As reservas brasileiras de terras raras representam
menos de 1% do total mundial.
menos de 1% do total mundial.
- Somam 40 mil toneladas (medidas e indicadas) de terras raras contidas e estão localizadas nos estados de Minas Gerais (Poços de Caldas e São Gonçalo do Sapucaí, Cordislândia, Silvianópolis, Pouso Alegre, dentre outros) e do Rio de Janeiro (São Francisco do Itabapoana).
As terras-raras compreendem um grupo de 17 elementos químicos metálicos de ampla distribuição na crosta terrestre, mas a baixas concentrações. As maiores reservas encontram-se na China, na Comunidade dos Estados Independentes (CEI), nos Estados Unidos da América (EUA), na Índia e na Austrália.
- A aplicação desses elementos está voltada à produção de catalisadores, ímãs permanentes, ligas metálicas, polidores, fosforescentes e corantes e cerâmicas. Além dos escassos recursos minerais que lhe servem de matéria-prima, a sintetização de cada elemento requer alta tecnologia, o que onera substancialmente a cadeia de produção.
Além de proprietária de grandes reservas minerais, a China é o principal produtor dos elementos de terras-raras e controla cerca de 95% da oferta mundial. Entre os maiores consumidores dos compostos e metais estão a própria China, o Japão, os EUA, a Alemanha, a França e a Áustria. Em 2010, o consumo chinês foi de setenta mil toneladas.
- De 1886 a meados da segunda década do século XX, o Brasil foi o maior exportador de monazita, um mineral portador de terras-raras. As reservas de monazita litorâneas foram exploradas até meados dos anos 1990. Por conter elementos radioativos, o aproveitamento da monazita para a obtenção de terras raras foi descartado. As reservas atuais localizam-se nos estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro e totalizam cerca de 31 mil toneladas de metais contidos.
Sabe-se, também, que o país dispõe de reservas minerais significativas, ainda não exploradas, localizadas nos municípios de Presidente Figueiredo (AM) e de Catalão (GO).
- A produção atual de óxidos de terras-raras no Brasil é de cerca de 550 toneladas, das quais a maior parte é de lantânio. As principais indústrias nacionais consumidoras diretas de produtos de terras-raras são as fabricantes de catalisadores, vidros e cerâmicas; e as consumidoras indiretas, as fabricantes de motores e turbinas eólicas.
A demanda brasileira de terras-raras é incipiente, correspondendo a cerca de 1% da demanda mundial. O consumo de produtos de terras-raras na forma de compostos químicos e manufaturados foi de 1.315 toneladas, em 2010.
- As importações brasileiras de terras-raras, em 2010, somaram US$ 14,1 371 milhões, e as exportações US$ 1,4 milhão.
Hoje existem diversos projetos de exploração em desenvolvimento, a maioria deles concentrada na China, EUA, CEI e Canadá. O aporte desses novos projetos deverá gerar uma sobre oferta já a partir de 2015, o que pode aumentar ainda mais a volatilidade dos preços desses elementos, que já é muito alta.
- Neste artigo, a segunda e a terceira seção abordam a natureza, aplicações e principais ocorrências dos elementos de terras-raras. A quarta, quinta e sexta seções ocupam-se do mercado mundial desses elementos. As duas últimas seções discorrem sobre a ocorrência e a produção das terras-raras no Brasil e as perspectivas para o estabelecimento de uma cadeia produtiva nacional baseada nesses metais.
Definições:
- Os elementos de terras-raras ou metais de terras-raras (abreviadas como TR) formam um conjunto de 17 elementos químicos que inclui o escândio (símbolo químico Sc), o ítrio (Y) e os 15 elementos da série dos lantanídeos [do lantânio (La) ao lutécio (Lu)]. O cério (Ce) é o mais abundante dos elementos de TR e o 25º elemento mais abundante na crosta terrestre. Por sua instabilidade isotópica, o promécio (Pm) é o mais raro dos elementos de TR.
Os elementos de TR são conhecidos desde 1787, quando o mineralogista sueco Carl Axel Arrhenius descobriu o mineral gadolinita, um silicato de cério e ítrio, na localidade de Ytterby, na Suécia. Entretanto, somente em 1913, com o uso da espectrografia de raios X, pelo físico inglês Henry Moseley, foi possível determinar o número exato de lantanídeos que completaria o conjunto de elementos de TR.
- Ainda que abundantes, os minerais portadores de elementos de TR são difíceis de extrair, o que encarece sua produção. As técnicas de separação modernas incluem a troca catiônica, a cristalização fracionada e a extração líquido-líquido.
Nas etapas de exploração e transformação são obtidos, sucessivamente, os seguintes produtos contendo elementos de TR:
- (I) mineral portador;
- (II) Concentrados químicos;
- (III) óxidos em elevados graus de pureza; e
- (IV) Metais e ligas metálicas
Aplicações:
- As aplicações mais comuns das TR são as seguintes: ímãs permanentes, circuitos eletroeletrônicos, catalisadores de gases de escapamento, equipamentos de laser, telefones celulares, corantes em vidros e cerâmicas, lentes de alta refração e ligas metálicas. Fontes de elementos de TR As principais fontes de elementos de TR são:
Minerais contendo ítrio e lantanídeos pesados (do térbio ao lutécio):
- Gadolinita: silicato de ítrio, lantânio, neodímio, berilo e ferro;
- Xenotímio: fosfato de ítrio;
- Samarskita: óxido de nióbio-tântalo, ítrio e itérbio;
- Euxenita: óxido de nióbio-tântalo, ítrio, cério e tório; e
- Fergusonite: óxido de nióbio-tântalo, ítrio, cério e lantânio.
Principal depósito contendo ítrio e lantanídeos pesados:
- Ontário (Canadá) – ítrio como subproduto de minérios de urânio.
Minerais contendo lantanídeos leves (do lantânio ao gadolínio):
- Bastnasita: combinação de fluoretos e carbonatos de cério, lantânio e ítrio;
- Monazita: fosfato de TR e tório;
- Loparita: óxido de titânio e cério; e
- Allanita: silicato de ferro, manganês, cério e ítrio.
Principais depósitos contendo lantanídeos leves:
- Califórnia (EUA) e vários locais na China – bastnasita;
- África do Sul – monazita em pegmatito; e
- Península de Kola (Rússia) – loparita.
Ocorrem, também, retidos na forma iônica em argilas lateríticas (mistura de óxidos e silicatos), como nos depósitos de ítrio e lantanídeos pesados no sul da China, ao teor de 65% de óxido de ítrio.
- De forma secundária, os minerais de TR podem concentrar-se em depósitos arenosos aluviais ou marinhos, denominados pláceres, como as areias monazíticas na Austrália, no Brasil e na Índia. A monazita tornou--se uma fonte menos importante de TR em razão de seu conteúdo de tório radioativo.
China:
- Os elementos de TR contidos na bastnasita são obtidos nas províncias da Mongólia Interior, de Gansu e de Sichuan. Na primeira província, o mineral é obtido como subproduto da extração do ferro, o que garante custos relativamente baixos em relação aos demais produtores.
Nas duas outras, a bastnasita é obtida diretamente por mineração. As reservas na Mongólia Interior atingem trezentos milhões de toneladas, a um teor de 1,5% de óxidos e fator de recuperação de 25% a 50%. Em Sichuan, as reservas chegam a 17 milhões de toneladas, a um teor de 3% de óxidos de TR e fator de recuperação de 50%. . O mineral extraído em Sichuan tem composição semelhante.
- A extração de elementos de TR ocorre também nas províncias de Guangdong, de Hunan, de Jiangxi e de Jiangsu, a partir de argilas lateríticas. Nessas argilas, o conteúdo de cério é baixo, mas o de elementos pesados de TR e de ítrio é particularmente elevado.
Austrália:
Mount Weld
- As reservas de Mount Weld foram estimadas em 12,2 milhões de toneladas de minério de monazita, a um teor de 9,7% de óxidos. A fina granulação do minério torna difícil seu tratamento.
Nolans:
- As reservas do projeto Nolans são estimadas em 30,3 milhões de toneladas, a um teor de 2,8% de óxidos.
Outros projetos:
- Estima-se que o projeto Dubbo Zirconia tenha uma reserva de 73,2 milhões de toneladas de minério, a um teor de 0,75% de óxidos. Além deste, o país conta com o Projeto Cummins Range, que se encontra no estágio de perfurações
Oferta mundial de TR:
- Desde a descoberta, em 1886, das areias monazíticas em Cumuruxatiba, na Bahia, até 1915, o Brasil foi o maior produtor isolado de minério de TR.
Entre 1915 e 1960, o país dividiu essa liderança com a Índia. Durante os anos 1950, a África do Sul atingiu a posição de produtor mundial depois da descoberta de veios pegmatíticos ricos em monazita. Dos anos 1960 aos anos 1980, a mina de Mountain Pass, na Califórnia, tornou-se a maior produtora de minérios de TR.
- Atualmente, a produção mundial de óxidos de TR, de cerca de 134 mil toneladas, é composta por 97% de participação chinesa. Além disso, praticamente toda a oferta de TR pesadas é suprida pela China, com cerca de 97% em 2010.
As preocupações com o suprimento intensificaram-se em virtude dos recentes movimentos do principal produtor de TR. Nos últimos dois anos, a China vem anunciando algumas restrições ao comércio de TR, que incluem tributos mais altos sobre os minérios, restrições rigorosas às exportações e pressões para o processamento do minério no próprio país.
- Essas medidas foram complementadas pela repressão ao contrabando de substâncias minerais. Em setembro de 2009, a China anunciou planos de redução da quota de exportação em 35 mil toneladas entre 2010 e 2015, sob a alegação de conservar suas reservas e proteger o meio ambiente. Em outubro de 2010, o jornal China Daily publicou que o país reduziria as quotas de exportação de TR em cerca de 30% para proteger suas reservas da sobre-exploração.
Já no fim de 2010, foi anunciado que a primeira rodada de quotas de exportação de 2011 seria de aproximadamente 14,5 mil toneladas, o que representava uma queda de 35% da primeira quota de 2010. Além das medidas restritivas internas, a China realizou aquisições de mineradoras e de áreas em países africanos com o propósito de garantir o suprimento de minerais de TR.
- Em consequência do aumento da demanda e das restrições da oferta exportada iniciadas pela China, novas pesquisas de fontes de TR estão em curso na África do Sul, na Austrália, no Brasil, no Canadá, na Groenlândia e nos EUA. As minas nesses países foram fechadas quando houve a acelerada queda de preços, nos anos 1990, provocada pela abundante oferta chinesa.
Conforme já comentado, está em processo de reabertura a mina de Mountain Pass, na Califórnia. Outros depósitos importantes em desenvolvimento incluem os projetos Nolans e Mount Weld, na Austrália, e o projeto Hoidas Lake, no Canadá. Este projeto tem potencial para suprir cerca de 10% do consumo anual de TR nos EUA.
- Cogita-se, ainda, como mencionado anteriormente, a reativação das minas no complexo intrusivo alcalino de Thor Lake, no Canadá, outras no Vietnã, nos EUA (Nebrasca) e em Kvanefjeld, Groenlândia.
Além disso, a mineradora australiana Lynas está concluindo uma refinaria de processamento de TR no porto de Kuantan, na Malásia, onde será processado o minério de baixa radioatividade da mina de Mount Weld.
- A empresa espera suprir cerca de um terço da demanda mundial de TR, ex-China.Uma fonte significativa de óxidos de TR encontra-se no lixo eletrônico e de outros equipamentos que contêm componentes produzidos com TR.
Os recentes avanços na tecnologia de reciclagem estão viabilizando a extração dessas substâncias. No Japão, estima-se que existam trezentas mil toneladas de TR armazenadas em produtos eletrônicos fora de uso.
- Há também quantidades significativas de óxidos de TR em rejeitos acumulados em cinquenta anos de extração de minérios de urânio e de loparita.
Apesar de disporem de reservas expressivas, tanto os EUA quanto a Austrália interromperam a produção nos anos relacionados na Tabela 4 em razão dos baixos preços.
- Conforme explicitado, embora a China domine a oferta mundial de TR, diversos projetos se encontram em desenvolvimento em outros países. O período de maturação de um projeto novo, até o início da produção, é de seis a dez anos.
Situação atual e perspectivas das Terras raras
- Nos últimos tempos, ele só veste preto, que considera a cor do poder. Conserva barba e cabelos brancos, está sempre de óculos escuros, se diz místico e já foi chamado pelo The New York Times como ?o geólogo que fala com o cosmo?.
É frequentemente citado como um dos 20 brasileiros mais ricos, mas garante que a imprensa exagera quando o chama de bilionário. ?Isso é balela, sou um batalhador?, afirma o empreendedor baiano João Carlos Cavalcanti, o JC, conhecido no mundo da geologia como o ?farejador de minérios? depois de ter descoberto minas gigantes de fosfato, ferro e níquel ao lado de sócios como Daniel Dantas, Eike Batista e os Ermírio de Moraes, donos do grupo Votorantim.
- A seguir apresenta-se um sumário sobre os principais países produtores de TR, contemplando sua estrutura de oferta e projetos potenciais.
China:
- Desde 2003, a produção na China está estruturada em dois grupos. O grupo do norte compreende as províncias da Mongólia Interior, de Gansu e de Sichuan, cuja produção baseia-se em minérios portadores de bastnasita.
Esse grupo responde por cerca de 70% da produção chinesa total de TR. O grupo do sul compreende as províncias de Guangdong, de Hunan, de Jiangxi e de Jiangsu. Sua produção é baseada em argilas enriquecidas em elementos pesados de TR.
- As exportações de TR foram rigidamente controladas pela China, como já comentado. As cotas de exportação estão reduzindo-se gradualmente desde 2005, mas a redução nos últimos dois anos foi mais acentuada.
Sabe-se que a China formou grandes estoques depois da queda acentuada nos preços, no fim dos anos 1990. Além disso, em 2006, o país criou uma taxa de exportação cujo efeito foi o aumento em 31% dos preços das matérias primas de TR e a consequente perda de competitividade dos produtores de ímãs fora da China, que ainda perdura.
- Essa evidência mostra que tais políticas obtiveram êxito no estímulo ao crescimento da produção de alto valor agregado. Há uma grande preocupação de que a China possa, em breve, restringir mais severamente ou mesmo sustar a exportação de alguns elementos de TR a fim de garantir o suprimento de sua própria demanda crescente nos setores de produção de energia eólica, bicicletas elétricas e motores híbridos. De fato, tal é a expectativa de crescimento da demanda por TR na China, que o país pode tornar-se um importador líquido desses produtos.
Recentemente, o país indicou que poderia aprofundar esse processo. Assim, torna-se necessário o desenvolvimento de minas fora da China. Há, de fato, preocupação com o fato de o país reduzir cotas e tarifas de exportação para forçar uma redução dos preços mundiais e inibir produtores iniciais.
- Em razão das implicações comercialmente danosas, a China deve ser encorajada a manter a consistência de sua estratégia de longo prazo para as TR. Entretanto, em razão da grande participação das empresas chinesas em produtores estrangeiros, de seus próprios limites de produção e dos níveis de demanda interna, parece improvável que a China decida reduzir cotas e tarifas de exportação.
Com sua capacidade produtiva cada vez maior e seu interesse em aplicações de tecnologias limpas, a demanda interna por TR na China vem aumentando. A crescente produção de ímãs, motores e baterias para exportação agregarão valor à cadeia de suprimento de TR.
- As empresas fora da China devem escolher entre manter a confiança na cadeia de suprimento chinesa e desenvolver cadeias de suprimento não chinesas. Essa opção é mais atraente em razão das preocupações sobre direitos de propriedade intelectual, restrições ambientais e gestão de risco de suprimento.
Austrália:
Na Austrália, há três projetos potencialmente produtores para 2014:
- Mount Weld, Nolans e Dubbo Zirconia. Os dois últimos, entretanto, com menores chances de realização.
Projeto Mount Weld:
- Este projeto encontra-se bem adiantado, com as aprovações necessárias e a construção em andamento. Envolve tanto uma mina quanto uma planta de beneficiamento que produzirá um concentrado de 40% de óxidos de TR. Esse concentrado será transportado por mil km até o porto de Fremantle e remetido à Malásia, onde será refinado.
A planta na Malásia oferece as vantagens da abundância de água, energia elétrica e mão de obra a baixo custo e da proximidade com as indústrias químicas. O projeto deveria começar no fim de 2009, mas foi suspenso por dificuldades de financiamento. Parte do capital provinha da empresa chinesa China Nonferrous Metal Mining, o que foi bloqueado pelo órgão regulador australiano.
Projeto Nolans:
- Neste projeto, os estudos de pré-viabilidade já foram realizados e a produção da planta-piloto já iniciou. O projeto beneficia-se da ocorrência conjunta de fosfato, cloreto de cálcio e urânio. Apesar de contar com investimentos da empresa East China Exploration, ainda busca outros parceiros para a obtenção dos financiamentos necessários ao início da produção.
Além disso, permanecem algumas questões críticas como: definir as reservas de minério; desenvolver um processo de extração; concluir um estudo de viabilidade; obter as aprovações para a produção; e obter apoio de clientes potenciais.
Projeto Dubbo Zirconia:
- Este projeto dispõe de uma planta-piloto e já processou setenta toneladas de minério, do que resultou a produção de mais de 1.300 kg de zircônio e trezentos kg de nióbio. A produção de ítrio e demais elementos de TR ainda será acrescentada. Espera-se que a produção anual de mil toneladas de TR comece em 2012.
Canadá:
Há dois projetos no Canadá que poderão iniciar a produção entre 2012 e 2014: Hoidas Lake e Thor Lake.
- O projeto de Hoidas Lake encontra-se em um estágio exploratório avançado, com alguns testes de produção já realizados. Mas persistem questões críticas a serem solucionadas, como o dimensionamento da reserva de minério, o desenvolvimento de um processo de extração, a finalização do projeto de viabilidade, a obtenção de aprovações para a produção e o apoio de possíveis clientes.Estima-se que a produção anual fique entre três e cinco mil toneladas de óxidos de TR.
O projeto Thor Lake já desenvolveu um avançado trabalho de exploração e o estudo de pré-viabilidade foi iniciado. Os obstáculos a serem vencidos são semelhantes àqueles enfrentados pelo projeto Hoidas Lake. Espera-se, no projeto Thor Lake, uma produção anual de cinco a dez mil toneladas de óxidos de TR, a partir de 2014.
Estados Unidos:
- Nos EUA, a única mina cuja produção ainda não foi iniciada é a de Mountain Pass, visto que os demais projetos potenciais se encontram em estágios iniciais.
O projeto Mountain Pass consiste da reabertura da antiga mina de elementos de TR situada na Califórnia, que já foi a maior do mundo.
- O volume das reservas já está provado e são conhecidos os métodos de produção e beneficiamento de cada elemento de TR. O projeto hoje dispõe de todas as licenças de produção e ambientais. O objetivo de produção diária é de duas mil toneladas de minério a partir de 2012.
A planta de separação já foi reiniciada para processar as pilhas de estoque de concentrado de bastnasita e a mineração de material novo reiniciou em 2011. Em 2009, a produção de óxidos de TR foi de 2,15 mil toneladas; em 2010 e 2011, de três mil toneladas; e, em 2012, espera-se produção de vinte mil toneladas de óxidos.
- A empresa controladora do empreendimento, Molycorp, pretende integrar gradualmente a produção até a produção de ímãs de neodímio.
Outros países:
- Nos demais países, os projetos encontram-se em estágio inicial. Kvanefjeld, na Groenlândia, poderá atingir a produção de vinte mil toneladas anuais de óxidos de TR em 2014, apesar das etapas de planejamento e avaliação a serem vencidas.
No Brasil:
INB, CNEM e CMBB: a radioatividade associada às terras-raras:
- A baixa concentração dos elementos de terras-raras nos diversos minerais em que estão disponíveis dificulta a mineração.
A separação dos elementos por processos químicos complexos pode causar graves danos ao meio ambiente. O pequeno mercado mundial e doméstico desestimula investimentos de empresários, incomodados ainda pela burocracia estatal.
- Mas um dos maiores problemas que envolvem as terras-raras é a sua constante associação a elementos radioativos, como tório e urânio, que, além de competirem pela atenção do minerador, ainda trazem encargos adicionais e regras especiais de manuseio, depósito e licenciamento ambiental.
Esse é o caso da monazita explorada no Brasil até recentemente. De acordo com Tadeu Carneiro, diretor-geral da CBMM, o mineral retirado das areias monazíticas das praias do Norte Fluminense tem 8.000 ppm (partículas por milhão) de tório, elemento radioativo, de índice muito alto, que dificulta a operação.
“Se não houver cuidado e boas técnicas, os resíduos são altamente contaminantes e poluentes, tanto na parte química como na radioativa”, afirma Fernando Lins, do Cetem. Alguns países, como os Estados Unidos, inclusive abandonaram a exploração da monazita por conta dos elementos radioativos.
No Brasil, se houver radioatividade na mineração, a burocracia é outro problema, principalmente para o setor privado. Para obter uma licença de lavra, o minerador deve recorrer ao órgão estadual de meio ambiente; com radioatividade, porém, ela deve ser dada pelo Ibama.
- E ainda é preciso passar por fiscalização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen). Além da lavra, o tratamento químico ao qual a monazita é submetida para separação das terras-raras também exige licença da Cnen.
Com tanto material radioativo, que passou a ser considerado estratégico na década de 60, a exploração da monazita brasileira é feita, desde então, exclusivamente pela empresa estatal Indústrias Nucleares Brasileiras (INB), com supervisão, fiscalização e pesquisa científica da Cnen. Como o principal foco da INB é a produção de urânio, a empresa, que chegou a produzir terras-raras, não as tem como prioridade e suspendeu a produção em 2006.
- Segundo Alair Veras, engenheiro da INB, o empresário brasileiro privado não está acostumado ao licenciamento pela Cnen. “É preciso, por exemplo, um plano de transporte do material. Aí, aparecem dificuldades e a Cnen não é ágil.
O tório não tem aplicação e a estocagem é um problema por ser altamente radioativo, principalmente quando separado. O custo de manter esse produto estocado ad eternum é muito alto. A Cnen é responsável por definir um local para depósitos radioativos. Mas tem muita dificuldade. É algo muito político”, comentou.
- Mais preocupante, afirma Veras, é que hoje, ciente das dificuldades, o empresário muitas vezes esconde que há material radioativo em sua mineração, “porque, se falar, vai ter um problemão e não vai conseguir trabalhar”, aumentando os riscos ambientais da exploração.
Por conta disso, o senador Luiz Henrique, relator da subcomissão do Senado que discute o setor de terras-raras, questionou sobre a possibilidade de quebra do monopólio estatal sobre minerais com elementos radioativos, definido na década de 50, no início da corrida nuclear, como parte de uma política nacional de segurança nacional.
- “Quebrar monopólio é uma decisão política. Há interesses envolvidos, inclusive militares, o que pode dificultar. Talvez isso tenha que ser discutido para que a gente possa dar condições ao empresário privado de competir no mercado.
Não vejo a quebra do monopólio como algo ruim”, afirma Alair Veras, citando que, em outros países, como os Estados Unidos, o setor público e o privado atuam conjuntamente na exploração de elementos radioativos.
Passivo ambiental:
- Em um novo cenário, José Farias de Oliveira, professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe-UFRJ, sugere que haja participação da INB no aproveitamento dos elementos radioativos presentes em minerais de terras-raras como parte do esforço de evitar a contaminação do meio ambiente.
Com efeito, a manipulação das areias monazíticas do litoral brasileiro demonstrou ser uma operação de alto custo. Por conta da radioatividade, até hoje há ações na Justiça de antigos trabalhadores da extinta Nuclemon, bem como ações para a recuperação ambiental das antigas fábricas e lavras, onde ainda há problemas como radiação e degradação química do terreno e dos recursos hídricos.
- Segundo Jorge Luiz Brito Cunha Reis, coordenador-geral substituto de Transporte, Mineração e Obras Civis do Ibama, a exploração de monazita em Poços de Caldas (MG) na década de 80 deixou um passivo ambiental altíssimo. Segundo ele, a INB tem um pré-projeto de R$ 500 milhões para recuperar áreas na cidade mineira. O projeto completo deve ficar em R$ 1 bilhão.
Reis revelou aos senadores que o Ibama aprovou o pré-projeto. Porém, o orçamento da INB em 2012, de R$ 850 milhões, teve 65% do valor contingenciado. “Ou seja, não vai dar para a INB fazer. Ainda assim, quando executado, será R$ 1 bilhão, sem retorno, para recuperar a área, que tem água ácida”, disse.
- Na Austrália, a radioatividade também foi um fator que incomodou o projeto de exploração de terras-raras pela Lynas Corporation. O minério encontrado naquele país também tem radionuclídeos — urânio e tório — acima do que é permitido para tratamento pelas leis locais.
“Então, optaram por ir para a Malásia, onde a legislação é mais flexível. Tanto a classe política quanto a sociedade malaias foram contrárias à planta. Mas conseguiram o licenciamento, com a condição de que, caso ocorra qualquer acidente, todos os rejeitos devem ser levados para a Austrália”, narrou Edson Ribeiro, diretor da Vale.
Situação atual e perspectivas das Terras raras