terça-feira, 30 de setembro de 2014

O Consumismo e a Sustentabilidade

O Consumo e a Sustentabilidade

  • Qual é o papel do consumo na sociedade ocidental? Muitos dos autores que trataram desta temática não tinham em mente a questão ambiental especificamente; as posições variam de uma tentativa de contribuição mais realista à teoria do comportamento do consumidor, no caso dos autores da área econômica, ou de demonstrar que o padrão de consumo deve ser visto sobretudo como expressão mais forte das relações sociais no interior do sistema capitalista, numa visão mais sociológica. Qualquer que seja a vertente adotada, a contribuição desses vários autores é de grande valia para a discussão das consequências ecológicas e sociais do padrão de consumo moderno. 
Faz-se necessário desconstruir o pressuposto chave da Economia que considera bem-estar e consumo de bens como sinônimos; desconstruir a ideia de que a demanda depende apenas da renda, desconsiderando, dessa forma, os desejos e interesses socialmente construídos. 
  • Para a teoria econômica o consumo de bens tem a finalidade de suprir as necessidades de reprodução do homem como indivíduo social, além das suas necessidades físicas mais vitais. Nunca foi um objeto privilegiado da Economia o estudo das varições qualitativas no consumo; a intensificação e generalização do consumo conspícuo no pós-guerra, por exemplo, não encontra sua explicação nas teorias de comportamento do consumidor. 
Se observarmos a evolução dessa ciência notamos que a partir do século XVII houve um direcionamento das explicações dos fatos econômicos para o ''paradigma produtivo", deixando de lado as teorias que se baseiam na lógica da demanda. 
  • Por meio da crítica à construção lógica de que a aquisição de uma gama superior de bens leva a um nível maior de felicidade, pretende-se dar abertura para urna discussão mais significativa do padrão de consumo dentro da teoria econômica, questão essencial quando se pensa a crise ambiental que enfrenta a sociedade moderna. 
A estrutura dessa argumentação reúne as formulações sobre a formação das necessidades que conformam esse padrão de consumo, se utilizando de autores que se expressam tanto pela lógica econômica quanto pela lógica social e psico-social, e pretende contribuir para a formulação de novos conceitos que ajudem no entendimento da relação do homem moderno com o meio-ambiente e, dessa forma, possibilitar sua mudança. 
  • A conclusão reforçará a argumentação da inviabilidade ecológica do padrão de consumo ocidental, mas também sua inviabilidade social, trazendo à tona, inevitavelmente, algumas questões sociológicas que, dado seu grau de complexidade e a delimitação do objeto desse trabalho, não serão aprofundadas. 
As grandes somas gastas com publicidade e o estímulo representado pelo rápido avanço tecnológico têm o papel de criar constantemente insatisfação e mecanismos sociais de transformação de bens supérfluos em bens de primeira necessidade. São esses mecanismos de criação de insatisfação pessoal os principais elementos que distanciam bem-estar e crescimento produtivo. 
  • O consumo desenfreado, componente desta ilusão utilitarista que ronda o ideário ocidental, tem a função social de prover uma "liberdade" compensatória para a rotina alienante da jornada de trabalho, ao mesmo tempo que representa uma tentativa constante de identificação social e pessoal.
 Em uma sociedade cada vez mais padronizada em suas respostas institucionais, o consumo representa uma forma de privatização da vida moderna, uma fuga da "cultura do público", uma forma de readquirir intimidade e reafirmar participação dentro da sociedade, ainda que, paradoxalmente, isto se dê através de escolhas inseridas em padrões também pré-estabelecidos. (Friedman, 1994) 
  • A desvinculação entre consumo e bem-estar afeta sobremaneira um pressuposto muito importante dentro da Economia. O crescimento econômico e o aumento das forças produtivas sempre foram o objeto preferencial dessa ciência que, durante muito tempo, carregou o rótulo de "ciência da escassez". Notamos, entretanto, que essa lógica presente na constituição da Economia enquanto ciência, ainda permanece como fio condutor de seus processos internos e discussões teóricas. 
"Os economistas, sejam eles marxistas ou liberais, pensam todos no fundo a mesma coisa. A única causa do mal no mundo, da violência, do vício e da miséria é a escassez. As necessidades naturais, a dominação das coisas suspendem a moral. Os homens não escolhem o mal contra o bem. Simplesmente não escolhem. A parcimônia da natureza condena-os à guerra. Ora, a raridade, que é fonte da violência, é também a mãe da Economia." ( J. P. Dupuy, 1980) 
  • A teoria neoclássica não só repousa sob essa lógica mas agrega outros pressupostos: o indivíduo é o melhor juiz de seus próprios atos e escolhas, nem a intensidade das necessidades e desejos, nem a capacidade dos bens de satisfazê-los, são afetados pelas rendas de outras pessoas. Deduz-se, então, por inferência, que quanto mais bens maior a satisfação (a utilidade total), a despeito da lei da utilidade marginal decrescente. 
No entanto, é possível supor que com a recuperação das críticas à "sociedade de consumo", aos mecanismos de criação de necessidades e à forma como essa sociedade se relaciona com os objetos, a relação entre bem-estar e crescimento poderá ser vista de forma menos direta. É, no entanto, a insustentabilidade ecológica dessa forma de organização social, representada pela depredação do meio fisico e também pela depredação do ser humano aliada a ela, que suscita e reafirma esse grupamento de criticas. 
  • A grande efervescência dessa discussão se deu nos anos 70 onde muitos economistas escreveram sobre a sustentabilidade ecológica, social e econômica do padrão de consumo vigente. Jonh kenneth Galbraith, em sua obra "A sociedade afluente", a despeito de não estar diretamente preocupado com a questão ambiental e de sua análise estar basicamente facada na sociedade americana, acaba por contribuir para a discussão dessa problemática na medida em que aborda a fixação da sociedade moderna com a produção e o sucesso econômico. 
O autor vai contrariar a idéia convencional do período, sustentada por grande parte dos economistas que participavam dos debates sobre desenvolvimento econômico, de que todos as mazelas sociais e a crescente desigualdade distributiva poderiam ser resolvidas através do desenvolvimento produtivo e tecnológico; idéia essa consagrada pelo ''renascimento" do mercado nos Estados Unidos do pós-guerra e a subsequente revolução keynesiana. 
  • Galbraith tem como principal objetivo a investigação dos condicionantes da exclusão social e faz isso através de um caminho pouco comum. Nessa explicação ele passa pela conformação da mentalidade de nossa sociedade que, segundo ele, se orienta pelo passado, onde toda a energia era voltada para a preocupação com o suprimento das necessidades básicas da vida humana. 
" A primeira tarefa é ver o modo como nossas atitudes econômicas estão enraizadas na pobreza, na desigualdade e nos riscos econômicos do passado".(p. 36) As nossas convenções estariam sendo guiadas por uma atitude preventiva frente ao perigo da escassez, que levaria a uma preocupação constante com a produção. 
A crença generalizada na eficiência do mercado sob livre concorrência e no desenvolvimento econômico como fontes de resolução dos conflitos sociais é uma constante nessa visão economicista, que acredita que a elevação do emprego e renda, levando a uma consequente elevação do consumo, seria suficiente para suprir as aspirações humanas, nessa visão, limitadas à sobrevivência. O quadro sócio-econômico da década de 70 nos Estados Unidos, no qual o autor apóia toda sua análise, o leva à reflexão de que a tendência à desigualdade social, presente no capitalismo, é potencializada pela primazia do investimento privado sobre o investimento público. 
  • Esse período, em contraste ao pós-guerra, se caracteriza por uma reversão da tendência anterior de elevação do investimento público. O investimento privado passa a ser o carro chefe na dinamização da economia, precedendo da função "estabilizadora" do gasto governamental 
No entanto, Galbraith percebe que esse processo de privatização do investimento tem um papel muito importante na perpetuação da condição de desigualdade; áreas essenciais como educação, habitação, saúde e recreação deixam de ser satisfatoriamente atendidas, fator que penaliza enormemente as classes mais pobres da sociedade. 
  • Associado a esse conjunto de fatos, Galbraith flagra uma sociedade cada vez mais opulenta que apresenta critérios de necessidades materiais cada vez mais exigentes, induzidos pela publicidade e pela rivalidade inerente ao comportamento do consumidor. 
Em suas palavras: 
" Os aumentos no consumo, que são o equivalente aos aumentos da produção, atuam por sugestão ou por rivalidade para criar necessidades através da publicidade e técnicas de venda. As necessidades assim acabam dependendo da produção. Em termos técnicos, não é possível mais sustentar que o bem-estar seja maior com um nível geral de produção alto de que com um mais baixo. Pode ser o mesmo. O nível mais alto de produção tem, simplesmente, um nível mais alto de satisfação das necessidades". (p.l75) 
E, se voltando para a questão da desigualdade social, Galbraith responde aos críticos que defendem o crescimento produtivo como solução aos males sociais: "Sugerir que não podemos pensar na forma como usamos nossa riqueza, até que todo mundo, ou quase todo mundo, alcance um certo mínimo, é o mesmo que dizer que nunca se pensará nisso, pois o mínimo decentemente adequado aumentará com o aumento da riqueza".(p.29) 
  • Por fim, o autor coloca duas questões, essenciais para o entendimento de sua ótica: "Será que essa gente continuará por muito tempo satisfeita com o objetivo assaz mundano de uma afluência sempre crescente que o sistema coloca como o mais alto objetivo do homem? Não poderá um dia surgir descontentamento com uma sociedade no qual a única preocupação é alcançar o sucesso econômico?" (p.34). 
Moises Abramovitz, em sua obra intitulada "Thinking about growth, também vai discutir bem-estar social, fornecendo uma análise muito rica sobre a construção desse conceito no interior da Economia. O autor recoloca a questão através de uma análise das variações que esse conceito vai sofrendo ao longo do tempo. O avanço econômico, que antes fazia parte de uma ideia mais geral de bem-estar, que também tinha como pressupostos o avanço intelectual, moral e espiritual, agora passa a ser identificado com o próprio conceito de bem-estar social. 
Essa inversão lógica no conceito de bem-estar faz parte de uma crença maior no progresso econômico, materializado na aquisição de uma gama maior de bens e na elevação da produtividade, como o messias que poderá libertar o homem de sua luta diária pela sobrevivência e do trabalho maçante. 
  • Dessa maneira, um tempo maior de sua vida poderia ser despendido com seu desenvolvimento intelectual, moral e espiritual. Essa visão utópica presente na formação do pensamento liberal é negada pelo autor que vai demonstrar em seu trabalho a complexidade das relações embutidas no sistema capitalista, através da demonstração de que, a despeito da elevação da riqueza material da sociedade moderna, as pessoas não se consideram mais felizes. "Manifestly, the way income is eamed and the way it is spent affect the very nature of people and the relations among them."(p. 326).
Abramovitz vai se utilizar de dados empíricos para comprovar que a realidade se apresenta de forma distinta da traçada pelos modelos e pressupostos econômicos. O autor cita uma pesquisa feita nos Estados Unidos pelo Gallup Poll e o National Opinion Research Center, analisada por Richard Easterlin que não encontrou, como se esperava, uma correlação positiva, ao longo do tempo, entre renda e felicidade. Essa pesquisa consistia na auto-qualificação do entrevistado em "muito feliz" , "feliz" e "não feliz"; era classificado por nível de renda e abrangia um período de 30 anos (1940/70). 
  • Easterlin comprovou que, num dado período, havia uma correlação positiva entre classe de renda e felicidade mas, ao longo do tempo, considerando-se que o período analisado representou um período de grande crescimento da economia americana, a correlação não se manteve; percebeu-se que, a despeito do crescimento da renda, a proporção das pessoas que se consideravam "muito felizes" se manteve constante. Esse fato ficou conhecido corno o paradoxo de Easterlin e gerou grandes discussões acadêmicas. 
Vários autores de peso formularam explicações para esse fenômeno. Abrarnovitz começa por recuperar a tese defendida pelo próprio Easterlin, que funda sua explicação na psicologia social. Segundo Easterlin, a satisfação que urna pessoa obtém com sua renda não depende de seu nível absoluto, mas da relação com as variações na renda das outras pessoas da mesma comunidade. 
  • Dessa forma, se há um aumento no nível geral de renda, mas não mudanças nas posições relativas, então ninguém terá seu nível de satisfação alterado. Esse fenômeno, facilmente observável no comportamento psicológico individual, é generalizado, pelo autor, para o nível social. 
Nesse instante, Easterlin põe a baixo um pressuposto essencial da teoria neoclássica do comportamento do consumidor, no que se refere à formação das preferências: a existência de externalidades. Outro autor citado e que busca sua explicação na moderna psicologia do indivíduo é Tibor Scitovsky. Segundo sua teoria, as pessoas se sentem mais estimuladas no processo de satisfação de um desejo inicialmente reprimido do que na satisfação em si e na rotina que essa satisfação vai representar. 
  • Isso significa que o nível de satisfação não depende - ou no mínimo, não apenas - do nível de renda mas da sua taxa de crescimento, ou melhor, da possibilidade de ascensão social. Nesse sentido, podemos concluir que nós teríamos que passar a crescer mais rápido para nos tomarmos mais felizes, ao passo que deveríamos nos manter crescendo para ficarmos no mesmo lugar. 
A última justificativa abordada por Abramovitz neste trabalho está baseada em uma explicação mais econômica do "paradoxo de Easterlin". Essa argumentação parte da constatação de que com a elevação da renda, há urna tendência geral de elevação do preço do espaço e do tempo. 
  • Abramovitz elege Fred Hirsch no desenvolvimento da primeira parte dessa proposição: uma elevação da renda provoca uma elevação, no mínimo proporcional, do preço do espaço. Hirsch argumenta que o aquecimento econômico sempre é acompanhado por um aumento da procura por maiores espaços, melhor localizados, elevando dessa forma os preços dos imóveis, tendo como consequência mais imediata urna anulação do aumento inicial na renda. 

O planeta está chegando num ponto cada vez mais crítico, observando-se que não pode ser mantida a lógica prevalecente de aumento constante do consumo.

  • A elevação do preço do tempo, por sua vez, é discutida por Stefan Linder que argumenta que, como ocorre com a função de produção, os consumidores agem pautados por um cálculo mental, onde combinam aquisições materiais e tempo de lazer, na proporção que produza uma maximização da satisfação. 
No entanto, uma elevação do nível geral de renda é sempre acompanhada por uma elevação da produtividade o que significa que em menor tempo o trabalhador passa a produzir um maior número de bens. O tempo do indivíduo passa então a valer proporcionalmente mais que os bens produzidos sobre a nova base técnica. 
  • Supondo-se uma distribuição equitativa do excedente econômico, um aumento da produtividade, que significa mudanças dos preços relativos do trabalho e dos bens, acarretaria uma realocação no consumo em favor dos bens materiais, mais baratos agora. Ocorre, portanto, uma elevação do consumo de bens em detrimento do consumo de tempo de lazer, devido à mudança dos preços relativos. 
Entretanto, a rotina do consumo de bens se toma cada vez mais chata e carente de estímulos ao passo que, as experiências e atividades que são repletas de estímulos - as artes, literatura, atividades esportivas, viagens, etc. - geralmente demandam muita preparação, treino e ativo envolvimento, ou seja, tempo. O preço mais baixo dos bens, por outro lado, nos seduz a um mais imediato, porém confortante hábito de satisfação: o consumo desenfreado. 
  • Visando suprir a carência de um nível superior de satisfação que poderia ser proporcionado por um maior consumo de tempo livre, consumo este desfavorecido pela tendência histórica de elevação do seu preço, o homem troca um sentimento mais intenso por pequenos relances momentâneos de prazer causados por rápidas trocas de bens, onde cada nova aquisição possui um grau de estímulo inferior à aquisição anterior. 
Essa proposição de aumento do preço do espaço e do tempo, atinge sua meta de justificar o paradoxo de Easterlin", na medida em que explica porque uma elevação do nível geral de renda não leva necessariamente a uma elevação do bem-estar social. Para enfatizar seu ponto de vista, Abramovitz finaliza sua argumentação com uma frase que sintetiza bem seu objetivo neste trabalho: 
" ... the "poor" cannot ever hope to li v e like the "rich", no matter how rich they become."(p.337) 
Esse assunto não poderia ser concluído sem a análise mais detida de um trabalho muito importante da literatura sobre "sociedade de consumo : 
"Frustraciones de la Riqueza: la satisfacción humana y la insatisfacción de consumidor", onde Scitovsky faz uma abordagem original, que perpassa o jogo do marketing e da propaganda na formação das necessidades da sociedade moderna. 
Tibor Scitovsky inicia seu trabalho criticando a classificação dos bens utilizada pelos economistas, argumentando que representa um instrumento de análise que toma opaca a relação que o homem ocidental trava com os bens materiais. A classificação entre bens de primeira necessidade e bens de luxo pressupõe uma relação que envolve apenas uma necessidade física, escondendo todo o simbolismo cultural e a relação psicológica que a aquisição de um bem representa em nossa sociedade. 
  • Essa classificação não distingue entre evitar a dor e a busca do prazer e, quando se infere as preferências do consumidor de seu comportamento no mercado, não se pode saber se este escolheu um bem para reduzir a sua dor ou incrementar seu prazer, distinção importante para a compreensão de uma sociedade que se caracteriza cada vez mais por sua afluência. 
A classificação proposta por Scitovsky foi extraída dos estudos da "Moderna Psicologia", que também usa classificar os bens, ou melhor, o significado que eles têm para as pessoas, em defensivos e criativos. Bens defensivos seriam os bens destinados a prevenir ou remediar as dores, enquanto os criativos seriam os bens que proporcionam ao homem alguma satisfação positiva. Essa classificação tem a vantagem de admitir que um mesmo bem pode servir às duas categorias e que há uma linha divisória muito tênue entre elas. 
  • Uma análise mais superficial tende a levar ao erro de demasiada simplificação desses conceitos, no sentido de se considerar que a demanda de bens defensivos seria facilmente saciável, na medida em que está associada com o evitar a dor; quando cessa o estímulo, cessa também a necessidade. No caso dos bens criativos, imagina~se que sua demanda não seja facilmente saciável, pois que o desejo de prazer nos parece insaciável 
No entanto, Scitovsky tem o objetivo de colocar mais critério nessa afirmação pois que a própria saciedade é um sentimento social e culturalmente construído. Toda sua argumentação vai passar por essa prova e a via escolhida por ele é a contínua transição dos bens em nossa sociedade, da categoria defensiva para a criativa. O homem tem a necessidade vital de pertencer a um grupo e precisa adquirir comportamentos que garantam sua aceitação. O consumo é a expressão mais marcante da sociedade capitalista, o demarcador de território social, o fator de identificação e de reconhecimento do eu social. 
"Pero el poder del precedente, de la costumbre, la moda, los movimientos de masas, testimonian la gran fuerza que tiene en el hombre el deseo de imitar y conformarse ai comportamiento del grupo al que pertenece o desea pertenecer. Mi interés por el comportamiento imitativo se limita al consumo de posición social, la parte de las compras del consumidor motivadas por su deseo de obtener y afirmar su calidad de miembro en la sociedad que lo rodea."(p.129).
A marginalização social em nossa sociedade se dá e se expressa, preferencialmente, pela exclusão do padrão de consumo da comunidade. Dessa maneira, a definição que cada sociedade dá à pobreza não deixa de ser uma "norma social de decência mínima" e está diretamente ligada ao estilo de vida com o qual esta se identifica; para o membro individual dessa sociedade, a adesão a esse estilo de vida é uma condição necessária para sua aceitação enquanto membro. 
  • O indivíduo, além de ser aceito, busca a distinção dentro da classe social ou de um grupo mais reduzido de "vizinhos". Da mesma maneira, o mecanismo de distinção social prevalecente é a renda auferida pelo indivíduo que, supostamente, expressa o valor que a sociedade atribui a seus serviços. 
No entanto, esse símbolo necessita tomar-se público e o faz através da adoção de um padrão de gasto. Se considerarmos que o ordenamento social não é estático e que os movimentos que ocorrem em seu interior resultam em um jogo de soma zero, no sentido de que quando alguém eleva sua posição social, necessariamente alguém precisa ter decaído, fica então claro que não há um limite para o aumento competitivo do consumo conspícuo dos participantes deste jogo, tomados em seu conjunto dentro da sociedade. 


Para finalizar sua exposição lógica, Scitovsky vai se utilizar de um outro argumento, também fortemente baseado na Psicologia, para a explicação dos "bens posicionais". É a transformação de nosso padrão de consumo em hábito, no sentido literal da palavra e, corno tal, a grande dificuldade de abandoná-lo. 
"Presumiblernente adoptamos algunas de estas comodidades porque contribuían a nuestro bienestar; en otros casos, quizá experimentamos por primera vez las comodidades imitando los hábitos de consumo de otras personas o por mera curiosidad y luego nos habituamos a ellas; ahora continuamos con todas estas comodidades, no tanto por la satisfacción que generam, como para evitar el dolor de renunciar a un hábito o interrumpirlo." (p.138).
Na realidade, esse hábito pode ser traduzido por um sentimento de adicção. Os psicólogos vêm considerando a adição como um fenômeno psicológico quase universal, presente na maioria dos atos conscientes e inconscientes humanos deixando, dessa forma, de ser considerado uma patologia em toda sua gradação. Scitovsky percebe no consumo conspícuo uma adição social que impele a sociedade a um comportamento repetitivo e desprovido de "objeto", de um sentido lógico. Para o autor o desejo do consumidor de drogas não é qualitativamente distinto do desejo de uma pessoa comum continuar consumindo o que, e no ritmo que, habitualmente costuma. 
"Después de algún tiempo, la posición social cesa de producir satisfacción porque se da por sentada, pero su pérdida puede causar gran dolor. El esfuerzo de la gente por mantener su posición social parece explicarse mejor por su deseo de evitar el dolor de los sintomas de retiro que por sudeseo de alguna satisfacción positiva."(p.145)

O consumo consciente virou moda, assim como falar em sustentabilidade ,termo que possui suas belezas, apesar de estar um pouco desgastado.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A Economia e o Meio Ambiente

Sacolas Retornáveis

  • A data foi criada em um encontro, a fim de tratar de assuntos ambientais que englobam o planeta, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 1972. 
O século XX é marcado pela ocorrência de grandes catástrofes ecológicas e pelo reconhecimento social do poder destruidor do homem. Os problemas ambientais são, reconhecidamente, frutos da forma de expansão da sociedade contemporânea, que se guia por urna racionalidade que desconsidera qualquer barreira não econômica à expansão material, como é o caso do limite imposto pelo desgaste do meio-ambiente. 
  • O esgotamento dos recursos não-renováveis e a ameaça constante à capacidade do meio de assimilação da poluição são consequências do uso intensivo dos recursos naturais na produção capitalista. A relação do homem ocidental com o meio-ambiente tem trazido desequilíbrios visíveis e ameaças iminentes de catástrofes ecológicas irreparáveis. 
A degradação da camada de ozônio, o aquecimento do globo terrestre e o empasse trazido pela enorme produção de lixo de nossa sociedade são exemplos de fenômenos que representam uma verdadeira ameaça para a continuidade da vida terrestre num padrão saudável e harmonioso de sobrevivência. 
  • O estudo desses fenômenos, no entanto, têm causado enormes controvérsias nos meios acadêmicos e científicos quanto a seus riscos reais, as amplitudes de suas consequências e os processos causais que levam a seu aparecimento. Uma das poucas certezas com relação a esses fenômenos se refere ao caráter global de seus efeitos e causas, exigindo, dessa maneira, soluções e padrões de enfrentamento que envolvam todas as sociedades. 
Uma ação coordenada globalmente, no entanto, representa um grande desafio para o mundo moderno. Não apenas por causa das diferenças culturais e desigualdades econômicas, mas porque toda a lógica da sociedade moderna, suas formulações científicas e seus instrumentos institucionais, se guiam por uma racionalidade imediatista e utilitarista que são incompatíveis com a natureza e as exigências da crise ambiental enfrentada atualmente. 
  • Através do estudo da incorporação do meio ambiente à estrutura de pensamento da Economia, como a lógica utilitarista, que invade e submete toda a formulação do conhecimento na sociedade moderna, acaba por conformar pressupostos científicos insensíveis ao grau de urgência das questões ambientais e, dessa forma, padrões de enfrentamento que negligenciam tal urgência. 
Através dessa discussão, constata-se que o padrão decisório e a imputação de responsabilidades que conformam essa racionalidade são incompatíveis com a nova realidade enfrentada pela sociedade, que se percebe cada vez mais afrontada pelos riscos colocados pela crise ambiental. 
  • O Princípio de Precaução, conceito nascido no campo do direito, vem sendo densamente discutido e conclamado nos meios acadêmicos como o novo princípio que deveria nortear as mudanças institucionais e as decisões, sobre a racionalidade moderna, quando as questões tratadas envolvem alto grau de incerteza e danos irreversíveis. Esse novo conceito tenta dar uma noção do estado em que se encontra essa discussão no campo das ciências humanas. 
Aqui, pretende-se indicar os temas mais relevante para uma discussão mais realista e profunda das causas dos problemas ambientais que nossa sociedade vem presenciando. Discussões assim tão complexas pretende demonstrar a interdisciplinariedade que envolve um entendimento real da relação do homem moderno com o meio-ambiente.

A Madeira Reciclada

Economia e Meio Ambiente: 
  • A definição de meio-ambiente, assim como a destruição que vem sofrendo, podem ser vistas de diversas formas, dependendo da área do conhecimento humano que a enfoca. 
Vem ocorrendo, no entanto, uma tendência geral de atrelar o conceito de meio-ambiente ao de qualidade de vida. A expansão material e espacial da sociedade moderna tem degradado e desrespeitado constantemente o ambiente, constituindo assim um espaço fisico cada vez mais hostil à saúde, aos sentidos humanos e dos demais seres que coabitam conosco. 
  • Podemos tomar como exemplo dessa ênfase na qualidade de vida as críticas recorrentes a poluição sonora e visual dos grandes centros urbanos, resultado desse padrão de expansão econômica, que afetam os sentidos e interferem negativamente no estado emocional do homem, comprometendo a qualidade de vida e tornando o convívio social muito estressante. 
No entanto, este enfoque é o cenário ambiental e salientará os danos ambientais trazidos especificamente pela rápida expansão da extração de recursos naturais e a crescente pressão sobre a capacidade de assimilação do meio. O esgotamento de recursos naturais não renováveis e a poluição crescente do meio são fatores que podem comprometer, de urna forma mais imediata e letal, a continuidade da vida humana na Terra. 
  • Essa essencialidade com que a questão ambiental se reveste obriga o seu reconhecimento como objeto de estudo das Ciências Econômicas. O que não poderia deixar de ser, dado que é sobretudo no entendimento das relações de reprodução e acumulação econômicas, e na racionalidade embutida nesse processo, que desvenda-se a relação da sociedade moderna com o meio-ambiente. 
A primeira questão perturbadora que se coloca nessa análise é se o crescimento econômico, regido pela racionalidade da acumulação capitalista, é compatível com a convivência harmoniosa do homem com o meio. Dessa forma, a idéia de existir um trade-off entre crescimento econômico e meio-ambiente que, levado ao extremo, poderia significar a existência de um limite absoluto ao crescimento, passa a assombrar as mentes de muitos economistas. 
  • A incorporação do meio-ambiente às preocupações e ao vocabulário da Economia, enquanto ciência, é feita por meio da incorporação a modelos econômicos pré-existentes. O primeiro grupo de teóricos que obtém sucesso na sistematização de respostas econômicas a problemas ambientais são os denominados economistas ambientais neoclássicos. 
A visão desse grupo de economistas pode ser sintetizada na chamada "curva de kuznets ambiental" que diz que a elevação da renda e da atividade econômica é acompanhada por uma elevação proporcional do nível de poluição até que seja atingido determinado nível de renda onde, a despeito da elevação continuada da renda, o nível de poluição passaria a declinar. 
  • Os autores reconhecem que a degradação do meio-ambiente é uma característica intrínseca ao processo de crescimento econômico. No entanto, a partir de certo nível de renda, onde é atingido um grau elevado de bem-estar e conforto material, as pessoas se dispõem a dispender partes cada vez maiores de sua renda em troca de um meio ambiente mais saudável. 
O próprio mecanismo de mercado, as livres forças de oferta e demanda, sinalizariam as variações na valoração desses 11 bens ambientais" e induziriam as mudanças institucionais e tecnológicas necessárias para o enfrentamento da crescente escassez desses bens e serviços, por meio da substituição de recursos escassos por recursos mais abundantes e da introdução de novas técnicas e processos menos poluentes. 
  • No entanto, ressalvam esses economistas, que em se tratando de bens ambientais como o ar, a água, ciclos bioquímicos globais de sustentação da vida, capacidade de assimilação de rejeitas, paisagem, etc, esses mecanismos de mercado falham (Romeiro, 1999). 
Isso ocorre porque esses tipos de bens não possuem mercados específicos de transação; são denominados pela nomenclatura econômica de bens públicos e caracterizados pela ocorrência de dissociação entre os custos sociais e individuais das transações que os envolvem (as externalidades de mercado). "Para corrigir essas falhas é necessário intervir para que a disposição à pagar por esses bens possa se expressar à medida em que sua escassez aumenta." (idem) 
  • Medidas como a distribuição de direitos de propriedade sobre esses bens ambientais, ou a cobrança de taxas que imputem artificialmente o custo social das transações envolvidas, seriam soluções teóricas possíveis para o restabelecimento do equilíbrio nesse mercado, ao mesmo tempo, encerram a vantagem, na visão neoclássica, de não afetar a livre alocação de recursos e, dessa forma, a eficiência econômica. 
Essa linha de pensamento neoclássica enfrenta a insurgência de críticas isoladas, de várias naturezas, mas que aos poucos ganham coerência e passam a integrar uma linha de pensamento que convencionou-se chamar economia ecológica. Os vários autores dessa corrente possuem como elo de  identificação a defesa de um "desenvolvimento sustentável" pautado em uma opção "quase moral" da sociedade, que perpasse as instituições econômicas e a lógica que as compõem. 
  • As proposições dos economistas ecológicos visam mostrar a insuficiência dos mecanismos de mercado no enquadramento da crise ambiental e, mais que isso, mostrar que somente mudanças de rumo da civilização ocidental, no que tange a sua ética, sua racionalidade e estilo de vida, podem nos poupar de uma catástrofe ecológica irreversível. 
A primeira crítica importante feita pelos economistas ecológicos se refere à formação de preço no mercado que, ao contrário do que prega a análise neoclássica, não se guia pela escassez relativa dos bens e sim pelo grau de dificuldade de sua produção, o que não levaria, necessariamente, à formação de um nível de preço favorável ao reequilíbrio ambiental, já que o avanço tecnológico torna os custos de extração e elaboração de matérias primas muito baratos. Essa crítica se reporta mais diretamente ao otimismo neoclássico quanto à auto-regulação no mercado de bens ambientais (renováveis ou não), transacionáveis em mercado. 
  • Uma segunda questão que se coloca, que também abala esse otimismo, se refere ao conceito de ''ponto ótimo de poluição". Com esse conceito os economistas ambientais se reportam à variações marginais no nível de poluição que tenderiam à um ponto onde o custo de degradação do meio se igualaria ao custo de controle desta. 
A inadequação dos mecanismos de mercado à incorporação do meto ambiente também é discutida pelos economistas ecológicos no nível das variáveis econômicas de mensuração. Esses autores chamam a atenção sobretudo para os índices de crescimento que desconsideram totalmente o efeito da atividade econômica sobre o meio-ambiente. 
  • Um exemplo clássico utilizado é a variável macroeconômica do produto nacional bruto (PNB) que se eleva quando, por exemplo, há um aumento do consumo de remédios ou da fabricação de papel desconsiderando, dessa forma, que tais fatos espelham o aumento de doenças (muitas vezes causadas pelo próprio ritmo e natureza do processo de produção capitalista) ou se significam, no caso de algumas indústrias de papel e celulose, um aumento do desmatamento irracional de grandes áreas verdes. 
A adoção de metas práticas que visem o desenvolvimento sustentável estigma, portanto, a confecção de "índices verdes" que levem em conta os contra-efeitos da produção na mensuração do crescimento econômico alcançado por uma sociedade. A idealização de um IDS (índice de desenvolvimento sustentável) também teria a função de um instrumento ideológico, e pedagógico, na luta pela conscientização ambiental. 
  • Retomando a argumentação neoclássica, verificamos a importância atribuída às variáveis de mercado na indicação de mudanças de trajetórias técnico-científicas e a influência dessas mudanças nos padrões de produção e consumo. Corrigidas as falhas de mercado que rondam alguns bens ambientais, as variações dos preços de mercado seriam uma medida fidedigna de escassez relativa desses bens guiando, dessa maneira, inovações científicas compatíveis com a demanda de um meio-ambiente mais saudável. 
É notável a importância que os neoclássicos atribuem ao progresso técnico-científico na evolução social e econômica da sociedade, tomando por pressuposto, como herança do Iluminismo, urna tendência de progresso nas evoluções tecnológicas que apontariam para esse equilíbrio social. 
  • Essa crença, aliada à fé na razão e na superioridade da organização das sociedades ocidentais, caracteriza o pensamento moderno e rege as correntes de pensamento predominantes, não só na Economia, mas em todas as ciências. Esse otimismo tecnológico também é objeto de crítica de alguns autores da linha menos ortodoxa da Economia, que apontam a característica "path dependence" da evolução tecno-científica e o papel reflexivo que o conhecimento detém na sociedade moderna. 
A primeira característica se refere ao fato do progresso tecnológico estar preso a uma trajetória científica, eleita dentre várias alternativas iniciais, e que delineia toda a cadeia de relações econômicas posteriores, tomando as mudanças de trajetórias científicas muito mais complexas do que pressupõem os ortodoxos. 
  • A crítica mais direta é que além da dificuldade maior, representada por uma mudança da base tecnológica atual, dado que necessitaria de transformações drásticas em todo sistema de valores que guiam as instituições modernas, o tempo requerido para a readaptação técnico-científica está longe da instantaneidade que pretende os modelos econômicos dos ambientais neoclássicos. 
Qualquer redirecionamento tecnológico enfrenta grande resistência da sociedade por implicar numa reorganização geral das relações econômicas, significando certamente o sucateamento de muitos processos produtivos, que se traduz em perdas de enormes vultos de capital 
  • A crítica dos economistas heterodoxos está embasada em uma visão de que a ciência, longe de ser neutra em suas "escolhas" tecnológicas, é influenciada e co-evolui com as instituições e a cultura. Existe uma reflexividade na formação do conhecimento moderno que, em sua pretensão de explicar e sistematizar os fenômenos sociais e naturais, acaba por influenciá-los, ao mesmo tempo em que é influenciado por eles. Em outras palavras, o conhecimento transforma e é transformado por seu objeto. 
Na realidade, esse conjunto de críticas põe em dúvida os princípios que estão por traz do otimismo tecnológico neoclássico: a instantaneidade temporal e a reversibilidade total dos fenômenos. Sob a visão eco-desenvolvimentista de meio-ambiente esses pressupostos se tornam extremamente simplificados, irreais e insuficientes ao tratamento da questão ambiental. 
  • O meio-ambiente é visto como uma cadeia de relações extremamente complexas, compondo um sistema de equilíbrio múltiplo onde não se pode prever os resultados finais de alterações em qualquer um de seus elementos. Dessa maneira, é acentuado o ambiente de incerteza que cerca as questões ecológicas através do caráter de irreversibilidade de que muitas se cercam. 
Em relação à questão da irreversibilidade, a visão crítica se baseia em uma lei física, denominada a Lei da Termodinâmica, que afirma que os materiais apresentam uma tendência natural de perda de energia. Em termos práticos, isso significa que existiria um limite de reciclagem dos materiais: depois de um certo número de reciclagens, o material começa a perder suas propriedades e, dessa forma, sua utilidade inicial. 
  • Esse argumento também nos remete de volta à questão da incompatibilidade entre crescimento e meio ambiente. De acordo com essa lei física, mesmo que houvesse avanços tecnológicos que poupassem e substituíssem recursos, não eliminaria o fato de estarmos sob um estoque finito de materiais, o que claramente evidencia a inviabilidade do padrão de consumo atual. Já é consenso entre todos os estudiosos que um desenvolvimento econômico ecologicamente sustentável tem de passar necessariamente por uma mudança na natureza e no volume do padrão de consumo material. 
Os países desenvolvidos têm um papel muito importante nessa mudança porque seu modelo de desenvolvimento e de consumo é tomado como padrão mundial e emulado pelas demais nações. Não é difícil imaginar a catástrofe ambiental que ocorreria caso o padrão de consumo americano ou europeu fosse generalizado por todo o globo terrestre. 
  • A despeito da evidência desse fato, notamos grande propaganda e incentivo a esse estilo de vida que, regidos por uma visão utilitarista e economicista, usam como mote a correlação entre felicidade e bem-estar a um alto nível de consumo material. O consumo conspícuo configura-se como uma característica muito importante da sociedade moderna e, ao mesmo tempo, uma fonte muito importante dos principais problemas societários enfrentados por ela. 
A economia de combustível não traz somente benefícios financeiros para as empresas de transporte. Ao reduzir a queima de diesel, reduzem-se também as emissões de dióxido de carbono (CO2) – o principal gás causador do efeito estufa – na atmosfera. Assim, toda ação que promova um menor consumo de combustível também resultará em menos impacto no meio ambiente.

Banco Mundial analisa impacto da expansão das estradas brasileiras 
na economia e meio ambiente

domingo, 28 de setembro de 2014

Processos Químicos e de Produção do Biodesel

Processos Químicos e de Produção do Biodiesel

  • A Lei No 11.097, de 13 de Janeiro de 2005, que introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira, define este combustível como sendo renovável e biodegradável, para motores à combustão interna com ignição por compressão, derivado de óleos vegetais ou de gorduras animais, que pode substituir parcial ou totalmente o óleo diesel de origem fóssil. Pode ser usado em motores ciclo diesel, na sua forma pura ou misturado com diesel de petróleo, em diversas proporções, sem a necessidade de qualquer modificação nos motores. 
A fonte energética mundial está embasada em combustíveis fósseis, desde a revolução industrial, no século XIX. Primeiramente, foi usado o carvão mineral e, posteriormente, o petróleo. Algumas desvantagens do uso desses combustíveis são a sua concentração em poucas e conturbadas regiões do planeta, a tendência ao esgotamento nas próximas décadas e a emissão de gases poluentes.
  • Para evitar grandes desastres ambientais, torna-se urgente a redução da emissão de poluentes, o que já é uma meta de dirigentes políticos e representantes de entidades ambientalistas e humanitárias. Além disso, fatores econômicos e sociais têm motivado a busca e o desenvolvimento de combustíveis alternativos, apresentando-se o uso de biomassa (vegetais e seus produtos e subprodutos) como uma das possibilidades mais promissoras.
Assim, a utilização de recursos renováveis, ou seja, que possam ser produzidos de acordo com as necessidades, como são os vegetais, é uma alternativa para a produção de combustíveis. Nesse contexto, a produção de combustível a partir de óleos vegetais e gorduras animais, além de materiais residuais como óleos usados em frituras ou borras obtidas no processo de refino de óleos e gorduras, ou seja, o biodiesel, consiste em uma forma de reduzir a emissão de poluentes, promover benefícios econômicos e sociais para os povos, e diminuir a dependência de derivados do petróleo.
  • Para o Brasil, a produção de biodiesel é uma oportunidade tecnológica e estratégica que permite crescimento econômico em vários sentidos. O setor agropecuário é o segundo maior gerador de empregos no país, atingindo outros setores por seus efeitos multiplicadores. O projeto de produção de biodiesel torna-se ainda mais importante quando visa a utilização de culturas com importância regional, para extração do óleo, como mamona, dendê e pequi, o que promoverá o desenvolvimento das regiões produtoras.
Com o objetivo de apresentar a tecnologia de produção de biodiesel, por meio do método de craqueamento desenvolvido pela equipe de estudantes e professores do Laboratório de Materiais e Combustíveis, do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB), mostrando em detalhes como ocorre o processo de craqueamento de óleos, quais são os componentes da micro usina de processamento, suas funções e como operá-la, o CPT – Centro de Produções Técnicas elaborou o curso “Produção de Biodiesel na Fazenda”.
  •  No mesmo você receberá informações do professor Paulo Anselmo Ziani Suarez, engenheiro químico, Doutor em ciências dos materiais da UnB e coordenador do projeto para produção de biocombustível a partir de óleos vegetais do Laboratório de Materiais e Combustíveis da UnB.
Após fazer o curso e ser aprovado na avaliação, o aluno recebe um certificado de conclusão emitido pela UOV – Universidade On-line de Viçosa, filiada mantenedora da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância.
  • Atualmente, o custo do biodiesel pode ser elevado se comparado ao do óleo diesel mineral. Mas, no longo prazo, com a produção de oleaginosas em grande escala, os custos podem ser reduzidos, enquanto a expectativa é de um aumento na cotação do petróleo, principalmente pelo esgotamento das reservas. Assim, com o tempo, o biodiesel se tornará mais viável economicamente.
A produção de biodiesel pelo craqueamento apresenta-se como uma excelente alternativa para utilização em propriedades agrícolas, em regiões isoladas, principalmente porque o craqueamento é um processo bastante simples, não necessitando da adição de outros materiais, como álcool, para que ocorra o processo. Além disso, a micro usina é uma estrutura relativamente de baixo custo e permite a produção em pequena escala, com volume de produção diária de 500 litros de diesel. Dessa forma, o agricultor ou pequenas comunidades, também podem produzir combustível para uso próprio.
  • Na atualidade, a preocupação pelas questões ambientais, o aumento do preço do petróleo e a possibilidade de seu esgotamento no futuro, tem criado um crescente interesse na busca de novas fontes alternativas de energia limpa e segura, que permitam substituir total ou parcialmente os combustíveis fósseis. É por esse motivo que a produção de biodiesel a partir de óleos vegetais é uma tecnologia que tem sido desenvolvida com o objetivo de reduzir a dependência do petróleo e viabilizar o desenvolvimento sustentável. 
Os óleos vegetais, tais como óleo de soja, de amendoim, de algodão, de mamona, etc., são as matérias-primas principais na produção de biodiesel, sendo um recurso renovável de origem agrícola ou florestal, gerando assim vantagens nos aspectos ambientais, sociais e econômicos no uso energético dos óleos vegetais. Dentre os óleos vegetais, o óleo de soja ocupa uma posição destacada no Brasil adquirindo maior importância sobre os demais por ser o óleo com maior produção e consumo nacional.
  • A fim de melhorar as operações de produção e de separação do biodiesel, o conhecimento do equilíbrio químico e de fases das substâncias que compõem o meio reacional do biodiesel é de essencial importância, visto que a falta de tais conhecimentos pode levar a seleção inadequada das condições de reação e separação, ocasionando dessa forma fases heterogêneas, dificultando o contato entre os componentes do meio reacional e, portanto, aumentando resistências na transferência de massa, o que acarreta uma baixa conversão da reação. 
Por outro lado, após a reação no processo de separação do biodiesel pode-se apresentar dificuldade se não se tem um conhecimento prévio do comportamento das fases presentes no sistema. 
  • É por isso que existe uma necessidade de utilizar simuladores de processos que sejam capazes de predizer de forma confiável e eficiente a conversão máxima que pode ser alcançada em uma determinada reação e o número correto das fases que existirão no equilíbrio, assim como a composição das fases.
A predição do equilíbrio químico e de fases pode ser formulada de duas formas diferentes: a primeira é considerada em dois estágios, que envolvem primeiramente a resolução de um sistema de equações, geralmente não-linear, que resulta do balanço de massa e das condições de equilíbrio de fase, e um segundo estágio, onde faz-se um análise de estabilidade de fases para determinar se o número de fases está correto, visto que inicialmente não se conhece o número de fases presentes no equilíbrio; a segunda forma consiste na minimização de um potencial termodinâmico adequado ao problema de interesse (minimização da energia de Helmolthz ou da energia de Gibbs). 
  • Esta última abordagem apresenta uma vantagem sobre a primeira, pois o equilíbrio químico e de fases é resolvido em uma única etapa, já que não é necessário supor inicialmente um número de fases, apenas permitir um número potencial de fases, e se uma dada fase não existir, o número de mols dessa fase será zero, ou haverá fases com composições e propriedades idênticas em todos os componentes, o que é equivalente a uma única fase.
Dessa forma, tem-se a finalidade calcular o equilíbrio químico e de fases do sistema reacional do biodiesel, através da minimização do potencial químico, em que a energia de Gibbs é a principal função termodinâmica de interesse, porque descreve o equilíbrio em condições de temperatura e pressão constantes. 
  • Assim, o problema foi formulado como um problema de otimização e, para a sua resolução, foi empregada a programação não-linear com ajuda da ferramenta computacional GAMS (Generic Algebraic Model System).
Devido à natureza complexa das misturas de compostos graxos onde se encontra o biodiesel, é necessária uma boa escolha dos modelos termodinâmicos para sua representação no equilíbrio de fases, de modo que foram selecionados os modelos NRTL, UNIQUAC e UNIFAC para serem usados juntamente com a minimização da energia de Gibbs. Esses modelos são os mais adequados para representar os sistemas contendo fases líquidas a baixa pressão, que são as condições adotadas nesta pesquisa. 
  • Daí, o uso de parâmetros de interação de modelos termodinâmicos de qualidade é determinante para a obtenção da solução com significado físico.
Em muitos casos não é possível realizar o cálculo do equilíbrio químico e de fases, devido à escassez de parâmetros de interação entre as substâncias estudadas, pelo que a estimação de bons parâmetros de interação desses modelos é um tópico de grande relevância no estudo do equilíbrio de fases. Os parâmetros de modelos termodinâmicos são usualmente calculados a partir da minimização de uma função objetivo, que utiliza os dados experimentais de sistemas binários ou ternários em equilíbrio líquido-vapor ou líquido-líquido. 
  • Frequentemente, isto requer a resolução de um problema de otimização não-linear e geralmente não convexo, pelo que requerem-se técnicas robustas de otimização para a estimação de tais parâmetros. 
Dentre os métodos mais utilizados para a formulação da função objetivo, destacam-se os métodos de mínimos quadrados e de máxima verossimilhança. Assim, os métodos de estimação de parâmetros baseados no princípio da máxima verossimilhança em conjunto com os métodos de minimização da energia de Gibbs, permitem descrever o comportamento das fases no equilíbrio. 
  • Por esse motivo, optou-se pela determinação dos parâmetros de interação dos modelos termodinâmicos utilizados para a representação da fase líquida dos componentes de interesse, devido à falta de disponibilidade desses parâmetros na literatura.
Aspectos gerais do Biodiesel: 
  • A definição que tem sido encontrada na literatura de biodiesel concorda que, quimicamente, pode ser definido como um combustível alternativo constituído por ésteres alquílicos de ácidos carboxílicos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis, como óleos vegetais, gorduras animais e/ou residuais, cuja utilização está associada à substituição de combustíveis fósseis em motores de ignição por compressão.
A possibilidade do uso de óleos naturais como agentes de produção de energia apareceu pela primeira vez com a invenção de motores de combustão interna por Rudolf Diesel na década de 1890. Foi tanta a importância desse descobrimento que sua patente expandiu-se por toda Europa, sendo aplicada por primeira vez em 1895 nos Estados Unidos (DIESEL, 1898), mas só depois da crise mundial do petróleo na década de 1970 o uso dos óleos para a produção de biocombustíveis alcançou forte relevância, o que gerou um renovado interesse pelos combustíveis alternativos (VAN GERPEN, 2005).
  • Atualmente, a produção de biodiesel tem sido objeto de estudo em diversos países, devido ao fato de que a maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do petróleo, do carvão e do gás natural. Essas fontes são limitadas e com previsão de esgotamento no futuro (FERRARI et al., 2005). 
O Brasil é um dos países mais comprometidos com o desenvolvimento do biodiesel, sendo o terceiro produtor de biodiesel no mundo (USDA, 2011), pois este biocombustível proporciona benefícios ambientais e financeiros, trazendo vantagens em relação à emissão de gases poluentes (NOx e enxofre) e aumentando o segmento econômico da agricultura do Brasil (POUSA et al., 2007).
  • É importante notar, que o mérito do biodiesel como uma alternativa ao diesel mineral, é que este combustível é não-tóxico, biodegradável, produzido internamente e de fonte renovável, e suas propriedades variam um pouco dependendo da matéria-prima e do tipo de álcool utilizado (MITTELBACH et al., 1992 ; PETERSON et al., 1997).
Fontes de Obtenção do Biodiesel:
  • As fontes de matéria prima para produção de biodiesel podem ser bastante diversificadas; entre as mais típicas têm-se os óleos vegetais e gorduras animais, que são constituídos por triacilgliceróis, cuja composição é aproximadamente de 90% a 98% do óleo (BOBBIO, 1992; SRIVASTAVA e PRASAD, 2000). Além dos triacilgliceróis, os óleos e gorduras contêm pequenas quantidades de outros componentes, como ácidos graxos livres, mono e diacilgliceróis, fosfatídeos, álcoois, hidrocarbonetos e vitaminas (SONNTAG, 1979). 
Esses componentes representam menos de 5% em óleos brutos, e menos de 2% após o refino; é por isso que os óleos vegetais refinados podem ser representados hipoteticamente como uma mistura de triacilgliceróis para fins de cálculos (MORETTO e FETT, 1998).Os triacilgliceróis são ésteres de ácidos carboxílicos esterificados com o glicerol, que podem ser iguais ou diferentes (triacilglicerol simples ou misto).
  • Os triacilgliceróis que possuem altas proporções de ácidos graxos saturados têm pontos de fusão elevados e são sólidos a temperatura ambiente; esses triacilgliceróis conformam as denominadas gorduras. Por outro lado, os óleos estão conformados por triacilgliceróis constituídos majoritariamente por ácidos graxos insaturados ou poli-insaturados, tendo pontos de fusão muito baixos (BOBBIO, 1992). 
Os ácidos graxos presentes nos óleos vegetais variam no comprimento de cadeia de carbono e apresentam diferentes graus de insaturação. Os óleos vegetais constituem a maior fonte de matéria prima para a produção de biodiesel, devido à sua alta disponibilidade. 
  • O Brasil é um país que, por sua extensa área geográfica e seu clima tropical, favorece uma ampla diversidade de espécies vegetais oleaginosas, as quais podem servir como fonte de matéria prima para a produção de biodiesel; destacam-se dentre as principais matérias primas consideradas para o biodiesel as oleaginosas como o algodão, amendoim, dendê, girassol, mamona, pinhão manso e soja (SEBRAE, 2011). 
O óleo de soja ocupa uma posição mais destacada para a produção do biodiesel no Brasil, por apresentar uma produção média anual de cerca de sete milhões de toneladas em 2010, adquirindo maior importância sobre os demais por ser o óleo com maior produção e consumo nacional (ABIOVE, 2011).
  • A soja é amplamente cultivada em vários países do mundo. Os principais produtores mundiais são os Estados Unidos, o Brasil, a Argentina e a China. No Brasil, as principais áreas produtoras estão nas regiões do Sul, Sudeste e Centro-oeste do País. Os Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e de Goiás são os principais produtores de soja do Brasil (FERRARI et al., 2005).
A maior parte do biodiesel atualmente produzido no mundo deriva-se do óleo de soja, utilizando metanol e catalisador alcalino (CANAKCI e VAN GERPEN, 2001); porém, todos os óleos vegetais, enquadrados na categoria de óleos fixos ou triacilgliceróis, podem ser transformados em biodiesel. Cerca de 99% dos triacilgliceróis presentes no óleo de soja são compostos pelos ácidos graxos: esteárico, linoléico, palmítico, oléico e linolênico. 
  • Não obstante, a utilização de um óleo em particular para produção de biodiesel depende de vários fatores, como disponibilidade local, viabilidade econômica, propriedades de armazenamento e seu desempenho como combustível (KNOTHE et al., 2006). Desta forma, os países que mais produzem um óleo em particular, são os que o usam como matéria prima para produção de biodiesel (BAJPAI e TYAGI, 2006).

A Petrobras e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte inauguraram, na cidade de Extremoz (RN), nesta terça-feira (03/04), planta piloto para cultivo de microalgas para produção de biodiesel.

Processos de Produção de Biodiesel:
  • Na produção do biodiesel são empregados diferentes processos, entre os quais têm-se: craqueamento térmico, microemulsificação, esterificação e transesterificação. Dentre esses, a transesterificação é o processo mais empregado industrialmente e será um conceito muito importante para o desenvolvimento deste trabalho. 
Este processo é composto de diferentes etapas como a preparação da matéria-prima, a reação de transesterificação, a separação de fases, a recuperação e desidratação do álcool e, por último, a purificação do biodiesel e a destilação da glicerina.

Reação de Transesterificação:
  • A transesterificação, também chamada alcoólise, é a reação química dos triacilgliceróis com álcoois para produzir ésteres metílicos ou etílicos (biodiesel) dependendo do tipo de álcool utilizado, e glicerol como subproduto. 
Um catalisador é normalmente usado para melhorar a taxa de reação e o rendimento. A reação requer excesso de álcool para aumentar a eficiência do processo de transesterificação (MEHER et al., 2006; RAMADHAS et al., 2005). 
  • A reação da transesterificação é normalmente um processo de uma sequência de três etapas, as quais são reações reversíveis, em que os triacilgliceróis são convertidos passo a passo em diacilgliceróis, monoacilgliceróis, e finalmente em glicerol.
A reação de transesterificação alcalina é bastante sensível a vários parâmetros, de modo que será incompleta, ou o rendimento será reduzido de forma significativa, se determinados parâmetros não são otimizados. Esses parâmetros incluem a quantidade de ácidos graxos livres, teor de água, razão molar de álcool:óleo, temperatura de reação, concentração do catalisador e tempo de agitação. 
  • Cada parâmetro é muito importante para obter um biodiesel de alta qualidade que atenda às normas regulamentares estabelecidas (SHARMA e SINGH, 2009). 
Mesmo assim, devido aos efeitos individuais e de interação existentes entre esses fatores que influenciam no rendimento da reação, é difícil encontrar as condições ótimas para obtenção de um rendimento máximo em ésteres (RAMAMURTHI et al., 1991).
  • Devido ao caráter reversível da reação, é usado um excesso de agente transesterificante (álcool primário) para aumentar a conversão da reação em ésteres e permitir a formação de uma fase separada de glicerol (NOUREDDINI e MEDIKONDURU, 1997). 
Porém, as baixas conversões podem ser devido à solubilidade limitada do óleo no álcool pela diferença de densidade destes compostos. Igualmente, para que resulte uma transesterificação satisfatória, os óleos devem possuir baixo teor de ácidos graxos livres, pois esses ácidos graxos podem reagir com o catalisador alcalino durante o processo de transesterificação, formando produtos saponificados, diminuindo a eficiência de conversão (DORADO et al., 2002).
  • Uma importante variável que afeta o rendimento de éster é a razão molar óleo:álcool. A estequiometria da reação requer três mols de álcool para cada mol de triacilglicerol, para obter três mols de éster e um mol de glicerol. 
Desse modo, se razões molares acima do valor ótimo são usadas, não melhorará o rendimento da reação; pelo contrário, dificultar-se-á a recuperação dos produtos (ésteres e glicerina), aumentando os custos do processo na recuperação do álcool (NÍVEA, 2006; FREEDMAN et al., 1984). 
  • Uma razão óleo :álcool usada com bastante frequência por alguns pesquisadores é de 10:1, embora uma ótima razão molar pode variar de 6:1-13:1 (SHARMA et al., 2008). No entanto, na atualidade, a razão molar comumente empregada para a transesterificação de óleos vegetais é de 6:1 para transesterificação ácida, e 9:1 para transesterificação alcalina; contudo, a razão molar ideal tem mostrado que varia um pouco dependendo do tipo de óleo e de sua acidez (SHARMA e SINGH, 2009). 
Razões elevadas de óleo:álcool somente são necessárias quando a reação é levada a cabo em condições supercríticas (MADRAS et al., 2004).
  • Outro parâmetro importante que influi na reação de transesterificação é o tipo de catalisador, pois a eficiência da reação depende da quantidade de catalisador empregada; assim,uma quantidade muito pequena de catalisador provocaria reação incompleta, enquanto uma quantidade elevada provocaria a formação de sabão (SHARMA e SINGH, 2009). 
A maioria dos catalisadores podem ser de caráter ácido (ácido clorídrico, ácido sulfúrico e trifluoreto de boro) ou alcalino (metóxido de sódio, hidróxido de potássio e hidróxido de sódio). O ácido sulfúrico é o catalisador comumente utilizado durante a transesterificação ácida, enquanto o hidróxido de sódio e o hidróxido de potássio são os catalisadores mais utilizados para a transesterificação alcalina (SHARMA et al., 2008). 
  • Cada catalisador possui sua capacidade catalítica e sua limitação (LIU, 1994). Além disso, os catalisadores ácidos são lentos em comparação aos catalisadores básicos (GERPEN, 2005); em consequência disso, estes últimos comercialmente são mais utilizados, até por serem menos corrosivos para os equipamentos industriais (FREEDMAN e PRYDE, 1982).
Os catalisadores podem ser tanto heterogêneos quanto homogêneos; os catalisadores homogêneos têm sido usados a um nível industrial para a produção de biodiesel; no entanto, têm algumas desvantagens na sua aplicação. 
  • Esses catalisadores devem ser removidos do produto final com repetidas lavagens de água destilada, que dão origem à geração de águas residuais. Por isso, os catalisadores heterogêneos têm sido utilizados para superar essas desvantagens, já que podem ser separados da mistura de reação e serem reutilizados (SHARMA e SINGH, 2009).
Hoje existe um crescente desenvolvimento de catalisadores heterogêneos para a produção de biodiesel porque, como mencionado, esses catalisadores proporcionam uma drástica simplificação da reação de transesterificação e da etapa de purificação dos produtos. Além disso, o uso de catalisadores heterogêneos não produz sabão através da saponificação dos ácidos graxos livres e saponificação de triacilgliceróis (VICENTE et al., 2004).
  • Da mesma forma que a razão molar álcool:óleo e o tipo de catalisador, a temperatura é também um parâmetro que influencia na reação de transesterificação, especialmente na velocidade de reação. Esta reação normalmente acontece a uma temperatura próxima ao ponto de ebulição do álcool, sob uma pressão ligeiramente maior à atmosférica para garantir que a reação terá lugar em estado líquido, geralmente em presença de catalisador (MARCHETTI et al., 2007). 
Além disso, temperaturas muito altas também podem favorecer a saponificação e, portanto devem ser evitadas (RAMADHAS et al., 2005). Rashid e Anwar (2008) avaliaram o efeito da temperatura na reação de transesterificação do óleo de soja refinado com metanol, com uma razão molar 6:1 e 1% de hidróxido de sódio, obtendo que, após 5 minutos de reação. Os rendimentos de ésteres a 65, 50 e 35 °C foram 68, 65 e 63,5%. Porém, após 2 horas nas mesmas temperaturas, obteve-se 96, 93,2 e 90,6% de conversão, respectivamente

Álcoois usados na transesterificação:
  • Entre os álcoois que são usados no processo de transesterificação estão os álcoois de cadeia curta, tais como metanol, etanol, propanol, butanol, etc. O metanol e o etanol são os mais utilizados devido às suas vantagens químicas e físicas (polaridade e cadeia curta) (MA e HANNA, 1999). 
Segundo Ma et al. (1998) quando a transesterificação de óleo de soja com metanol, etanol ou butanol é executada, 96-98% de éster pode ser obtido após uma hora de reação. No entanto, o metanol é o preferido entre os demais álcoois de cadeia curta devido a seu baixo custo; a maioria dos países produtores de biodiesel no mundo utilizam este álcool, embora seja tóxico. 
  • Por enquanto, o uso do etanol na transesterificação encontra-se em fase de estudo, e embora esse álcool não tenha muita preferência por causa de sua baixa reatividade em comparação com o metanol, tem qualidades para ser utilizado na produção do biodiesel (DEMIRBAS, 2007).
A produção de etanol já está consolidada no Brasil por causa da extensa área disponível para a produção de cana de açúcar, pelo que existe um grande interesse na produção de biodiesel a partir desse álcool (SILVA et al., 2011; MOREIRA e GOLDEMBERG, 1999). 
  • Além disso, o etanol apresenta menores riscos de incêndio, é menos tóxico do que o metanol e, é considerado ambientalmente mais correto (ISSARIYAKULA et al., 2007). Não obstante, o uso do etanol implica que este seja isento de água, o que encarece a matéria prima. 
Por outro lado, é importante dizer que a produção de biodiesel pela rota etílica apresenta dificuldades no momento de purificar o produto, devido à maior afinidade dos ésteres etílicos com o glicerol do que os ésteres metílicos. Em consequência disso, os custos de produção de biodiesel etílico são maiores do que os do metílico (ENCINAR et al., 2007).

Separação de fases :
  • Uma vez atingidas as condições de equilíbrio após a reação de transesterificação, o sistema final é composto por duas fase: uma fase pesada, a qual está composta principalmente por glicerina, e uma fase leve que está constituída majoritariamente por uma mistura de ésteres, embora ambas as fases possuam excesso do álcool utilizado e impurezas (SIVAPRAKASAM e CARAVANA, 2007). 
Sendo assim, é necessária uma etapa de purificação, em que o principal objetivo é remover os ésteres da mistura a baixo custo e assegurar um produto de alta pureza e que possa cumprir com as normas estabelecidas pela lei (MA e HANNA, 1999). Neste ponto, a predição do comportamento de fases, a qual é uns dos focos deste trabalho, é extremamente importante devido à sua grande variedade de aplicações em processos de separação. 

Equilíbrio Termodinâmico:
  • O equilíbrio é uma condição estática, com ausência de qualquer tendência a modificações, em uma escala macroscópica, de um sistema com o tempo. Um sistema em equilíbrio pode ser descrito como aquele no qual todas as forças estão completamente equilibradas. Portanto, o equilíbrio termodinâmico é caracterizado pela inexistência de qualquer força motriz para transporte de massa, energia ou quantidade de movimento (SMITH et al., 2001). 
Segundo Prausnitz et al. (1986), quando duas fases são colocadas em contato, elas tendem a trocar seus componentes até que a composição de cada fase atinja um valor constante; quando esse estado é alcançado, diz-se que foi atingido o estado de equilíbrio. Nesse estado, as composições dos componentes na mistura dependem de muitas variáveis, como temperatura, pressão, natureza química e concentração inicial das substâncias

Estimativa de Parâmetros:
  • O uso de vários modelos termodinâmicos para a energia de Gibbs em excesso requer conhecimento de certos parâmetros de interação binária entre os componentes; assim, faz-se necessário algum procedimento para a determinação dos parâmetros do modelo que melhor ajustam os dados experimentalmente.
Geralmente, a obtenção dos parâmetros de um modelo depende principalmente da definição de uma função objetivo adequada, que represente os desvios entre a predição do modelo e os dados experimentais, os quais se deseja que sejam os menores possíveis. Esta função objetivo pode ser apresentada de diferentes formas, sendo normalmente formulada com base na função de desvios de mínimos quadrados (HILLESTAD et al., 1989; EDGAR et al., 2001; COSTA et al.,2000). 
  • Ou ainda, quando são conhecidos os erros de medição na região experimental, utiliza-se a formulação baseada na função de máxima verossimilhança (ANDERSON et al., 1978; NIESEN e YESAVAGE, 1989; STRAGEVITCH, 1997).
 Assim, Ricker (1984) comparou o desempenho da função de mínimos quadrados e a de máxima verossimilhança na estimativa de parâmetros, definindo a função de máxima verossimilhança como mais eficiente quando se conhece o comportamento dos erros experimentais. 
  • Nesse contexto, um aspecto importante que influencia na obtenção dos parâmetros é a técnica utilizada na minimização da função objetivo, pois requer a solução de um problema de otimização não-linear e geralmente não convexo, dependendo do tipo de modelo envolvido, e consequentemente possui muitos ótimos locais. 
Desta forma podem ser usados métodos determinísticos ou estocásticos de otimização global para a estimação de parâmetros termodinâmicos. Por conseguinte, vários pesquisadores têm aplicado métodos estocásticos de otimização global para estimar os parâmetros de interação de diferentes modelos e equações termodinâmicas, a partir de dados experimentais de equilíbrio de fases. 
  • Assim, Stragevitch (1997) aplicou um método baseado no principio de máxima verossimilhança para determinar parâmetros do equilíbrio líquido-líquido, em uma forma generalizada para usar um número qualquer de restrições implícitas. Gau et al. (2000) apresentaram uma técnica usando o método dos mínimos quadrados para a estimação não-linear de parâmetros de interação binária, baseada na análise intervalar; os autores aplicaram essa técnica para estimar parâmetros binários do equilíbrio líquido-vapor, e comparar com dados experimentais publicados na DECHEMA 
Vapor Liquid Equilibrium Data Collection, e demostraram que os valores reportados para os parâmetros de interação binários correspondem apenas a mínimos locais. Simoni et al. (2007) empregaram também o método de otimização da análise intervalar para determinar parâmetros de interação a partir de dados experimentais de solubilidade mútua de sistemas binários líquido-líquido. Kosuge e Aiabeba (2005) determinaram parâmetros do equilíbrio líquido-líquido por um novo método, onde os parâmetros de misturas binárias parcialmente miscíveis são inicialmente determinados a partir dos dados pseudo-binários do equilíbrio líquido-líquido que são obtidos a partir dos dados do equilíbrio líquido-líquido ternário, e depois os parâmetros restantes do ELL dos sistemas ternários são determinados.
  • Outros pesquisadores têm preferido usar métodos estocásticos ao invés de métodos determinísticos para a estimação de parâmetros termodinâmicos, como Bonilla-Petriciolet et al.(2007) que aplicaram o algoritmo de Simmulated Annealing ao método de mínimos quadrados e máxima verossimilhança para determinar parâmetros no equilíbrio líquido-vapor. Álvarez et al.(2008) usaram duas versões da técnica estocástica de otimização global do algoritmo genético para o ajuste de parâmetros. 
Os programas MyGA (software comercial do algoritmo genético) e mMyGA modificado na UNICAMP foram avaliados e comparados para os problemas de equilíbrio líquido-vapor. Os resultados mostraram que o mMyGA modificado é geralmente mais preciso e confiável do que o MyGA original.

A produção de biodiesel é uma forma de reduzir a emissão de poluentes.

sábado, 27 de setembro de 2014

A Reciclagem de Entulho e seus Produtos

Tijolos de resíduos da construção civil

  • A geração de resíduos provenientes da indústria da construção civil, denominado entulho, vem crescendo a cada dia, na velocidade do crescimento da indústria da construção civil no nosso país. 
De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado há 11 anos, esse material representa entre 13% e 67% de todos os resíduos sólidos urbanos gerados no Brasil, o que significa uma média de 40% do lixo produzido no país.
  • O entulho, além de indicativo de desperdício no canteiro de obra, como os demais resíduos, deve ser regularmente recolhido e corretamente depositado nos locais designados para este fim. E como os demais resíduos, pode ser reciclado. Pensando em sustentabilidade, existem motivos de sobra para isso: reduz o impacto ambiental pela atividade de demolição e é economicamente interessante quando aproveita-se o material reciclado no próprio canteiro de obras.
A título de curiosidade, foi na Europa, após a segunda guerra mundial que têm-se registro de reciclagem e reutilização do entulho proveniente das edificações destruídas nos bombardeios. Os escombros remanescentes foram britados para a produção de agregados para a reconstrução das cidades.
  • Atualmente o processo de reciclagem de entulhos funciona da seguinte forma: os resíduos das construções e demolições são coletados por caçambas estacionárias e transportadas por caminhão equipado com poli-guindaste até o pátio da usina, onde são descarregados e separados manualmente. Madeira, plástico, vidro, papel, metal, gesso, etc. são separados dos resíduos de cerâmica (tijolos, concreto, bloco, telha, piso, azulejo, etc.) 
Estes são levados por esteira transportadora à uma britadora de mandíbulas, onde são triturados, e o material resultante desta trituração transportado por elevador de canecas até uma peneira vibratória que separa o material em dois produtos de granulometrias diferentes: granulado miúdo e granulado graúdo.
  • Na aplicação, os materiais reciclados retornam às construções e estradas para substituírem os agregados naturais, sendo o agregado miúdo utilizado para preparo de argamassas de assentamento de alvenarias comuns (de vedação) em diversas construções e o agregado graúdo utilizado para fazer o concreto para o contrapiso, blocos, pavimentação de estradas, etc. 
É uma boa alternativa para diminuir a quantidade de lixo que vai para os aterros. Mas, o cidadão comum que, por exemplo, faz uma reforma na sua residência, pode reciclar o entulho gerado nesta pequena atividade? Bem, infelizmente, ainda estamos a anos de termos esta facilidade ao alcance, pelo menos, das capitais brasileiras. 
  • Poucas são as cidades que coletam e reciclam entulho (há registros das prefeituras de Guarulhos, Ribeirão Preto, Mauá, Osasco, Belo Horizonte, São Paulo e outras). Mesmo assim, temos que encontrar o ponto de coleta de entulho mais próximo de nós, que realiza a reciclagem (nem todos os pontos a fazem). 
Se na sua cidade não houver tais pontos de entrega, ao menos contrate um coletor regularizado, para não depositar o entulho em locais proibidos. Reciclagem e cuidados: os materiais são britados e reaproveitados como agregado. Deve-se tomar cuidado para não deixar gesso no entulho, pois compromete o desempenho do material reciclado. 
  • Quando finalmente dividido, pode ser empregado como material pozolânico. Eventualmente, pode ser misturado com material cerâmico, desde que mantida a homogeneidade. Nesse caso, o desempenho é inferior àquele verificado com o emprego exclusivo de material cimentício.
O lixo urbano e a maneira como é depositado hoje em dia destaca-se como um dos principais problemas da sociedade moderna. É um problema preocupante que vem aumentando com o passar dos anos, com o crescimento da construção civil no país aumenta consideravelmente a quantidade de entulho produzido, principalmente nas grandes cidades.
  • A quantidade de entulho gerado nas construções que são realizadas nas cidades brasileiras demonstra um enorme desperdício de material. Os custos deste desperdício são distribuídos por toda a sociedade, não só pelo aumento do custo final das construções como também pelos custos de remoção e tratamento do entulho.
Os entulhos provenientes das construções nas cidades brasileiras acarretam sérios desperdícios de materiais, custos de remoção e tratamento. É muito comum vermos estes resíduos sendo colocados em locais impróprios, como aterros clandestinos, margens de rios, córregos e terrenos baldios. Com isso causando e assoreamento das margens dos cursos d’água, entupimento de bueiros e galerias causando enchentes, e a diminuição da qualidade de vida nas áreas urbanas.
  • A reciclagem de resíduos ou entulhos da construção civil gera sub-produtos como tijolos, brita, canos de esgoto, calçamentos, entre outros essas são importantes alternativas para amenizar vários problemas na área urbana, tanto nos setores sociais e ambientais, como no econômico.

Usina de reciclagem para resíduos de obra 

Reciclagem de entulhos:
  • Apesar de causar tantos problemas, o entulho deve ser visto como fonte de materiais de grande utilidade para a construção civil.
A reciclagem na área de construção civil se dá por duas vias:
  • Uso de resíduos de outras indústrias, como siderúrgica e metalúrgica. 
  • Transformação dos resíduos de obras e demolição em novos materiais de construção.
Para reciclar entulhos faz-se, primeiramente, uma triagem das frações inorgânicas e não-metálicas do resíduo, excluindo madeira, plástico e metal, que são direcionados para outros fins. Em seguida obtém-se o agregado reciclado, que é o resíduo britado ou quebrado em partes menores.
  • Com este método aplicado aos resíduos será possível identificar sua composição, os compostos que podem ser extraídos dele e saber qual a planta industrial mais adequada para a reciclagem e a melhor alternativa de aproveitamento dos resíduos.
RCD:
Mercado da Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição:
  • Os empreendimentos de reciclagem de resíduos da construção civil não atingiram seu ápice, com um volume de coleta e reciclagem ainda pequeno. Essa atividade, extremamente necessária nos dias de hoje, está intimamente ligada à demolição.
Um dos fatores limitantes é a falta de informação da população, dos órgãos públicos e seus administradores, pois ainda se acredita que o material inerte não tenha aplicação ou viabilidade de reciclagem.
  • Muitas empresas ainda são grandemente limitadas em sua capacidade de tratar das questões ambientais e essas oportunidades são simplesmente perdidas.Por outro lado, as empresas de reciclagem vivem dificuldades em relação à divulgação dos serviços e seus benefícios, bem como da insuficiência de recursos para expandir sua capacidade, quando necessária.
A logística também é prejudicada pela capacidade limitada e pela insuficiência de recursos, tanto pelas empresas de reciclagem, quanto as de demolição, o que gera problemas para se integrar a cadeia produtiva – caçambêiros, prefeituras, grandes obras etc. Tipicamente, quase a metade dos resíduos é processada in-loco, no próprio local da demolição ou obra, o que permite reduzir os custos do processo.
  • É importante esclarecer que apesar de existir a representatividade da classe no Brasil, as questões de mérito ainda padecem de discussão por representantes específicos, sendo tipicamente influenciadas por representantes diversos, como imobiliárias, concreteíras, construtoras etc.
Reciclagem do concreto: 
  • Mais de 90% dos resíduos provenientes de construções civis podem ser reciclados, reutilizados e transformados em agregados com características bastante semelhantes ao produto original, a partir de matérias-primas com custo muito baixo. É possível reciclar qualquer concreto, desde que seja escolhido o uso adequado e se respeitem as limitações técnicas. 
As centrais de reciclagem contam com máquinas semelhantes às de mineradoras, como esteiras rolantes, britadores, peneiras e classificadores de granulometria. Apenas os concretos com substancias contaminantes, podem trazer prejuízo às propriedades do concreto no estado fresco e endurecido, e não devem ser utilizados como matéria-prima.
  • Equipamentos diferentes reciclam o concreto fresco e o endurecido. Para o concreto fresco são usados lavadores que separam agregados graúdos dos miúdos. Para o endurecido, britadores de mandíbula ou de impacto, decompõem estes materiais. O entulho é separado, britado, lavado, peneirado e classificado. É também facilitada a segregação entre resíduos cimentícios e cerâmicos. 
Devido ao menor volume de materiais, a técnica de reaproveitamento na própria obra exige equipamentos sofisticados. Nesses casos, devido à menor homogeneidade do material processado, recomenda-se o reaproveitamento como agregado para revestimento ou argamassa de assentamento. O procedimento é simples: o material é encaminhado por dutos a uma mini-central de processamento, onde é triturado para ser normalmente utilizado como agregado. É possível também utilizar um moinho de rolo para a trituração.
  • Agregados reciclados provenientes de concretos estruturais apresentam melhor qualidade em relação aos agregados provenientes de tijolos cerâmicos e argamassas e podem ser usados em aterros de inertes, obras de pavimentação, agregados para argamassas e até concretos estruturais. No caso de concreto estrutural, é preciso maior acuidade para dosar e especificar o material reciclado, a mistura entre o agregado reciclado e o agregado normal traz bons resultados.
Como abordado, a logística é de fato um agravante, porém, passível de solução, se admitirmos a parceria de "Empreendedores e Investidores". Sendo a geração de sucata regional e que os governos municipais já se encarregam direta ou indiretamente pela coleta e destinação (nem sempre a mais adequada e ainda ficam com o "ônus" financeiro e/ou político), devemos concluir que a parceria entre Prefeituras (empreendedores) e Empresas interessadas pelos produtos finais e até os fabricantes de equipamentos para esse fim (investidores) seria adequada e conveniente. 
  • E, ampliando a visão técnica e de interesse, podemos admitir que a união de municípios vizinhos num raio de "x" quilômetros, uma planta industrial instalada em ponto equidistante entre eles e de menor impacto ambiental, idealizaria o projeto.
Produtos obtidos na reciclagem:
  • Grandes pedaços de concreto podem ser aplicados como material de construção para prevenção de processos erosivos na orla marítima e das correntes, ou usado em projetos como desenvolvimento de recifes artificiais. 
O entulho triturado pode ser utilizado em pavimentação de estradas, enchimento de fundações de construção e aterro de vias de acesso. É possível produzir agregados – areia, brita e bica corrida para uso em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos, e uso em argamassas e concreto. Da mesma maneira, pode-se fabricar componentes de construção – blocos, briquetes, tubos para drenagem e placas.
  • Os principais resultados produzidos pela reciclagem do entulho são benefícios ambientais. Os benefícios são conseguidos não só por se diminuir a deposição em locais inadequados, como também por minimizar a necessidade de extração de matéria-prima em jazidas.
As experiências indicam que é vantajoso economicamente substituir a deposição irregular do entulho pela reciclagem. Estima-se que o custo da reciclagem significa 25% desses custos. A produção de agregados com base no entulho pode gerar economias de mais de 80% em relação aos preços dos agregados convencionais.

Reciclagem de tijolos:
  • De fácil montagem e a um custo bem menor, os tijolos ecológicos, fabricados a partir do lixo industrial, possuem quase o dobro de resistência que os tijolos comuns.
O aproveitamento dos tijolos vai mais além, se for transformado em pó, o tijolo substitui parcialmente o cimento, que é considerado um material muito poluente. Outra forma barata de se produzir material de construção é substituir o “tijolo cozido”, pelo de “terra crua”. 
  • A fabricação dispensa o uso de forno à lenha e durante o processo de fabricação não há desmatamento e nem queima de carvão, não lançando resíduos tóxicos no meio ambiente, esses são os chamados tijolos recicláveis, que são obtidos a partir da mistura de tipos de solo com cimento e água. Depois de misturados os elementos, a mistura é compactada em até 12.000 kg de pressão. Finalmente curada e secada.
"Tijolo de pet reciclada". Compreendido por um tijolo fabricado por um processo adequado de injeção, sobre moldes (1) matéria prima a ser utilizada, pet 1 ( polietileno, tereftalato pós consumo 100% reciclado), (2) oferece melhor custo e benefício em relação a similares, (3) fabricado com os mesmo padrões e características dos similares, (4) qualidade superior como: inquebrável, mais leveza, menor custo, (5) apresentado-se em duas peças consolidado por um sistema de solda (3) medidas 19x1 9x8, várias cores e modelos

Tijolos de reciclados