. Outras espécies de maracujá contêm componentes que agem contra fungos, leveduras e bactérias. 
  • Os alcaloides presentes no maracujá também podem contribuir para uma dilatação da artéria coronária. Para inchaço nos olhos, queimaduras e irritações na pele, são usadas compressas. Para queimaduras e feridas, o suco do maracujá pode ser aplicado em forma de cataplasma. 
A Passiflora incarnata faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil. Na culinária, o maracujá é um excelente ingrediente para pavês, sucos, sorvetes e mousses.

Contraindicações:
  • Doses grandes podem causar sonolência, e dependendo, até náuseas e vômitos. É bom evitar o uso de grandes doses durante a gravidez.

Maracujá

Orbignya speciosa - Babaçu

Orbignya speciosa - Babaçu

  • O babaçu também chamado bauaçu, baguaçu, auaçu, aguaçu, guaguaçu, uauaçu, coco-de-macaco, coco-de-palmeira, coco-naiá, coco-pindoba e palha-branca, é uma planta da família das palmáceas (Arecaceae), dotada de frutos drupáceos com sementes oleaginosas e comestíveis das quais se extrai um óleo, empregado sobretudo na alimentação, remédios, além de ser alvo de pesquisas avançadas para a fabricação de biocombustíveis.
O babaçu é uma palmeira de origem brasileira, podendo ser encontrada nos Estados do Tocantins, Maranhão, Piauí, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso. Sua estipe é usada para construção de casas e pontes, sua seiva para produção de bebida fermentada e seu palmito para a alimentação. 
  • O babaçu tem grande importância econômica e popular nas regiões em desenvolvimento em que está presente. As folhas do babaçu são utilizadas para a fabricação de diversos utensílios como cestos, peneiras, esteiras, chapéus e até telhados. 
De sua casca pode ser feito xaxim, carvão e fumaça para repelir insetos. A Orbignya speciosa faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.
  • O óleo de coco (Cocos nucifera L.), muito utilizado pela indústria alimentícia e farmacêutica, tem exigido de pesquisadores e técnicos métodos analíticos capazes de avaliar as condições de processamento e estocagem. 
Neste trabalho avaliou-se a composição química e as propriedades físico-químicas do óleo de coco extra virgem, produzidos por indústria brasileira Considerando que o óleo de coco está sendo bastante divulgado pelos meios de comunicação, no que diz respeito as suas propriedades terapêuticas, este estudo pode contribuir de forma significativa com as características físico-químicas deste óleo. 
  • O óleo de coco, obtido a partir da polpa do coco fresco maduro (Cocos nucifera L.), é composto por ácidos graxos saturados (mais de 80%) e ácidos graxos insaturados. Os ácidos graxos saturados presentes no óleo de coco são: capróico, caprílico, cáprico, láurico, mirístico, palmítico e esteárico e os insaturados são: oléico e linoléico. 
O óleo de coco é rico em ácido láurico, com concentração acima de 40%. As gorduras láuricas, caso do óleo de coco, são resistentes a oxidação não enzimática e ao contrário de outros óleos e gorduras apresentam temperatura de fusão baixa e bem definida (24,4 - 25,6 ºC). 
  • As gorduras láuricas são muito usadas na indústria cosmética e alimentícia onde em virtude de suas propriedades físicas e resistência à oxidação são muito empregadas no preparo de gorduras especiais para confeitaria, sorvetes, margarinas e substitutos de manteiga de cacau.
O óleo de coco virgem é um produto que deriva do fruto da espécie Cocos nucifera L. Solidifica-se abaixo de 25°C. É prensado a frio, não é submetido ao processo de refinamento e desodorização, sendo extraído a partir da polpa do coco fresco maduro por processos físicos, passando pelas etapas de trituração, prensagem e tripla filtração. 
  • É um alimento complementar com inúmeras propriedades benéficas para a saúde, proporcionando fortalecimento do sistema imunológico, facilitando a digestão e a absorção de nutrientes. São encontradas diversas substâncias no óleo de coco, entre elas os ácidos graxos essenciais e o glicerol, que é importante para o organismo – com ele o corpo produz ácidos graxos saturados e insaturados de acordo com suas necessidades. 
O óleo de coco apresenta um alto índice de ácido láurico, ácido mirístico e ácido caprílico, entre outros. O ácido láurico é um ácido graxo de cadeia média, que é transformado em monolaurina no corpo humano. 
  • O óleo de coco virgem não é um medicamento, e sim um alimento complementar coadjuvante na prevenção de diversas doenças. Por isso, deve ser consumido diariamente para que o organismo obtenha uma reserva de ácidos graxos, presentes no óleo de coco. 
Emprega-se fundamentalmente como umectante (em forma de sabões) e atua sobre a pele como uma capa protetora ajudando a reter a umidade. Atua como um azeite suave e sedoso muito recomendado para pele irritada e inflamada e também se recomenda para aquelas pessoas que têm uma pele sensível. 
  • É um excelente condicionador sem enxague para o cabelo se é aplicado em pequenas quantidades nas pontas, com o cabelo limpo, e nunca sobre o couro cabeludo, já que este produz suas próprias substâncias oleosas.
Propriedades Químicas:
  • O óleo de babaçu possui o mais alto índice de saponificação e o mais baixo valor de iodo e refração dentre todos os óleos vegetais de uso industrial, o que o torna ideal para a fabricação de pomadas cremosas, difíceis de serem obtidas com óleos sem estas características. 
O óleo de babaçu possui propriedades emulsificantes e emolientes, sendo um ingrediente comum de cremes, loções, sabonetes em barra, condicionadores e óleos de banho, também devido as suas propriedades hidratantes. 
  • Estudos demonstraram que o ácido láurico, presente no óleo extraído do babaçu, quando pré-aplicado na pele, aumenta a permeabilidade da mesma para certas substâncias ativas. Os demais ácidos graxos presentes servem ainda como matéria-prima para a obtenção de tensoativos (substâncias que diminuem a tensão superficial ou influenciam a superfície de contato entre dois líquidos) para fins industriais e cosméticos. Em cosméticos o óleo de babaçu pode atuar como carreador de fase oleosa.
O côco do babaçu tem de 4 a 5 amêndoas, que representam cerca de 7% deste, e o óleo extraído representa cerca de 40% da amêndoa. O óleo de babaçu possui cor branca a amarelada e em temperatura ambiente está sob a forma de gordura. 
  • Possui como constituintes aproximadamente 85% de ácidos graxos saturados e 15% de ácidos insaturados. Dentre os ácidos estão: láurico (44-46%), mirístico (15-20%), oléico (12-18%), palmítico (6-9%), esteárico (6%), caprílico (4,0-6,5%), cáprico (2,7-7,5%), capróico (0,2%), e araquídico (0,2-0,7%). 
O Acido láurico:
  • O ácido dodecanóico ou ácido láurico, é um ácido gordo saturado (br: ácido graxo) com fórmula estrutural CH3(CH2)10COOH. É o ácido principal do óleo de coco e do óleo da semente de palma (não confundir com óleo de palma). 
Atua como anti-inflamatório e crê-se que possua propriedades antimicrobianas e estimule o sistema imunológico. É também encontrado no leite humano (5.8% da gordura total), no leite de vaca (2.2%) e leite de cabra (4.5%). Trata-se de um sólido, branco, pulvurulento, com odor ligeiro a sabão.
  • Ácido láurico, mirístico e caprílico: entre outras poderosas substâncias, são essas que auxiliam na perda de peso e, ao mesmo tempo, trazem muitas vantagens à saúde. 
O ácido láurico é um ácido graxo de cadeia média, que é transformado em monolaurina no corpo humano. A monolaurina destrói vírus revestidos de lipídeos e diferentes bactérias patogênicas. Por sua ação bacteriana, consegue proteger o intestino, equilibrando a flora intestinal. Assim, previne e combate a prisão de ventre quanto a diarréia.
  • A gordura do coco tem maior concentração de ácido láurico entre todas as gorduras vegetais. É o mesmo ácido graxo do leite materno, elemento indispensável para estimular o equilíbrio imunológico. 
Rico em vitamina E, o óleo de coco também reduz a produção de radicais livres e suas conseqüências, como o envelhecimento precoce. O nutriente também tem importante papel na recuperação do sistema imunológico, principalmente em idosos, e aumenta a resistência muscular

Óleos láuricos:
  • Os óleos láuricos são óleos obtidos de coqueiros nativos de países tropicais. Se destacam, frente a outros tipos de gorduras, pela sua concentração elevada de ácido láurico, componente importante do leite materno humano, para o fortalecimento imunológico do bebê. 
Pesquisas cientificas demonstram que o ácido láurico possui a capacidade de aumentar o sistema imunológico pela ativação da liberação de uma substância chamada interleucina (Wallace, F A et al.), que faz a medula óssea fabricar mais células brancas de defesa (isso é muito bom para quem tem imunidade baixa como pessoas com AIDS e Câncer). 
  • Além disso, os óleos láuricos agem como anti-inflamatórios pela inibição da síntese local de prostaglandinas (PGE2) e interleucina 6 que são substâncias pró-inflamatórias presentes em quadros reumáticos, artrites e inflamações musculares. Ou seja, eles são anti-inflamatórios. Quando o ácido láurico chega aos nossos intestinos ele é quebrado pela enzima lípase e se transforma em monolaurina. A monolaurina é absorvida pelos intestinos e vai ao sangue. 
Esta substância, cujo precursor é o ácido láurico, destrói a membrana de lipídios que envolve os vírus bem como torna inativas bactérias, leveduras e fungos. A ação atribuída a monolaurina é a de que ela solubiliza os lipídios contidos no envoltório dos vírus, causando a sua destruição. 
  • Há assim uma potencial atividade antiviral e anti-bacteriana desta substância contra vírus perigosos como Epstein-Barr, causador da mononucleose e bactérias como aHelicobacter pylori, principal causa hoje do câncer do estômago (Enig, M.; Issacs, C.E. et al. & Kabara J.J. et al.).
De fácil absorção, os óleos láuricos não necessitam de enzimas para sua digestão e metabolismo. No fígado, rapidamente se transformam em energia, gerando calor e queimando calorias, o que leva à perda de peso. De fato, por este efeito, o uso destes óleos têm se tornado famoso internacionalmente em dietas de emagrecimento, pois são o único tipo de gordura que ao ser metabolizada pelo corpo, não é estocada na forma de tecido gorduroso (St-Onge, M.P. et al. & Van Wymelbeke, V., et al.). 
  • Podem ser usados na culinária em substituição aos tradicionais óleos empregados na cozinha o que progressivamente reduz os depósitos de gordura localizada, levando ao emagrecimento natural e redução de problemas como a celulite. 
Algumas observações levaram à descoberta que óleos láuricos estimulam a função da glândula tireóide. O bom funcionamento desta glândula, faz com que o mal colesterol (LDL) produza hormônios que reduzem a velocidade de envelhecimento do corpo como o DHEA, pregnenolona e a progesterona. Estes hormônios reduzem sintomas associados à menopausa e tensão pré-menstrual na mulher, problemas cardiovasculares, obesidade, entre outras doenças.
  • Estudos científicos mais recentes demonstraram que os óleos láuricos não aumentam os níveis de colesterol como se pensava, mas muito pelo contrário, eles balanceiam os níveis do bom colesterol (HDL) no sangue (Enig, M. & Hostmark et al & Kaunitz e Dayrit & Awad). 
As pesquisas antigas com óleo de côco e que mostravam o contrário haviam sido feitas com óleo de côco parcialmente hidrogenado. Nenhum de nossos óleos passa por processo de hidrogenação, que pode dar origem à formação de gordura trans, que aumenta os níveis de colesterol e favorece o surgimento de câncer. Os óleos láuricos reduzem a oxidação do mau colesterol (LDL) no sangue prevenindo doenças cardiovasculares. 
  • Óleos láuricos também ajudam a diminuir a compulsão por carboidratos (açúcar, doces, biscoitos, etc) devido a não estimularem a liberação de insulina. A maioria dos óleos poli-insaturados dificultam a entrada da insulina e nutrientes para dentro das células, deixando-as literalmente “famintas”, a gordura de coco “abre as suas membranas”, não somente permitindo que os níveis de glicose e insulina se normalizem, como também melhorando sua nutrição e restabelecendo os níveis normais de energia.
Óleos láuricos possuem um ótimo desempenho na cozinha por serem muito estáveis sob altas temperaturas. Na cozinha, não há nenhuma gordura melhor: diminuem o mau colesterol (LDL), ajudam a manter o peso, aumentam a imunidade, e protegem contra doenças cardiovasculares. 
  • O ácido láurico pode fazer estes óleos endurecerem em temperaturas inferiores a 23º graus. Em dias frios, para fazer a gordura voltar ao estado líquido, basta deixar a embalagem do óleo no sol da manhã ou aquecer em banho maria, que a gordura volta ao seu estado natural liquido. Você também pode apertar a garrafa levemente até que a gordura saia

Esta formação vegetal se situa entre a floresta amazônica, caatinga e o cerrado. É constituída por palmeiras, destaque ao babaçu, e carnaúba.

Há 3 tipos principais de coqueiros: 
Dos quais atualmente se obtém óleos ricos em ácido láurico:
  • Coco da praia (Cocus nucifera), do qual se obtém a “água de côco” e óleo rico em ácido láurico de sua polpa branca. Para ser empregado existem as versões extra-virgem (rico em vitamina E e aroma de côco), ou refinado (praticamente inodoro). 
Coco babaçu (Orbignya oleifera), árvore brasileira e que fornece uma castanha rica em um óleo contendo óleo láurico. Praticamente só é comercializado óleo refinado, pois o óleo virgem possui um aroma de côco muito forte para uso na cozinha ou massagem. 
  • Coco palmiste (Elaeis guineensis) obtido do caroço da palma. Praticamente só é comercializado óleo refinado, pois o óleo virgem possui um aroma de côco muito forte para uso na cozinha ou massagem. A vantagem deste produto é que ele não apresenta o cheiro que o babaçu ou óleo de côco eventualmente trazem, mesmo sendo refinados. 
O refino não altera as qualidades naturais destes óleos devido à sua grande estabilidade ao calor e este processo não envolver o uso de produtos químicos prejudiciais à saúde.Há uma vantagem no uso dos óleos de côco palmiste e côco babaçu frente ao côco da praia, que é um custo mais baixo destes óleos com os mesmos resultados

Propriedades Medicinais:
  • Os estudos farmacológicos comprovaram as seguintes atividades desta espécie: antiinflamatória (Maia & Rao 1989, Silva & Parente 2001); ativadora de macrófagos in vitro e in vivo (Nascimento et al. 2005); contra o hipertireoidismo (Gaitan et al. 1994); analgésica (Maia & Rao 1989); imunomoduladora (Silva & Parente 2001).
O mesocarpo (côco) do babaçu é usado no Brasil como suplemento alimentar e na medicina popular para o tratamento de inflamações, cólicas menstruais e leucemia. O babaçu possui importantes constituintes químicos, tais como como triterpenos, taninos, açúcares, saponinas e compostos esteróides. 
  • Seus polissacarídeos têm ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Outros estudos realizados demonstraram o babaçu é um bom cicatrizante, protetor gástrico, anti-trombose e antimicrobiano. 
Além de suas amêndoas que contém o óleo de babaçu, componente mais importante terapeuticamente e utilizado em alimentos, as folhas também costumam ser consumidas na forma de tinturas e chás.
  • O extrato etanólico do babaçu, testado em linhagens de células humanas leucêmicas, tumores de próstata e câncer de mama, promoveu diminuição da viabilidade em todas estas de maneira dose-dependente. Neste estudo, o efeito foi mais pronunciado sobre as linhagens celulares tumorais quando comparado às não tumorais. 
Além disso, o babaçu tem atividade antioxidante e a capacidade de sequestrar os radicais livres, protegendo as células do estresse oxidativo. Este efeito, além de ser protetor contra o câncer, retarda o envelhecimento precoce. 
  • Pele e cabelos também podem se beneficiar com o óleo de coco, que age como hidratante e condicionador natural. Antes do banho, basta massagear os cabelos com 1 colher (sobremesa) do óleo, depois é só lavar normalmente.
Para amaciar a pele, massageie com o óleo, deixe agir por 15 minutos e lave em seguida com água fria. Hidrata a pele e previne rugas numa verdadeira ação antienvelhecimento. Isso se deve à lubrificação da pele, permitindo que os nutrientes do sangue cheguem até ela. O óleo tem poder bactericida e pode ser utilizado em picadas de insetos e no tratamento de herpes. 
  • Devido a gordura do óleo não necessita de enzimas especiais para absorver o que transforma muito rápido em energia, não armazenando no corpo. Por isso, é considerada termogênica e beneficia a emagrecer.
Os alimentos termogênicos aumentam a temperatura do corpo e necessitam de mais energia para serem digeridos, intensificando a queima de gorduras. 
  • Potencializando o efeito emagrecedor, o óleo promove uma sensação de saciedade e estimula a liberação de glicose no sangue. Dessa forma, ajuda a diminuir a compulsão por carboidratos, principalmente doces. Contrário aos demais óleos poli-insaturados que dificultam a entrada da insulina e nutrientes das células, a gordura do coco abre as membranas das células, permitindo que os níveis de glicose e insulina normalizem.
Benefícios do babaçu:
  • O mesocarpo (côco) do babaçu é usado no Brasil como suplemento alimentar e na medicina popular para o tratamento de inflamações, cólicas menstruais e leucemia. O babaçu possui importantes constituintes químicos, tais como como triterpenos, taninos, açúcares, saponinas e compostos esteróides. 
Seus polissacarídeos têm ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Outros estudos realizados demonstraram o babaçu é um bom cicatrizante, protetor gástrico, anti-trombose e antimicrobiano.
  • Além de suas amêndoas que contém o óleo de babaçu, componente mais importante terapeuticamente e utilizado em alimentos, as folhas também costumam ser consumidas na forma de tinturas e chás.
O extrato etanólico do babaçu, testado em linhagens de células humanas leucêmicas, tumores de próstata e câncer de mama, promoveu diminuição da viabilidade em todas estas de maneira dose-dependente. Neste estudo, o efeito foi mais pronunciado sobre as linhagens celulares tumorais quando comparado às não tumorais. 
  • Além disso, o babaçu tem atividade antioxidante e a capacidade de sequestrar os radicais livres, protegendo as células do estresse oxidativo. Este efeito, além de ser protetor contra o câncer, retarda o envelhecimento precoce.
Indicações: 
  • O mesocarpo do fruto é indicado contra dores abdominais, constipação, obesidade, leucemia, reumatismo, ulcerações, tumores, inflamações de útero e ovários, artrites, cólicas menstruais (Silva & Parente 2001, Caetano et al. 2002). 
O Pó do babaçu Rico em fibras é indicado para prisão de ventre, colite e obesidade. Além disso, possui propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, o que torna também indicado no tratamento de artrite reumatoide, prostatite, úlceras, reumatismo, cansaço físico e mental, esgotamento, tumores e inflamações no útero e ovário e menstruação irregular e dolorosa.
  • A sabedoria popular ganha suporte científico com uma pesquisa realizada por um grupo da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). O babaçu, usado popularmente no tratamento de doenças como reumatismo, mostrou ser eficiente na cura de lesões gástricas. 
Segundo a farmacologista Maria Bernadete Maia, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFPE, a eficiência foi bastante superior a dos remédios convencionais. 
  • A pesquisadora já vem realizando há alguns anos estudos com o babaçu. "Inicialmente testamos suas propriedades anti-inflamatórias e anticancerígenas, que eram propagadas pela população. Não detectamos atividade anticancerígena, mas a atividade antiinflamatória foi bastante interessante."
O babaçu geralmente é vendido na forma de pó por pessoas que têm plantações do coco babaçu. O mesocarpo (polpa) é seco, e dele é obtido o pó. As pessoas ingerem o pó puro como farinha ou misturado em sucos.
  • Dentro do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFPE, existe uma área de pesquisa que é a farmacologia de bioativos, onde Maia estuda plantas medicinais. "Existe uma retomada de interesse sobre fitoterápicos, mas muitos não têm comprovação científica."
A pesquisadora estuda o efeito do babaçu em animais com lesões gástricas provocadas por álcool. "Geralmente os trabalhos feitos com animais experimentais refletem o que acontece na espécie humana. 
  • Nesse caso, os dados confirmaram os relatos da medicina popular, nos quais as pessoas afirmam apresentar redução dos sintomas de úlcera com o uso do pó de babaçu", explica Maia. "O estudo com animais dá uma base acadêmica para o uso racional do medicamento", complementa.
Contraindicações:
  • Na lactação, na gravidez e para pessoas sensíveis às substâncias presentes no babaçu. As doses não devem ultrapassar a indicada por causa do aumento de teor de glicose, especialmente em diabéticos. Evitar o uso por muito tempo.
Outros usos:
  • O lenho do babaçu é usado na construção de casas, enquanto que as folhas são utilizadas na cobertura, nas paredes, nas portas e nas janelas. O leite do babaçu e o óleo extraído de suas amêndoas são usados na alimentação; da casca do coco é produzido carvão. A palha, por sua vez, é utilizada para a produção de artesanato. A partir do óleo também se produz sabonete. 
Essa palmeira é muito comum no Maranhão, Piauí, Ceará, Pará, Mato Grosso e Tocantins. É uma palmeira elegante que pode atingir até 20 m de altura. Estipe característico por apresentar restos das folhas velhas que já caíram em seu ápice. 
  • Folhas com até 8 m de comprimento, arqueadas. Flores creme-amareladas,aglomeradas em longos cachos. Cada palmeira pode apresentar até 6 cachos, surgindo de janeiro a abril. Frutos ovais alongados, de coloração castanha, que surgem de agosto a janeiro, em cachos pêndulos. A polpa é farinácea e oleosa, envolvendo de 3 a 4 sementes oleaginosas.
Na culinária, o óleo de babaçu é utilizado como substituto do óleo de soja. Possui odor semelhante ao avelã e é largamente utilizado na culinária popular. Pode ainda participar da produção de margarina e gorduras especiais. 
  • A luta por melhores condições de vida constantemente reúne as quebradeiras de coco do Bico do Papagaio, mas nos dias 29 e 30 a Asmubip – Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio realizou em São Miguel do Tocantins o primeiro encontro sobre gestão do projeto babaçu, uma importante conquista para a região. 
Na reunião, a secretaria executiva do projeto pôde apresentar o trabalho desenvolvido nos primeiros três meses de execução às coordenadoras de núcleo da associação, que reúne mulheres de 11 municípios da região e também aos parceiros do projeto.
  • O Projeto Babaçu é uma parceria entre Asmubip e Setas – Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Em 2008, o projeto foi aprovado pela Petrobras recebendo recursos de mais de R$ 500 mil. Com o recurso a associação poderá manter funcionando a unidade de processamento de mesocarpo e a unidade que fabrica o óleo de coco. 
Outro benefício proposto no projeto é a melhoria na qualidade dos subprodutos e para tanto serão contratados consultores especializados para ministrar cursos e adquiridas embalagens adequadas para cada produto do babaçu. 
  • De acordo com o técnico da Setas, Josivaldo Veloso, para que os ganhos do projeto sejam mantidos por mais tempo, parte dos investimentos serão aplicados em capital de giro e divulgação dos produtos buscando ampliar mercado e elevar o preço dos produtos 

Babaçu (Orbignya speciosa), por ser uma palmeira, assim como Dendê e o Buriti, concentra altos teores de gorduras de aplicação alimentícia ou industrial.

sábado, 21 de setembro de 2013

Ocimum gratissimum - Alfavacão, alfavaca-cravo

Alfavaca florescida

  • A alfavaca (Ocimum gratissimum) é uma planta medicinal também conhecida como alfavacão, alfavaca-cravo e manjericão-cheiroso. Inclui os sinônimos botânicos Ocimum guineense e Ocimum viride. A alfavaca é nativa da África e Ásia tropical, mas pode ser encontrada em todo o Brasil. Pertence à família Lamiaceae. 
O gênero Ocimum contém aproximadamente 30 espécies nativas dos trópicos e subtrópicos, sendo que espécies deste gênero são cultivadas com freqüência na Europa e América. As espécies pertencentes ao gênero Ocimum caracterizam-se por serem ricas em óleos essenciais destinados às indústrias para produção de fármacos, perfumes e cosméticos (MORALES e SIMON, 1996), e por apresentarem propriedades terapêuticas úteis à população (MARTINS et al, 1994).
  • Entre as espécies de interesse terapêutico, destaca-se o Ocimum gratissimum L (CRUZ, 1986). Trata-se de uma angiosperma da família Lamiaceae originária do Oriente, e que hoje está difundida por países tropicais como o Brasil onde é conhecida popularmente como alfavacão, alfavaca e alfavaca-cravo (2002, citado por FARIA et al., 2006; LORENZI, 2008).
O Ocimum gratissimum L é um subarbusto aromático, ereto, com até 1m de altura. Suas folhas são ovalado-laveoladas, de bordos duplamente dentados, membranáceas, 4-8 cm de comprimento. As flores são pequenas, roxo-pálidas, dispostas em racemos paniculados eretos e geralmente em grupos de três. Fruto do tipo cápsula, pequeno, possuindo 4 sementes esféricas. Tem aroma forte e agradável que lembra o cravo-da-índia. (LORENZI, 2008; CORRÊA, 1926). 
  • Nessas últimas décadas tem-se observado grande interesse pelo potencial terapêutico das plantas medicinais (Yunes et al., 2001), de tal modo que cerca de 30% das drogas prescritas no mundo são obtidas direta ou indiretamente de plantas (Koehn & Carter, 2005). 
Com isso, tem-se verificado grande avanço científico envolvendo estudos químicos, alimentícios, farmacológicos de plantas medicinais, visando obter novos compostos com propriedades farmacêuticas (Cechinel Filho & Yunes, 1998). 
  • Dentre estes estudos se destacam a caracterização das plantas e dos constituintes químicos dos óleos essenciais, por pertencerem ao maior e mais diversificado grupo dentro dos produtos naturais, e por apresentarem grande importância terapêutica e econômica (Silva et al., 2003).
Muitas espécies de alfavaca, tomilho e orégano têm sido amplamente utilizadas na medicina popular como agentes anti-inflamatórios, antioxidantes e antissépticas (Abdeslam et al., 2007). 
  • A alfavaca (Ocimum gratissimum L.) pertence ao gênero Ocimum e à família Labiatae (Pereira & Maia, 2007). 
O tomilho (Thymus vulgaris L.) é uma planta da família Lamiaceae que compreende 150 gêneros, com cerca de 2.800 espécies distribuídas em todo o mundo (Porte & Godoy, 2001). O orégano (Origanum vulgare L.) é uma erva nativa da Europa, África e sudoeste da Ásia (Flégner, 2011). 
  • Os óleos essenciais podem ser extraídos de diferentes partes da mesma planta e, apesar de apresentarem cor e aspecto semelhantes, podem apresentar diferente composição química, característica físico-químicas e odores (Robbers et al., 1997). 
Embora extraído do mesmo órgão e da mesma espécie vegetal, a composição química do óleo essencial pode variar significativamente em função de épocas específicas, podendo esta variação ocorrer tanto no período de um dia como em épocas do ano (Reis et al., 2003), estar relacionado ao estágio de desenvolvimento, às condições climáticas e de solo (Simões & Spitzer, 2003).
  • Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo a caracterização de plantas frescas e secas (comerciais) de alfavaca, orégano e tomilho, a obtenção dos óleos essenciais através do método de arraste a vapor e a quantificação dos compostos químicos por CG/EM 
Propriedades Químicas:
  • Dentre os compostos presentes nesta espécie, destaca-se o ácido rosmarínico, um metabólito secundário produzido por várias famílias das plantas superiores, dentre elas as lamiáceas, tendo os aminoácidos fenilalanina e tirosina como precursores em sua rota biossintética. Inúmeras espécies, que contém este metabóliito, como Rosmarinus officinalis L, Symphytum officinale L., Melissa officinalis L., Salvia officinalis L., Lavendula angustifolia Mill. etc, são usadas em terapias alternativas e no tratamento de algumas doenças (PARNHAM & KESSELRING, 1985; PETERSENA & SIMMONDSB 2003). 
O ácido rosmarínico possui uma ampla faixa de ações no organismo, atua como: a) adstringente; b) antioxidante; c) antimutagênico; d) antibacteriano; e) antiviral; f) Inibição do dialdeido malônico (MDA). O dialdeido malônico contribui para a reação inflamatória por ativação de citocinas, como o TNF-β e a IL-8; g) inibição da formação de prostaglandinas em processos inflamatórios, por mecanismos diferentes dos anti-inflamatórios não esteroidais (PARNHAM & KESSELRING, 1985).
  • Por seu sabor e odor similar ao cravo-da-Índia, a alfavaca é bastante usada na culinária. O óleo essencial da alfavaca é seu constituinte mais importante em termos biológicos e contém cerca 70 a 80% de eugenol, além de timol e geraniol. 
O eugenol é também usado na fabricação de produtos dentários por ser antisséptico local e analgésico. De acordo com testes em cobaias, o óleo essencial da alfavaca relaxa os músculos do intestino delgado, o que reforça a sua utilização para o tratamento de distúrbios gastrointestinais. 
  • O óleo essencial das folhas contém: eugenol (77,3%), 1,8-cineol (12,1%)(Nordeste do país), β-cariofileno, o-cimeno, p-cimeno, carvacrol, canfeno, limoneno, a-pineno, b-pineno, geraniol, timol, gratissimeno, linalol, b-elemeno, b-cubebeno, citral, cânfora, a-tujeno, a-humuleno, etc. 
O teor máximo de eugenol ocorre às 12:00 h enquanto o 1,8-cineol, tem seu maior teor pela manhã e no final do dia (Lorenzi & Matos, 2008). A planta contém também taninos, esteróides, triterpenóides e carboidratos.
  • A alfavaca produz ainda o ácido rosmarínico, que no organismo, atua como adstringente, antioxidante, antimutagênico, antibacteriano, anti-inflamatório e antiviral. A ação antibacteriana é reforçada pelos fenóis contidos nos óleos essenciais da planta, que tem ação contra bactérias do gênero Proteus, Klebsiella, Salmonella, Escherichia, e Shigella. 
Devido a esta atividade, a Ocimum gratissimum faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil. 


Ácido rosmarinico:
  • O ácido rosmarínico (VII) é um éster dos ácidos caféico e 3,4-dihidroxifenillático, encontrado como um metabólico secundário de várias espécies vegetais. Seu nome é proveniente do nome da primeira planta da qual foi isolado, o Rosmarinus officinalis (alecrim), e foi dado pelos químicos italianos Scarpati e Oriente1 (1958, citado por Petersen e Simmonds, 2003). 
Ele é encontrado principalmente em espécies da família Boraginaceae e da subfamília Nepetoideae da família Lamiaceae, mas já foi descrito em outras famílias vegetais, como nas Blechnaceae (samambaias), nas Zosteraceae, nas Potamogetonaceae e nas Cannaceae, entre outras (PETERSEN e SIMMONDS, 2003). 
Dentre as espécies vegetais que contém o ácido rosmarínico destacam-se: Anethum graveolens (endro), Artemisia dracunculus (estragão), Betonica officinalis (betônica), Borago officinalis (borragem), Glechoma hederacea (erva-terrestre), Hyssopus officinalis (hissopo), Lavandula angustifólia (alfazema), Lycopus europaeus (licopus), Majorana hortensis (manjerona), Melissa officinalis (erva cidreira), Mentha arvensis piperascens (hortelã), Mentha pulegium (poejo), Mentha spicata (hortelã-peluda), Momordica charantia (melão-de-são-caetano), Monarda didyma (bergamota), Nepeta cataria (gataria), Ocimum basilicum (manjericão), Origanum vulgare (orégano), Orthosiphon aristatus (ortosifão), Petroselinum crispum (salsinha), Prunella vulgaris (brunela), Rosmarinus officinalis (alecrim), Salvia officinalis (sálvia), Salvia sclarea (sálvia-esclaréia), Salvia sp., Satureja hortensis (segurelha), Satureja montana (segurelha), Symphytum officinalis (confrei), Thymus serpyllum (serpilho), Thymus vulgaris (tomilho) (Ácido rosmarínico, 2008).
O ácido rosmarínico possui fórmula molecular C18H16O8, e também é designado pelos nomes ácido α-O-cafeoil-3,4-di-hidroxifenillático; ácido α-[3-(3,4-dihidroxifenil)-1 oxo-2-propenil]-3,4-di-hidroxi-benzenopropanóico; ácido 3-(3,4-di-hidroxifenil)-2-[3-(3,4-di hidroxifenil)-1-oxo-2-propeniloxi]-propanóico; ácido rosemárico. Apresenta número de registro CAS 20283-92-5 (Rosmarinic acid, 2009). 

Alfavacão, alfavaca-cravo

Propriedades medicinais:
  • Suas folhas e ramos são aromáticas e usadas empiricamente nas práticas caseiras como estimulante, carminativa, diurética e na forma de banhos contra gripes em crianças. É também um excelente tempero culinário, para carnes e massas. 
A coleta para fins medicinais fica condicionada a horários definidos. Em torno de 12:00 h para o preparo de enxaguatório bucal aproveitando o eugenol (antisséptico) (77,35%) e, antes da 9:00 h ou depois das 16:00 h, para aproveitar o 1,8 cineol (12,1%) princípio balsâmico de ação antisséptica pulmonar e expectorante para banhos antigripais em crianças. Esta planta age como larvicida e repelente de insetos de longa duração (mais de 2h). Seu óleo essencial tem ação bactericida e analgésica de uso em odontologia
  • O xarope de alfavaca, tanto de suas folhas quanto raízes, é eficaz contra tosses, dores de cabeça e bronquites. Os extratos obtidos da planta são usados pela população no tratamento de reumatismo, paralisias, epilepsia e doenças mentais. Na lavoura, estes extratos, se borrifados em plantas doentes, pode agir como inseticida e fungicida. 
As influorescências da planta em forma de chá são usadas popularmente para o tratamento de problemas digestivos, flatulência, gripe, tosse, prurido, estresse, dor de cabeça, fadiga e como sedativo e expectorante. 
  • O óleo essencial das influorescências tem ação antibacteriana de amplo espectro associado com antibióticos ou em preparações de uso tópico em lesões infectadas, principalmente por Staphylococcus aureus, cepa causadora de infecções cutâneas. 
Quando usado o chá das folhas de alfavaca para banhos, o mesmo proporciona alívio dos sintomas de micose e afecções de pele em geral. A ingestão do chá das raízes é usado contra diarréias, distúrbios do estômago, dores de cabeça e como sedativo.

Indicações: 
  • Má digestão, flatulência, gases estomacais. 
  • Indicada para amenizar a Tosse, combate resfriados e ameniza as dores no corpo. 
Contraindicações:
  • A alfavaca pode causar reações alérgicas em alguns pacientes. O uso interno do óleo essencial é contra-indicado e pode causar palpitações, sudorese, tontura e outros efeitos colaterais.
Outros Usos:
  • Tratar de dores de cabeça: 
  • Acabar com aftas: 
  • Como afrodisíaco: 
  • Tratar de dores de ouvido: 
  • Afastar moscas e picadas de mosquitos: 
Ela ainda ajuda a aumentar a produção de leite nas lactantes, evita as cãibras no estômago, elimina catarros, febre, tosses, gripe, ajuda a tratar problemas renais, má digestão, gastrite, náuseas e vômito e infecções intestinais.
  • Extratos obtidos da planta são usados pela população no tratamento de reumatismo, paralisias, epilepsia e doenças mentais, além de conter substâncias ativas que são utilizadas como inseticida, nematicida, fungicida, antimicrobiana e anti-séptica local. Por seu sabor e odor semelhantes ao do cravo-da-índia, é usada também como condimento em culinária (PATON, 1992; MATOS, 2000; EFFRAIM, 2001; LORENZI, 2002; LORENZI, 2008). 

Chá de Alfavacão