quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Logística Reversa e a Reciclagem de Embalagens

Logística Reversa e a Reciclagem de Embalagens

  • A conscientização quanto ao problema ambiental que vivemos hoje, levou a discussão e ao surgimento de novos comportamentos sociais e consequentemente a novas propostas e atividades organizacionais. 
Dentre as novas atividades organizacionais, temos a logistica reversa de pós-consumo despontando como uma proposta de solução para o problema ambiental, principalmente após sua apresentação como a ferramenta a ser utilizada para operacionalizar a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
  • Ainda hoje quando o termo logística é mencionado, de uma forma geral, remete-se a gestão do fluxo de materiais do seu ponto de aquisição até o seu ponto de consumo, o que seria uma realidade para a logística direta. Entretanto, uma nova abordagem da logística começou a ser estudada e praticada com uma maior freqüência, trata-se da logística que gerencia o fluxo reverso dos materiais, do ponto de consumo até o ponto de origem, descarte ou reciclagem, ao gerenciamento deste fluxo reverso da-se o nome de logística reversa.
A prática da logistica reversa, já é realizada a algum tempo, mas seu conceito é relativamente novo e encontra-se em plena evolução. Segundo Marcondes e Cardoso (2005) embora explorada pela industria seriada desde 1975 em países desenvolvidos, como Inglaterra e EUA, somente na última década, começou a ser estudada no Brasil. 
  • A proposta de serviços intrinsecamente sustentáveis, considerando a demanda emergente da sociedade por atividades que promovam uma melhoria da condição do meio ambiente, tem criado o surgimento de oferta de novos serviços, fazendo com que as empresas busquem uma nova maneira, mais sustentável, que busquem a obtenção de resultados socialmente apreciáveis e, ao mesmo tempo, radicalmente favoráveis ao meio ambiente. 
Resultados estes que devem superar a inércia cultural e comportamental dos consumidores, em sua maioria engajados na prática consumista iniciada na época da revolução industrial e que foi consolidada como contemporânea. Uma área da logistica reversa, em especial a relacionada ao pós consumo, tem chamado a atenção de muitos por ser uma prática ligada diretamente a preservação do meio ambiente.
  • O presente trabalho pretende esclarecer esta relação direta entre logistica reversa e preservação do meio ambiente, especificamente no que tange a recilcagem das embalagens no Brasil, que até então eram descartadas no meio ambiente, fazendo um levantamento bilbiográfico sobre o assunto.
Desenvolvimento sustentável
  • O que se tem vivido no mundo todo, por décadas, são intervenções humanas no meio ambiente sendo que após o século XX, devido aos avanços das industrias, tais intervenções passaram a ser maiores e mais impactantes, assim como suas conseqüências. 
Seus resultados catastróficos já começaram a ser sentidos nos mais diversos pontos do planeta Terra e das mais variadas formas, o que de certa forma, provocou um movimento mundial de preocupação com a preservação do meio ambiente.
  • A nossa vida e a das futuras gerações, depende do funcionamento no longo prazo do conjunto de ecossistemas que chamamos de natureza, conforme apontado por Manzini & Vezzoli (2005). 
Esta constatação, apontada por Manzini & Vezzoli é um reflexo de um entendimento global, gerado principalmente pelas práticas consumistas que vêm imperando desde os tempos da revolução industrial, cujos danos ao meio ambiente têm sido reforçados também, pelas práticas de obsolescência programada. 
  • Em síntese, a obsolescência programada ou descartalização, segundo apontado por Packard (1965, apud Saad, 2001), consiste no fato de a indústria produzir bens de consumo com uma vida útil mais curta do que seria tecnicamente viável, gerando assim um consumo constante de novos produtos, tendo como reflexo direto a geração de grandes volumes de lixo, devido ao descarte dos produtos com curta vida útil e acelerando em muito o consumo de matérias primas provenientes da natureza.
A definição proposta Packard (1965, apud Saad, 2001), define três modos diferentes de obsolescência programada, que são baseadas na:
  • Função: é aquela em que um produto existente torna-se antiquado/ultrapassado, quando há a introdução de um novo produto no mercado que executa melhor a função proposta pelo seu antecessor;
  • Qualidade: refere-se ao projeto do produto para que este se quebre ou gaste-se em determinado tempo, de forma geral um período curto se comparado ao que o produto poderia e deveria durar;
  • Desejabilidade: neste caso, um produto que ainda esta tecnicamente em condições de uso, em termos de qualidade e usabilidade, passa a se tornar ultrapassado na concepção dos usuários, devido a um novo lançamento do mercado trazendo modificações de design ou tecnológicas, fazendo com que o produto passe a ser menos desejado pelo mercado frente à nova versão.
Percebeu-se então que o esforço necessário para sanar e proteger o meio ambiente contra os males já percebidos no meio ambiente e os que estão por vir, necessitavam de um esforço conjunto entre as empresas, os indivíduos, governos e nações.
  • Desta percepção, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, que segundo Donato (2008), data do final do século XX, pela constatação de que o desenvolvimento econômico precisava levar em conta também o equilíbrio ecológico e a preservação da qualidade de vida das populações humanas em nível global.
Dentro deste contexto, uma proposta semelhante foi apontada por Manzini & Vezzoli (2005), a sustentabilidade ambiental, referindo-se às condições sistêmicas, segundo as quais, as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais, de forma a não empobrecer seu capital natural, capital este, que será transmitido às gerações futuras.
  • Ainda, segundo Manzini & Vezzoli (2005), a sustentabilidade ambiental é um objetivo a ser atingido e não, como hoje muitas vezes é entendido, e sim uma direção a ser seguida, para tal deve-se observar os seguintes requisitos: basear-se fundamentalmente em recursos renováveis; otimizar o emprego dos recursos não renováveis e não acumular lixo que o ecossistema não seja capaz de renaturalizar.
Partindo-se destas premissas quanto a sustentabilidade e considerando principalmente a questão do acumulo de lixo, tem-se na logistica reversa a ferramenta adequada para tal proposta. Leite (2009) afirma que em algum momento os bens produzidos serão de pós-consumo, portanto é necessário que se viabilizem meios controlados para o descarte desses bens no meio ambiente. 
  • Desta forma, a logistica reversa de pós-consumo surgiu como proposta de solução para o descarte controlado e passou a ter seu papel reconhecido como uma das ferramentas essenciais nesta luta contra a degradação do meio ambiente e a favor do desenvolvimento sustentável.

Logística Reversa e a Reciclagem de Embalagens

Logística Reversa
  • A logística é a ciência que estuda os meios de se levar itens de produção ao consumo, buscando atender os prazos, com o menor custo. 
Ela é parte no processo de gerenciamento da cadeia de suprimentos, planejando , implementando e controlando o eficiente fluxo e armazenagem de bens, serviços e informações, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender as necessidades do consumidor.
  • Na época de seu surgimento como atividade organizacional, o setor de logística era encarado como gerador de custos e não agregava nenhum benefício estratégico para as empresas e suas atividades encontravam-se fragmentadas sob a responsabilidade de diversos departamentos dentro das organizações. 
Porém a partir da década de 50, quando a expansão dos mercados consumidores promoveu maior preocupação com a distribuição física de bens, houve uma maior dedicação em estudá-la, conforme apontado por Marcondes e Cardoso (2005). 
  • O conceito e a prática da logística direta evoluíram e na atualidade a logística é uma grande geradora de vantagem competitiva, conforme afirma Ballou (2010) e através dela pode-se também otimizar os recursos e aumentar a qualidade dos serviços prestados.
Da mesma forma como ocorreu com a logística direta, o conceito de logística reversa também tem evoluído ao longo do tempo, inicialmente a logística reversa tratava do movimento de bens do consumidor para o produtor, por meio de um canal de distribuição, tendo seu escopo limitado ao movimento que faz com que os produtos e informações sigam na direção oposta às atividades logísticas tradicionais. 
  • Posteriormente, conforme apontado por Rodrigues et Al (2002), novas abordagens da logistica reversa surgiram apontando-a como a logística do retorno dos produtos, redução de recursos, reciclagem, e ações para substituição de materiais, reutilização de materiais, disposição final de resíduos e reparação, reaproveitamento e remanufatura de materiais, sendo incluída também em sua definição a questão da eficiência ambiental.
De acordo como os estudo de Rodrigues et al. (2002), foram muitas as razões para o estímulo a logística reversa, dentre elas:
  • Sensibilidade ecológica: baseado principalmente no conceito de desenvolvimento sustentável, na idéia de atender às necessidades no presente sem comprometer as gerações futuras;
  • Pressões legais: reforçada recentemente pela aprovação da lei 12.305, Politica Nacional de Resíduos Sólidos, política esta que repassa a responsabilidade quanto a correta destinação dos resíduos sólidos, que até então era do estado, para os fabricantes;
  • Redução do ciclo de vida: conforme apontado anteriormente, esta redução se deve principalmente a obsolescência programada;
  • Imagem diferenciada: a empresa pode alcançar a imagem diferenciada de ser ecologicamente correta, por meio de políticas mais eficientes de devolução de produtos e de marketing ligado a questões ambientais;
  • Redução de custos: através desconomias obtidas na utilização de embalagens retornáveis e reaproveitamento de materiais para o processo produtivo.
Conforme apontdo por Leite (2009), os primeiros estudos sobre logística reversa são encontrados nas décadas de 1970 e 1980, tendo seu foco principal relacionado ao retorno de bens a serem processados em reciclagem de materiais, denominados e analisados como canais de distribuição reversos.
  • A logística reversa, segundo Dias (2005), procura encontrar um meio eficiente de trazer do ponto de consumo, os bens e materiais que foram vendidos, até o ponto de origem. A logística reversa quando utilizada pelas organizações, acaba passando para seus clientes a imagem de uma empresa que procura se desenvolver sustentavelmente.
Outro beneficio, que hoje ainda é ignorado por grande parte das organizações, mas que deve ganhar relevância nos próximos anos, é o poder que a logística reversa tem em unir a indústria, o atacado/distribuidor, o varejo e os demais elos da cadeia de abastecimento em torno de vantagens mútuas.
  • Dentre as diversas definições existentes para a logística reversa, a definição de Leite (2009), é uma das mais completas e atuais, conforme pode-se verificar a seguir:
Logística reversa é a area da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. (LEITE, 2009, p.16 e 17)
  • Segundo Leite (2009), a logística reversa pode ser dividida em duas áreas de atuação, temos a logistica reversa de pós-venda e logística reversa de pós-consumo. A logística reversa de pós-venda, diz respeito a devolução de produtos com pouco ou nenhum uso, ocorrem normalmente na devolução de produtos com falha no funcionamento imediatamente após sua compra, produtos avariados no transporte, dentre outras ocorrências.
Já a logística reversa de pós-consumo, a area da logistica reversa de maior interesse no presente estudo, trata dos produtos que foram utilizados até o fim de sua vida útil, mas que mesmo após seu descarte podem ser reutilizados através da reciclagem ou descartados com segurança através da logistica reversa. Segundo Leite (2009), algumas das formas de reaproveitamento dos produtos são: a reciclagem, o reuso, o desmanche ou o próprio descarte.
  • Os descartes são uma agressão a natureza, desta forma tornou-se necessário um planejamento reverso do pós-consumo, visando o retorno e a recuperação dos produtos utilizados, visto que na cadeia comercial , o ciclo dos produtos não termina quando os mesmos são descartados, dai a importância da reciclagem e do reaproveitamento destes produtos para o meio empresarial, já que tratam da responsabilidade da empresa sobre o fim da vida de seus respectivos produtos.
Existe uma proposta também aceita pela academia, no que tange a classificação dos processos logísticos reversos, de uma divisão em três tipos distintos, seriam os dois já apontados neste estudo, o de pós-venda e o de pós-consumo, mais um terceiro que seria na verdade uma subdivisão da classificação de ambas, que seria a logistica reversa de embalagens.
  • Esta proposta conforme apontado por Nhan et al. (2003), considera a importância e a participação das embalagens, considerando a realidade atual do mercado, onde os gastos com embalagens tem sofrido um incremento muito grande e isto tem tido um reflexo direto no custo final dos produtos. 
Devido a este incremento nos gastos, têm surgido uma tendência mundial da utilização das embalagens retornáveis, reutilizáveis ou de múltiplas viagens, tendo em vista que o total de resíduos aumenta a cada ano, causando um grande impacto negativo ao meio ambiente. Mas independente desta tendência, a realidade vivida hoje é da grande degradação sofrida pelo meio ambiente, decorrente do descarte das embalagens que hoje ainda, são em sua maioria descartáveis.
  • No Brasil um passos importante no sentido de regulamentar a responsabilidade no que tange os resíduos sólidos foi a lei 12.305 de 02 de Agosto de 2010 que instituiu a lei Nacional de resíduos sólidos. Sendo que sua implementação ainda gera diversas dúvidas, não trazendo benefícios imediatos, mas já demonstra a importância do assunto.
Como tendências para as práticas da logística reversa, baseado na proposta de Rodrigues et al. (2002), tendências estas que continuam atuais, podemos apontar a identificação dos atores intermediários nos processos de fluxo reverso, a profissionalização das parcerias envolvidas nestes processos, a aplicação dos conceitos já utilizados na logística direta, a procura de novos mercados para a demanda de recicláveis e uma maior sinergia deste processo nas empresas que vierem a implementar a certificação da norma ambiental ISO14001.
  • De acordo com Frankfurt-Nachmias e Nachmias (1996), metodologia é um sistema de normas e procedimentos explícitos em que uma pesquisa é desenvolvida, e contra a qual quaisquer possíveis questionamentos devem ser apresentados.
A ciência, portanto, constitui-se em um conjunto de proposições e enunciados, hierarquicamente correlacionados, de maneira ascendente ou descendente, indo gradativamente de fatos particulares para fatos gerais (indução) e vice-versa (dedução), comprovados (com a certeza de serem fundamentados) pela pesquisa empírica (Marconi e Lakatos, 2000)
  • Este estudo classifica-se como de pesquisa exploratória. Pois a pesquisa exploratória, se presta a esclarecer conceitos e idéias, com o objetivo de proporcionar uma visão geral acerca do assunto a ser estudado, é usada ainda, quando se busca um entendimento sobre a natureza geral de um problema, as possíveis hipóteses alternativas e as variáveis que precisam ser relevadas.
A pesquisa exploratória também ajuda os pesquisadores a aumentar o seu grau de conhecimento sobre o tema pesquisado. Segundo Parasunaman et al. (1988), o propósito principal da pesquisa exploratória é esclarecer a natureza de uma situação e identificar alguns objetivos específicos ou dados necessários para serem utilizados em pesquisas posteriores.
  • Quanto aos meios de investigação, segundo Vergara (2004), pode ser classificada como uma pesquisa bibliográfica.
O descarte de embalagens no meio ambiente:
  • Um dos maiores problemas enfrentados pelas cidades, que de forma geral é mais relevante nos grandes centros urbanos, é o lixo sólido. 
A definição de lixo, como material inservível e não aproveitável é, na atualidade, com o crescimento da indústria da reciclagem, considerada relativa, pois um resíduo poderá ser inútil para uma devida necessidade, mas útil para outras.
  • Até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras indústrias na Europa, o lixo era produzido em pequena escala e era constituído essencialmente de sobras de alimentos, a partir da revolução industrial, as fábricas começaram a produzir itens de consumo em larga escala, aumentando consideravelmente a quantidade e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas.
Diversos fatores têm levado ao crescimento vertiginoso do volume de lixo produzido, perincipalmente no que tange os produtos pós-consumo, dentre eles podemos citar: a redução da vida útil de alguns produtos, já apontada no presente artigo através da obsolescência programada; as práticas consumistas existentes nas culturas atuais; o aumento do consumo devido aumento do poder aquisitivo e alem destes, podemos apontar também uma maior utilização de embalagens descartáveis 
  • Estes são apenas alguns dos motivos que tem levado a um acréscimo significativo na quantidade de lixo urbano em todo mundo. Não bastasse este maior volume de lixo, o mesmo começou a ser descartado em lugares não apropriados, como terrenos abandonados, rios, dentre outros lugares que também não se encontram preparados para recebe-los.
Mediante esta situação, o poder publico se viu pressionado para intervir e criar leis visando dar o destino final correto a este lixo gerado. 
  • No Brasil, conforme mencionado anteriormente, o maior passo dado foi a lei de resíduos sólidos, lei 12.305 de 02 de Agosto de 2010, que obriga ao fabricante a providenciar a coleta e destino para os produtos de pós-consumo, obrigando os diversos elos da cadeia de suprimento a aceitar as devoluções de seus clientes. 
Neste caso as empresas de óleo lubrificantes, lampadas fluorecentes, baterias de celulares, entre outros produtos, são por lei, responsáveis por todo o processo de logistica reversa de seus produtos após seu consumo (pós-consumo).
  • A logística reversa de pós-consumo aborda algumas atividades que podem trazer benefícios ao meio ambiente, como a reciclagem e o descarte. A palavra reciclagem foi introduzida ao vocabulário internacional no final da década de 80, quando se constatou que as fontes de petróleo e outras matérias-primas não renováveis estavam (e estão) se esgotando, a reciclagem é um canal reverso de revalorização, onde os materiais integrantes do produto de pós-consumo que foi descartado são extraídos industrialmente, transformando-se em matérias primas secundárias (não extraída diretamente da natureza) ou recicladas, que serão posteriormente incorporadas na fabricação de novos produtos. 
Reciclar é economizar energia, poupar recursos naturais, trazendo de volta ao ciclo produtivo o que foi jogado fora/descartado. Pode-se dividir a reciclagem em duas formas a reciclagem para reutilização/reuso e a reciclagem para recuperação/desmanche:
  • Reciclagem para reutilização/reuso: é um dos canais reversos de pós-consumo , que pode ser definido como aquele em que o uso do produto de pós-consumo ou de seus componentes, tem a mesma função para a qual foi concebida originalmente. Desta forma, o produto advindo do canal de reuso tem a sua reutilização com o mesmo fim para o qual foi criado, sendo devolvido ao mercado como produto de segunda mão, como é o caso dos carros usados, computadores usados, dentre outros;
  • Reciclagem para recuperação/ desmanche: este canal consiste no desmanche do item de pós-consumo e reaproveitamento de suas partes ou peças, que estejam em bom estado para reuso, na produção de novos bens ou consertos e trocas de peças de produtos defeituosos. Esta técnica colabora para a redução do numero de bens que são inteiramente descartados mesmo quando contem componentes em condições de uso, quanto as partes destes itens de pós-consumo que não podem ser reutilizadas, as mesmas recebem o tratamento adequado no processo final de descarte;
Por fim temos o descarte que é o canal logístico reverso que promove a destinação correta para certos produtos industriais, como pilhas, baterias de celulares, embalagens de pesticidas, dentre outros itens. Itens estes que a não passar por um processo correto de descarte acabam sendo jogados em aterros junto a lixo doméstico, causando sérios danos ao meio ambiente.
  • Um dos resíduos que tem grande participação nestes processos de reciclagem são as embalagens. O impacto ambiental das embalagens é muito grande, levando-se em conta principalmente as mudanças no perfil de consumo provenientes da utilização de embalagens descartáveis no lugar de embalagens retornáveis, segundo dados do IBGE, em 2010, foram coletadas diariamente, aproximadamente 240 mil toneladas de lixo sólido, totalizando uma média anual de 0,95kg de lixo gerado por habitante em um dia. De acordo com a Organização
Pan Americana de Saude (OPAS), do total dos resíduos coletados no Brasil, 57.4% eram provenientes de material orgânico, 16,4% de plástico, 13,1% de papel e papelão, 2,3% de vidro e 2,1% de metal.
  • Quanto aos dados específicos da geração de resíduos sólidos, provenientes das embalagens, no Brasil estes dados não estão consolidados, mas como parâmetro de comparação, podemos utilizar os dados levantados nos países da União Européia, que indicam que aproximadamente 17% do total dos resíduos sólidos gerado em suas cidades é de embalagens. 
No Brasil, grande parte deste lixo gerado acabava sendo direcionado para aterros sanitários ou lixões, muitas das vezes contaminando o meio ambiente. Além da poluição causada, esta matéria prima secundária poderia estar sendo usada como insumo para a produção de novos produtos.
Segundo Leite (2009), a reciclagem tornou-se uma importante atividade econômica, devido, principalmente, ao seu baixo impacto ambiental, denominado de “canal reverso de valorização”. 
Tem-se na viabilidade técnica e econômica do processo de reciclagem um dos aspectos mais importantes na estruturação dos canais reversos, trazendo as principais dificuldades na organização de tal processo.
Algumas vantagens apontadas no uso da reciclagem são:
  • Economia de energia e matérias-primas, com menos poluição do ar, água e do solo e menos desperdício;
  • Redução do lixo nos aterros sanitários, proporcionando menos riscos de contaminação do solo;
  • Geração de renda pela comercialização dos itens recicláveis e processos logísticos reversos.
Dentre os tipos de embalagens que são mais reciclados tem-se:
  • Papel e papelão: é extremamente importante a sua reciclagem, pois apesar de serem materiais biodegradáveis, sua reciclagem gera uma economia de recursos naturais, uma redução nos custos de produção, consumo de água e uso de energia, gerando ainda uma redução na poluição;
  • Metal: apesar de ser um material 100% reciclável, no Brasil esta embalagem não atingiu o nivel de reciclagem praticado em alguns dos países Europeus, pois segundo a ABEAÇO(2010), o pais reciclou 47% das latas, frente a exemplos como a Bélgica e Alemanha, que reciclaram 90%;
  • Aluminio: é o material mais reciclado no mundo, no Brasil a sua reciclagem já virou rotina e atualmente, segundo a ABRALATAS (2010), o pais recicla 98,2% das latas produzidas;
  • Vidro: a reciclagem sempre representou uma importante parte na industria do vidro, sua participação subiu de 15% em 1991 para 47% em 2008, segundo dados da ABIVIDRO( 2010).
Outras Considerações:
  • Conforme apresentado neste estudo, a logística reversa é uma importante ferramenta de auxilio na preservação do meio ambiente, já que os resíduos gerados, principalmente quando se toma como referência os produtos pós-consumo, necessitam de passar por um fluxo logístico para sua remoção. 
Neste estudo o fluxo estudado foi o fluxo reverso das embalagens, que traz o produto do seu destino final para o correto local de tratamento, que neste caso especificamente, foram os centros de reciclagens.
  • O processo logístico reverso permite que a reciclagem seja realizada e com isto a sociedade possa ter beneficios como: diminuição da poluição do solo, água e ar; melhorias na qualidade da limpeza da Cidade e da qualidade de vida da população; maior vida útil dos aterros sanitários; geração de empregos para a população não qualificada; contribuindo por fim para a valorização da limpeza pública e na formação de uma consciência ecológica na sociedade em geral. 
Outro benefício trazido pela utilização de matéria-prima secundária, ou seja, matéria-prima proveniente de processos de reciclagem de resíduos sólidos, como insumo na produção de novos bens de consumo, é o fato desta prática trazer uma maior economia frente a utilização da matéria-prima primária. Este fato ocorre pois na produção utilizando a matéria-prima secundária, tem-se a economia de energia, matéria-prima, recursos hídricos e redução também nos custos de controle ambiental e de disposição final de resíduos.
  • O material apresentado neste documento, buscou esclarecer e apontar a contribuição que a logística reversa traz quanto a preservação do meio ambiente, a luz da reciclagem de embalagens. Esta pratica se tornou o ator principal no movimento a favor da reciclagem e da correta destinação dos resíduos sólidos produzidos, principalmente nos centros urbanos. 
Apesar de sua importância e da evolução já sofrida pela logistica reversa, esta atividade ainda se encontra em processo de estruturação, sendo ainda uma área onde há muito a se explorar e é assunto potencial para diversos estudos acadêmicos a serem ainda iniciados.

Logística Reversa e a Reciclagem de Embalagens