segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A Reciclagem dos Resíduos de Pequenas Obras

O professor Márcio Buson, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
 da UnB, inventou novo tijolo, o kraftterra

  • A conscientização dos limites de espaço e de recursos naturais do nosso planeta vem despertando, cada vez mais, a preocupação com a manutenção desses recursos para as gerações futuras.
Aprimorar a sustentabilidade dos processos, em todos os setores produtivos, é uma estratégia vital para assegurar os recursos do planeta para o futuro, baseado na utilização de energias renováveis, tecnologias limpas e na proteção do meio ambiente.
  • Inovação tecnológica, eficiência na utilização dos recursos naturais e energéticos, incentivo ao crescimento de economias regionais, com melhoria dos padrões de vida das comunidades locais, garantindo expansão do mercado de trabalho e geração de renda, são os princípios básicos de um desenvolvimento equilibrado.
Nessa transformação, as cidades são o ponto de partida e de maior impacto. Segundo dados da instituição Global Urban Development (2010) mais da metade da humanidade vive hoje nas cidades, sendo responsável pela produção de 85% do Produto Interno Bruto mundial, do consumo de mais de 75% dos recursos naturais do planeta e da geração de aproximadamente 75% dos resíduos mundiais.
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), 84,36% da população do país vive nas cidades. 
  • Está em curso, com a rapidez da difusão que as aglomerações urbanas permitem, a consolidação de uma indústria verde, de conservação, com utilização eficiente dos recursos naturais, geração de energia renovável, prevenção da poluição, minimização de resíduos e emprego da reciclagem de materiais.
Vários setores atuam como motores dessa transformação em suas cadeias de produção, fabricando produtos e oferecendo serviços com a preocupação de sustentabilidade. 
  • Alguns outros ainda estão no início desse processo, como a indústria da construção civil, esta notoriamente mais lenta na assimilação de novas tecnologias, em função da inércia de seus processos, quase sempre empíricos, dependentes de um número bem maior de atores do que outros setores industriais mais dinâmicos, nos quais apenas grupos de técnicos são responsáveis pela implantação e desenvolvimento de novas tecnologias.
No entanto, diversas empresas e segmentos da indústria da construção do país vêm incorporando alternativas saudáveis em seus projetos, como prédios inteligentes com monitoramento do consumo de recursos, evitando, assim, desperdícios, emprego de sistemas naturais para o conforto ambiental nas edificações, novas tecnologias para o reuso e reciclagem de resíduos sólidos e líquidos, dentre outras.
  • Essa busca pela eficiência, para diminuir o consumo de recursos naturais e o consequente impacto ambiental, vem incentivando um mercado crescente e cada vez mais competitivo de produtos sustentáveis, abrindo espaço para organizações criarem um sistema de certificação baseado em selos de qualidade para padronizar e quantificar os níveis de sustentabilidade de uma edificação. 
A obtenção de um grau elevado nessa certificação, que reflete diretamente os processos e conceitos de sustentabilidade empregados na elaboração do produto, ajuda também o empreendedor a obter maiores taxas de retorno financeiro no empreendimento. Diversas empresas certificadoras patrocinam esses selos, derivados do pioneiro método de avaliação da qualidade da construção civil, o Building Research Establishment Environmental Assessment Method — BREEAM (BRE GLOBAL, 1990), criado no Reino Unido. 
  • Depois dele, vários outros selos surgiram, como o Building Environmental Performance Assessment Criteria — BEPAC (COLE; ROUSSEAU; THEAKER, 1993), no Canadá; o Comprehensive Assessment System for Building Environmental Eficiency — CASBEE (JAGBC, 2004), no Japão; o Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações — PROCEL Edifica (PROCEL, 2003), no Brasil; e o Leadership in Energy & Environmental Design — LEED (USGBC, 1998), nos Estados Unidos, este o mais utilizado atualmente no mercado brasileiro.
Com critérios próprios, essas metodologias de certificação basicamente avaliam a interferência do empreendimento com o entorno, a gestão eficiente da água, a economia e fontes alternativas de energia, materiais e recursos naturais, geração e gestão de resíduos e a qualidade ambiental no interior da edificação, durante as fases de execução e uso.
  • É positiva a introdução de edificações certificadas no mercado imobiliário, por incrementarem e difundirem atitudes socioambientais corretas, por diretamente reduzirem a demanda de recursos naturais no empreendimento e, indiretamente, por influenciarem os demais fornecedores de produtos e serviços em relação a critérios e conceitos de sustentabilidade.
Para uma análise mais criteriosa dos impactos ambientais de um empreendimento, é preciso, no entanto, a consideração de um número mais abrangente de fatores e a quantificação de suas respectivas influências. O estudo do ciclo de vida de um empreendimento considera diversos fatores e critérios de impacto ambientais que não constam nas metodologias dos certificadores comerciais. 
  • A análise do ciclo de vida de um material especificado no empreendimento, por exemplo, requer que sejam determinados os impactos gerados, desde sua extração, o consumo de energia dispendido na fabricação, no transporte e, finalmente, em sua aplicação. A avaliação do ciclo de vida permite quantificar o impacto ambiental do empreendimento ao longo de toda a sua vida útil, abrangendo as fases de concepção, projeto, execução da obra, usos e transformações do empreendimento até o descarte final.
É na concepção e elaboração do projeto que funções, ambientação, especificações, métodos construtivos e de tratamento de resíduos devem ser criteriosamente estudados para minimizar o impacto ambiental da construção e assegurar níveis adequados de sustentabilidade. 
  • Projetos criativos melhoram o conforto ambiental, com soluções para restringir o uso de equipamentos eletroeletrônicos para essa finalidade, dando prioridade à ventilação e a iluminação naturais, com sombreamento e orientação geográfica adequada, utilização de esquadrias termoacústicas, fachadas com segunda pele, sensores para monitoramento da qualidade do ar e para controle da temperatura, gestão racional da água com medições individuais de consumo e captação de águas de chuva, reaproveitamento de resíduos líquidos e sólidos, em harmonia com as condições socioambientais existentes no entorno do empreendimento.
Enfim, o projeto do empreendimento deve também ser flexível e adaptável para incorporar novas tecnologias no futuro, procurando responder, na medida do possível, à seguinte indagação: se uma edificação pudesse se adaptar em tempo real, o que ela poderia fazer por você?

Resíduos da construção e demolição (RCD):
  • O impacto ambiental causado pela produção e descarte de resíduos da indústria da construção civil é um dos principais do planeta, seja pela quantidade descartada diariamente ou pelo uso irracional das jazidas de recursos naturais.
O relatório da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, 2007) mostra que, naquele país, a construção e demolição de edifícios geram uma quantidade aproximada de 160 milhões de toneladas/ ano de entulho, estimando que a indústria da construção civil seja responsável por cerca de dois terços do total de resíduos sólidos não industriais produzidos. Esse entulho é originado aproximadamente em 48% das demolições, 44% das reformas e em apenas 8% das novas construções. De 20% a 30% do total dos resíduos são recuperados (principalmente concreto, asfalto, metais, madeira) em operações de reprocessamento e reciclagem. 
  • De acordo com esse relatório, arquitetos e construtores não costumam projetar edificações de fácil renovação ou demolição, com previsão de seu reuso ou modo de descarte final da construção, mesmo sabendo que, em média, uma família americana troca de residência a cada dez anos, muitas vezes realizando obras durante esse intervalo de tempo ou demolindo-a completamente para dar lugar a uma nova construção.
No Brasil, segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SINDUSCON-SP, 2005) a atividade da construção civil gera a parcela predominante do volume total dos resíduos sólidos urbanos produzidos nas cidades paulistas. Em 2003, a cidade de São Paulo produziu uma média diária de 17.240 toneladas de resíduos sólidos urbanos, 55% dos quais provenientes da construção civil; em Campinas, essa proporção chegou a 64% no mesmo ano.
  • Além das demolições, grande parte da produção diária dos resíduos vem do desperdício de materiais em construções novas, graças a projetos construtivos malfeitos, com especificações errôneas de materiais e detalhes, e à falta de planejamento da execução da obra, resultando em improvisos.
A composição dos resíduos de construção e demolição (RCD) é variável, dependendo do estágio de desenvolvimento da indústria local, da qualidade da mão de obra disponível, das técnicas construtivas utilizadas, da adoção de programas de qualidade, da fase da obra, etc. Na Bélgica, os resíduos de concreto e alvenaria são responsáveis por 83% do total, com a madeira contribuindo com apenas 2%, enquanto que em Toronto, no Canadá, cerca de 35% dos resíduos provêm da utilização de madeira.
  • A disposição incontrolada e sem critérios técnicos de RCD gera impactos ambientais significativos, principalmente na formação de áreas irregulares de descarte em locais de preservação ambiental, afetando o equilíbrio ecológico, a drenagem superficial, com obstrução de córregos, erosão de solos etc. 
Nas cidades, a disposição em vias públicas e terrenos baldios interfere nas condições de tráfego de pedestres e veículos, ao mesmo tempo em que incentiva a descarte de outros materiais de origem industrial e doméstica, nem sempre inertes, com a consequente degradação de espaços urbanos (SINDUSCON-SP, 2005).
  • O poder público municipal deve exercer um papel decisivo para disciplinar o processamento dos resíduos, utilizando instrumentos para regular, fiscalizar e criar condições de um tratamento correto, estimulando uma logística reversa, especialmente destinada para resíduos da construção civil.
Diversas leis e resoluções estão em vigor para disciplinar a prática de um manejo sustentável dos resíduos da construção civil, dentre as quais:
  1. Lei Federal n. 12.305 (BRASIL, 2010): não exime nenhum agente, dos processos de geração à disposição final do resíduo, das responsabilidades pelos impactos ambientais durante o ciclo de vida do produto.
  2. Resolução n. 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente — Conama (BRASIL, 2002a): estabelece diretrizes para uma redução dos impactos ambientais decorrentes das atividades da construção civil, classificando os tipos de resíduos em classes A, B, C e D. A classe A é formada por resíduos inertes que podem ser reciclados sem processos de transformação, como por exemplo: tijolos, cerâmicas, concreto, argamassas, telhas de barro, etc. A classe B é de resíduos que precisam de processos industriais para reinserção, tais como: plástico, papel, metal, vidro, etc. A classe C é de resíduos para os quais ainda não existem processos para reinserção, e a classe D é formada por resíduos considerados perigosos, como: tinta, solvente, óleo, hospitalar, amianto, etc.
  3. Resolução n. 308 do Conama (BRASIL, 2002b): estabelece o licenciamento ambiental para a disposição final de resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte, com população igual ou inferior a 50 mil habitantes.
  4. Lei Estadual 4.829 (RIO DE JANEIRO (Estado), 2006): instituiu a política de reciclagem de entulhos de construção civil, criando incentivos para a formação de uma rede de captação e reciclagem de resíduos da construção civil.
  5. Decreto Municipal 27.078 (RIO DE JANEIRO (Município), 2006): instituiu o plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil, considerando que o art. 4º da Resolução n. 307 do Conama (BRASIL, 2002a) determina que todos os agentes, pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, são responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem resíduos da construção civil, devendo ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, sua redução, reutilização, reciclagem e destinação final adequada.
  6. Resolução n. 387 (RIO DE JANEIRO (Município), 2006): baseada no item 2º do art. 8º da Resolução n. 307 do Conama (BRASIL, 2002a), disciplina o projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil para obras acima de 10.000 m² de área ou acima de 5.000 m³ de volume de resíduos de demolição.

A Reciclagem dos Resíduos de Pequenas Obras

Situação de RCD na cidade do Rio de Janeiro:
  • Os únicos geradores de entulho que segregam resíduos de construção e demolição são as grandes obras (áreas de construção acima de 10.000 m² ou 5.000 m³ de volume de demolição) em obediência à Resolução n. 387 (RIO DE JANEIRO (Município), 2006), com apresentação de um plano de gerenciamento de resíduos para aprovação do projeto à Secretaria Municipal de Urbanismo.
Assim, na cidade se apresentam duas classes distintas de geradores de resíduos da construção civil: aqueles gerados por obras com canteiros implantados, que segregam os resíduos para reutilização na própria obra ou os disponibilizam para empresas regulares de coleta, e aqueles gerados por pequenas obras, sem nenhum tipo de tratamento ou separação, geralmente descartados em caçambas, mas também lançados irregularmente em aterros impróprios ou mesmo em vias públicas.
  • Os resíduos de pequenas obras representam uma parcela que ultrapassa 50% do total de resíduos de construção civil gerados na cidade do Rio de Janeiro. A dificuldade de segregação na origem e o posterior transporte são os maiores entraves para a reciclagem de materiais de construção de pequenas obras. 
A indisponibilidade de espaço para armazenamento e processamento, bem como o custo do transporte em virtude da pequena quantidade, inviabilizam a prática de um processo seletivo. Em decorrência, todos os tipos de resíduos são misturados na mesma caçamba.

Uma proposta logística para RCD:
Premissas para reciclagem de RCD
  • Segundo a Lei Federal n. 12.305 (BRASIL, 2010), os geradores de entulho são responsáveis pela reintegração do material ao processo produtivo, podendo descartar em locais apropriados para uma guarda temporária. O único resíduo inerte encaminhado para aterros é o proveniente de escavações.
A implantação de uma rede de logística reversa para processamento dos resíduos da construção civil, que atenda aos pequenos geradores espalhados pela cidade, com a criação de infraestrutura adequada para segregação dos materiais na origem, parece ser a única forma viável de dar o mesmo tipo de tratamento ao conferido atualmente aos resíduos de grandes obras com canteiros instalados. 
  • O atual processo industrial linear, com resíduos da construção civil gerando desperdícios e impactos ambientais significativos ao ambiente urbano, deve ser substituído por uma logística circular, de natureza sustentável, na qual os resíduos gerados, segregados por classes, podem ser novamente incorporados à cadeia produtiva, ou adequadamente descartados, produzindo benefícios sociais, econômicos e ambientais.
A infraestrutura necessária para implantação de uma logística circular deve contemplar a segregação na origem, oferta de armazenamento seletivo, facilidade de transporte de resíduos, manutenção e implantação de centros de tratamento de resíduos da construção civil (CTRCC), escoamento de produtos reciclados e incentivos à sua utilização pelo mercado imobiliário.
  • O processo de reciclagem de resíduos deve necessariamente iniciar-se na própria obra, com a retirada e recolhimento do material de demolição por etapas e separação, de acordo com suas classes (A, B, C, D). 
Pontos estrategicamente localizados nos bairros seriam oferecidos para receber os resíduos segregados nas pequenas obras. Ao pequeno gerador, haveria duas alternativas para descarte: encaminhamento do resíduo ao Ecoponto mais próximo, caso a quantidade fosse inferior a 2 m3, ou utilização do método atual, em caçambas estacionadas na rua, caso a quantidade da mesma classe de resíduo fosse superior a 2 m3. Alguns resíduos de classe B, como tubos e madeiras, poderiam ser misturados na mesma caçamba por serem de fácil segregação posterior.
  • A função dos Ecopontos seria o recebimento e armazenamento de resíduos para garantir quantidades economicamente viáveis de transporte do material para um centro de tratamento de resíduos da construção civil ou, alternativamente, para empresas de reciclagem de materiais da classe B.
Para que essa logística possa ser de fato implantada, são necessárias condições de infraestrutura urbana, regulamentação legal, incentivo ao consumo de produtos reciclados e conscientização para mobilização e participação da sociedade. É, portanto, fundamental a adesão dos seguintes agentes em suas respectivas áreas de atuação:

O poder público:
  • A existência de uma regulamentação legal e a disponibilidade de infraestrutura em espaços públicos, com postos de coleta espalhados pela cidade, são pré-requisitos essenciais para essa logística, bem como a adoção de procedimentos legais para o licenciamento de obras que contemplem a obrigatoriedade de quantificar a produção de resíduo, com descrição e estimativa de seu volume gerado.
Geradores de resíduos da construção civil:
  • Entende-se como gerador o proprietário do imóvel, ou do empreendimento, e de seus contratados. A conscientização da importância de uma atitude individual proativa é fundamental para atingir os objetivos desta proposta. Mesmo que legalmente obrigados a informar e encaminhar o resíduo segregado para um posto de coleta mais próximo, o fator-chave para assegurar o sucesso do programa certamente dependerá do grau de conscientização e da responsabilidade social de cada um dos geradores.
Empresas de coleta:
  • Empresas de coleta continuariam operando as caçambas de ruas, mas com obrigação de transportar somente os resíduos segregados aos centros de tratamento de resíduos de construção civil, sejam eles oriundos dos postos de coletas ou diretamente dos geradores.
Associações de catadores e outros agentes promotores: 
  • A operação dos pontos de coleta (Ecopontos) e dos centros de tratamento (CTRCC) caberia às associações de catadores, com geração de emprego e renda. A possibilidade de criação de empregos formais na operação dessa rede de logística circular, com utilização e treinamento de mão de obra marginalizada pela sociedade produtiva, seria um dos maiores legados sociais que justificam a proposta. 
Além da mobilização da sociedade em geral, por campanhas de divulgação através da mídia, recomenda-se às universidades a inclusão nos currículos dos cursos de engenharia e arquitetura de disciplinas voltadas ao estudo do ciclo de vida de materiais, reciclagem de resíduos da construção civil e projetos de edificações sustentáveis.
  • Associações profissionais, como o CREA, CAU, Clubes de Engenharia e IAB, poderiam divulgar a importância do comprometimento dos seus associados em relação ao tratamento e à reciclagem de resíduos da construção civil, com programação de palestras e seminários.
Produtos reciclados de RCD:
  • Deve-se entender que produtos reciclados não é lixo. Os benefícios de sua reutilização diminui a possibilidade de deposição de resíduos em locais inadequados, bem como a necessidade de extração de matéria-prima em jazidas, nem sempre fiscalizadas sob ponto de vista ambiental. A experiência indica que é também economicamente vantajoso substituir a deposição irregular do entulho pela sua reciclagem.
O custo para uma administração municipal é de aproximadamente US$ 10,00 por metro cúbico de resíduo clandestinamente depositado, incluindo os gastos com a posterior recuperação do local e o controle e tratamento de doenças. 
Por outro lado, estima-se que o custo da reciclagem implicaria apenas 25% desse total, com a produção de agregados com base em entulhos de construção civil podendo gerar economia de mais de 80% em relação aos preços dos agregados convencionais.
Nos resíduos de classe A (resíduos minerais) o maior obstáculo para reciclagem reside no grau de pureza conseguido no processo de segregação. O uso bruto do entulho como material é, então, a maneira mais barata e primária, mas está condicionada à distância de aplicação, com o transporte muitas vezes encarecendo e desencorajando seu uso.
  • Os principais produtos reciclados são o pó de concreto,pedrisco, britas 1, 2, 3 e 4, e bica corrida para aplicação em reforço de subleitos e sub-bases para pavimentação de estradas e estacionamentos, cobertura de estradas vicinais, passeios para ciclistas e pedestres, camadas de drenagem, base para trabalhos de terraplanagem, concretos não estruturais, agregados para produção de materiais de construção etc
Em 2007, a rocha britada beneficiada foi consumida no Brasil na construção civil (66%), construção e manutenção de estradas (15%), pavimentação asfáltica (4%), e fabricação de artefatos de cimento (3,5%) (LA SERNA et al., 2007). Na Grande São Paulo, no mesmo ano, foram produzidas 29.764.948 toneladas de brita, com forte incremento nesses números nos últimos anos, em virtude das altas taxas de crescimento da construção civil.
  • Um estudo realizado por Zordan (1997) demonstrou, por resultados de ensaios de laboratório, que, quanto mais pobre for o traço do concreto, ou quanto menor a quantidade de cimento utilizado na mistura, as resistências à compressão do concreto que utiliza brita natural e do que utiliza agregado reciclado, oriundo de demolições limpas, tendem a se igualar.
O consumo de brita em 2009 em São Paulo foi de 37.619.501 toneladas e a geração de resíduos, no mesmo ano, foi de 6.292.600 toneladas (BAPTISTA Jr., 2011), se fosse retirado desse total os resíduos classe B, potencialmente já reciclados, restando os de classes A e D.
  • Comparando-se as quantidades de demanda de brita, pode-se supor que os resíduos classe A, dentro do parâmetro para uso não estrutural, poderiam ser completamente reabsorvidos pelo setor. Na cidade do Rio de Janeiro a argamassa reciclada, por exemplo, já consta como um item do caderno de Índice do SCO-RIO Sistemas de Custos e Orçamentos (RIO DE JANEIRO (Município), 2010).
Quanto aos resíduos de classe B, já se dispõe de uma ampla cadeia de reciclagem instalada, com depósitos alimentados por catadores de papelão, vidro, metais, plásticos e madeiras, que os revendem para posterior reutilização pela indústria.
  • Em relação aos resíduos de classe C, até maio de 2011 fazia parte deste grupo o gesso, quando então foi alterado o art. 3 da Resolução n. 307 do Conama (BRASIL, 2002a), classificando-o doravante como material de classe B.
Os resíduos de classe D, classificados como perigosos e nocivos à saúde, necessitam de uma licença especial de transporte para serem quimicamente reprocessados por empresas devidamente licenciadas pelos órgãos competentes, no caso do Rio de Janeiro o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) do Rio de Janeiro.

Outras Considerações:
  • A eliminação do descarte de resíduos da construção civil em aterros sanitários, lixões e aterros clandestinos é uma realidade, possível de ser alcançada em futuro próximo.
Para isso, contribui a elaboração de projetos mais eficientes para novas construções, focados em conceitos de sustentabilidade, evitando desperdícios, com escolha criteriosa dos métodos construtivos e dos materiais, tendo em vista todo o ciclo de vida do empreendimento, englobando suas fases de construção, utilização e demolição final.
  • O tratamento de resíduos de construção e demolição exige nova abordagem, aqui proposta como uma logística circular com reciclagem e aproveitamento de materiais.
Baseando-se nas premissas a seguir, pede-se a forte e efetiva participação de todos os agentes envolvidos (setor público, proprietários, empresas, engenheiros e arquitetos, professores e alunos, associações de catadores) em prol de um bem comum — a sustentabilidade das cidades: segregação dos resíduos na origem, antes do transporte, para qualquer quantidade gerada; planejamento do reaproveitamento e destino final dos resíduos como parte do projeto; pontos de recepção de resíduos (Ecopontos) em locais espalhados pelos bairros da cidade; implantação de uma infraestrutura eficiente de tratamento de resíduos de construção civil voltados à produção de materiais reciclados; e conscientização da população quanto aos benefícios da iniciativa e incentivo à sua participação, para assegurar a criação de uma cultura sustentável em relação a materiais de construção


A Reciclagem dos Resíduos de Pequenas Obras

domingo, 29 de novembro de 2015

O primeiro passo para a Preservação Ambiental

Você pode mobiliar grande parte da sua casa com materiais recicláveis e que jamais passaram pela sua cabeça que fossem dar tão certo. A decoração vai desde a sala de estar até os mínimos detalhes da cozinha e preza pelo novo conceito da sustentabilidade em casa. 

  • Reciclar significa transformar objetos materiais usados em novos produtos para o consumo. Esta necessidade foi despertada pelos seres humanos, a partir do momento em que se verificaram os benefícios que este procedimento trás para o planeta Terra.
"A imagem da Terra vista pelos astronautas teve a virtude de nos incutir a consciência de que, longe de habitar um espaço infinito, habitamos uma espécie de nave espacial isolada, dentro de uma cápsula de recursos constantes, que consumimos, e que somente não esgotamos porque reciclamos. Este conceito da necessidade de reciclagem - de nada perder, de nada destruir, de tudo usar de novo - desta cápsula de recursos constantes acordou-nos para a ameaça da poluição, que interrompe o processo de reciclagem pela inutilização do recurso ou pelo envenenamento." (Silva, 1975:1).
A partir da década de 1980, a produção de embalagens e produtos descartáveis aumentou significativamente, assim como a produção de lixo, principalmente nos países desenvolvidos. Muitos governos e ONGs estão cobrando de empresas posturas responsáveis: o crescimento econômico deve estar aliado à preservação do meio ambiente. Atividades como campanhas de coleta seletiva de lixo e reciclagem de alumínio e papel, já são comuns em várias partes do mundo.
  • No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente também gera riquezas, os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta reciclagem contribui para a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias estão reciclando materiais como uma forma de reduzir os custos de produção.
Outro benefício da reciclagem é a quantidade de empregos que ela tem gerado nas grandes cidades. Muitos desempregados estão buscando trabalho neste setor e conseguindo renda para manterem suas famílias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já é realidade nos centros urbanos do Brasil.
  • A reciclagem, além de ser extremamente importante para reduzir a extração de recursos naturais para atender à crescente demanda por matéria prima das indústrias, ainda ajuda muito a amenizar um dos maiores problemas da atualidade: o lixo. Estima-se que o Brasil produz 240 mil toneladas de lixo por dia. Destes, apenas 160 mil são coletados e o destino de 76% desses restos tidos como “inúteis” e “indesejáveis” ainda são os lixões a céu aberto.
Primeiro precisamos mudar nossos hábitos de consumo, praticando o consumo consciente, evitando o desperdício, pensando nas embalagens que depois irão para o lixo e dando preferência para as que sejam recicláveis. Depois, temos que aprender a separar o material reciclável do não reciclável e incentivar os amigos, vizinhos e parentes a fazer o mesmo.
  • É importante saber que o material coletado por essas cooperativas geram emprego para muitas famílias, ajudam na preservação ambiental, além de reduzir os custos com tratamento do lixo pela prefeitura. Afinal, o “p” de “profit” (lucro, em inglês), também é um dos pilares da sustentabilidade!
Produtos Recicláveis:
  • Muitos materiais como, por exemplo, o alumínio pode ser reciclado com um nível de reaproveitamento de quase 100%. Derretido, ele retorna para as linhas de produção das indústrias de embalagens, reduzindo os custos para as empresas.
Assim como nas cidades, na zona rural a reciclagem também acontece. O lixo orgânico é utilizado na fabricação de adubo orgânico para ser utilizado na agricultura.Como podemos observar, se o homem souber utilizar os recursos da natureza, poderemos ter, muito em breve, um mundo mais limpo e mais desenvolvido. Desta forma, poderemos conquistar o tão sonhado desenvolvimento sustentável do planeta. Veja exemplos de Produtos Recicláveis:
  • Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requeijão, etc.), garrafas, frascos de medicamentos, cacos de vidro.
  • Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embalagens de papel.
  • Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos de pasta, cobre, alumínio.
  • Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos plásticos, embalagens e sacolas de supermercado.
É importante destacar que a reciclagem é um processo em que determinados tipos de materiais, que no cotidiano são reconhecidos como lixos são reutilizados como matéria-prima para a criação e\ou fabricação de novos produtos. 
  • Além de se apresentarem com propriedades físicas diferentes, estes também possuem uma nova composição química – fator principal que difere o reaproveitamento da reciclagem, conceitos esses muitas vezes confundidos.
Tempo de Vida dos Produtos:
  • Na natureza todas as plantas e animais mortos apodrecem e se decompõe. São destruídos por larvas minhocas, bactérias e fungos, e os elementos químicos que eles contêm voltam a terra. Podem ficar no solo, nos mares ou rios e serão usados novamente por plantas e animais. 
É um processo natural de reutilização de matérias. É um interminável ciclo de morte, decomposição, nova vida e crescimento. A natureza é muito eficiente no tratamento do lixo. Na realidade, não há propriamente lixo, pois ele é novamente usado e se transforma em substâncias reaproveitáveis.
  • Enquanto a natureza se mostra eficiente em reaproveitamento e reciclagem, os homens o são em produção de lixo. Uma grande parte deste lixo sobrecarrega o sistema. O problema se agrava porque muitas das substâncias manufaturadas pelo homem não são biodegradáveis, isto é não se decompõe facilmente. Vidros, latas e alguns plásticos não são biodegradáveis e levam muitos anos para se decompuser.
Hoje em dia, já uma consciência maior, e uma legislação que tende a ajudar a diminuir os impactos dos objetos não biodegradáveis lançados diretos na natureza, como é o caso das sacolas plásticas de supermercado, que terão que ser substituídas por produtos biodegradáveis ou por sacolas retornáveis.
  • O mais importante é criar uma consciência na população com educação ambiental. São passos pequenos, mais insistentes, que precisam ser repetidos e repetidos para que fiquem na consciência de todos. Como já foi dito “eduque os pequenos, para que não seja preciso punir os grandes”, essa frase verdadeira é muito importante porque se conscientizarmos as crianças para que elas tenham essa consciência ambiental já estaremos no caminho certo para melhor o futuro.
Reciclagem do Papel:
  • Atualmente, a matéria-prima vegetal mais utilizada na fabricação do papel é a madeira, embora outras também possam ser empregadas. 
Estas matérias-primas são hoje processadas química ou mecanicamente, ou por uma combinação dos dois modos, gerando como produto o que se denomina de pasta celulósica, que pode ainda ser branqueada, caso se deseje uma pasta de cor branca. A pasta celulósica, branqueada ou não, nada mais é do que as fibras celulósicas liberadas, prontas para serem empregadas na fabricação do papel.
  • A pasta celulósica também pode prover do processamento do papel, ou seja, da reciclagem do papel. Hoje, a força que propulsiona a reciclagem de papel ainda é econômica, mas o fator ambiental tem servido também como alavanca.
A preocupação com o meio ambiente criou uma demanda por "produtos e processos amigos do meio ambiente" e reciclar papel é uma forma de responder a esta demanda.
  • Assim, os principais fatores de incentivo à reciclagem de papel, além dos econômicos, são: a preservação de recursos naturais (matéria-prima, energia e água), a minimização da poluição e a diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros.
Reciclagem do Plástico:
  • Plásticos são artefatos fabricados a partir de resinas (polímeros), geralmente sintéticos e derivados do petróleo. Quando o lixo é depositado em lixões, os problemas principais relacionados ao material plástico provêm da queima indevida e se controle. 
Quando a disposição é feita em aterros, os plásticos dificultam sua compactação e prejudicam a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica.
  • Sendo assim, sua remoção, redução ou eliminação do lixo são metas que devem ser perseguidas com todo o empenho. A separação de plásticos do restante do lixo traz uma série de benefícios à sociedade, como, por exemplo, o aumento da vida útil dos aterros, geração de empregos, economia de energia, etc.
Os plásticos são divididos em duas categorias importantes: termofixos e termoplásticos. Os termofixos, que representam cerca de 20% do total consumido no país, são plásticos que, uma vez moldados por um dos processos usuais de transformação, não podem mais sofrer mais novos ciclos de processamento, pois não fundem novamente, o que impede nova moldagem.
  • Os termoplásticos, mais largamente utilizados, são materiais que podem ser reprocessados várias vezes pelo mesmo ou por outro processo de transformação. Quando submetidos ao aquecimento a temperaturas adequadas, esses plásticos amolecem, fundem e podem ser novamente moldados. 
Como exemplos, podem ser citados: polietileno de baixa densidade (PEBD); Polietileno de alta densidade (PEAD); poli(cloreto de vinila) (PVC); poliestireno (PS); polipropileno (PP); poli(tereftalato de etileno) (PET); poliamidas (náilon) e muitos outros.
  • É a conversão de resíduos plásticos por tecnologia convencionais de processamento em produtos com características de desempenho equivalentes às daqueles produtos fabricados a partir de resinas virgens. A reciclagem pré-consumo é feita com os materiais termoplásticos provenientes de resíduos industriais, os quais são limpos e de fácil identificação, não contaminados por partículas ou substâncias estranhas.
Reciclagem secundária ou pós-consumo: é a conversão de resíduos plásticos de lixo por um processo ou por uma combinação de operações. Os materiais que se inserem nesta classe provêm de lixões, sistemas de coleta seletiva, sucatas, etc. são constituídos pelos mais diferentes tipos de material e resina, o que exige uma boa separação, para poderem ser aproveitados.
  • Reciclagem terciária: É a conversão de resíduos plásticos em produtos químicos e combustíveis, por processos termoquímicos (pirólise, conversão catálica). Por esses processos, os materiais plásticos são convertidos em matérias-primas que podem originar novamente as resinas virgens ou outras substâncias interessantes para a indústria, como gases e óleos combustíveis.
O nível operacional médio da indústria brasileira de reciclagem de plásticos em 2011 foi de 63% da capacidade instalada que é de 1,7 milhão de toneladas. Esse fator reflete a falta de sistemas de coleta seletiva no Brasil, já que dos 5.565 municípios brasileiros, apenas 443 – ou seja, 8% – contavam, em 2011, com algum tipo de coleta seletiva e não necessariamente atendiam à demanda existente para o incremento da reciclagem de materiais como um todo.
  • Segundo a pesquisa da Plasvida, alguns dos fatores que limitaram o crescimento ainda mais expressivo da atividade foram: a elevação do preço do material reciclado e consequente queda na competitividade em relação à resina virgem, os altos custos de utilidades, como energia elétrica, a baixa qualidade do material coletado e a informalidade das empresas, entre outros. 
Os efeitos positivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos devem se fazer sentir nos próximos anos.
“... a educação - a disseminação dos conceitos de consumo responsável, reutilização dos produtos e destinação adequada dos resíduos, entre eles, os plásticos – é o canal mais eficaz para que toda a sociedade compreenda seu papel em prol da sustentabilidade. É por meio da educação e do empenho de todos – poder público, indústria (de produtos e serviços) e população – que vamos conseguir aproveitar melhor os recursos, gerar economia e garantir a preservação ambiental.” - presidente da Plastivida, Miguel Bahiense,
A reciclagem de qualquer material pode ser dividida em coleta, seleção, revalorização e transformação (ABIPET, 2008). A coleta e a separação do material são atividades iniciais de triagem que exigem a maior atenção, pois dela depende todo o restante do processo, sendo que a revalorização é a etapa intermediária que prepara os materiais que foram separados para a etapa final que é a transformação, responsável pelo processamento industrial dos materiais para a fabricação de novos produtos.
  • Após o consumo de refrigerante, água, suco e óleo comestível, as garrafas descartadas que são fabricadas a partir de PET, que é a principal fonte de matéria-prima para a reciclagem.
Após a coleta do material é realizada a etapa de classificação, que consiste na separação dos possíveis contaminantes presentes nos resíduos que podem ser reciclados. A separação pode ser feita manualmente ou automaticamente, por intermédio de equipamentos com sensores ópticos.
  • O material separado é, então, encaminhado para a etapa de moagem e classificação, de acordo com o tamanho alcançado. Os grãos classificados seguem para a etapa de enxague por intermédio de roscas sem fim para a retirada de possíveis contaminantes, como restos gordurosos de alimentos e bebidas.
O material segue, então para um tanque de separação e descontaminação para drenagem da água de enxágüe. Um pré-secador é utilizado para a retirada da água superficial do material e a secagem total é realizada com ar quente em um secador contínuo. 
  • A última etapa da reciclagem é a remoção do pó aderido aos grãos pela passagem de ar quente com ventilador e de um sistema para exaustão do pó. O material seco e isento de pó é enviado para um ensacador que faz a embalagem do produto e completa o processo.
Reciclagem do Metal:
  • Os metais são materiais de elevada durabilidade, resistência mecânica e facilidade de conformação, sendo muito utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens em geral.
Quanto à sua composição, os metais são classificados em dois grandes grupos: os ferrosos (compostos basicamente de ferro e aço) e os nãos ferrosos. Essa divisão justifica-se pela grande predominância do uso dos metais à base de ferro, principalmente o aço.
  • Entre os metais não ferrosos, destacam-se o alumínio, o cobre e suas ligas (como latão e o bronze), o chumbo, o níquel e o zinco. Os dois últimos, junto como o cromo e o estanho, são mais empregados na forma de ligas com outros metais, ou como revestimento depositado sobre metais, como, por exemplo, o aço.
A grande vantagem da reciclagem de metais é evitar as despesas da fase de redução do minério a metal. Essa fase envolve um alto consumo de energia, e requer transporte de grandes volumes de minério e instalações caras, destinadas à produção em grande escala.
  • Embora seja maior o interesse na reciclagem de metais não ferrosos, devido ao maior valor de usa sucata, é muito grande a procura pela sucata de ferro e de aço, inclusive pelas usinas siderúrgicas e fundições.
A sucata é matéria-prima das empresas produtoras de aço que não contam como o processo de redução, e que são responsáveis por cerca de 20% da produção nacional de aço. A sucata representa cerca de 40% do total de aço consumido no País, valor próximo aos valores de outros países, como os Estados Unidos, onde atinge 50% do total da produção. Ressalta-se que o Brasil exporta cerca de 40% da sua produção de aço.
  • É importante, ainda, observar que a sucata pode, sem maiores problemas, ser reciclada mesmo quando enferrujada. Sua reciclagem é também facilitada pela sua simples identificação e separação, principalmente no caso da sucata ferrosa, em que se empregam eletroímãs, devido às suas propriedades magnéticas. Através deste processo é possível retirar até 90% do metal ferroso existente no lixo.
Reciclagem do Vidro:
  • O vidro é obtido pela fusão de componentes inorgânicos a altas temperaturas, e resfriamento rápido da massa resultante até um estado rígido, não cristalino. O processo de produção do vidro do tipo sodacal utiliza como matérias-primas, basicamente, areia, barrilha, calcário e feldspato. Um procedimento comum do processo é adicionar-se à mistura das matérias-primas cacos de vidro gerados internamente na fábrica ou adquiridos, reduzindo sensivelmente os custos de produção.
O vidro é um material não poroso que resiste a temperaturas de até 150°C (vidro comum) sem perda de suas propriedades físicas e químicas. Esse fato faz com que os produtos possam ser reutilizados várias vezes para a mesma finalidade.
  • A reciclagem de vidro significa enviar ao produtor de embalagens o vidro usado para que este seja reutilizado como matéria-prima para a produção de novas embalagens.
O vidro é 100% reciclável, não ocorrendo perda de material durante o processo de fusão. Para cada tonelada de caco de vidro limpo, obtém-se uma tonelada de vidro novo. Além disso, cerca de 1,2 tonelada de matéria-prima deixa de ser consumida.
  • Além da redução do consumo de matérias-primas retiradas da natureza, a adição do caco à mistura reduz o tempo de fusão na fabricação do vidro, tendo como consequência uma redução significativa no consumo energético de produção. Também proporciona a redução de custos de limpeza urbana e diminuição do volume do lixo em aterros sanitários.
Reciclagem de Pneus:
  • O processo de reciclagem de borracha é tão antigo quanto o próprio uso da borracha na indústria. Já em 1909, em Heipizig na Alemanha, havia a trituração e a separação da borracha de vários artefatos. A razão para o crescimento da indústria da reciclagem em 1909 foi a falta de abastecimento da borracha e o alto custo de aquisição da borracha natural. 
Em 1960 a borracha reciclada era fornecida para as indústrias de artefatos de borracha. Óleos importados baratos, difusão do uso da borracha sintética e desenvolvimento de pneus radiais diminuíram o interesse em se triturar os pneus inservíveis. A tecnologia desenvolvida nesta época não era ideal para triturar os pneus radiais. Os pneus diagonais ou convencionais são utilizados em ônibus e caminhão. Os pneus radiais são utilizados em automóveis, ônibus, caminhões, veículos fora de estrada.
  • Uma das grandes dificuldades encontradas pelas empresas que trituram os pneus é o corte da malha de aço de pneus radiais, além dos talões. Os pneus convencionais são mais fáceis de serem triturados.
Pneus: Recauchutagem e Reutilização:
  • Os pneus usados podem ser reutilizados após sua recauchutagem. Esta consiste na remoção por raspagem da banda de rodagem desgastada da carcaça e na colocação de uma nova banda. Após a vulcanização, o pneu "recauchutado" deverá ter a mesma durabilidade que o novo. 
A economia do processo favorece os pneus mais caros, como os de transporte (caminhão, ônibus, avião), pois nestes segmentos os custos são melhores monitorados.
  • Há limites no número de recauchutagem que um pneu suporta sem afetar seu desempenho. Assim sendo, mais cedo ou mais tarde, os pneus são considerados inservíveis e descartados.
Os pneus descartados podem ser reciclados ou reutilizados para diversos fins. Neste caso, são apresentadas, a seguir, várias opções:
  • Na engenharia civil: O uso de carcaças de pneus na engenharia civil envolve diversas soluções criativas, em aplicações bastante diversificadas, tais como, barreira em acostamentos de estradas, elemento de construção em parques e playgrounds, quebra-mar, obstáculos para trânsito e, até mesmo, recifes artificiais para criação de peixes.
Na regeneração da borracha: O processo de regeneração de borracha envolve a separação da borracha vulcanizada dos demais componentes e sua digestão com vapor e produtos químicos, tais como, álcalis, mercaptanas e óleos minerais. O produto desta digestão é refinado em moinhos até a obtenção de uma manta uniforme, ou extrudado para obtenção de material granulado. A moagem do pneu em partículas finas permite o uso direto do resíduo de borracha em aplicações similares às da borracha regenerada.
  • Na geração de energia: O poder calorífico de raspas de pneu equivale ao do óleo combustível. Os pneus podem ser queimados em fornos já projetados para otimiza a queima. Em fábricas de cimento, sua queima já é uma realidade em outros países. 
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) informa que cerca de 100 milhões de carcaças de pneus são queimadas anualmente nos Estados Unidos com esta finalidade, e que o Brasil já está experimentando a mesma solução.
  • No asfalto modificado com borracha: O processo envolve a incorporação da borracha em pedaços ou em pó. Apesar do maior custo, a adição de pneus no pavimento pode até dobrar a vida útil da estrada, porque a borracha confere ao pavimento maiores propriedades de elasticidade ante mudanças de temperatura. 
O uso da borracha também reduz o ruído causado pelo contato dos veículos com a estrada. Por causa destes benefícios, e também para reduzir o armazenamento de pneus velhos, o governo americano requer que 5% do material usado para pavimentar estradas federais sejam de borracha moída.

Reciclagem de Entulhos:
  • Entulho é o conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, etc., provenientes do desperdício na construção, reforma e/ou demolição de estruturas, como prédios, residências e pontes.
O entulho de construção compõe-se, portanto, de restos e fragmentos de materiais, enquanto o de demolição é formado apenas por fragmentos, tendo por isso maior potencial qualitativo, comparativamente ao entulho de construção.
  • O processo de reciclagem do entulho, para a obtenção de agregados, basicamente envolve a seleção dos materiais recicláveis do entulho e a trituração em equipamentos apropriados.
Os resíduos encontrados predominantemente no entulho, que são recicláveis para a produção de agregados, pertencem a dois grupos:
  • Grupo I - materiais compostos de cimento, cal, areia e brita: concretos, argamassa, blocos de concreto.
  • Grupo II - materiais cerâmicos: telhas, manilhas, tijolos, azulejos.
  • Grupo III - materiais não recicláveis: solo, gesso, metal, madeira, papel, plástico, matéria orgânica, vidro e isopor. Desses materiais, alguns são passíveis de serem selecionados e encaminhados para outros usos. Assim, embalagens de papel e papelão, madeira e mesmo vidro e metal podem ser recolhidos para reutilização ou reciclagem.
Reciclagem e as Normas:
  • Até hoje, não se sabe onde e com que critério foi criado o padrão de cores dos containers utilizados para a coleta seletiva voluntária em todo o mundo. No entanto, alguns países já reconhecem esse padrão como um parâmetro oficial a ser seguido por qualquer modelo de gestão de programas de coleta seletiva.
No Brasil existe uma norma (NBR 13230) da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, que padroniza os símbolos que identificam os diversos tipos de resinas (plásticos) virgens. O objetivo é facilitar a etapa de triagem dos resíduos plásticos que serão encaminhados à reciclagem. Os tipos são classificados por números a saber:
  • É um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora. Estes materiais são vendidos às indústrias recicladoras ou aos sucateiros.
O sucesso da coleta seletiva está diretamente associado aos investimentos feitos para sensibilização e conscientização da população. Normalmente, quanto maior a participação voluntária em programas de coleta seletiva, menor é se custo de administração. Não se pode esquecer também a existência do mercado para os recicláveis.

OS 3 R´S:
Quando falamos de reciclagem temos que deixar claro 3 conceitos:
  • RECICLAR - Transformar materiais já usados, por meio de processo artesanal ou industrial, em novos produtos. Ex: transformar embalagens PET em tecido de moletom.
  • REUTILIZAR - Reaproveitar o material em outra função. Ex: usar os potes de vidro com tampa para guardar miudezas (botões, pregos, etc.).
  • REDUZIR - Evitar a produção de resíduos, com a revisão de seus hábitos de consumo.
Ex: preferir os produtos que tenham refil. Os bons hábitos começam em casa, é preciso apenas um na família ou comunidade para fazer a diferença, por mais que as pessoas não demonstrem interesse pelo que você está fazendo, estão a notando e a aprendendo com você. E, mais cedo ou mais tarde, serão elas que passarão a utilizar o seus hábitos, faça a diferença. Comece por separar o lixo reciclável como: plástico, papel, vidro e metal, custa alguns segundos da sua vida e dá muitos anos ao nosso meio ambiente.

Decoração com materiais reciclados

Tecnologias Sustentáveis:
  • Já neste século com a preocupação das empresas em reengenharia de seus produtos com a intenção de buscar inovação tecnológica com economia baseado em aspectos de sustentabilidade e ser ecologicamente correta, surge vários inventos que devem revolucionar o mundo. 
Gerador de Hidrogênio para rendimento e economia de combustível (gasolina, álcool, diesel e outros) em 65% produzindo 20% menos emissão de CO2 e ganhando 20% de potência nos motores. Maquina de produzir água potável, retirando umidade do ar com capacidade mínima de produzir 20 litros até 800 litros/dia com dois modelos. Uma turbina eólica que além de gerar energia elétrica, produz água potável.
  • Estamos a um passo de descobrirmos que é possível gerar energia a custo zero, de produzir água retirando umidade do ar. Isto já é realidade, bastam produzir casas, edifícios, fábricas, totalmente com sustentabilidade e economia. Basta inovar, usar o conhecimento e fazer a reengenharia de tudo que é possível, para se aproveitar cada evento, movimento, calor, umidade em economia e reaproveitamento de transformação de energia em trabalho e vice-versa.
Sustentabilidade:
  • De cada 100 caixas de produtos agrícolas plantados, só 39 são consumidas por alguém. A frase pode soar absurda, mas é isso mesmo que pensa o economista Sabetai Calderoni, da Universidade de São Paulo, maior especialista brasileiro em lixo e conselheiro da ONU no assunto. 
Segundo ele, o conceito que a sociedade tem do lixo "é produto de uma visão equivocados materiais". Em seu do livro Os Bilhões Perdidos no Lixo, afirma que, embora nem tudo o que se joga fora possa ser aproveitado como comida, todo o lixo pode ser aproveitado de alguma forma.
  • Um dos maiores potenciais desperdiçados é o não aproveitamento do lixo orgânico, que geralmente vem de restos de alimentos. Esse lixo poderia se transformar em algo útil se passasse por um processo chamado com postagem. Nele, o lixo é submetido à ação de bactérias em alta temperatura e se transforma em dois subprodutos. Um é um adubo natural, o outro é o gás metano, que é usado na geração de energia termoelétrica.
A quantidade de gás metano produzido pela compostagem de todo o lixo orgânico brasileiro que não pode ser recuperado como comida seria suficiente para alimentar uma usina de 2 000 megawatts (a usina nuclear de Angra I tem capacidade de 657 megawatts). Uma usina termoelétrica como essa produziria, em um ano, 3,6 bilhões de reais em energia. E jogamos quase todo esse dinheiro no lixo. Só 0,9% do lixo brasileiro são destinados a usinas de compostagem.
  • E estamos falando apenas do lixo orgânico. O inorgânico também poderia gerar lucros. A reciclagem de vidro, plásticos e metais é perfeitamente viável em termos econômicos – e já é praticada, em quantidades cada vez maiores.
O país lucraria também ao poupar o dinheiro que é gasto para dar fim ao lixo. "Lixo é o único produto da economia com preço negativo", segundo Sabetai. Em outras palavras, o processamento de lixo é o único negócio no qual a aquisição da matéria-prima é remunerada – paga-se para livrar-se dela. E paga-se muito. As prefeituras brasileiras costumam gastar entre 5% e 12% de seus orçamentos com lixo.
  • Sem falar que o melhor aproveitamento do lixo valorizaria dois bens que não têm preço: a saúde da população e a natureza. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 76% do lixo brasileiro acabam em lixões a céu aberto. Esses lixões são uma ameaça à saúde pública porque permitem a proliferação de vetores de doenças. Além disso, a decomposição do lixo nesses locais não só gera o metano que polui o ar como também o chorume, um líquido preto e fedido que envenena as águas superficiais e subterrâneas.
O outro motivo para incentivar essa indústria são os empregos que ela poderia gerar. O Brasil produz 280.000 toneladas de lixo por dia. Descontando as 39.000 toneladas de alimento viável que poderiam ser facilmente extraídas desse lixo e disponibilizadas às populações carentes, ainda seria possível gerar 120.000 empregos só no processamento do resto. Pois é. Lixo não existe. O que existe é ignorância, falta de vontade e ineficiência.
  • Já são recicladas 35.000 toneladas de papel, vidro e metal todos os dias no Brasil, um número considerável. A compostagem transforma lixo orgânico em energia elétrica e adubo. O Brasil não aproveita esse potencial. 
Nada menos que 39.000 toneladas de comida poderiam ser aproveitadas facilmente como alimento. Embora seja possível utilizar 100% do lixo, só 13% é efetivamente aproveitado, principalmente com a reciclagem de papel, de vidros e de metais.

Logística Reversa:
  • As iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas.
No pós-venda, o objetivo, viabilizar operacionalmente o retorno de produtos aos centros produtivos ou de negócios, agregando dentro desse processo, valor aos mesmos. O processo de logística reversa no pós-consumo gera materiais reaproveitados que retornam ao processo de suprimento, produção e distribuição. 
  • A logística reversa, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos resíduos na esfera da produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos imprime novas formas de pensar o produzir e o consumir.
A logística reversa, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos resíduos na esfera da produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos imprime novas formas de pensar o produzir e o consumir.
  • Os esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa podem produzir também retornos financeiros, de imagem corporativa e de nível de serviço consideráveis que justificam os investimentos realizados. A implantação da logística reversa é de suma importância para a gestão empresarial como um diferencial de mercado trazendo benefícios à empresa.
Outro aspecto importante diz respeito ao aumento de consciência ecológica dos consumidores que esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente.
“Área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, legal, de imagem corporativa, entre outros" (LEITE, 2003).
Entende-se que a logística reversa é uma área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações referentes ao retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômicas, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.
Pelo crescimento extraordinário de uso nas sociedades modernas, esse segmento representa um dos mais importantes canais de distribuição reversos, mediante a revalorização pelo sistema de reciclagem dos materiais constituintes. 
  • As embalagens descartadas pela sociedade apresentam uma considerável e negativa ‘visibilidade ecológica’ em alguns centros urbanos, devido ao grande crescimento de sua utilização, sendo muitas vezes dispostas impropriamente, gerando poluição, mas oferecendo, ao mesmo tempo, importantes oportunidades econômicas.
Constituem um exemplo de um conjunto de atividades comerciais, industriais e de serviços, com importante potencial de desenvolvimento tecnológico, estruturação e organização de seus canais de distribuição reversos, desde que sejam equacionados seus fatores logísticos restritivos, a coleta e a consolidação dos produtos descartados (LEITE, 2003; CLM 1993).
  • A descartabilidade de um produto é que dá início ao processo de logística reversa. “O foco de atuação da logística reversa envolve a reintrodução dos produtos ou materiais à cadeia por intermédio do ciclo produtivo” (CHAVES e MARTINS, 2005). 
A logística reversa cria novas oportunidades sociais e ambientais para a destinação dos resíduos, retornarem ao ciclo produtivo. Esta deve ser incrementada por restrições ambientais crescentes em face de: custos crescentes da operação e manutenção de aterros sanitários; restrições de destinação para aterros; reaproveitamento de embalagens; obrigatoriedade de retorno de embalagens após entrega de seus produtos; recolhimento de produtos por força legal, ao fim de sua utilidade, pelos fabricantes (ROGERS E TIBBEN-LEMBKE, 1998; LEITE, 2003).
  • A logística reversa adiciona valor ao serviço de pós-transação oferecido ao cliente, na medida em que estabelece uma política de disposição final, reutilização, reciclagem, reforma reparo (reaproveitamento) para um determinado produto. 
Desta forma, tem a visão ampla de sua responsabilidade sobre todo o ciclo de vida do produto, e não somente durante sua vida útil, atentando para os impactos ambientais, para as possibilidades de desenvolvimento de atividades econômicas e pelo comprometimento para com a sociedade. Ainda, algumas cadeias produtivas já praticam ações de logística reversa, mas com baixo grau de organização e certa informalidade comercial. 
  • São canais reversos que se desenvolveram, sobretudo, unicamente pela percepção do valor comercial contido em um resíduo, o qual ainda tem por qualidade ter uma fácil utilização, aplicação e/ou reprocessamento. Como por exemplo, a cadeia do aço e ferro, na qual a economia reversa representa uma fração de cerca de 30 a 40% da cadeia produtiva direta (LEITE, 2003).
A logística verde é um novo ramo da logística empresarial, que consiste em um instrumento para conter o aumento desenfreado de resíduos gerados durante o processo produtivo e de consumo, não somente se preocupando em destinar de forma adequada os resíduos gerados pelo consumo, como ocorre na logística reversa. 
  • Tem-se, como consequência das alterações na legislação brasileira e da cobrança paralela, direta ou indireta da sociedade uma busca direta da responsabilidade estendida do produto, pelos fabricantes. O setor produtivo não pode ter, somente, o objetivo ambiental e social na etapa de fabricação, ele tem que ter esta responsabilidade ambiental e social por todo o ciclo de vida do produto, incluindo os resíduos após o consumo, atendendo aos princípios de sustentabilidade ambiental como o da produção limpa, onde a responsabilidade é do “berço à cova”.
Preocupadas com questões ambientais as empresas estão cada vez mais acompanhando o ciclo de vida de seus produtos. Isto se torna cada vez mais claro quando se observa um crescimento considerável no número de empresas que trabalha com reciclagem de materiais. 
  • Um exemplo dessa preocupação é o projeto Replaneta, que consiste em coleta de latas de alumínio e garrafas PET, para posterior reciclagem, e que tem como bases de sustentação para o sucesso do negócio a automação e uma eficiente operação de logística reversa (MALINVERNI,2002).
Coleta Seletiva:
"A coleta seletiva é uma alternativa ecologicamente correta que desvia do destino em aterros sanitários ou lixões, resíduos sólidos que podem ser reciclados. Com isso, dois objetivos importantes são alcançados. Por um lado a vida útil dos aterros sanitários é prolongada e o meio ambiente é menos contaminado. Por outro lado o uso de matéria-prima reciclável diminui a extração dos nossos tesouros naturais. Uma lata velha que se transforma em uma lata nova é muito melhor que uma lata a mais. E de lata em lata o planeta vai virando um lixão..."
Esta é, normalmente, reservada à operação que compreende a coleta seletiva de porta em porta, tanto em domicílios como no comércio, nos chamados postos de entrega voluntária (PEV), remunerada ou não, e em locais específicos, sendo dirigida, principalmente, aos produtos descartáveis. A rigor, qualquer coleta que contenha uma prévia seleção do material a ser captado ou que seja dirigida a determinada material pode ser considerada seletiva.
  • Não é comum a realização de uma separação por natureza de matéria constituinte no próprio domicilio, embora existam registros de vários outros graus de separação: jornais e outros periódicos muitas vezes são separados para serem comprados por peso. Quando há um incentivo financeiro em muitos momentos é um fator que alavanca o processo de reciclagem, criando valor agregado ao processo de separação.
A coleta seletiva em pontos de entrega voluntária (PEV) constitui a operação de recolhimento de diversos tipos de embalagens originadas da deposição voluntária da população em recipientes separados e dispostos em locais próximos aos pontos de venda de grande movimento. Essa devolução pode se dar de maneira remunerada, em certos casos, de modo a incentivar a reciclagem, sendo habitualmente separados os quatro tipos de descartáveis: vidros, plásticos, latas e papéis, o que evita uma separação no processamento posterior desses materiais.
  • Após a separação em grandes categorias, os produtos são embalados para adensamento de carga, visando à economia no transporte, e comercializados diretamente com as indústrias de reciclagem ou com empresas reutilizadoras que realizarão a escolha e a separação final dos materiais por tipo de vidro, de plástico, de papel, etc., normalmente também especializadas por natureza de material.
Existem divergências quanto às vantagens, à viabilidade e, principalmente, aos custos associados a esses sistemas de coleta, pois a complexidade de fatores que podem ser considerados torna o problema de difícil resposta única, justificando uma boa quantidade de livros e artigos técnicos que chegam a conclusões bastante diversas, dependendo da posição de análise. As principais vantagens apresentadas pelos sistemas de coleta seletiva podem ser resumidas da seguinte maneira:
  • O sistema porta a porta domiciliar apresenta alta taxa de captura de materiais de embalagens e descartáveis em geral quando comparado a outras formas, principalmente no caso de plásticos e vidros. Ele apresenta taxa de captura de até 90% quando existe grande sensibilização da comunidade ou no caso de coletas seletivas urbanas por lei expressa (mais de 40% dos casos nos Estados Unidos), conforme informações do CEMPRE, 2008.
  • Há um aumento e constâncias das quantidades coletadas, melhorando a qualidade dos materiais com economia de escala empresarial em todo o sistema dos canais reversos; melhor qualidade dos materiais coletados, uma vez que não ocorre a mistura com os resíduos orgânicos; alívio do processo envolvido nos sistemas de aterro e de incineração pela redução da quantidade e principalmente do volume da coleta de lixo urbana, com suas comentadas repercussões sociais; e, finalmente, muita economia obtida pelas substituições de matérias primas novas pelos materiais reciclados.
No entanto, o grande desafio para a implantação dessas coletas é o custo operacional para o agente da coleta seletiva, normalmente a prefeitura local, para a qual a operação somente apresenta resultados financeiros positivos quando a escala de atividade é alta, o que a torna inviável para grande parte das comunidades menores.
  • Esse tipo de coleta é característico de sociedades menos desenvolvidas, pois se constitui em uma captação manual dos bens de pós consumo de modo primitivo, em pequenas quantidades, dirigido aos materiais de melhor valor de revenda. É um meio de vida para esses catadores. Os materiais são vendidos ao elo seguinte, o ‘sucateiro’ (CALDERONI, 1997). O que se identifica pelos vários estudos sobre reciclagem que o processo e coleta seletiva em muitos municípios são de modo informal.
Na coletânea “Environmental marketing”, de Polonsky, são analisados alguns fatores-chave ou ‘propulsores’ para o desenvolvimento da demanda para os produtos com conteúdos de reciclados no futuro mercado:
  • Um consumidor comprometido com o denominado produto ‘verde’;
  • O aumento dos custos ecológicos nos negócios;
  • Um suporte legal e político;
  • O avanço em tecnologia de reciclagem e o projeto de produtos visando
  • À sua utilização após descarte pela sociedade; e
  • A localização dos utilizadores de reciclados perto das fontes de pós-consumo
Os catadores ainda são os meios mais eficientes no processo de coleta de resíduos para a reciclagem.

Montando Uma Coleta Seletiva:
  • Um programa de coleta seletiva não é tarefa difícil de realizar, porém é trabalhosa, exige dedicação e empenho. Engloba três etapas: PLANEJAMENTO, IMPLANTAÇÃO e MANUTENÇÃO, todas com muitos detalhes importantes.
O primeiro passo para a realização do programa é verificar a existência de pessoas interessadas em fazer esse trabalho. Uma pessoa sozinha não conseguiria arcar com tudo por muito tempo, e uma das principais razões para o sucesso de programas desse tipo é o envolvimento das pessoas. Identificados alguns interessados, o próximo movimento é reuni-los em um grupo, que será o responsável pelas três etapas.
  • É importante, desde o início e durante o processo, informar as pessoas da comunidade envolvida sobre os passos que serão dados e sempre convidá-las para participar, utilizando-se das formas costumeiras de organização e comunicação daquele local (reuniões de professores, da APM, de condôminos, etc.).
Conhecendo um pouco o lixo do local:
  • Número de participantes (alunos, moradores, funcionários);
  • Quantidade diária do lixo gerado (pode ser em peso ou número de sacos de lixo);
  • De quais tipos de resíduos o lixo é composto e porcentagens de cada um (papel, alumínio, plástico, vidro,
  • orgânicos, infectante, etc.);
  • O caminho do lixo: desde onde é gerado até onde é acumulado para a coleta municipal;
  • Identificar se alguns materiais já são coletados separadamente e, em caso positivo, para onde são encaminhados.
Conhecendo as características do local:
  • Instalações físicas (local para armazenagem, locais intermediários);
  • Recursos materiais existentes (tambores, latões e outros que possam ser reutilizados);
  • Quem faz a limpeza e a coleta normal do lixo (quantas pessoas);
  • Rotina da limpeza: como é feita a limpeza e a coleta (frequência, horários).
Conhecendo um pouco o mercado dos recicláveis:
  • Doação: uma opção para quem vai implantar a coleta seletiva é encaminhar os materiais para associações ou cooperativas que, por sua vez, vendem ou reaproveitam esse material. Se for esta a opção, é bom ter uma lista desses interessados à mão. No site da SMA existe uma lista com algumas entidades. Esta lista poderá ser complementada por meio de pesquisa na sua região, pois há muitas entidades beneficentes que aceitam materiais recicláveis.
  • Venda: preços e compradores podem ser consultados no site da SMA, em listas telefônicas (sucatas, papel, aparas, etc.) ou nos sites indicados no final desta publicação.
Montando a parte operacional do projeto:
  • Com todos os dados obtidos até esse ponto (as quantidades geradas de lixo por tipo de material, as possibilidades de estocagem no local, os recursos humanos existentes, etc.), está na hora de começar a planejar como será todo o esquema.
Agora deve-se decidir:
  • Se a coleta será de todos os materiais ou só dos mais fáceis de serem comercializados;
  • Se a armazenagem dos recicláveis será em um lugar só ou com pontos intermediários;
  • Quem fará a coleta;
  • Onde será estocado o material;
  • Para quem será doado e/ou vendido o material;
  • Como será o caminho dos recicláveis, desde o local onde é gerado até o local da estocagem;
  • Como será o recolhimento dos materiais, inclusive frequência.
Educação ambiental:
  • Esta parte é fundamental para o programa dar certo: integra todas as atividades de informação, sensibilização e mobilização de todos os envolvidos.
  • O primeiro passo consiste em listar os diferentes segmentos envolvidos. Ex: 1. Nas escolas: todos os alunos, professores, funcionários da área administrativa e da limpeza e pais devem participar. 2. Em um condomínio: moradores (jovens, crianças, adultos), funcionários da limpeza e empregadas domésticas.
  • O segundo passo é pensar que tipo de informação cada segmento deve receber. O terceiro passo é: pensando em cada segmento e nas informações que se quer passar, PLANEJAR quais atividades propor para cada segmento, visando atingir com mais sucesso o objetivo. Entre as atividades usadas, sugerimos: cartazes, palestras, folhetos, reuniões, gincanas, festas, etc. Realizar uma variedade grande de atividades sempre é melhor, pois atinge mais pessoas.
A Arte na Reciclagem:
  • Muitas são as formas de contribuir para um mundo mais sustentável, e a arte é uma delas. O lixo pode virar luxo através da criatividade que a mente humana pode oferecer, o que também abre oportunidades de trabalho e ajuda no desenvolvimento de novas habilidades.
Através do reaproveitamento de materiais - como garrafas PET, embalagens Tetra Pak, plásticos, pneus, vidros, filtros de café, papéis, entre outros– boa parte do “lixo” que seria descartado na natureza cria utilidade. Há projetos de artesanatos a partir da reutilização de elementos recicláveis gerados pela realização de eventos e publicidade. Além disso, a organização também desempenha um importante papel social, já que os trabalhadores do projeto são presidiários capacitados a exercer essa atividade.
  • Com a ideia de sustentabilidade sempre em pensamentos, podemos fazer diversos produtos como vassouras, luminárias, vasos, bolsas, carteiras, colares, entre outros utensílios. Um exemplo legal é a carteira feita de caixas de leite.
Outras Considerações:
  • Neste trabalho, de cunho bibliográfico, teve como principal objetivo identificar algumas das formas de reciclagem e coleta seletiva, para contribuir com material teórico que possibilite novos acadêmicos e ao mundo científico informações sobre o tema reciclagem, que ainda precisa ser muito difundido.
Muitas campanhas educativas têm despertado a atenção para o problema do lixo nas grandes cidades. Cada vez mais, os centros urbanos, com grande crescimento populacional, têm encontrado dificuldades em conseguir locais para instalarem depósitos de lixo. 
  • Portanto, a reciclagem apresenta-se como uma solução viável economicamente, além de ser ambientalmente correta. Nas escolas, muitos alunos são orientados pelos professores a separarem o lixo em suas residências. Outro dado interessante é que já é comum nos grandes condomínios a reciclagem do lixo.
É evidente que a situação do lixo, dentro do quadro de degradação ambiental, é grave, necessitando de estratégias inovadoras para evitar que o planeta se transforme num lixão. Exaurir é mais fácil do que utilizar de forma prudente, contaminar é mais rápido e fácil do que gerar tecnologias limpas e recursos preservados, cuidar é mais difícil do que “deixar estar”.
  • Neste trabalho foi feito um levantamento de todas as tecnologias utilizadas no Brasil para a reutilização, reciclagem e a valorização energética. Além disso, foi constatado que a logística reversa tem um papel importante no processo de coleta, triagem, pré-tratamento e disposição final dos pneus.
Dentre os materiais utilizados para a confecção das embalagens de refrigerantes, atualmente, o PET é o que mais contribui para a degradação do meio ambiente, por causa do seu alto potencial de geração de névoa fotoquímica, que é composto principalmente por O3, que é inodoro nas concentrações ambientais e é conhecido como smog.
  • As principais dificuldades no processo de reciclagem do lixo estão na falta de incentivos fiscais e de programas de coleta seletiva. Provavelmente, o maior problema do processo de reciclagem é a forma como ocorre à coleta de lixo, sendo que o ideal no Brasil e no mundo será uma coleta seletiva em todos os municípios, para que se tenha uma maior porcentagem de reciclagem. 
O Brasil, nos dias de hoje, é o terceiro maior consumidor mundial de PET, para a produção de garrafas de bebidas de diversas marcas e quantidades. Sendo que a tendência do mercado é de um aumento de consumo para os próximos anos.
  • Apesar da evolução obtida pela indústria e da quantidade de garrafas que ainda são vistas boiando nos rios, existe grande carência de PET para ser reciclado, o que deixa a indústria recicladora com uma taxa de ociosidade da ordem de 30%.
Isso ocorre por absoluta falta de coleta seletiva, fator de desestímulo para qualquer cidadão bem intencionado. É por essa razão que a educação ambiental é tema urgente e importante, que requer mudanças de hábitos por parte dos consumidores e de postura no caso do poder público.
  • Reciclar é economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo produtivo o resíduo que seria jogado fora, para que o mesmo seja usado novamente como matéria prima. Se não ocorrer a reciclagem a decomposição dos resíduos é demorada, conforme pode ser verificado pela figura 1. O planeta já começa a dar sinais de esgotamento ambiental, se não existirem ações rápidas e eficientes do poder público e privado, não se terá condições adequadas de sobrevivência de todos.
Como sugestão de continuidade deste estudo pode se analisar outros fatores que possam aumentar a reciclagem de resíduos como, por exemplo, com propostas para que a Política Nacional de Resíduos possa gerar resultados esperados pela comunidade.
  • Outra sugestão é a análise de todo o processo de uma logística verde, para a reciclagem de garrafa PET, em que a análise deve ser feita em todo o processo logístico, analisando as questões ambientais em todas as fases e etapas.
Há também a possibilidade de se analisar juridicamente como é possível que as prefeituras desenvolvam parcerias com as cooperativas de Catadores, para que ocorra uma ampliação da reciclagem nas cidades.
  • Como diz o título a reciclagem é somente o primeiro passo para um mundo sustentável. Precisamos somente ter vontade e querer mudar a situação atual

Não deite fora pneus, caixas de madeira de fruta, sapatos e móveis velhos. 
Tudo pode ser reciclado e fazer um bonito jardim.

sábado, 28 de novembro de 2015

Logística para Reciclagem e Logística Reversa

Logística para Reciclagem e Logística Reversa Principais Similaridades e Principais Diferenças

  • A cultura do consumo hoje adotada pela maioria da população tem estimulado um notável incremento no lançamento de novos produtos, inovações tecnológicas e produção em massa. A grande maioria destes produtos, entretanto, não é totalmente consumida, restando uma significativa parcela de resíduos. 
Alem disto, como um produto pode ficar impróprio para utilização ou consumo durante o seu deslocamento entre o fabricante e o cliente final (por exemplo: ter chegado ao termo de validade), em qualquer nível da cadeia de abastecimento pode haver necessidade do detentor proceder a sua devolução. 
  • O fabricante pode ter necessidade de devolver matérias-primas que não satisfazem a qualidade especificada, o distribuidor pode proceder a devolução do produto devido a gestão interna do seu nível de estoque ou a acordos comerciais pré-estabelecidos e, por ultimo, o cliente pode querer devolver produtos que se avariaram e estão dentro da garantia, produtos em fim de vida útil ou, mesmo, em fim de utilização.
Estes rejeitos ou produtos impróprios podem seguir três destinos diferentes: ir para um local de descarte seguro, como aterros sanitários e depósitos específicos, um destino não seguro, sendo lançado na natureza, poluindo o ambiente, ou por fim, voltar a uma cadeia de distribuição reversa. Ou, em outras palavras, o destino dos produtos descartados poderá ser a reciclagem do produto, o seu reprocessamento e devolução ao mercado, ou ainda, se não tiver mais nenhuma possibilidade de ser reaproveitado, o descarte pela deposição em algum depósito definitivo na forma de lixo.
  • Sabe-se que o valor agregado a um produto é aquele valor percebido pelo cliente/consumidor que está disposto a pagar por ele. Depois de cumprida a função de uso do produto, seu valor a principio se extinguiria. Aparece, no entanto, para alguns produtos, o conceito de valor residual, como sendo aquele valor ainda possível de ser recuperado, mesmo após a extinção de sua função. Este trabalho procura ressaltar o potencial de diversos produtos em termos de valor residual, o que faz surgir um novo tipo de relação comercial consumidor – fabricante através do fluxo reverso.
Há grande interesse de ambas as extremidades da cadeia de suprimento neste novo negócio: O consumidor, ao inserir ou mesmo facilitar a inserção de materiais descartados no fluxo reverso satisfaz a sua consciência ecológica alem de possibilitar a recuperação de parcela do valor pago pelo produto. O fabricante será quem terá os maiores benefícios, uma vez que produzirá novos produtos com significativa redução de custos e insumos. 
  • No meio, toda a cadeia de suprimentos se beneficia com este fluxo reverso, uma vez que sua operação institucionalizada possibilita novas oportunidades de negócio além de inserir no mercado de trabalho uma parcela marginalizada da sociedade.
Segundo Barroso (2005), a reintegração dos resíduos ou produtos recuperados na cadeia de abastecimento implica num fluxo de material e de informação adicional, em sentido inverso ao tradicional, o que permite fechar o circuito. 
  • Assim, a cadeia de abastecimento em circuito fechado teria de englobar não só as atividades logísticas tradicionais, abastecimento, produção, distribuição e consumo como, também, as atividades associadas uma logística especial para recolha, inspeção, separação, reprocessamento, deposição e redistribuição de resíduos recuperados.
Assim, quando em presença de um fluxo inverso, deve ser decidido o que fazer com cada produto. Deve começar por se identificar o produto, avaliar o seu estado, decidir qual o modo de recuperação mais adequado e, apos a recuperação, reintroduzi-lo na cadeia de abastecimento. Os produtos, pecas ou materiais recuperados, não têm necessariamente de entrar na mesma cadeia de abastecimento de onde foram originários. 
  • Conforme Fleischmann (2000) Com a melhoria do nível de vida, sobretudo nos países industrializados, tem-se verificado um aumento cada vez maior dos resíduos, em numero e em quantidade. Até um passado muito recente, os resíduos eram eliminados através da deposição em aterros, incineração ou, simplesmente, jogados fora, sem quaisquer cuidados adicionais. 
Com os problemas de poluição ambiental, os aterros superlotados e a escassez de incineradoras (em numero e capacidade), têm sido envidados esforços no sentido de reintegrar os resíduos nos processos produtivos originais tendo em vista a minimização das substancias descartadas na natureza bem como a redução do consumo de recursos naturais. A reintegração dos resíduos nos processos produtivos permite um desenvolvimento mais sustentável, não colocando em risco as gerações futuras.
  • De acordo com Barroso (2005) o Catalogo Europeu de Resíduos (CER) define resíduos como sendo “quaisquer substancias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação de se desfazer". De fato, nesta definição de tão vasta abrangência, podem estar incluídos, para alem dos produtos em fim de vida útil, os produtos danificados, avariados e em fim de utilização. Como um produto pode ficar impróprio para utilização ou consumo durante o seu deslocamento entre o fabricante e o cliente final (por exemplo: ter chegado ao termo de validade), em qualquer nível da cadeia de abastecimento pode haver necessidade do detentor proceder a sua devolução. 
O fabricante pode ter necessidade de devolver matérias-primas que não satisfazem a qualidade especificada, o distribuidor pode proceder a devolução do produto devido a gestão interna do seu nível de estoque ou a acordos comerciais pré-estabelecidos e, por ultimo, o cliente pode querer devolver produtos que se avariaram e estão dentro da garantia, produtos em fim de vida útil ou, mesmo, em fim de utilização.
  • Na Europa, a responsabilidade de recolha dos produtos, tais como componentes eletrônicos e automóveis, está atribuída aos fabricantes. Em colaboração ou sob imposição dos governos, têm sido criados sistemas de recolha e recuperação. 
Estes sistemas podem ser organizados a nível nacional quando envolvem a recuperação de volumes elevados de resíduos de baixo valor acrescentado, pela reciclagem de materiais, ou organizados ao nível das empresas no caso da recuperação envolver pela remanufatura volumes reduzidos de resíduos, com elevado valor agregado.
  • Fleischmann (2000), afirma que a reintegração dos resíduos recuperados na cadeia de abastecimento implicará num fluxo de material e de informação adicional, em sentido inverso ao tradicional, o que permite fechar o circuito. Assim, a cadeia de abastecimento em circuito fechado teria de englobar não só as atividades logísticas tradicionais, abastecimento, produção, distribuição e consumo como, também, as atividades associadas à logística inversa, recolha, inspeção/separação, reprocessamento, deposição e redistribuição de resíduos recuperados.
O processo de movimentação destas mercadorias, a princípio descartadas, se dá através de canais de distribuição especiais em que os produtos podem retornar ao ponto onde originariamente foram fabricados ou assumirem outro destino. Este fluxo adicional dos produtos é gerenciado pela “Logística para Reciclagem de Materiais” ou pela “Logística Reversa”. Em diversos trabalhos científicos é comum estes dois tipos de logística serem confundidos.
  • De fato existem diversos pontos em comum entre os dois. Ambos tratam de materiais que já foram, de alguma forma, utilizados ou manipulados. Ambos têm similaridade com a “logística de suprimentos”, na qual as matérias-primas que alimentam um determinado processo produtivo têm diversos pontos de origem e um destino único. Ambos tratam com produtos com valor bem menor do que quando produzidos. 
A grande diferença está no fato de que a Logística Reversa sempre é de responsabilidade da empresa que fabricou o produto que está sendo recolhido e, na maioria das vezes, isto traz um retorno financeiro negativo ou, se positivo, de menor significância, enquanto que a Logística para Reciclagem de Materiais pode ser realizada por qualquer empresa e sempre é lucrativa.
  • Como freqüentemente a logística reversa está sendo confundida com reciclagem, com reuso de materiais ou com fluxo reverso de mercadorias, o objetivo desta pesquisa é analisar casos descritos na literatura como sendo logística reversa e demonstrar que na realidade são simples problemas de logística de suprimento, apenas que as suas fontes de matéria prima são produtos que já foram utilizados para um fim diverso em outra ocasião, quase sempre esta matéria prima utiliza canais que poderiam ser definidos como canais de distribuição reversos.
Na logística para reciclagem, o produto também percorre canais de distribuição reversos e, como se pode observar na figura 2, o processo de estocagem é semelhante ao da logística reversa. Em ambos os casos, os estoques vão sendo gradualmente abastecidos pela rede de coleta de materiais a serem reciclados ou devolvidos, crescendo até um ponto em se possa completar a carga de um veículo que faça o transporte no sentido inverso ao do consumo inicial. 
  • A grande diferença entre os dois tipos de logística é que, para reciclagem, as empresas só escolhem os componentes que interessem a sua linha de produção, desprezando os componentes que não terão utilidade para elas, por exemplo: as metalúrgicas só recolhem as partes metálicas de um veículo descartado, desprezando pneus, estofamentos, lubrificantes, plásticos, etc. 
Na logística reversa. é normal que a empresa tenha que recolher o produto ou o equipamento de forma completa, inclusive os componentes que lhes serão inservíveis, por exemplo: mesmo que possa aproveitar partes dos invólucros das pilhas e baterias, terá de captar a peça completa, inclusive a parte química, cuja recuperação nem sempre é vantajosa.
  • A logística reversa trata do fluxo de retorno originado no cliente final e percorrendo o sentido inverso da cadeia de suprimentos em direção aos fornecedores originais dos componentes ou da matéria prima. 
Portanto, a logística reversa só pode ser considerada como tal, quando executada pela mesma empresa que realizou a logística direta. Isto é evidente: qualquer livro de mecânica básica ensina que só é possível um “reverso” em um sistema se existir um “direto” neste mesmo sistema. Roger (2002) reforça esta afirmação quando escreve que “se nenhum produto está sendo enviado de volta para a empresa de origem, então, provavelmente, a atividade não pode ser considerada como logística reversa”.
  • Mais precisamente, logística reversa é o processo de mover um bem da sua destinação final até a sua origem, com o propósito de recuperá-lo, total ou parcialmente, ou destruí-lo de forma correta. Evidentemente, quando se fala que o bem deve retornar a sua origem, não se pretende dizer que ele deve ser devolvido exatamente ao ponto em que foi fabricado, mas sim voltar para a Empresa que o produziu. 
A Empresa, por sua vez, dará o destino que lhe for mais conveniente, pode ser recuperá-lo, reciclá-lo, vendê-lo para outra empresa ou, até mesmo, jogá-lo no lixo. Logística reversa, diz respeito ao fluxo de materiais que voltam à empresa por algum motivo (devoluções de produtos com defeitos, retorno de embalagens, retorno de produtos e/ou materiais para atender à legislação). 
  • Como é uma área que normalmente não envolve lucro (ao contrário, muitos custos) diversas empresas não lhe dão a mesma atenção que ao fluxo de saída normal de produtos. Mesmo a literatura técnica sobre logística só agora começa a se preocupar com o tema.
Logística Reversa e Logística para Reciclagem:  
  • Geralmente, o conceito de logística é pensado como o gerenciamento do fluxo de materiais e de informações, do seu ponto de aquisição (in-bound logistics) até o seu ponto de consumo (out-bound logistics). No entanto, para uma grande gama de materiais e produtos, existe também o fluxo logístico reverso, do ponto de consumo até o ponto de origem, que precisa ser gerenciado.
Para se compreender a logística reversa é necessário rever o conceito de Logística. Segundo o Council of Logistics Management (1993), logística pode ser definida como:
“O processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e eficácia e dos custos, dos fluxos de matérias-primas, produtos em estoque, produtos acabados e informação relacionada, desde o ponto de origem até ao ponto de consumo, com o objetivo de atender as necessidades dos clientes".
Rogers et all (1998) completam a definição adaptando-a para a logística reversa. Segundo estes autores, o conceito de logística reversa inclui todas as atividades acima mencionadas considerando, porém, que as atividades são operadas em sentido oposto:
  • “O processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e eficácia e dos custos, dos fluxos de matérias-primas, produtos em estoque, produtos acabados e informação relacionada, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar a deposição adequada".
Nesta definição fica bem claro que a logística reversa trata do fluxo de retorno originado no cliente final e percorrendo o sentido inverso da cadeia de suprimentos em direção aos fornecedores originais dos componentes ou da matéria prima. Portanto, a logística reversa só pode ser considerada como tal, quando executada pela mesma empresa que realizou a logística direta. 
  • Isto é evidente: qualquer livro de mecânica básica ensina que só é possível um “reverso” em um sistema se existir um “direto” neste mesmo sistema. Roger (2002) reforça esta afirmação quando escreve que “se nenhum produto está sendo enviado de volta para a empresa de origem, então, provavelmente, a atividade não pode ser considerada como logística reversa”.
Desde a primeira definição da logística reversa elaborada em 1993 pelo “Council of Logistics Management” (CLM), varias evoluções se sucederam a este conceito inicial. Stock, Roger e Tibben-Lembke, Dornier et al; Bowersox e Closs apud Leite (2003) contribuíram conceitualmente para o processo de evolução desta definição, que encontra ainda novas possibilidades de alteração em função do crescente interesse empresarial e de pesquisa nesta área.
“Entendemos a logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e pós-consumo ao ciclo de negocio ou ao ciclo produtivo, por meio de canais de distribuição reversos agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros” (Leite, 2003)
Mais precisamente, logística reversa é o processo de mover um bem da sua destinação final até a sua origem, com o propósito de recuperá-lo, total ou parcialmente, ou destruí-lo de forma correta. Evidentemente, quando se fala que o bem deve retornar a sua origem, não se pretende dizer que ele deve ser devolvido exatamente ao ponto em que foi fabricado, mas sim voltar para a Empresa que o produziu. A Empresa, por sua vez, dará o destino que lhe for mais conveniente, pode ser recuperá-lo, reciclá-lo, vendê-lo para outra empresa ou, até mesmo, jogá-lo no lixo.
  • No entanto, constata-se que, mesmo na literatura especializada, freqüentemente a logística reversa está sendo confundida com reciclagem, com reuso de materiais ou com fluxo reverso de mercadorias. Existe uma clara mistificação do nome e a logística reversa já esta sendo exageradamente confundida por alguns como “Logística Verde”.
A logística reversa difere da chamada “logística verde” porque esta última considera todo o impacto, desde a produção do bem, até o fim de sua vida útil e a correta disposição final deste bem. Melhor seria chamá-la de logística ambiental ou logística para sustentabilidade ambiental ou ainda logística ecológica.
  • Este pseudo “exagero” é notado principalmente em alguns textos de pesquisadores principiantes, tais como autores de trabalho de conclusão de cursos ou de dissertações de mestrado. Na realidade, a logística reversa não é uma “logística ambiental” como alguns trabalhos pretendem sugerir, mas algo muito mais simples, em princípio muito parecida com a logística tradicional, só que utiliza canais de distribuição que fluem no sentido inverso.
A atividade principal, tanto na logística para reciclagem como na logística reversa é a coleta dos produtos a serem recuperados e sua distribuição após reprocessamento. Embora este problema se assemelhe ao problema clássico de distribuição, também há algumas diferenças:
  • Normalmente, existem muitos pontos onde os bens precisam ser coletados;
  • A recolha da embalagem dos produtos é geralmente uma questão problemática;
  • A cooperação do remetente é, em muitos casos, bastante necessária;
  • Os bens tendem a ter um baixo valor.
Por outro lado, nestas estruturas logísticas, o tempo é um fator de menor importância. Como esta prática é bastante recente, em muitos casos novas cadeias precisam ser construídas. Os principais assuntos a este respeito são a determinação do número de nós da rede de recolha; a quantidade e localização de depósitos ou pontos intermediários; a questão da integração da cadeia inversa com a cadeia de suprimentos tradicional e, finalmente, a questão do financiamento do canal de distribuição reverso.Leite, 2003, faz uma boa descrição sobre os canais de distribuição reversos e divide a logística reversa em dois grupos cuja base está relacionada com a diversidade de objetivos estratégicos e técnicas operacionais envolvidas:
  • Logística reversa de pós-consumo: trata da área da logística que equaciona e operacionaliza igualmente o fluxo físico e as informações correspondentes de bens de pós-consumo – bens que chegaram ao final de sua vida útil ou foram parcialmente usados com possibilidade de reutilização, por exemplo: embalagens.
  • Logística reversa de pós-venda: trata da área da logística que equaciona e operacionaliza igualmente o fluxo físico e as informações correspondentes de bens de pós-venda – bens sem uso ou com pouco uso que, por diferentes motivos, retornam aos elos da cadeia de distribuição direta, por exemplo: aparelhos com defeitos.
Por traz desta evolução dos conceitos de logísticas reversa, está o conceito mais amplo do “ciclo de vida” do produto. Três considerações devem ser sistematicamente feitas sobre o ciclo de vida do produto:
  • Sob ponto de vista logístico: A vida de um produto não termina com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados, saturados em sua função ou simplesmente não funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados.
  • Sob o ponto de vista financeiro: Alem dos custos dos produtos até sua venda, devem ser também considerados outros custos relacionados a todo gerenciamento do fluxo reverso.
  • Sob ponto de vista ambiental: Como avaliar o impacto que o produto produz ao meio ambiente durante toda a sua vida.
Acrescente–se a isto, o fenômeno do aumento das descartabilidade dos produtos em geral, que vem ocorrendo desde após a Segunda Guerra Mundial, como conseqüência do acelerado desenvolvimento tecnológico que a humanidade tem experimentado. Leite (2003) cita alguns sinais de tendência da descartabilidade, entre eles, a velocidade de lançamento de novos produtos, como uma das características da competitividade das empresas modernas. 
  • A estes sinais, deve-se acrescentar o fato do crescimento do segmento de embalagens, itens altamente descartável, que tem se adaptado e contribuído significativamente, para as modificações mercadológicas e logísticas requeridas na distribuição física.

Logística para Reciclagem e Logística Reversa Principais Similaridades e Principais Diferenças

Canais de Distribuição Reversos: 
  • É muito recente a preocupação em relação aos canais de distribuição reversos, isto é, as etapas, formas e meios pelos quais uma parcela dos produtos vendidos retornam ao ciclo produtivo, seja por alguma disfunção detectada após a venda, seja pela extinção de sua vida útil. 
Apesar dos canais reversos de alguns materiais, como alguns metais, serem conhecidos há muitos anos, há pouco estudo, até o momento sobre o seu comportamento. O que se verifica é uma incipiente sistematização de conceitos nesse campo. Diversos autores, entre eles Ballou, fizeram, no passado, referencias a esses canais reversos como tema de preocupação para o “futuro” (Leite, 2003).
  • Este pouco interesse pelo estudo dos canais de distribuição reversos está na sua aparente pouca importância econômica, quando comparada com os canais de distribuição direto. Os volumes movimentados nos canais reversos são apenas uma fração daqueles dos canais diretos e seu valor relativo é baixo, se comparado ao dos bens originais. 
No entanto, é notável o crescimento, nos últimos anos, das atividades ligadas à logística reversa por uma serie de fatores. Lacerda (2002) coloca três causas básicas deste crescimento:
  1. Questões ambientais: Pratica comum em alguns países, notadamente a Alemanha, existe no Brasil uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe para tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsável pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes produzem ao meio ambiente.
  2. Diferenciação por serviço: Os varejistas acreditam que os clientes valorizam mais, as empresas que possuem políticas mais liberais do retorno de produtos. Esta, alias, é uma tendência reforçada pela legislação de defesa do consumidor, garantindo-lhe o direito de devolução ou troca. Isto envolve uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos retornados.
  3. Redução de custo: Iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido retornos consideráveis para empresas. Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para a produção levam a ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas de fluxo reverso.
Leite (2003) considerou duas categorias de canais de distribuição reversos: pós-consumo e pós-venda. Os canais reversos de pós-consumo são constituídos pelo fluxo reverso de uma parcela de produtos e de materiais constituintes originados no descarte dos produtos, depois de extinta sua utilidade original, e que retornam ao ciclo produtivo através de reuso, desmanche ou reciclagem. 
  • Há também casos em que uma parcela destes produtos pós-consumo é destinada a sistemas de disposição final, alguns deles seguros ou controlados e outros não seguros, provocando impactos maiores ao meio ambiente. Os canais reversos de pós-vendas são constituídos pelas diferentes formas de retorno de parcela de produto com pouco ou nenhum uso ou com problemas relacionados à qualidade.
Os clássicos canais logísticos reversos são comuns em muitas empresas. Por exemplo, fabricantes de bebidas gerenciam todo o retorno das garrafas dos pontos de venda até seus centros de distribuição. As siderúrgicas usam como insumo de produção em grande parte a sucata gerada por seus clientes e para isso usam centros coletores de carga. 
  • A indústria de latas de alumínio é notável no seu grande aproveitamento de matéria prima reciclada, tendo desenvolvido meios inovadores na coleta de latas descartadas. Existem ainda outros setores da indústria onde o processo de gerenciamento dos canais de suprimento reversos é mais recente como na indústria de eletrônicos, automobilística e de produtos radioativos.
Estes setores também têm que lidar com o fluxo de retorno de embalagens, de devoluções de clientes ou do reaproveitamento de materiais para produção. Entretanto observa-se a proliferação de trabalhos acadêmicos que descrevem processos que não podem ser considerados como de logística reversa e sim como casos de reciclagem de materiais, cuja movimentação e armazenagem poderiam ser encaradas como de logística de suprimentos normal. 
  • Pode-se citar como exemplo a reciclagem de fibras de coco, pneus, cartuchos de tinta de impressoras, garrafas pet, etc. que não voltam para sua indústria de origem, mas sim são fontes de matéria prima para indústrias completamente diferentes, nada tendo a ver, portanto, com logística reversa.
Mesmo tendo como base um forte apelo ambiental, ainda não se pode dizer que existe um grande interesse pelo estudo dos canais de distribuição reversos. Isto se justifica pela sua aparente menor importância econômica, quando comparada com os canais de distribuição diretos. Volumes movimentados nos canais reversos são apenas uma fração daqueles dos canais diretos e, se comparado ao dos bens originais, seu valor relativo é baixo. No entanto, é notável o crescimento, nos últimos anos, das atividades ligadas à logística reversa por uma serie de fatores. Lacerda (2002) coloca três causas básicas deste crescimento:
  • Questões ambientais: Pratica comum em alguns países, notadamente a Alemanha, existe no Brasil uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe para tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsável pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes produzem ao meio ambiente.
  • Diferenciação por serviço: Os varejistas acreditam que os clientes valorizam mais, as empresas que possuem políticas mais liberais do retorno de produtos. Esta, aliais, é uma tendência reforçada pela legislação de defesa do consumidor, garantindo-lhe o direito de devolução ou troca. Isto envolve uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos retornados.
  • Redução de custo: Iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido retornos consideráveis para empresas. Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para a produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas de fluxo reverso.
Nunca é demais ressaltar que: reciclagem não é logística reversa, aproveitamento de sobras da produção não é logística reversa, coleta de produtos descartados não é logística reversa, transporte de lixo não é logística reversa. Logística reversa é o volta do produto à sua origem, ou para algum outro destino determinado por seu fabricante. Se for possível obter algum retorno financeiro com este produto, melhor. 
  • A seguir serão apresentados estudos disponíveis na literatura relacionados a real logística reversa e também casos em que houve equívocos por parte dos pesquisadores.
Logística para Reciclagem versus Logística Reversa:
  • Um exemplo clássico de Logística para Reciclagem de Materiais e o caso das latas de alumínio e das garrafas PET. Pode-se afirmar que no Brasil e na maioria dos países em desenvolvimento, não existe logística reversa para estas embalagens. Existe sim, uma imensa rede de catadores recolhendo estes produtos, o que possibilita a reciclagem de mais de 70 % destas embalagens. 
No entanto, nem a indústria que produz as latas ou as garrafas, nem a indústria engarrafadora, se envolvem com o processo de recolhimento ou recuperação. Os catadores entregam as latas e as garrafas para intermediários que fazem a compactação destes produtos e repassam para um nível superior de atravessadores.
  • As garrafas PET não podem ser aproveitadas novamente na indústria de embalagens, mas têm uma demanda muito grande para outros usos. Já o alumínio das latas pode ser novamente transformado em latas ou, evidentemente, em diversos outros produtos. Então a lata pode, eventualmente, voltar para a indústria que a produziu, mas, mesmo assim, isto não nada a ver com logística reversa, mas como uma fonte de matéria prima como qualquer outra para a indústria.
A indústria só recompra a lata porque esta é uma matéria prima muito mais barata do que o alumínio oriundo da bauxita. Isto é a mesma coisa que acontece com qualquer outra indústria que usa produto reciclado, como papel, ferro, plástico, entre outras. Somente adquirem aqueles produtos se eles tiverem um custo menor que o de sua matéria prima convencional.
  • Já uma situação real de logística reversa acontece na a área de supermercados, mais especificamente no setor de alimentos, na qual diversas empresas fornecedoras se responsabilizam pela coleta de produtos defeituosos ou fora do prazo de validade, evitando problemas de infecção ou intoxicação e, desta forma, protegem a sua marca por garantir proteção à saúde do consumidor. 
Se algum problema de contaminação ocorrer, a marca do produto perde credibilidade junto aos consumidores. É de interesse de ambas as partes, fabricantes e varejistas, a implantação de um sistema reverso para dividir os custos de retorno de produto e proteger suas margens de lucro.Também, na indústria automobilística, no setor de autopeças, existem basicamente dois fluxos reversos implantados: 
  • O fluxo reverso de pós-vendas de autopeças com defeitos, que pode ser originado tanto nas concessionárias quanto na montadora, que retornam na cadeia de distribuição em direção aos fornecedores e o fluxo reverso de pós-consumo de autopeças que apresentaram defeitos depois que os veículos foram vendidos. Este segundo fluxo tem origem nas concessionárias, quando o cliente faz a manutenção do veículo em garantia. 
Na Europa, por força da legislação da CEE, também existe o fluxo pós-consumo para veículos completos, que inclui o processo de desmanche e reciclagem de seus componentes.

Casos reais de Logística para Reciclagem:
  • Fabricantes de bebidas têm que gerenciar todo o retorno de garrafas, dos pontos de vendas até seus centros de distribuição. As siderúrgicas usam uma grande parte da sucata gerada pelos seus clientes como insumos de produção e, para isto, Utilizam grandes centros coletores de carga.
No caso da indústria de latas de alumínio, é notável o desenvolvimento de novas tecnologias para seu reaproveitamento, bem como de meios inovadores na coleta de latas descartadas. Por outro lado, a fundição de autopeças tem adquirido latas descartadas no mercado, como meio de reduzir seus custos de matéria prima. Contudo não possui uma estratégia de gerenciamento da cadeia reversa de suprimento, como forma de garantir esta vantagem competitiva de custos.
  • Guarnieri (2006) analisou as práticas de uma indústria madeireira com relação a seus resíduos e os possíveis retornos econômicos, legais e ecológicos. As principais conclusões que chegou foram que: “os resíduos gerados retornam ao ciclo produtivo obedecendo à legislação ambiental vigente, transformando-se novamente em matéria prima. 
A revalorização legal dos resíduos de pós-consumo é uma forma de obtenção de competitividade, pois, resolve o problema da destinação dos resíduos, garantindo o seu retorno ao ciclo produtivo e de negócios agregando dessa forma, valor econômico, legal e ecológico aos mesmos”.
  • Sua pesquisa chegou a uma importante conclusão ao referir-se ao aproveitamento de resíduos que toda indústria deve realizar para obter o máximo retorno financeiro de sua matéria prima utilizada. A mesma coisa acontece, por exemplo, na indústria de carnes, em que, além dos pedaços nobres, todas as partes, desde os chifres e sangue, até os cascos do animal são aproveitados e isto ninguém chama de logística reversa. Braga Jr. (2006) elaborou um estudo de caso com base em um supermercado de médio porte
O objetivo foi demonstrar como a logística para reciclagem no setor supermercadista pode ser uma fonte alternativa de renda contribuindo para a sustentabilidade do negócio, reduzindo os desperdícios e os impactos sociais e ambientais. Para tanto, propôs a o reaproveitamento de produtos e embalagens que seriam descartados. 
  • As embalagens metálicas, de plástico, de madeira ou de papelão seriam compactadas e posteriormente vendidas para recicladores e os produtos descartados seriam reaproveitados em outros fins ou vendidos para diversos fins. Trata-se mais um caso de reaproveitamento de resíduos viabilizado pela Logística para reciclagem..
Casos reais de logística reversa:
  • Segundo Mueller (2005) Nos processos industriais é freqüente a ocorrência de sobras do processo de produção, A finalidade da logística reversa é possibilitar a utilização das bem como retirar do local aquilo que não tenha aproveitamento, deixando a área livre e desimpedida. Um subproduto do processo de fabricação e logística é o refugo. 
Se esse material não puder ser utilizado para produzir outros produtos, deve ser removido de alguma maneira. Qualquer que seja o subproduto, a logística é responsável por seu manuseio, transporte e armazenamento.
  • Outro canal de logística reversa de pós-consumo tem se tornado necessário, o retorno de produtos altamente nocivos ao meio ambiente. Embalagens de agrotóxicos, pilhas, baterias assim como produtos utilizados em pesquisas laboratoriais. Estes produtos contêm compostos químicos tóxicos e compostos químicos radioativos, e nestes casos o perigo, na falta de uma cadeia reversa de recolhimento, é iminente.
Também de acordo com Mueller (2005), modernamente a Logística Reversa está entrando nas empresas fazendo parte das operações de gerenciamento que compõem o fluxo reverso conhecido por PRM – Product Recovery Management, ou administração da recuperação de produtos. O objetivo do RPM é obter o mais alto nível da recuperação do produto, tanto nas questões ecológica, componentes e materiais.
  • Conforme se pode observar, os níveis em que estes produtos podem ser recuperados são: nível de produto, módulo, partes e material. As principais áreas de atuação do sistema PRM são: Tecnologia, Marketing, Informação, Organização, Finanças, Logística Reversa e Administração de Operações. À logística cabe o fluxo reverso para a recuperação destes produtos.
Empresas escolhem diferentes opções de recuperação de produtos, portanto o sistema de logística reversa deve ser estabelecido de acordo com as opções de PRM utilizadas. O bom funcionamento da Logística Reversa implica na qualidade do funcionamento do PRM. Arruda (2003) descreveu os processos de logística reversa adotados na indústria automobilística relacionados a autopeças. 
  • Neste setor industrial existem basicamente dois fluxos reversos implantados: O fluxo reverso de pós-vendas de autopeças com defeitos, que pode ser originado tanto nas concessionárias quanto na montadora, que retornam na cadeia de distribuição em direção aos fornecedores. E o fluxo reverso de pós-consumo de autopeças que apresentaram defeitos depois que os veículos foram vendidos. Este segundo fluxo tem origem nas concessionárias, quando o cliente faz a manutenção do veículo em garantia. 
Na Europa, por força da legislação da CEE, também existe o fluxo pós-consumo para veículos completos, que inclui o processo de desmanche e reciclagem de seus componentes. Neste estudo, sim, todos os fluxos podem ser considerados como logística reversa, pois os materiais retornam à sua origem e o processo é gerenciado pela empresa produtora.
  • Diniz (2005) também analisou a área de supermercados, mais especificamente a logística reversa “real” do setor de alimentos, constatando que ela tem um papel diferenciado no que tange a segurança da saúde da população. Observou que as empresas fornecedoras permitem a devolução de produtos defeituosos ou fora do prazo de validade, evitando problemas de infecção ou intoxicação e, desta forma, protegem a sua marca por garantir proteção à saúde do consumidor.
Esta estratégia é útil para atender ao inciso I do Artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, em que os consumidores têm direito à 
“[...] proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos [...]”. 
Este é um fator muito importante, visto que muitos varejistas, frente à possibilidade de perder o produto pelo término de sua validade e a impossibilidade de retornar este produto ao fabricante, fazem promoções para liquidar o estoque. 
  • Se algum problema de contaminação ocorrer, a marca do produto perde credibilidade junto aos consumidores. É de interesse de ambas as partes, fabricantes e varejistas, a implantação de um sistema reverso para dividir os custos de retorno de produto e proteger suas margens de lucro.
Portanto, conforme constatou Diniz (2005), no caso de supermercados a logística reversa deve ser priorizada pelos fornecedores interessados em não somente oferecer um serviço diferenciado aos consumidores finais, mas em fidelizar um cliente varejista. O marketing de relacionamento com os consumidores e varejistas após a venda dos produtos precisa trabalhar junto com o sistema logístico reverso da empresa para construir uma vantagem competitiva sustentável. Reafirmando o conceito de logística reversa, 
  • Diniz constatou que, quanto à responsabilidade pelos retornos, os entrevistados foram unânimes em afirmar que em 100% dos casos a responsabilidade recai sobre os fornecedores. Como é trivial o fornecedor ser responsável pelos retornos, mesmo que isto não esteja estabelecido em contrato, a maioria dos supermercados impõe algum tipo de restrição às empresas que não possuem políticas de retorno de produtos.
Arruda (2003) descreveu os processos de logística reversa relacionados a autopeças adotados na indústria automobilística. Neste setor industrial existem basicamente dois fluxos reversos 
  • implantados: O fluxo reverso de pós-vendas de autopeças com defeitos, que pode ser originado tanto nas concessionárias quanto na montadora, que retornam na cadeia de distribuição em direção aos fornecedores e o fluxo reverso de pós-consumo de autopeças que apresentaram defeitos depois que os veículos foram vendidos. Este segundo fluxo tem origem nas concessionárias, quando o cliente faz a manutenção do veículo em garantia. Na Europa, por força da legislação da CEE, também existe o fluxo pós-consumo para veículos completos, que inclui o processo de desmanche e reciclagem de seus componentes. 
Também neste estudo, todos os fluxos podem ser considerados como de logística reversa, pois os materiais retornam à sua origem e o processo é gerenciado pela empresa produtora.

Outras Considerações:
  • A preocupação com o meio ambiente está sendo colocada em pauta, as indústrias estão começando a se responsabilizar com seus próprios resíduos, bem como a sociedade começa a fazer seu papel. A logística reversa pode ser a solução para alguns destes problemas. 
É uma ferramenta que as empresas, por força de legislações específicas, por critérios de marketing ou na esperança de obter algum diferencial financeiro, podem lançar mão para recolher resíduos de seus produtos, evitando que sejam lançados sem critério na natureza.
  • A expansão do consumo de bens, aliado ao maior número de consumidores, faz com que o mundo se torne uma máquina propulsora de geração de resíduos. Sem consciência ambiental, a sociedade é prejudicada pela diminuição da qualidade de vida, passando estes vícios às futuras gerações. A preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social dada agora, é uma garantia de melhor qualidade de vida futura.
O crescimento significativo do número de habitantes no planeta, associado à concentração populacional nas cidades, vem agravando a capacidade da Terra de absorver os resíduos produzidos pela humanidade. Em qualquer nível de produção per capita de lixo, quanto maior número de pessoas é maior as quantidades de lixo geradas, duas alternativas não excludentes podem ser consideradas quando se busca a redução dos custos de deposição e tratamento de resíduos: a redução do volume de resíduos produzidos e a reciclagem dos resíduos. 
  • A redução do volume de resíduos produzidos apresenta limites técnicos difíceis de serem ultrapassados em uma determinada base tecnológica. A reciclagem ou o reaproveitamento dos resíduos não apresenta, a priori, qualquer limite desta natureza e é a única alternativa que pode gerar recursos financeiros.
Conclui-se que a reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os “detritos” e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram ou em um ciclo de produção paralelo. É uma atividade pela qual, materiais que poderiam se tornar lixo, ou que já estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. 
  • Como, para as empresas recicladoras, estas matérias recuperadas sempre têm um custo mais conveniente que o da matéria prima original, cabe à logística para reciclagem viabilizar economicamente o transporte e a armazenagem dos produtos, obtendo, como efeito colateral benéfico, uma diminuição dos danos ambientais.
Por outro lado, verifica-se que as empresas nunca realizam logística reversa por livre e espontânea vontade. As empresas só executam a logística reversa quando são obrigadas por lei, quando existe risco de danos a sua imagem ou, em raros casos, quando conseguem diminuir parte dos custos na linha de produção ao reutilizar algum dos componentes de seus produtos, principalmente as embalagens. Nos demais casos, sempre que podem, as empresas evitam a logística reversa.
  • Constata-se que ainda existe pouco interesse pelo estudo dos canais de distribuição reversos devido à evidente menor importância econômica, quando comparada com os canais de distribuição diretos, pois os volumes movimentados nos canais reversos são apenas uma fração daqueles dos canais diretos, seu valor relativo é baixo, se comparado ao dos bens originais e também porque estes produtos não fazem parte do core competence das indústrias.

Logística para Reciclagem e Logística Reversa Principais Similaridades e Principais Diferenças