terça-feira, 3 de junho de 2014

Calendula officinalis - Margarida

Calêndula officinalis, conhecida como calêndula ou margarida é uma planta do gênero Calêndula. Era usada na Grécia, Roma, Arábia e Índia antigas como planta medicinal bem como corante têxtil, corante alimentar e em cosméticos.

  • A Calêndula officinalis L. pertence à família Asteraceae, é uma planta herbácea, nativa em toda região do Mediterrâneo e cultivada em toda a Europa, onde floresce quase o ano todo, sendo comum encontrá-la em jardins como planta ornamental (Cromack & Smith, 1996). 
Temperaturas noturnas muito elevadas diminuem o tamanho das flores (Correa Júnior et al., 1991). É muito sensível à falta de água nos períodos de estiagem, o que acarreta um comprometimento da sua produtividade (Silva Júnior, 1997); daí a necessidade de sistemas de irrigação na área de plantio.
  • A calêndula se desenvolve melhor e é mais produtiva quando cultivada no inverno, sendo inclusive resistente a geadas leves (Montanari Júnior, 2000). Apresenta como principais constituintes químicos saponinas triterpênicas (Alonso, 1998); flavonóides (Pietta et al., 1992, 1994); hidroxicumarinas (PDR, 2000); carotenoides (Stevenson, 1961; Alonso, 1998); triterpenos pentacíclicos trihidroxiálcoois (Wilkomirski, 1985); taninos; poliacetilenos; esteróis; sesquiterpenos glicosídeo (PDR, 2000); e um óleo volátil (0,1-0,2%) muito abundante em sesquiterpenos hidrocarbonetos e álcoois (Chalchat et al., 1991; PDR, 2000; Radulescu et al., 2000; Crabas et al., 2003).
É extensamente utilizada pelas indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia e pela população em geral por causa das suas atividades anti-inflamatória (Della Loggia et al., 1994) e antiedematosa (Hamburger et al., 2003). Observou-se que o extrato de C. officinalis induziu a formação de vasos sanguíneos. 
  • Esse resultado foi muito importante no processo de granulação (PDR, 2000; Schulz et al., 2002). Outras atividades farmacológicas tem sido reportadas tais como: imunomodulatória (Amirghofran et al., 2000) por estimulação na granulocitose; anti-tumoral (Elias et al., 1990); antimutagênica e antiviral (Kalvatchev et al, 1997; PDR, 2000); antimicrobiana (Dumenil et al., 1980; Gracza, 1987; Hsieh et al, 2001). 
Outras atividades biológicas tais como moluscicida (Helalyet al., 1999); o óleo essencial como nematicida (Perez et al., 2003); genotóxica (Ramos et al., 1998); larvicida (El-Shazly & Hussein, 2004); e antiplasmódica (Boyom et al., 2003). Na perfumaria, é utilizado na composição de vários perfumes. 
  • O aroma característico das flores de calêndula é associado a presença dos sesquiterpenos na fração volátil, dentre esses o d-cadineno que confere as notas verdes, doces e refrescantes; e o a-cadinol responsável pelas notas amadeiradas (Reznicek & Zitterl-Eglseer, 2003)
As folhas e pétalas da calêndula são comestíveis, sendo as pétalas adicionadas aos pratos como guarnição em substituição do açafrão. As folhas podem ser doces mas são geralmente amargas, e podem ser usadas em saladas.Trata-se de uma planta bastante cultivada e cresce facilmente em locais soalheiros na maioria dos solos.

Propriedades Químicas:
  • A partir da compreensão dos mecanismos de ação analgésica e da constatação na literatura dos compostos químicos presentes em Calêndula officinalis L. (Asteraceae), dentre eles os flavonóides, que indicam a existência de propriedade terapêutica, principalmente analgésica e anti-inflamatória, pretendeu-se avaliar comparativamente a propriedade analgésica do extrato metanólico de flores visitadas e protegidas de agressores externos (polinizadores/fitófagos), por meio do teste de formalina em camundongos, realizando ainda, a caracterização fitoquímica comparativa dos referidos extratos por meio de cromatografia de camada delgada (CCD) .
A investigação indicou que houve diferenciação com maior resposta analgésica (fase I e II) entre extratos de flores de plantas expostas aos agentes agressores do que as protegidas (somente fase II). Apesar da técnica da CCD não detectar diferenças fitoquímicas qualitativas entre os extratos, a presença dos agressores externos pode ter influenciado na produção de diferentes metabólitos secundários na planta exposta, resultando em uma resposta analgésica envolvendo possivelmente mecanismos que interferem com a dor neurogênica (fase I) e inflamatória (fase II). 

Calendula officinalis - Margarida

Os Flavonoides:
  • Os flavonoides são substâncias aromáticas que apresentam importantes funções na fisiologia e na bioquímica vegetal, atuando como inibidores enzimáticos.
Flavonoides (ou bioflavonoides) é a designação dada a um grande grupo de metabólitos secundários da classe dos polifenóis, componentes de baixo peso molecular encontrados em diversas espécies vegetais. 
  • Os diferentes tipos de flavonóides são encontrados em frutas, flores e vegetais em geral, assim como no mel e em alimentos processados como chá e vinho.
Classificação científica:
  • Reino: Plantae
  • Clado: angiospérmicas
  • Ordem: Asterales
  • Família: Asteraceae
  • Tribo: Calenduleae
  • Gênero: Calêndula
  • Espécie: C. officinalis
Nome binomial:
  • Calêndula officinalis
Farmacologia:
  • Desde a antiguidade propriedades medicinais são atribuídas às flores da Calêndula officinalis L. (Asteraceae) destacando-se a atividade cicatrizante. Estudos sobre a atividade geral de plantas medicinais na cicatrização vêm sendo realizados, sem especificar sobre qual das fases da cicatrização a planta atua. 
Neste trabalho a atividade cicatrizante e anti-inflamatória do extrato etanólico das flores da C. officinalis cultivada no Brasil foi avaliada em feridas cutâneas de ratos Wistar, por meio de avaliação macroscópica e histológica. A atividade antimicrobiana do extrato e das frações hexânica e diclorometano também foi avaliada. 
  • A atividade anti-inflamatória do extrato etanólico da calêndula foi atribuída à diminuição da exsudação serosa, da hiperemia, da deposição de fibrina e da hiperplasia epidermal, além de resultar em crostas mais delgadas e umedecidas. 
Observaram-se também aumento de colágeno no tecido de granulação e efeito antibacteriano. Assim, o extrato etanólico da calêndula atuou de forma positiva sobre a atividade cicatricial em feridas cutâneas de ratos, bem como apresentou atividade antibacteriana in vitro.

Cicatrização:
  • O processo de cicatrização dérmica inicia-se logo após a lesão, ocorrendo formação do coágulo sanguíneo que atua como tampão hemostático e substrato para a organização da ferida e estabelecimento do tecido de granulação (Midwood et al., 2004; Hosgood, 2006).
Durante séculos tem-se buscado nas plantas medicinais alternativas para o tratamento de diversas doenças dermatológicas (Raskin et al., 2002), principalmente naquelas que apresentam processos cicatriciais de difícil resolução. (Hsu, 2005).
  • Na Antiguidade de forma empírica já eram conhecidas algumas propriedades medicinais atribuídas às flores da Calêndula officinalis L (C.officinalis), popularmente conhecida como calêndula. É uma planta herbácea anual, originaria da região Mediterrânea, pertencente à família Asteraceae (Alonso, 1998).
A calêndula tem sido usada rotineiramente em aplicações tópicas, tanto em cosmetologia como em dermatologia (Della-Loggia et al., 1994; Zitterl-Eglseer et al., 1997; Hamburguer et al., 2003). Entre as suas atribuições terapêuticas mais difundidas estão a reepitelização e cicatrização de feridas (Alonso, 1998), sendo ainda utilizadas em equimoses, erupções e em outras lesões da pele. A medicina popular européia recomenda seu uso no tratamento de eczemas (Brown & Dattner, 1998).
  • Os resultados de pesquisas da atuação farmacológica das plantas medicinais na cicatrização envolvendo animais e humanos, na sua maioria não especificam sobre quais das fases desse processo a atividade foi evidenciada (Krishnan, 2007). 
Com base nos relatos da literatura e no sentido de investigar em qual das fases da cicatrização a calêndula age, a proposta do presente trabalho fundamentou-se em avaliar o efeito do extrato etanólico das flores da C. officinalis cultivadas no Brasil na cicatrização de feridas cutâneas em ratos. Avaliou-se também a atividade antibacteriana do extrato etanólico e das frações hexânica e diclorometano.
  • Além disso, a calêndula está presente na fórmula de alguns shampoos para cabelos claros, pois sabe-se que o extrato dessa planta contém, assim como a camomila e a macela, um pigmento amarelo responsável por acentuar a cor dos cabelos de tons castanho claro a louro dando-lhes reflexos dourados de forma natural e gradual.
A Calêndula officinalis é uma planta que, desde 2009, foi reconhecida pelo Ministério da Saúde do Brasil como possuidora de propriedades fitoterápicas.

Calendula officinalis - Margarida