segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Os Inalantes

Os inalantes são substâncias aspiradas pelo nariz ou pela boca que podem ser produzidas a partir de diferentes princípios ativos que induzem o organismo.

  • Entende-se por inalante toda a substância que pode ser introduzida no corpo através da aspiração pelo nariz. Estas substâncias, normalmente solventes, são altamente voláteis (e inflamáveis), o que facilita a aspiração dos seus vapores.
A inalação é uma prática antiga em rituais religiosos e místicos, em que se utilizavam o tabaco, o ópio ou a cannabis. Nos últimos séculos foram utilizados várias substâncias, inicialmente com fins recreativos, mas que acabaram por se tornar substâncias de abuso, nomeadamente em sociedades com grandes grupos sociais marginais, onde são características dos chamados “meninos de rua”.
  • As substâncias mais utilizadas como inalantes são produtos caseiros de uso comum como por exemplo colas, gasolina, aerossóis, esmaltes, tintas, vernizes, acetonas, éter ou ambientadores. A forma mais comum de administração do produto é feita colocando o produto num saco de plástico cuja abertura é ajustada à volta do nariz e da boca de forma a ser possível fazer a inalação dos vapores.
Estes vapores podem ainda ser absorvidos a partir de um pedaço de tecido embebido no produto, por vezes enrolado em papel de jornal de forma a formar um rolo, sendo os vapores aspirados pelo orifício central.Os produtos podem ainda ser colocados num recipiente metálico ao qual se aplica uma fonte de calor que provoca uma maior libertação dos vapores, devido ao carácter volátil das substâncias.

Efeitos: 
  • Os efeitos são de curta duração (cerca de 30 minutos) e normalmente são caracterizados, numa fase inicial, por uma grande euforia, alegria, excitação e desorientação. Por vezes surgem alucinações e comportamentos de agressividade e hiper-atividade motora.Estes efeitos podem ser acompanhados de náuseas, espirros, lacrimejamento, tosse, salivação abundante e rubor facial.
Porém quando o produto é inalado repetidas vezes o seu efeito prolonga-se por muitas horas, e então notam-se sintomas agudos do abuso, semelhantes aos do uso do álcool, por depressão do SNC (Sistema Nervoso Central).
  • A esta fase inicial segue-se uma fase de efeitos bastante menos positivos, causada pela depressão do sistema nervoso central causada por estas substâncias. Verifica-se então o surgimento de sonolência, palidez, confusão mental, desorientação agravada, diminuição do auto-controle, perturbações da visão e dores de cabeça. Aparece também perda de controlo muscular, vômitos e por vezes surtos de convulsões. O uso prolongado pode causar depressão respiratória, arritmias cardíacas e asfixia que podem resultar em como e eventualmente na morte. 
Os efeitos a longo prazo têm consequências graves a nível físico, nomeadamente a nível do cérebro, uma vez que a destruição de neurônios pode causar lesões irreversíveis no cérebro, podendo surgir situações de epilepsia. Verificam-se ainda alterações cardiovasculares e pulmonares, perturbações a nível de estômago e intestinos e lesões nos rins, no fígado e nos nervos que exercem o controle muscular, havendo a hipótese de se verificarem lesões musculares permanentes e situações de paralisia.
  • Também a nível psicológico se verificam os efeitos negativos do consumo da substância, dado que surgem deficits de memória e da concentração, diminuição do nível intelectual e apatia. No que à dependência diz respeito, não existe consenso suficiente quanto à componente física, embora se considere que gera dependência psicológica, com os consumidores crônicos a revelarem uma grande ansiedade e desejo de consumir quando privados da substância por algum tempo. Surge também um pouco intenso a síndrome de abstinência agitação, depressão, perda de apetite, irritação, agressividade,
Os inalantes são substâncias químicas voláteis, com efeitos semelhantes aos anestésicos, os quais diminuem as funções orgânicas. São psicoativos, uma vez inalados, chegam aos pulmões, e posteriormente à corrente sanguínea, suas substâncias químicas atingem o cérebro em segundos, ocasionando perturbações visuais e auditivas, excitação, sensação de euforia, e alucinações. 


Inalantes ou Solventes:
  • A palavra solvente significa substância capaz de dissolver coisas, e inalante é toda substância que pode ser inalada, isto é, introduzida no organismo através da aspiração pelo nariz ou pela boca. Em geral, todo solvente é uma substância altamente volátil, ou seja, evapora-se muito facilmente, por esse motivo pode ser facilmente inalado. 
Outra característica dos solventes ou inalantes é que muitos deles (mas não todos) são inflamáveis, quer dizer, pegam fogo facilmente. Um número enorme de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas, tíneres, propelentes, gasolina, removedores, vernizes etc., contém esses solventes.
  • Eles podem ser aspirados tanto involuntária (por exemplo, trabalhadores de indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura, o dia inteiro expostos ao ar contaminado por essas substâncias) quanto voluntariamente (por exemplo, a criança de rua que cheira cola de sapateiro, o menino que cheira em casa acetona ou esmalte, ou o estudante que cheira o corretivo Carbex® etc.).
Todos esses solventes ou inalantes são substâncias pertencentes a um grupo químico chamado de hidrocarbonetos, como o tolueno, xilol, n-hexano, acetato de etila, tricloroetileno etc. Para exemplificar, eis a composição de algumas colas de sapateiro vendidas no Brasil: Cascola® – mistura de tolueno + n-hexano®; Patex Extra® – mistura de tolueno com acetato de etila e aguarrás mineral; Brascoplast® – tolueno com acetato de etila e solvente para borracha. 
  • Em 1991, uma fábrica de cola do interior do Estado de São Paulo fez ampla campanha publicitária afirmando que finalmente havia fabricado uma cola de sapateiro “que não era tóxica e não produzia vício”, porque não continha tolueno. Essa indústria teve um comportamento reprovável, além de criminoso, já que o produto anunciado ainda continha o solvente n-hexano, sabidamente bastante tóxico.
Um produto muito conhecido no Brasil é o “cheirinho” ou “loló”, também conhecido como “cheirinho da loló”. Trata-se de um preparado clandestino (isto é, fabricado não por um estabelecimento legal, mas, sim, por pessoas do submundo), à base de clorofórmio mais éter, utilizado somente para fins de abuso. 
  • Mas já se sabe que, quando esses “fabricantes” não encontram uma daquelas duas substâncias, eles misturam qualquer outra coisa em substituição. Assim, em relação ao “cheirinho da loló” não se conhece bem sua composição, o que complica quando se tem casos de intoxicação aguda por essa mistura. Ainda, é importante chamar a atenção para o lança-perfume.
Esse nome designa inicialmente aquele líquido que vem em tubos e que se usa no Carnaval. À base de cloreto de etila ou cloretila, é proibida sua fabricação no Brasil e só aparece nas ocasiões de Carnaval, contrabandeada de outros países sul-americanos. Mas cada vez mais o nome lança-perfume é também utilizado para designar o “cheirinho da loló” (os meninos de rua de várias capitais brasileiras já usam estes dois nomes – cheirinho e lança – para designar a mistura de clorofórmio e éter).

Hexano é um hidrocarboneto alcano com a fórmula química CH3(CH2)4CH3. O prefixo "hex" refere-se aos seus seis átomos de carbono, ao passo que a terminação "ano" indica que os seus carbonos estão conectados por ligações simples

Efeitos no cérebro:
  • O início dos efeitos, após a aspiração, é bastante rápido – de segundos a minutos no máximo – e em 15 a 40 minutos já desaparecem; assim, o usuário repete as aspirações várias vezes para que as sensações durem mais tempo.
Os efeitos dos solventes vão desde uma estimulação inicial até depressão, podendo também surgir processos alucinatórios. Vários autores dizem que os efeitos dos solventes (quaisquer que sejam) lembram os do álcool, entretanto este não produz alucinações, fato bem descrito para os solventes. Entre os efeitos, o predominante é a depressão, principalmente a do funcionamento cerebral. De acordo com o aparecimento desses efeitos, após inalação de solventes, foram divididos em quatro fases
  • Primeira fase: a chamada fase de excitação, que é a desejada, pois a pessoa fica eufórica, aparentemente excitada, sentindo tonturas e tendo perturbações auditivas e visuais. Mas podem também aparecer náuseas, espirros, tosse, muita salivação e as faces podem ficar avermelhadas.
  • Segunda fase: a depressão do cérebro começa a predominar, ficando a pessoa confusa, desorientada, com a voz meio pastosa, visão embaçada, perda do autocontrole, dor de cabeça, palidez; ela começa a ver ou a ouvir coisas.
  • Terceira fase: a depressão aprofunda-se com redução acentuada do estado de alerta, incoordenação ocular (a pessoa não consegue mais fixar os olhos nos objetos), incoordenação motora com marcha vacilante, fala “engrolada”, reflexos deprimidos, podendo ocorrer processos alucinatórios evidentes.
Quarta fase: depressão tardia, que pode chegar à inconsciência, queda da pressão, sonhos estranhos, podendo ainda a pessoa apresentar surtos de convulsões (“ataques”). Essa fase ocorre com freqüência entre aqueles cheiradores que usam saco plástico e, após um certo tempo, já não conseguem afastá-lo do nariz e, assim, a intoxicação torna-se muito perigosa, podendo mesmo levar ao coma e à morte.
Finalmente, sabe-se que a aspiração repetida, crônica, dos solventes pode levar à destruição de neurônios (células cerebrais), causando lesões irreversíveis no cérebro. Além disso, pessoas que usam solventes cronicamente apresentam-se apáticas, têm dificuldade de concentração e déficit de memória.

Efeitos sobre outras partes do corpo:
  • Os solventes praticamente não agridem outros órgãos, a não ser o cérebro. Entretanto, existe um fenômeno produzido pelos solventes que pode ser muito perigoso. Estes tornam o coração humano mais sensível a uma substância que o nosso corpo fabrica, a adrenalina, que faz o número de batimentos cardíacos aumentar. 
Essa adrenalina é liberada toda vez que temos de exercer um esforço extra, como, por exemplo, correr, praticar certos esportes etc. Assim, se uma pessoa inala um solvente e logo depois faz esforço físico, seu coração pode sofrer, pois ele está muito sensível à adrenalina liberada por causa do esforço. A literatura médica já cita vários casos de morte por arritmia cardíaca (batidas irregulares do coração), principalmente de adolescentes.

Outras consequências do uso:
  • Os inalantes são produtos altamente tóxicos e podem induzir diretamente à morte dentro de poucos minutos em uma única sessão de uso prolongado por: parada cardíaca e distúrbios do ritmo cardíaco ou sufocação, no caso de deslocamento de oxigênio dos pulmões. 
A sua inalação repetida poderá reduzir o fluxo de oxigênio para o cérebro provocando a destruição de neurônios, levando à perda de reflexos, problemas de memória e de concentração.Partindo-se para o uso crônico de solventes podem ocorrer graves prejuízos aos rins e fígado, alterando a capacidade de funcionamento desses órgãos, conseqüentemente, tornando o organismo mais indefeso contra toxinas, produtos do metabolismo e contra o próprio inalante. 
  • Comumente podemos observar nos usuários de inalantes uma fadiga constante que é originária do uso, e indica danos à medula óssea, onde ocorre uma produção irregular e insuficiente de eritrócitos (células vermelhas do sangue periférico). 
Efeitos tóxicos:
  • Os solventes quando inalados cronicamente podem levar a lesões da medula óssea, dos rins, do fígado e dos nervos periféricos que controlam os músculos. Por exemplo, verificou-se, em outros países, que em fábricas de sapatos ou oficinas de pintura os operários, com o tempo, acabavam por apresentar doenças renais e hepáticas. Em decorrência disso, nesses países passou a vigorar uma rigorosa legislação sobre as condições de ventilação dessas fábricas, e o Brasil também tem leis a respeito.
Em alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma impureza, o benzeno, mesmo em pequenas quantidades, pode levar à diminuição de produção de glóbulos brancos e vermelhos pelo organismo.
  • Um dos solventes bastante usados nas nossas colas é o n-hexano. Essa substância é muito tóxica para os nervos periféricos, produzindo degeneração progressiva, a ponto de causar transtornos no marchar (as pessoas acabam andando com dificuldade, chamado “andar de pato”), podendo até chegar à paralisia. Há casos de usuários crônicos que, após alguns anos, só podiam se locomover em cadeira de rodas.
Aspectos gerais:
  • A dependência entre aqueles que abusam cronicamente de solventes é comum, sendo os componentes psíquicos da dependência os mais evidentes, tais como desejo de usar a substância, perda de outros interesses que não seja o solvente. A síndrome de abstinência, embora de pouca intensidade, está presente na interrupção abrupta do uso dessas drogas, sendo comum ansiedade, agitação, tremores, cãibras nas pernas e insônia.
Pode surgir tolerância à substância, embora não tão dramática em relação a outras drogas (como as anfetaminas, que os dependentes passam a tomar doses 50-70 vezes maiores que as iniciais). Dependendo da pessoa e do solvente, a tolerância instala-se ao fim de um a dois meses.

Morte súbita:
  • As drogas apresentam-se hoje como um problema de Saúde Pública, pois além de prejuízos morais, sociais, econômicos, familiares, entre outros, causam também graves distúrbios físicos em seus usuários através de exposições à vários agentes, riscos de acidentes em vários níveis de gravidade e de vários tipos (violência, automobilísticos, domésticos,legais, etc.), além de em casos mais graves causar a morte. 
No caso dos inalantes, a morte súbita pode ocorrer através do abuso, na seguinte forma:
  • Asfixia: através da inalação de fluorocarbonos, encontrados em extintores de incêndio e certos gases anestésicos, os quais deprimem o SNC. O inalante é aspirado de um recipiente fechado, ocorrendo que o vapor dos inalantes ocupa o lugar do oxigênio no recipiente e nos pulmões, causando a asfixia pois o cérebro não detecta a falta de oxigênio durante a intoxicação por causa da ação sedativa da droga. 
Nestes casos quando o usuário sobrevive, podem ocorrer sequelas cerebrais permanentes.

Problemas cardíacos: quando sob o efeito do uso do inalante o usuário submete-se à excitação, corrida ou situações que causam-lhe medo, ocorrendo uma descarga de adrenalina. Combinações perigosas: inalantes combinados com álcool e/ou outras drogas podem resultar em morte súbita pela ação sedativa excessiva sobre o SNC. 
  • Os inalantes podem apresentar-se de diversas formas, pois nem sempre são produtos ilícitos, mas ao contrário, também encontram-se em produtos utilizados no ambiente doméstico, como tintas spray e fluidos de limpeza. Entre as substâncias inalantes, estão os solventes ( cola, removedores, gasolina), e gases (anestésicos, butano, aerossóis e propano).
Deve-se observar as condições ambientais do uso desses produtos voláteis e extremamente tóxicos, principalmente em relação às crianças e adolescentes, as quais estão entre o grupo de maior risco de abuso dessas substâncias, tomando-se a precaução de evitar a exposição, inalação, uso inadequado, ou mesmo acidental e utilizá-los somente em ambientes bem ventilados, cuidando-se inclusive de evitar a inalação por crianças em tenra idade. 
  • O uso desses produtos para fins domésticos deverá ser realizado em ambientes bem ventilados, longe do alcance de crianças, evitando-se assim seus efeitos prejudiciais.
Tratamento:
  • A melhor prevenção contra as drogas, é sem dúvida, o conhecimento dos efeitos prejudiciais que elas trazem, na saúde do indivíduo tanto social quanto fisicamente. Porém quando já instalou-se um quadro de dependência, seja ela física, psíquica ou psicológica, ou mesmo antes disso, o tratamento faz-se necessário para dar fim a um comportamento compulsivo. 
Estudos recentes demonstraram que mesmo a dependência é tratável, resultando em efeito não apenas no usuário e familiares, mas na sociedade como um todo, diminuindo os fatores associados às drogas, como violência, acidentes de trânsito, ocorrências policiais, etc. 
  • Vários segmentos da sociedade hoje, já disponibilizam esses trabalhos à favor da comunidade, assim como: instituições religiosas (evangélicas, católicas,etc), ou hospitais públicos e privados, universidades públicas, e órgãos públicos como por exemplo o DENARC, que ministra palestras e direciona para caminhos melhores. 

Diga não as drogas