sábado, 5 de outubro de 2013

Ácido Fólico - (C19H19N7O6)

Ele participa de reações químicas importantes e ajuda, sim, a prevenir 
contra doenças relacionadas a processos oxidativos, inclusive alguns tipos de câncer.
  • Ácido fólico, também conhecido como folato, metilfolato ou vitamina B9, é uma vitamina do complexo B, solúvel em água e presente em diversos itens da dieta diária. O folato ocorre naturalmente nos alimentos e o ácido fólico é a forma sintética do folato, usada em medicamentos. 
O ácido fólico, folacina ou ácido pteroil-L-glutâmico, também conhecido como vitamina B9 ou vitamina M, é uma vitamina hidrossolúvel pertencente ao complexo B necessária para a formação de proteínas estruturais e hemoglobina.
  • Nem todas as mulheres que pretendem engravidar sabem a importância de tomar ácido fólico no período que antecede a concepção e também no primeiro trimestre de gestação. Se você faz parte desse grupo, não se preocupe. O blog Saúde sem Neura vai te explicar tintim por tintim. Como eu ainda não passei por essa experiência, consultei mais uma vez a minha querida amiga Thais Santarossa, que é ginecologista e obstetra.
Ela explicou que o ácido fólico é uma vitamina do complexo B e a maneira mais eficaz para prevenir má formação no tubo neural do feto — estrutura embrionária que dará origem ao sistema nervoso central do bebê. A formação do sistema nervosa central ocorre entre o 17º e o 30º dia após a concepção e qualquer alteração nesse processo pode desencadear consequências graves ao bebê, como anencefalia, doença que em 100% dos casos leva à morte.
  • Outro problema que pode ser evitado com o ácido fólico é a espinha bífida (doença em que o canal espinhal não é fechado), que pode provocar paralisia de membros inferiores, incontinência urinária e intestinal e até diferentes graus de retardo mental e dificuldades de aprendizagem escolar. No entanto, com a suplementação ingerida na dosagem e período adequados, é possível reduzir em até 80% todos esses casos.
Dessa forma, a dica número um para você que planeja engravidar é tomar 400 microgramas de ácido fólico por dia e essa suplementação deve se manter até o terceiro mês de gestação. No caso de mulheres com mais de 35 anos ou que já tiveram filhos com algum defeito no tubo neural, a recomendação é tomar a dose de ácido fólico 10 vezes maior, ou seja, de 4 a 5 mg por dia.
  • Caso a descoberta da gravidez tenha acontecido de forma inesperada, mas você ainda não ultrapassou o primeiro trimestre, também pode (e deve) tomar o ácido fólico. O suplemento é distribuído gratuitamente nos postos de saúde ou pode ser comprado em farmácias por preços bem acessíveis, a partir de R$ 7.
Benefícios:
  • O ácido fólico é efetivo no tratamento de certas anemias
  • Pode manter espermatozoides saudáveis;
  • É um dos componentes indispensáveis para uma gravidez saudável;
  • Reduz risco de mal de Alzheimer;
  • Pode ajudar a evitar doenças cardíacas e derrame;
  • Pode ajudar a evitar a anencefalia dos fetos na gravidez;
  • Ajuda a controlar a hipertensão;
  • Queda de cabelo e unhas.
Encontrado em vísceras de animais, verduras de folha verde, legumes, frutos secos, grãos integrais e levedura de cerveja. Ele se perde nos alimentos conservados em temperatura ambiente e durante o cozimento. Ao contrário de outras vitaminas hidrossolúveis, é armazenado no fígado e sua ingestão diária não é necessária. Sua insuficiência nos seres humanos é muito rara.
  • No Brasil, há uma lei que determina que a farinha de trigo seja enriquecida com ferro e ácido fólico (e produtos derivados, como o pão) para diminuir a ocorrência de anemia principalmente em crianças.
Se a mulher tem ácido fólico suficiente durante a gravidez, essa vitamina pode prevenir defeitos de nascença no cérebro e na coluna vertebral do bebê, como a espinha bífida, pois o ácido fólico participa na formação do tubo neural no feto.

Sinais e sintomas de níveis anormais do nutriente:
  • Hipovitaminose: anemias, anorexia, apatia, distúrbios digestivos, cansaço, dores de cabeça, problemas de crescimento, insônia, dificuldade de memorização, aflição das pernas e fraqueza.
  • Hipervitaminose: euforia, excitação e hiperatividade.
  • A fórmula molecular do ácido fólico é C19H19N7O6.
Prevenção na gravidez:
  • O ácido fólico atua na prevenção de anomalias congênitas no primeiro trimestre da gestação. Ele é recomendado na prevenção primária da ocorrência de defeitos do fechamento do tubo neural, que entre os dias 18 e 26 do período embrionário transforma-se na espinha. 
Defeitos do tubo neural são malformações que ocorrem no início do desenvolvimento fetal, sendo os principais: anencefalia e espinha bífida. As doses diárias recomendadas são de 0,4 a 0,8 mg no período de no mínimo um mês antes da concepção até três meses ou 12 semanas de gravidez (1º trimestre).
  • O principal problema desta prevenção reside no fato de cerca de metade das gestações não serem planejadas e, assim, quando as mulheres descobrem que estão grávidas já é tarde para se fazer a suplementação com o ácido fólico. 
Por este motivo o principal foco é que as mulheres em idade reprodutiva tenham uma alimentação balanceada que contenha alimentos ricos em ácido fólico. As principais fontes deste nutriente são as vísceras, o feijão e os vegetais de folhas verdes como o espinafre, aspargo e o brócolis, além de abacate, abóbora, carne de vaca, carne de porco, cenoura, couve, fígado, laranja, leite, maçã, milho, ovo e queijo

Outros Benefícios comprovados do ácido fólico:
  • O folato é necessário para numerosas funções do corpo. Entre elas: a síntese e reparação do DNA, divisão e crescimento celular, produção de novas proteínas, formação de hemácias. O folato é importante para a saúde cardiovascular e do sistema nervoso. 
Bom para as grávidas: Para gestantes, o folato é especialmente importante para um bom desenvolvimento fetal e formação do tubo neural. A suplementação deve começar pelo menos um mês antes da gravidez e é essencial nas primeiras oito semanas após a concepção. Isto porque é neste período que ocorre o desenvolvimento do sistema nervoso e tubo neural do feto. 
  • Aliado do cérebro: Além de ser essencial para o desenvolvimento do sistema nervoso do feto, o folato é fundamental para a função cerebral adequada e desempenha um papel importante na capacidade cognitiva e na saúde mental e emocional. 
Segundo estudos realizados pelo Institute for Functional Medicine, na Flórida, mais de 40% dos casos de depressão são causados pela falta de folato no organismo. Ele age como cofator na produção de serotonina, um neurotransmissor que garante o bom humor. 
  • Bom para a imunidade: Para que o sistema imunológico esteja fortalecido, uma série de fatores são necessários, entre eles as vitaminas do complexo B, inclusive o folato. 
Bom para a pele, unhas e cabelos: Todo o complexo B, incluindo o folato, tem papel importante na saúde da pele, unhas e cabelos. O folato ajuda no crescimento de unhas e cabelos, combate a acne e a dermatite, deixa a pele com um brilho saudável e com a oleosidade controlada. Um estudo de 2013 publicado na revista Subcellular Biochemistry mostrou que o folato protege contra o câncer de pele causado pela radiação ultravioleta. 
  • Bom para o coração: O folato se combina com as vitaminas B6 e B12 formando uma coenzima que reduz os níveis de homocisteína, um aminoácido que em excesso afeta o aparelho cardiovascular (sistema circulatório e coração) de forma negativa, impedindo a reparação celular (um processo conhecido por metilação). 
Altos níveis de homocisteína contribuem para o endurecimento dos vasos sanguíneos, o que eleva a pressão arterial. 

Benefícios em estudo do ácido fólico:
  • Previne o câncer: Suplementos de ácido fólico podem prevenir a progressão do câncer, segundo estudo publicado na revista científica Cancer da Sociedade Americana de Câncer. 
O estudo forneceu dados para apoiar a hipótese de que a insuficiência de ácido fólico é um fator de risco para a ocorrência do câncer. 
O folato é incorporado a coenzimas que são essenciais para uma variedade de reações no metabolismo de ácidos nucleicos e aminoácidos, tais como a síntese e reparação de DNA (o que evita a formação de células defeituosas que poderiam se transformar em uma célula maligna) e a conversão de homocisteína em metionina, seu excesso está ligado a problemas de saúde crônicos, tais como câncer e doenças cardiovasculares.

Ácido fólico - (C19H19N7O6)

Efeito da fortificação com ácido fólico: 
Na redução dos defeitos do tubo neural
  • Os defeitos do tubo neural são malformações que ocorrem na fase inicial do desenvolvimento fetal, entre a terceira e a quinta semana de gestação, envolvendo a estrutura primitiva que dará origem ao cérebro e à medula espinhal. Anencefalia e espinha bífida respondem por cerca de 90% de todos os casos de defeitos do tubo neural. Os 10% dos casos restantes consistem principalmente em encefalocele.
Nos casos de anencefalia a extremidade superior do tubo neural não se fecha, resultando na ausência do cérebro. Estas gestações em geral resultam em aborto e aqueles nascidos vivos morrem poucas horas, ou dias, após o parto. A espinha bífida ocorre quando a extremidade inferior do tubo neural não se fecha, causando danos medulares significativos. 
  • Apesar da possível correção cirúrgica, a lesão nervosa é permanente e resulta em níveis diversos de paralisia dos membros inferiores, bexiga e intestino. Além do comprometimento físico, a maior parte dos indivíduos afetados também apresenta dificuldade de aprendizado. 
Nos caso de espinha bífida o defeito pode ser recoberto por pele essencialmente normal (espinha bífida oculta), ou associar-se com uma protusão cística, podendo conter meninges anormais e líquido cefalorraquidiano (meningocele), ou elementos da medula espinhal e/ou nervos (mielomeningocele). Na encefalocele, o cérebro e as meninges herniam-se através de um defeito na calota craniana.
  • O Atlas Mundial de Defeitos Congênitos publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) 7 em 2003 mostrou prevalências variáveis de defeitos do tubo neural para os diferentes países no período 1993-1998; para o Brasil os dados foram coletados nas 11 maternidades acompanhadas pelo Estudo Latino-Americano Colaborativo de Malformações Congênitas (ECLAMC).
A prevalência de anencefalia por mil nascidos vivos era baixa na Croácia (0,000) e em Cuba (0,007), atingindo os mais altos índices no Brasil (0,862), Paraguai (0,869), Chile (0,905) e México (1,532). 
Já as menores prevalências de espinha bífida por mil nascidos vivos ocorriam na França/Paris (0,077) e Inglaterra/País de Gales (0,095) e as maiores no Brasil (1,139), Bulgária (1,152), Venezuela (1,196) e México (1,525). 
  • Segundo estes dados o México figura em primeiro lugar e o Brasil em quarto, tanto na prevalência de anencefalia quanto de espinha bífida, entre os 41 países pesquisados. Usualmente estas prevalências são subestimadas, pois muitas gestações com defeitos do tubo neural são naturalmente, ou deliberadamente, interrompidas.
São escassas as publicações no Brasil sobre a prevalência dos defeitos do tubo neural. Os dados disponíveis mostravam taxas variando de 0,83:1.000 a 1,87:1.000. 
  • O seguimento dos defeitos do tubo neural ocorridos em uma maternidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, entre 1990 e 2000 registrou uma prevalência de defeitos do tubo neural por mil nascidos vivos, significativamente maior do que as estimativas anteriores. 
Os resultados mais recentes do ECLAMC também mostraram prevalências mais altas de defeitos do tubo neural de: 3,13 (1999) 3,32 (2000) e 3,36 (2001) por mil nascidos vivos. Estas prevalências colocam o Brasil, ao lado do México, no patamar dos países com as mais altas taxas de defeitos do tubo neural.
  • As causas dos defeitos do tubo neural não são completamente conhecidas, mas as evidências indicam que, pelo menos em parte, se devem à nutrição deficiente, particularmente em ácido fólico, a causas genéticas ou ao uso de drogas.
Certos medicamentos (como alguns usados para controlar convulsões) podem também causar defeitos de tubo neural. As mulheres que já têm um filho afetado correm um risco dez vezes maior de terem um outro filho com o mesmo problema. 
  • Por outro lado, os defeitos do tubo neural podem ocorrer, em 95% dos casos, em casais considerados de baixo risco, isto é, sem história de malformações congênitas em gestações anteriores. Importância do ácido fólico na gestação O ácido fólico é o mais importante fator de risco para os defeitos do tubo neural identificado até hoje. 
A suplementação peri-concepcional e durante o primeiro trimestre de gravidez tem reduzido tanto o risco de ocorrência como o risco de recorrência para os defeitos do tubo neural em cerca de 50 a 70%. 
Devido à gravidade dos defeitos do tubo neural e sua morbimortalidade, tornam-se muito importantes o aconselhamento genético, a suplementação dietética com ácido fólico e o diagnóstico pré-natal das malformações do tubo neural.
  • O ácido fólico tem um papel fundamental no processo da multiplicação celular, sendo, portanto, imprescindível durante a gravidez. O folato interfere com o aumento dos eritócitos, o alargamento do útero e o crescimento da placenta e do feto. O ácido fólico é requisito para o crescimento normal, na fase reprodutiva (gestação e lactação) e na formação de anticorpos.
Atua como coenzima no metabolismo de aminoácidos (glicina) e síntese de purinas e pirimidinas, síntese de ácido nucleico DNA e RNA e é vital para a divisão celular e síntese protéica. Consequentemente sua deficiência pode ocasionar alterações na síntese de DNA e alterações cromossômicas.
  • As gestantes são propensas a desenvolver deficiência de folato provavelmente devido ao aumento da demanda desse nutriente para o crescimento fetal e tecidos maternos. Outros fatores que contribuem para deficiência de folato são a dieta inadequada, hemodiluição fisiológica gestacional e influências hormonais.
O tubo neural se converte em medula espinhal e cérebro entre os dias 18 a 26 da gestação, período no qual muitas mulheres desconhecem ainda seu estado gravídico. É importante que a mulher em idade fértil tenha acesso a uma quantidade adequada de ácido fólico pelo menos um mês antes de engravidar. 
  • Contudo, como a gravidez nem sempre é planejada, justificam-se medidas de mais largo alcance, como a fortificação de alimentos com este micronutriente. Até o momento desconhece-se o mecanismo pelo qual o ácido fólico previne os defeitos do tubo neural. 
Alguns estudos sugerem que este micronutriente corrige uma deficiência nutricional já instalada, enquanto que outros indicam que a função seria de compensar as deficiências que alguns indivíduos têm em processar o ácido fólico. 
  • Em um estudo recente, foi identificado que uma em cada sete pessoas pode portar uma mutação genética que provoca uma deficiência de ácido fólico, mesmo quando a alimentação contém a quantidade recomendada de ácido fólico natural. Estas pessoas têm dificuldades para processar a forma da vitamina que se encontra naturalmente nos alimentos, comprometendo assim a absorção e diminuindo os níveis de ácido fólico no sangue. 
Desta forma as mulheres que possuem esta mutação genética podem correr um risco maior de gerar um feto com defeito de tubo neural. Requerimentos, fontes alimentares e consumo de ácido fólico no Brasil
  • As recomendações nutricionais de 1989 (RDA) indicavam um consumo de 0,18mg/dia para mulheres adultas e de 0,4 mg/dia para gestantes. Em 1992 o Centers for Diseases Control and Prevention (CDC) recomendou para as mulheres que planejassem engravidar e com história familiar negativa de defeitos do tubo neural a ingestão de 0,4 mg/dia, mas para aquelas com alto risco (história prévia de filhos com defeitos do tubo neural) a recomendação era dez vezes maior: 4 mg/dia. 
Em 2000, o Institute of Medicine, dos Estados Unidos, elevou as recomendações nutricionais e estabeleceu 0,4 mg/dia para mulheres e 0,6 mg/dia para gestantes. 
  • No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou regulamento técnico sobre a ingestão diária recomendada de proteína, vitaminas e minerais em 2005 que, no caso do ácido fólico, é equivalente ao proposto pelo Institute of Medicine em 2000. 
Considera-se difícil alcançar os requerimentos de folato com uma dieta normal equilibrada (sem alimentos fortificados), pois esta fornece cerca de 0,25mg/dia considerando o valor energético total de 2.200 Kcal diárias. As melhores fontes de folato são as vísceras, o feijão e os vegetais de folhas verdes como o espinafre, aspargo e brócolis. 
  • Outros exemplos de alimentos fontes de ácido fólico são: abacate, abóbora, batata, carne de vaca, carne de porco, cenoura, couve, fígado, laranja, leite, maçã, milho, ovo, queijo. A folacina não é estável ao calor e por isso o processamento de alimentos a temperaturas elevadas resulta em perdas consideráveis de ácido fólico; a cocção dos alimentos reduz 50% do seu teor.
Existem alguns inquéritos sobre o consumo de folato durante a gravidez em mulheres brasileiras; curiosamente a grande maioria foi realizada no Rio de Janeiro, Brasil. 
  • Estudo sobre ingestão dietética realizado em 1993 com 201 gestantes, em um hospital municipal do Rio de Janeiro, observou 63,6% de prevalência de consumo dietético inadequado de folato (< 0,6 mg/dia) 15 sendo as gestantes de baixa escolaridade e as que não usam suplementos contendo folato as que apresentaram o maior risco. Outra pesquisa realizada em 1996 no Rio de Janeiro com 74 gestantes e nutrizes observou uma prevalência de 80% de mulheres com ingestão de ácido fólico abaixo do recomendado. 
O estudo sobre o consumo alimentar de 99 gestantes adolescentes em serviço de assistência pré-natal da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, de Fortaleza, em 1997-1998, também verificou que as dietas estavam inadequadas, com menos de 70% de adequação em relação ao ácido fólico usando como parâmetro a referência do Institute of Medicine.
  • O consumo de folato foi investigado em um hospital público do Rio de Janeiro no ano 2000, numa amostra composta por 328 parturientes, nas quais a prevalência de deficiência de folato na dieta (ingestão abaixo de 0,6 mg/dia) 15 foi de 51,3%; somente 22,4% fizeram uso de suplemento medicamentoso contendo ácido fólico e quando esse suplemento foi adicionado ao folato da dieta, a prevalência caiu para 43,8%. 
Finalmente o maior estudo foi conduzido em 2004 e envolveu 1.180 gestantes adolescentes no Município do Rio de Janeiro 23; verificou-se que o consumo de folato durante a gravidez esteve abaixo da recomendação em pelo menos 75% das adolescentes adotando-se a referência do Institute of Medicine.

Programas de intervenção com ácido fólico:
  • Em 1998, a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, determinou que cereais manufaturados (farinha, arroz, pães, macarrão entre outros) fossem enriquecidos com ácido fólico na concentração de 0,14 mg/100g de produto. A fortificação deveria ser feita com a forma sintética do folato, que é mais biodisponível que o folato encontrado naturalmente nos alimentos.
No Canadá, muitas mulheres não recebiam suplementos de ácido fólico antes da concepção por isso, em 1998, a maioria dos cereais foi fortificada com ácido fólico, promovendo um adicional de 0,1-0,2mg por dia de folato para a população do Canadá.
  • O programa de fortificação no Canadá estabeleceu 0,15 mg/100g de farinha e este nível de fortificação com folato foi estimado para reduzir a incidência de defeitos do tubo neural em 22% .
Na Costa Rica, a farinha de trigo foi fortificada com ácido fólico e outros micronutrientes a partir de 1998 e a farinha de milho depois de 1999. No Chile, a farinha de trigo era fortificada com ferro e vitaminas do complexo B pela legislação desde 1950 e em janeiro de 2000, o Ministério da Saúde chileno estabeleceu a adição de 0,22 mg de ácido fólico por 100g neste produto 28. O resultado esperado por essa política é que as mulheres em idade reprodutiva consumam a quantidade recomendada de ácido fólico de 0,4 mg/dia.
  • A exemplo do que ocorreu em diversos países, no Brasil o Ministério da Saúde deliberou e a ANVISA abriu consulta pública para discutir a fortificação de farinhas com micronutrientes.
Durante este processo a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) sugeriu a fortificação com ácido fólico. Seguiu-se regulamentação da adição de ferro e ácido fólico às farinhas de trigo e milho no Brasil pela RDC nº 344 da ANVISA que determinou, a partir de junho de 2004, que cada 100g destas farinhas contenham 0,15 mg de ácido fólico. Este teor é comparável ao americano e canadense (0,14 mg e 0,15 mg respectivamente), porém inferior ao chileno (0,22).
  • Certas organizações americanas têm recomendado que a fortificação seja de 0,35 mg/100g de produto. Alguns especialistas no Brasil têm questionado que talvez apenas a fortificação de farinhas não seja suficiente, considerando a diversidade dos hábitos alimentares regionais.
Os dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2002-2003) permitem avaliar em parte esta questão; para os produtos farináceos encontrados com freqüência apreciável na POF (fubá, creme e flocos de milho, farinha de trigo, massas, panificados e biscoitos) a disponibilidade média diária domiciliar foi de 106,1g. 
  • Isto permitiria um aporte adicional de ácido fólico de 0,16 mg/dia, levando em conta o nível da fortificação regulamentada. Há de se alertar, contudo, para variações regionais expressivas: no Sul a aquisição domiciliar média de farinhas e derivados foi de 144 g/dia contribuindo, em tese, com 0,217 mg de ácido fólico. 
Em contraste no Norte e Centro-Oeste a aquisição beirou as 70g/dia e o aporte de folato não passaria de 0,1mg. Porém, considerando que 24% da despesa com alimentos corresponderam a refeições fora do domicílio, o consumo real de farinhas e seus derivados é certamente maior.
  • Atualmente cerca de quarenta países tornaram obrigatória a fortificação da farinha de trigo com ácido fólico, entre eles a maioria dos países nas Américas e alguns na África e Ásia. Até o momento nenhum dos países da Europa ou da Oceania adotaram tal medida.
Um estudo de coorte retrospectiva internacional em 13 países europeus concluiu que as recomendações da década de 90, no sentido de as mulheres aumentarem o consumo de ácido fólico quando planejam engravidar, não foram efetivas e que, na região como um todo, as prevalências de defeitos do tubo neural se mantiveram estáveis. 
  • Neste contexto os autores sugerem que a fortificação das farinhas com ácido fólico representa uma oportunidade de oferecer ácido fólico à população ultrapassando as barreiras sociais e econômicas. Onde as condições de processamento de alimentos são favoráveis, a fortificação pode ser uma medida de efetividade rápida e baixo custo.
Desde 1996 a fortificação voluntária de alimentos com folato foi autorizada na Austrália e Nova Zelândia com o propósito de prevenir os defeitos do tubo neural. Foi relatada uma diminuição na incidência de defeitos do tubo neural na população não aborígine, mas nenhuma mudança na população aborígine. 
  • Baseado nessa e em outras considerações, em maio de 2004, o Conselho Ministerial de Regulação de Alimentos da Austrália e Nova Zelândia concordou que a lei de fortificação de alimentos com ácido fólico deve ser prioridade.
No Reino Unido, o Committee on Medical Aspects of Food and Nutrition Policy havia recomendado no ano 2000 que todas as farinhas fossem fortificadas com ácido fólico na concentração de 0,24 mg/100g de produto 38. Porém esta medida não foi implementada e, em abril de 2006, a Food Standards Agency, do Reino Unido, recomendou a fortificação obrigatória dos pães com ácido fólico.
  • Efeitos da suplementação e fortificação com ácido fólico na redução dos defeitos do tubo neural No início da década de 90 estudos de intervenção com ácido fólico demonstraram efeitos significativos na prevalência dos defeitos do tubo neural. 
Recentemente a colaboração Cochrane realizou uma revisão sistemática sobre a suplementação com ácido fólico no período da peri-concepção e a prevenção dos defeitos de tubo neural. Foram analisados quatro estudos de intervenção controlados, envolvendo 6.425 mulheres. 
  • Os autores concluíram que o uso do ácido fólico foi eficaz e mostrou um forte efeito protetor, reduzindo de modo significante a incidência de defeitos do tubo neutral (risco relativo = 0,28; IC95%: 0,13-0,58). 
Os autores recomendam que informações sobre ácido fólico deveriam estar disponíveis para a população nos sistemas de saúde e de educação e que as mães de um filho com este problema deveriam receber suplementação com ácido fólico de modo contínuo. Contudo a efetividade deste tipo de estratégia como medida de saúde pública tem sido questionada. 
  • Tanto a coorte internacional retrospectiva como um estudo sobre suplementação na Noruega observaram que poucas mulheres utilizavam os suplementos com ácido fólico antes de verificar que estavam grávidas e, portanto, a suplementação iniciava tarde demais para a prevenção de defeitos de tubo neural. 
Assim, não se verificou uma diminuição desses defeitos congênitos, mesmo com a suplementação; os autores sugeriram que fosse adotada a estratégia de fortificação.
Mais recentemente diversos estudos sobre os efeitos da fortificação com ácido fólico foram publicados, demonstrando, também, reduções significativas na prevalência de defeitos do tubo neural. 
  • O efeito protetor foi comprovado nos diversos países e regiões estudados e variou de 16 a 78%. Apesar de quarenta países adotarem a fortificação obrigatória 34 o impacto da estratégia foi avaliado em apenas cinco.
Alguns estudos têm indicado que, para além da prevenção de defeitos do tubo neural, o ácido fólico pode interferir no metabolismo da homocisteína contribuindo para a prevenção da doença cardiovascular e ainda que o ácido fólico pode ter um efeito protetor em relação ao câncer. 
  • Nos Estados Unidos dados de monitoramento dos nascidos vivos sugerem que o ácido fólico pode prevenir outros defeitos congênitos como fissura do palato e labial e defeitos nos membros inferiores e posteriores.
Por outro lado, alguns estudos relatam que o aumento da ingestão de ácido fólico pode mascarar a deficiência de vitamina B12 em idosos, fato que, segundo alguns estudiosos, poderia facilmente ser resolvido com a fortificação dupla dos alimentos com vitamina B12 além de ácido fólico.

Outras Considerações:
  • A fortificação de alimentos com ácido fólico é uma intervenção inquestionável na prevenção primária dos defeitos do tubo neural e foi acertada a decisão de torná-la obrigatória no Brasil. 
Contudo especialistas sugerem algumas medidas a ser tomadas: 
  1. Incluir os defeitos do tubo neural na lista de doenças de notificação compulsória, ou garantir o preenchimento completo do campo 34 da Declaração de Nascidos Vivos, com o objetivo de determinar sua prevalência nas diferentes regiões do país e compará-la com a prevalência após a fortificação; 
  2. Promover campanhas educativas sobre a importância do ácido fólico na prevenção dos defeitos do tubo neural, recomendando que as mulheres em idade fértil consumam 0,4 mg/dia; 
  3. Garantir suplementação medicamentosa para mulheres com gestação anterior afetada por defeitos do tubo neural, tendo em vista que a necessidade é dez vezes maior, ou seja, 4 mg/dia e; 
  4. Realizar estudos epidemiológicos para aferir a eficácia da medida adotada.
À luz dos conhecimentos atuais, os defeitos de tubo neural devem ser encarados como uma “epidemia” passível de prevenção.  Na comunidade científica internacional existe um claro movimento no sentido de que fortificação com ácido fólico seja implementada universalmente visando prevenir os defeitos do tubo neural. 
As crianças afetadas por defeitos do tubo neural, suas famílias e os profissionais envolvidos no seu atendimento 8 são os que sentem a real magnitude deste problema.

Ácido fólico