terça-feira, 22 de abril de 2014

A Gasolina

A gasolina é um combustível muito utilizado na indústria automobilística para o abastecimento e funcionamento de motores de veículos.

  • A Gasolina é uma mistura complexa de hidrocarbonetos parafínicos, óleo fínicos, naftênicos e aromáticos com uma faixa de ebulição entre 30ºC a 220ºC. Aditivos são adicionados na gasolina de modo a se obter algumas características desejadas. Ex.: resistência a detonação. Para obter a gasolina diversas frações de petróleo, em sua maioria naftas, são misturadas.
A gasolina é um combustível constituído basicamente por hidrocarbonetos e, em menor quantidade, por produtos oxigenados. Esses hidrocarbonetos são, em geral, mais "leves" do que aqueles que compõem o óleo diesel, pois são formados por moléculas de menor cadeia carbônica (normalmente de 5 a 10 átomos de carbono). Além dos hidrocarbonetos e dos oxigenados, a gasolina também pode conter compostos de enxofre e compostos contendo nitrogênio. 
  • A faixa de destilação da gasolina automotiva varia de 40 a 175 °C. Muito se tem visto na mídia impressa e televisiva sobre adulteração de combustíveis, principalmente da gasolina automotiva.
Após o governo Collor houve uma maior liberação do setor de distribuição de combustíveis visando a adoção de um mercado menos regulamentado no setor. Porém, como em qualquer área da economia existem aqueles que, não tendo como competir de forma honesta, procuram auferir grandes lucros, adulterando combustíveis ou praticando sonegação fiscal. 
  • A Agência Nacional do Petróleo – ANP tem efetuado grandes esforços para coibir estas práticas desonestas. No entanto, face à grande extensão do território nacional, à grande quantidade de postos revendedores de combustíveis, à imensa fronteira com outros países da América do Sul e à complexidade de nosso sistema judicial que através de liminares mantém em operação distribuidoras de combustíveis autuadas por irregularidades fiscais e de qualidade, a ANP não tem conseguido coibir todas as práticas fraudulentas que ocorrem no país.
Face ao exposto, o consumidor, que em última instância é o grande prejudicado, deve ficar bastante alerta. Nem sempre é possível detectar a tempo a utilização de gasolina automotiva adulterada. Mas, algumas medidas preventivas podem ser tomadas. Antes de falarmos sobre estas medidas vamos entender algo sobre a gasolina automotiva.

O que é gasolina:
  • A gasolina é um derivado do petróleo formado por uma mistura complexa de mais de 400 hidrocarbonetos provenientes de processo de refino. Suas especificações são regulamentadas pela ANP. Portanto, cabe esclarecer um ponto importante: quem estabelece as especificações da gasolina automotiva é o governo federal através da Agência Nacional do Petróleo – ANP. 
A Petrobrás produz a gasolina automotiva cumprindo estas especificações. A portaria que especifica a gasolina automotiva é a ANP nº 309, de 27/12/2001. Nesta portaria são definidas as especificações das gasolinas comum e premium. Maiores detalhes podem ser consultados no site www.anp.gov.br.

Octanagem da gasolina:
  • Para cada projeto de motor, tem-se o momento ideal para a ocorrência do centelhamento da vela de ignição. Logo após o centelhamento, ocorre a formação de uma frente de chama que se propaga através da câmara de combustão, queimando o combustível e provocando um substancial aumento de pressão e temperatura. Estes aumentos de pressão e temperatura devem ser absorvidos pela gasolina sem entrar em auto-ignição. 
Se a gasolina não corresponder a essa exigência, ela se inflamará espontaneamente, criando uma nova frente de chama que se propagará e se chocará com a frente de chama inicialmente gerada pela vela de ignição. Este choque gera um ruído semelhante ao de peças metálicas que se chocam, e é erroneamente denominado batida de pino. A denominação correta do fenômeno é detonação. Este fenômeno, além de aumentar o ruído produzido pelo veículo, pode vir a causar sérios danos aos motores como desgaste, por erosão, do pistão, cabeçote e eletrodo das velas; avaria nos mancais etc. 
  • Além disto, o motor terá a sua potência prejudicada enquanto aumenta o consumo de combustível. Isto ocorre porque parte da energia liberada pela gasolina deixa de ser aproveitada para geração de força no motor e se perde como ondas de choque descontroladas.
A avaliação da octanagem da gasolina é de suma importância para se garantir que o produto atenda às exigências dos motores e não entre em ignição antes do tempo. Esta avaliação é feita nos laboratórios da Petrobrás. Há dois métodos para se medir a octanagem de uma gasolina: o MON (motor octane number) e o RON (research octane number).
  • No Brasil, utiliza-se o IAD (índice anti-detonante ) que é média aritmética do MON e do RON - (MON + RON)/2.
Tipos de Gasolina e qual  Usar: 
  • Gostaríamos, antes de tudo, definir o que é gasolina tipo A: é a gasolina produzida pelas refinarias de petróleo e entregue diretamente às companhias distribuidoras. Não possui álcool etílico anidro em sua composição. O álcool etílico anidro é adicionado nas bases das distribuidoras. Esta gasolina não é, portanto, comercializada diretamente ao consumidor final.
Cabe esclarecer, também, que o álcool etílico anidro (que é adicionado à gasolina tipo A) não é o mesmo que se utiliza para veículos movidos a álcool. Este é o álcool etílico hidratado.  A ANP autoriza para utilização ao consumidor final para uso automotivo, em território brasileiro, quatro tipos de gasolina:

Gasolina  Tipo C:
  • É a gasolina comum que se encontra disponível no mercado sendo comercializada nos postos revendedores e utilizada em automóveis, motos, embarcações náuticas etc. Esta gasolina é preparada pelas companhias distribuidoras que adicionam álcool etílico anidro à gasolina tipo A. A porcentagem de álcool anidro especificado, atualmente, para ser adicionado à gasolina tipo A deve ser de 25 %, podendo haver variação entre 24% e 26% em volume. Tem cor amarela.
Gasolina Tipo C- Premium:
  • É uma gasolina que apresenta uma formulação especial. Tem maior octanagem e, portanto, maior resistência à detonação que a gasolina comum. Também contém álcool etílico anidro em sua composição na proporção de 25% (admite-se tolerância de 1% para mais ou para menos). 
Foi desenvolvida pela Petrobrás para atender os veículos nacionais e importados com altas taxas de compressão e alto desempenho que tenham a recomendação do fabricante de utilizar um combustível com elevada resistência à detonação. É, também, menos poluente que a gasolina comum. 

Gasolina Aditivada:
  • A gasolina aditivada é uma gasolina tipo A onde é adicionado um pacote de aditivos multi-funcional que tem como principal vantagem as características detergentes-dispersantes. Com isto, minimiza-se a formação de depósitos nos carburadores e nos bicos injetores, bem como no coletor de admissão e nas hastes das válvulas de admissão. 
Isto reduz o intervalo de limpeza dos bicos injetores e carburadores além de maior segurança como, por exemplo, reduzir a probabilidade de falha em uma ultrapassagem, o que poderia provocar um acidente.
  • Percebe-se que o bico injetor que utilizava gasolina aditivada, para um mesmo período de teste, apresentou uma nebulização e, portanto, uma combustão muito melhor.
Esta gasolina deve ter um corante para se diferenciar da gasolina tipo C (comum). A da Petrobrás, denominada BR-Supra, apresenta cor verde.
  • Um ponto deve ser ressaltado para que a gasolina aditivada tenha eficiência: deve ser usada continuamente. De pouca valia é utilizá-la de forma descontinuada visto que os depósitos removidos voltarão ao deixarmos de usá-la. 
Sua atuação é de caráter, primariamente, preventivo. Recomenda-se, no entanto, se ela nunca foi usada no veículo, nas três primeiras trocas posteriores ao início de seu uso reduzir os intervalos de troca do filtro de combustível à metade visto que o aditivo detergente-dispersante pode efetuar uma remoção de depósitos do sistema de injeção e de alimentação do combustível, o que poderia provocar um entupimento prematuro dos filtro de combustível. 
  • Após isto, pode-se voltar ao intervalo de troca do filtro de combustível recomendado pelo fabricante. Esta gasolina, também, tem álcool etílico anidro adicionado na proporção citada anteriormente.
Gasolina Podium:
  • Aproveitando-se de sua experiência como fornecedora de gasolina para a equipe Williams de Fórmula 1, a Petrobrás lançou, recentemente, no mercado nacional a gasolina Podium.
Trata-se de uma gasolina com octanagem mais elevada que as gasolinas comum, premium e aditivada. Além de aumentar o rendimento, ela ajuda a diminuir a formação de resíduos nos cilindros e é mais estável. Esta última característica retarda o envelhecimento do combustível e evita a formação de borras no tanque, responsável pelo entupimento de bicos injetores e tubulações. É, também, um combustível mais limpo. 
  • Seu teor de enxofre é 97% menor que o das gasolinas comum, aditivada e premium e, com isto, a empresa se antecipa às exigências de controle da poluição que só em 2005 vão estar em vigor na Europa e nos Estados Unidos. Por enquanto, a gasolina podium está sendo comercializada, somente, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro mas a sua comercialização deverá ser estendida a todo o país. 
Como o consumidor pode se prevenir de fraudes?
  • Sem equipamento próprio nem sempre é possível ter certeza se determinada gasolina está dentro dos padrões estabelecidos pela ANP. A fraude tem atingido grande nível de sofisticação. A presença de compostos danosos ao motor nem sempre pode ser evidenciada por análise visual.
Porém, alguns cuidados básicos podem ser tomados.
  1. Uma fraude comum é se adicionar álcool etílico anidro em quantidade superior ao especificado (atualmente 25% em volume. Admite-se uma tolerância de 1 % para mais ou para menos). Como o álcool é mais barato que a gasolina alguns postos desonestos têm efetuado esta prática. O teste de determinação do teor alcoólico é um teste simples que o posto revendedor tem obrigação, se solicitado, de efetuar na frente do usuário. 
Consiste em se colocar em uma proveta graduada de 100 ml, 50 ml de gasolina e adicionar água até completar o volume exato de 100 ml.  Faça 5 a 10 inversões sucessivas da proveta segurando bem a tampa de vidro para evitar derramamento da mistura.
  • Deposite a proveta em local plano e deixe-a em repouso por alguns minutos até que ocorra a separação nítida de duas camadas. A água arrasta o álcool etílico anidro formando uma camada inferior de cor leitosa. 
Na camada superior fica apenas a gasolina pura (sem álcool etílico anidro). O teor alcoólico percentual será, então, o aumento do volume da camada aquosa multiplicado por 2. Por exemplo: se o aumento da camada aquosa for de 13 ml o teor alcoólico percentual será 13 x 2 = 26%.Se o teor alcoólico estiver na faixa de 24% a 26% (especificação atual e sujeita a mudanças ) o produto satisfará esta especificação.
 Se o teor alcoólico estiver acima de 26%, poderá ter ocorrido um dos seguintes casos:
  • Adição indevida de álcool etílico hidratado (álcool vendido em postos de serviço para utilização em veículos movidos a álcool);
  • Adição excessiva de álcool etílico anidro;
  • Contaminação por restos de álcool presente no tanque de transporte.
A Petrobrás, através da sua subsidiária Petrobrás distribuidora s.a. – BR, com o intento de assegurar ao consumidor brasileiro combustível de qualidade, desenvolveu o programa "de olho no combustível". Trata-se de um programa de adesão voluntária onde postos de serviço de bandeira Petrobrás, componentes do programa, devem satisfazer uma rigorosa relação de 10 exigências, após o que este posto de serviço ganha o certificado " de olho no combustível". 
Esta certificação é exposta no posto de serviço Petrobrás através de banners, fornecidos pela Petrobrás.
Só podem participar deste programa aqueles clientes que adquirirem, com exclusividade, combustíveis Petrobrás. Terão de satisfazer, também, vários requisitos, tais como:
  • Ter bomba e registros de drenagem (para evitar o acúmulo de água nos tanques);
  • Ter os equipamentos de controle de qualidade de combustível disponível no posto e fazer testes regularmente e quando solicitado pelos clientes;
  • Fazer manutenção dos filtros de combustível regularmente;
  • Aceitar auditoria regular de qualidade nos combustíveis, feita por técnico da Petrobrás;
  • Ter frentistas treinados pela Petrobrás para fazer os testes de qualidade quando da chegada do caminhão-tanque carregado de combustível no posto.
Ao total são 10 itens que devem ser satisfeitos para que o posto de serviço seja certificado no programa "de olho no combustível". Cabe ressaltar que não satisfazendo qualquer dos 10 itens o posto de serviço perde automaticamente a certificação, só podendo recuperá-la após corrigir a não-conformidade.
  • Gostaríamos, para encerrar este artigo, de lembrar aos usuários de gasolina um velho provérbio popular: "Quando a esmola é muita o santo desconfia". O preço da gasolina, ainda, é tabelado nas refinarias da Petrobrás e, desta forma, não há margem para diferenças acentuadas de preço. Desconfie das "promoções milagrosas". Abasteça em postos de serviço de sua absoluta confiança e, obtendo bom desempenho com o combustível deste(s) estabelecimento(s), torne-se um consumidor regular dele. Não fique mudando a toda hora em busca de promoções ocasionais. O maior custo é o do reparo no veículo e não o de tê-lo disponível.
A Petrobrás Distribuidora S.A., subsidiária da Petrobrás- Petróleo Brasileiro S.A., coloca à sua disposição vasta rede de postos certificados pelo programa de "De olho no combustível" além de equipe de engenheiros e técnicos em todo o território nacional para dirimir quaisquer dúvidas sobre gasolina. 

A Gasolina 

Tipos de Gasolinas:
  • A gasolina é um produto obtido a partir do refino do petróleo e sua composição depende de sua utilização, para aviação ou automotiva, de sua origem e dos processos de refino do petróleo.
A gasolina de aviação é uma gasolina que apresenta alto índice de desempenho, além de outras características especiais. É uma mistura de hidrocarbonetos de 5 a 10 átomos de carbono, que destila entre 30ºC e 170ºC aproximadamente, e é obtida por processos desenvolvidos para produção de compostos com alto número de octano tais como: reforma, isomerização, polimerização e alquilação.
  • Já a gasolina automotiva é uma mistura de hidrocarbonetos contendo desde 4 até 12 átomos de carbono, com pontos de ebulição entre 30°C e 225°C. Com base no seu número de octano, as gasolinas automotivas são classificadas, de modo geral, em dois tipos: “regular” e “premium”. No Brasil, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) especifica três tipos de gasolinas automotivas, tipo A, tipo B e tipo C, sendo a gasolina do tipo B de uso exclusivo das forças armadas.
A gasolina tipo A é a gasolina produzida pelas refinarias de petróleo e entregue diretamente às distribuidoras. É uma mistura de naftas numa proporção tal, que enquadre o produto na especificação da ANP. Já a gasolina tipo C é a gasolina tipo A recebida pelas distribuidoras, proveniente das refinarias, adicionada de álcool etílico anidro combustível (AEAC). Essa gasolina é a que se encontra disponível no mercado, sendo comercializada nos postos revendedores.
  • A gasolina chamada “aditivada” é a gasolina tipo A adicionada, além do álcool etílico, dos chamados aditivos detergentes dispersantes. Esses aditivos têm a finalidade de minimizar a formação de depósitos no carburador e nos bicos injetores, assim como, no coletor e hastes das válvulas de admissão e também são anticorrosivos. A gasolina aditivada recebe um corante que lhe confere uma cor distinta daquela apresentada pela gasolina comum, evitando-se possíveis fraudes e adulteração do produto.
Conceitos Básicos:
  • O consumo anual de gasolina automotiva no Brasil é de aproximadamente 22 bilhões de litros, que são distribuídos à população por meio de mais de 28000 postos revendedores (5). Devido à importância desse combustível, diversos estudos são desenvolvidos visando garantir sua qualidade e minimizar os efeitos ambientais de seu uso e possíveis danos à saúde da população.
Como já foi mencionado, a gasolina automotiva é uma mistura de hidrocarbonetos contendo desde 4 até 12 átomos de carbono, com pontos de ebulição entre 30°C e 225°C. Além disso, é um líquido inflamável, volátil, obtido por meio de processos de destilação direta, craqueamento, reforma, alquilação e isomerização.
  • Os hidrocarbonetos presentes na gasolina pertencem às séries parafínica, olefínica, naftênica e aromática e suas quantidades relativas dependem do petróleo e do processo de obtenção utilizados. Atualmente, as gasolinas que saem das refinarias são compostas de misturas obtidas a partir de diferentes processos, balanceadas de modo a obter determinadas características que atendam aos requisitos de desempenho dos motores, de acordo com a composição desses hidrocarbonetos.
A gasolina para o consumo pode ainda receber a adição de outros compostos como tolueno ou xilenos, álcoois, como o metanol ou o etanol anidros, além de outros aditivos com finalidades específicas, como os antioxidantes, detergentes, anticongelantes, desativadores de metal, corantes, etc.
  • A reação básica que ocorre no interior de um motor é a quebra dos hidrocarbonetos que compõem o combustível para produzir dióxido de carbono, água e, o mais importante, calor (energia). Nos motores a explosão, a gasolina é vaporizada e recebe uma certa quantidade de ar. Essa mistura é então comprimida e explode sob a ação de uma faísca elétrica produzida pela vela do motor. 
A explosão desloca o pistão e esse movimento é aproveitado para produzir trabalho. Sob certas condições, essa mistura explosiva detona ao ser comprimida e essa detonação espontânea, chamada de “knocking”, prejudica o trabalho do motor, diminuindo sua potência e rendimento. Os parâmetros de qualidade da gasolina mais críticos referem-se justamente às suas características antidetonantes. O índice de octano, ou octanagem, é uma medida da capacidade do combustível de resistir à detonação espontânea. 
  • O poder antidetonante é um dos principais parâmetros de medição da qualidade da gasolina automotiva, sendo determinado tradicionalmente segundo normas internacionais, em um equipamento padrão que consiste, essencialmente, em um motor monocilíndrico, com taxa de compressão variável e um medidor do número de batidas do motor por unidade de tempo (“knockmeter”), que foi desenvolvido pelo Cooperative Fuel Research Committee - CFR.
A determinação do número de octano tem por objetivo verificar a cinética de progressão da chama durante a queima, que deve ser a mais homogênea possível, evitando variações de velocidade de progressão ao longo do cilindro, que provocaria perda de potência e baixo rendimento, além de sérios danos mecânicos à máquina, dependendo de sua intensidade.
  • A definição original de número de octano criou uma escala entre 0, que corresponde a um combustível que tem o mesmo poder antidetonante do nheptano, e 100, combustível com características iguais às do 2,2,4 trimetil pentano (ou iso-octano), porém, alguns tipos de compostos têm um poder antidetonante intrínseco maior que o iso-octano e, portanto, possuem octanagem maior que 100, como, por exemplo, os aromáticos puros ou suas misturas (no caso de reformados aromáticos), éteres e álcoois de baixo peso molecular. 
Uma gasolina com número de octano igual a 90, por exemplo, apresenta a mesma resistência à detonação por compressão que uma mistura com 90% de isooctano e 10% de n-heptano. A diferença nas características antidetonantes existentes entre os diversos tipos de gasolina é função unicamente de sua composição química. 
  • Como regra geral, as parafinas normais apresentam valores de número de octano (NO) que decrescem à medida que aumenta o peso molecular da séria homóloga. Já as iso-parafinas apresentam melhores características que as normais e, quanto mais ramificadas, maior será o NO.
Com o objetivo de aumentar o número de octano, a composição de hidrocarbonetos na gasolina vem sendo modificada através da incorporação de mais alcanos ramificados, olefinas, aromáticos, álcoois e éteres. No caso da gasolina brasileira, a adição de etanol é utilizada. A gasolina adequada para os motores de combustão interna de ignição por centelha deve apresentar as seguintes características:
  • Entrar em combustão por meio da centelha da vela de ignição, de forma homogênea e progressiva, sem detonar, proporcionando bom desempenho do motor, sem ocasionar danos.
  • Vaporizar-se completamente no interior da câmara de combustão, em mistura com ar, de forma a queimar-se completamente e com o mínimo de formação de resíduos (depósitos).
  • Vaporizar-se suficientemente com o motor frio, enviando para o motor a quantidade necessária para partir sem nenhuma dificuldade.
  • Não vaporizar excessivamente antes de alcançar o sistema de injeção, para não acarretar problemas operacionais na bomba de gasolina e no sistema de injeção, tais como interrupção de de fluxo de combustível para o motor.
  • Produzir o mínimo de resíduos por combustão e de depósitos por oxidação, para evitar entupimentos e danos às peças do motor.
  • Apresentar aspecto límpido indicando ausência de água e depósitos.
  • Não ser corrosiva para evitar desgastes do motor.
  • Não formar quantidade excessiva de poluentes durante a queima para não produzir danos ambientais.
  • Oferecer segurança e possuir baixo teor de produtos tóxicos.
Para atender a esses requisitos de qualidade, são especificados valores para determinadas propriedades, como curva de destilação, por exemplo, da gasolina que permitem assegurar o correto funcionamento do motor.

Especificações e Metodologias:
  • A Portaria No 309, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), de 27 de dezembro de 2001 (9), estabelece as especificações de qualidade para a gasolina automotiva. O Regulamento Técnico da ANP No 05/2001 (vigente à época da realização deste trabalho) especifica a gasolina tipo “C” com 25 ± 1% de Álcool Etílico Anidro Combustível - AEAC. 
As especificações para os pontos de destilação com 10%, 50%, 90% evaporados e PFE (ponto final de ebulição) são, respectivamente, 65°C, 80°C, 190°C e 220°C. Para a octanagem motor (MON) o valor mínimo é de 82,0, e o índice antidetonante (IAD) tem valor mínimo de 87,0.
  • Vários testes físico-químicos são utilizados para avaliação da qualidade da gasolina. Entre eles estão o acompanhamento do seu perfil de destilação, a pressão de vapor e a relação vapor/líquido. Essas propriedades estão diretamente relacionadas à composição e às características químicas dos constituintes da mistura, influenciando o controle da partida do motor, seu aquecimento, aceleração, tendência ao tamponamento e diluição do óleo do cárter e, em parte, o consumo de combustível e a tendência ao congelamento no carburador. 
A determinação da curva de destilação tem aplicação, também, no que se refere à verificação de contaminações com produtos de características diferentes, bem como de adulterações propositais, além de ser de grande utilidade na previsão do desempenho da gasolina no motor.
  • O Regulamento Técnico acima mencionado aplica-se às gasolinas automotivas comercializadas em todo território nacional. A determinação das características das gasolinas é realizada mediante o emprego de Normas Brasileiras (NBR) e Métodos Brasileiros (MB) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou normas da American Society for Testing and Materials (ASTM).
MON e RON:
  • Para a avaliação do número de octano das gasolinas automotivas existem dois métodos-padrão disponíveis:
Método MON (Motor Octane Number):
Método MOTOR-ASTM D2700: 
  • Esse método avalia a resistência da gasolina à detonação por compressão quando está sendo queimada em condições de funcionamento mais exigentes e em rotações mais elevadas, como acontece nas subidas de ladeira com marcha reduzida e velocidade alta e nas ultrapassagens (quando a aceleração é aumentada mesmo já estando o carro em alta velocidade). 
O número de octano motor é o que é atualmente especificado para a gasolina brasileira contendo álcool etílico. O teste é feito em motores especiais (motores CFR - Cooperative Fuel Reserarch), monocilíndricos de razão de compressão variável, equipados com a instrumentação necessária e montados numa base estacionária.


Método RON:
 (Research Octane Number) ou Método PESQUISA – ASTM D22699
  • É um método que avalia a resistência da gasolina à detonação por compressão sob condições mais suaves de trabalho e a uma rotação menor do que aquela avaliada por MON, como ocorre, por exemplo, ao arrancarmos o veículo em um sinal. O teste é feito em motores semelhantes àqueles utilizados para o teste MON. A medida de RON não faz parte do quadro da especificação brasileira da gasolina automotiva dos tipos A ou C.
Quando se trata de definir ao número de octano requerido pelos motores e que, conseqüentemente, deve ser atendido pelas gasolinas, alguns países adotam, ao invés de MON ou RON, o índice antidetonante (IAD) como representativo do desempenho antidetonante do combustível. 
  • O que ocorre é que, dependendo do projeto do motor do veículo e das condições em que ele opera, o desempenho antidetonante do combustível pode ser mais bem representado por MON ou por RON. Com o índice antidetonante (IAD), estima-se o desempenho antidetonante do combustível para um universo mais amplo de veículos o que o coloca em vantagem em relação a MON ou RON, separadamente. O IAD é definido como a média entre as octanagens MON e RON, ou seja: IAD = (MON + RON)/2.
No que diz respeito à octanagem necessária para o bom funcionamento dos motores, é importante saber que, para cada projeto básico de motor, existe uma característica de resistência mínima a detonação requerida. 
  • O uso de uma gasolina com octanagem superior àquela para a qual o motor foi projetado não trará a ele nenhum ganho de desempenho. Já o uso de um combustível com octanagem menor do que aquela prevista no projeto, causará perda de potência e aumento do consumo de combustível, podendo até mesmo causar danos ao motor.
Os veículos fabricados no Brasil até hoje têm os seus motores regulados para MON igual a 82, que é o valor mínimo especificado para a gasolina C. Quanto aos veículos importados, esses são, originalmente, projetados para a octanagem do combustível do país onde são fabricados. 
  • Geralmente necessitam de uma gasolina de maior octanagem como a gasolina premium que apresenta o índice antidetonante igual a 91, no mínimo..Apesar da ampla utilização dos testes de motor, há um consenso geral relativo a alguns problemas intrínsecos a eles. 
A maioria desses problemas já foi previamente considerada (19), dentre os quais pode-se citar: os dois motores padrão utilizados são extremamente caros (US$155,000 cada); grandes quantidades dos padrões de iso-octano e n-heptano e das amostras são gastas (~500mL); os motores são ruidosos, produzem gases de exaustão e requerem freqüentes períodos de limpeza e otimização; a análise é lenta (~30min por amostra) e a automação é impossível. Além disso, os valores relatados de precisão do método ASTM estão na faixa de 0,2 a 0,3 NO para repetibilidade (r) e 0,6 a 1,5 NO para reprodutibilidade (R), sendo este último considerado um pouco alto para as necessidades industriais atuais.
  • Pelas razões citadas acima, várias metodologias alternativas vêm sendo testadas para a determinação de MON e RON. Embora a cromatografia seja também utilizada, a maioria dos trabalhos publicados atualmente nessa área combina espectroscopia na região do infravermelho com algoritmos quimiométricos focados em extrair informação útil dos espectros das amostras e, então, obter modelos preditivos. 
O infravermelho próximo (NIR, do inglês “near infrared”) foi o mais extensivamente utilizado (16), apesar de o infravermelho médio (MIR, do inglês “mid infrared”) ser mais disponível nos laboratórios, ser uma técnica mais barata e geralmente mais simples. Ainda assim, vários autores já demonstraram que quando espectroscopia MIR é combinada com PLS, modelos bastante úteis podem ser obtidos e utilizados para predizer MON e RON.

Teor de Álcool:
  • No Brasil, a adição de álcool (etanol) anidro à gasolina é feita há muitos anos. Atualmente utiliza-se 25 ± 1% em volume, mas esta especificação varia de acordo com as necessidades do mercado. 
Como vantagens da adição de álcool à gasolina podem ser mencionadas o aumento da octanagem da gasolina, principalmente se o seu valor inicial for baixo, e a redução da poluição ambiental provocada pelas emissões de gases como CO e NOx. Como desvantagens, pode ser citado o aumento do consumo, já que o poder calorífico do álcool é menor que o da gasolina pura, e o fato de as partidas tornarem-se mais difíceis com o motor frio, principalmente em locais de clima frio.
  • Na literatura existem diversos métodos para a determinação de oxigenados em gasolina, como por exemplo: cromatografia gasosa ,ressonância magnética nuclear, emissão atômica, infravermelho e, até mesmo, métodos químicos via úmida. O método padrão internacional para a determinação de oxigenados em gasolina é o ASTM4815, o qual pode ser utilizado com bastante sucesso para amostras com até 10% em massa de etanol. Como no Brasil é permitida a adição de até 25% em volume de etanol, o método ASTM não pode ser empregado. 
O método utilizado é conhecido como método da proveta e consiste na remoção do aditivo através de uma extração via solução aquosa (NBR13992). Nesse método utiliza-se 50ml de amostra e 50ml de solução de NaCl 10% e o tempo de análise é de 10 a 15 minutos.

Destilação:
  • A destilação é um dos testes que tem como objetivo avaliar as características de volatilidade da gasolina. O teste, efetuado de acordo com o método MB45, é feito tomando-se 100ml da amostra do produto que é colocado em um balão de vidro especial que, a seguir, é submetido a aquecimento para destilação em condições controladas. Com o aquecimento, o produto vaporiza-se sendo, então, condensado e recolhido em uma proveta de vidro. O tempo gasto com essa análise é de aproximadamente 30 minutos.
À medida que a destilação ocorre, um gráfico de porcentagem de destilado versus temperatura é construído. Esse teste, além de ser usado no controle da produção da gasolina, pode ser utilizado para identificar a ocorrência de contaminação por derivados mais pesados como o óleo diesel, óleo lubrificante, querosene, etc.
  • A especificação da gasolina assinala as temperaturas máximas nas quais 10%, 50% e 90% do combustível devem estar evaporados sob condições específicas (65,0°C, 80,0°C e 190,0°C, respectivamente), bem como a temperatura máxima observada durante a destilação (200,0°C) e a porcentagem do resíduo (2,0%).
Densidade:
  • O método utilizado no Laboratório de Combustíveis da PUC-Rio para a determinação da densidade é o ASTM 1298, que consiste em preencher uma proveta de 1 litro com a amostra, medir a temperatura e a densidade através de um termômetro calibrado e de um densímetro de vidro, respectivamente. O tempo da análise é de poucos minutos.
Composição:
  • A gasolina básica (sem oxigenados) possui uma composição complexa. A sua formulação pode demandar a utilização de diversas correntes nobres oriundas do processamento do petróleo como nafta DD (produto obtido a partir da destilação direta do petróleo), nafta craqueada que é obtida a partir da quebra de moléculas de hidrocarbonetos mais pesados (gasóleos), nafta reformada (obtida de um processo que aumenta a quantidade de substâncias aromáticas) e nafta de coque, obtida através do processo de croqueamento, nafta alquilada (de um processo que produz iso-parafinas de alta octanagem a partir de iso-butanos e olefinas), etc. 
Quanto maior a octanagem (número de moléculas com octanos) da gasolina maior será a sua resistência à detonação espontânea.

Produção:
  • A Petrobras, empresa petrolífera brasileira, produz diversos tipos de gasolina utilizando tecnologia própria, fabricando as diversas frações de petróleo constituintes da gasolina e misturando-as entre si e com os aditivos, através de formulações convenientemente definidas para atender aos requisitos de qualidade do produto.
A Galp, empresa petrolífera portuguesa detentora de toda a capacidade refinadora do país, produz gasolinas com índice de octanas 95 e 98, e a BP comercializa uma gasolina que atinge as 100 octanas. Estas gasolinas possuem aditivos que visam a melhorar a performance do combustível, nomeadamente:
  • Visa a reduzir os depósitos no sistema de injeção e no motor de forma a melhorar a combustão; 
  • Inibidor de corrosão: agente que visa a proteger as zonas de circulação de combustível de forma a reduzir a corrosão provocada; 
  • Desemulsificante: promove a separação da água no sistema de distribuição e armazenagem do combustível, de forma a diminuir a corrosão daí resultante; 
  • Agente veículo (solvente sintético): por ser estável a altas temperaturas, provoca resíduos diminutos durante a combustão que se realiza na câmara de combustão do motor. 
O grande crescimento da produção de gasolina, motivado pelo desenvolvimento da indústria automobilística, foi possível não só através do refino, mas também de processos de transformação de frações pesadas, que fazem aumentar o rendimento total do produto em relação ao petróleo.

Gasolina aditivada:
  • A gasolina aditivada, disponível em alguns postos, é uma gasolina comum acrescentada de aditivos detergentes-dispersantes. Esses aditivos têm como finalidade a limpeza do sistema de alimentação de combustível, incluindo linha de combustível, bomba, galeria de combustível, injetores e válvulas de admissão. 
Seu uso permite que o motor opere nas condições especificadas pelo fabricante por mais tempo, o que reduz consumo e emissões e aumenta o intervalo entre manutenções. Ao contrário do que se pensa, a gasolina aditivada não aumenta a octanagem do combustível. As gasolinas de alta octanagem são chamadas, genericamente, de “gasolinas premium”.

Gasolina adulterada:
  • Gasolina adulterada é caracterizada pela adição irregular de qualquer matéria, sem recolhimento de impostos, com vistas à obtenção de lucro. Ela recebe elementos que a diferenciam da gasolina comum, como o dióxido de enxofre e solventes.

Provetas do ensaio de teor de álcool em gasolina automotiva.
Você têm que saber que a taxa máxima permitida de álcool na gasolina é de até 25%.