sábado, 23 de abril de 2016

As ciências sociais na interdisciplinaridade do planejamento ambiental para o desenvolvimento sustentável

As ciências sociais na interdisciplinaridade do planejamento ambiental para o
desenvolvimento sustentável

Paula Yone Stroh

  • Os desafios para a aplicação dos postulados que fundamentam a sustentabilidade do desenvolvimento passam, no Brasil, pelo enfrentamento da grave crise social derivada da pobreza, da desigualdade e da exclusão social. 
Os dados de distribuição de renda demonstram que 10% da população detém 51,3% da renda nacional, o que infligiu ao Brasil o título de campeão mundial da desigualdade, no conjunto dos 132 países analisados pelo Banco Mundial. 
  • A região Sudeste concentra 58,18% do PIB e 60% dos trabalhadores brasileiros ganham até dois salários mínimos (Folha de S. Paulo, 26.6.94, encarte Brasil 95-Crise Social : A- 4). 
Diante desse quadro de desigualdades, como se pensar a sustentabilidade do desenvolvimento? Pois, embora não seja direta a relação entre pobreza, exclusão social e degradação ambiental, os seus efeitos indiretos são visíveis, mediatizados por outras variáveis intervenientes. 
  • O círculo vicioso de degradação social e ambiental no país tem como centro de referência um estilo de desenvolvimento amparado pelo Estado brasileiro, que historicamente subordinou os interesses do bem-estar social aos interesses de expansão do capital, na exploração dos recursos naturais. 
Como resultado, as políticas de Estado sustentaram um estilo de desenvolvimento que respalda padrões de articulações muito determinados dos diversos segmentos sociais e econômicos com os recursos disponíveis na natureza. 
  • Assim entendido, os desafios colocados para que o Brasil possa vir a implementar políticas voltadas para um desenvolvimento econômico mais duradouro, socialmente amplo e ecologicamente equilibrado, passam pelo fortalecimento da capacidade reguladora do Estado para intervir nesse processo. 
Ou seja, as políticas de desenvolvimento necessitam serem pensadas como questões de políticas de Estado que, conforme conceitua Francisco Weffort, correspondem à visão política capaz de reconhecer globalmente as exigências objetivas de uma dada situação econômica, social ou política, e capaz também de formular uma perspectiva que atenda às demandas de desenvolvimento do conjunto da sociedade (Weffort 1992:129). 
  • Nos meandros da intrincada rede de relações estabelecidas no Brasil entre Estado, crescimento econômico, meio ambiente, pobreza e exclusão social, as possibilidades de aplicação do desenvolvimento sustentável passam pela incorporação de novos paradigmas, que norteiam tanto os critérios de estabelecimento das prioridades de políticas de Estado, quanto aqueles relativos à construção de uma relação democrática entre Estado e sociedade. 
Não é possível enfrentarem-se os desafios da sustentabilidade do desenvolvimento, desvinculados da sócio-ecologia e da construção do ordenamento democrático. 
  • Esse caminho conduz à reflexão sobre as reformas requeridas no interior do Estado e nas concepções e instrumentos de planejamento do setor público, de forma a reverter a definição das prioridades das políticas sociais e ambientais, mormente subjugadas aos interesses setoriais de grupos econômicos, marginalizando as tentativas de planejamentos globais de políticas públicas voltadas para a melhoria das condições sociais e do controle da qualidade do meio ambiente.
As possibilidades de aplicação dos postulados da sustentabilidade do desenvolvimento estão muito condicionadas, nesse sentido, à incorporação de novos paradigmas metodológicos de planejamento de políticas públicas que respeitem a vinculação meio ambiente/desenvolvimento, tendo em vista influenciar a construção de uma nova relação homem/natureza, no processo de apropriação e utilização do meio natural. 
  • Traduzir os postulados teóricos do desenvolvimento sustentável em ferramentas efetivamente capazes de disciplinar uma intervenção do Estado no caminho da sustentabilidade é, sem dúvida, um grande desafio do momento. 
Se o planejamento do controle da qualidade do meio ambiente não pode ser desvinculado das políticas de desenvolvimento e da distribuição dos benefícios sociais por ele gerados, tampouco essas políticas podem continuar a ser orientadas pelos tradicionais modelos normativos e tecno-econômicos de planejamento, que não reconhecem as especificidades das inter-relações dos fatores naturais e culturais de uma dada realidade planejada. 
  • O alcance desse reconhecimento requer o fortalecimento de metodologias interdisciplinares de planejamento, capazes de articular as especificidades das relações entre os ambientes naturais e humanos em uma dada realidade, como também de ter a capacidade de responder às exigências de viabilização política dos planos, programas e projetos ambientais. 
Muitas dificuldades de ordem metodológica ainda se interpõem na construção de uma visão de planejamento interdisciplinar, compreendida como a apreensão holística da realidade, ou seja, pensar globalmente e agir localmente. 
  • De uma maneira geral, os paradigmas e métodos tradicionais de estudos e pesquisa das ciências que modelam o processo de planejamento ambiental encontram-se em dificuldades para conceber metodologias interdisciplinares de estudos, aplicáveis aos planos e programas de desenvolvimento. 
Pesquisas que superem os limites dos interesses da produção acadêmica; tenham como foco a apreensão de especificidades das realidades de estudo e, ao mesmo tempo, estejam orientadas por critérios metodológicos, que ofereçam a oportunidade de os seus resultados orientarem o planejamento de políticas concretas que, por princípio, correspondem aos motivos primeiros de realização dos estudos, porém recusando, para isso, os procedimentos metodológicos normativos. 
  • Ou seja, pesquisas capazes de oferecerem resultados conexos entre as várias áreas de conhecimento, possíveis de serem aplicados como subsídios para a planificação e execução de programas ambientais, respeitando as especificidades da realidade natural e social em questão. 
A interdisciplinaridade só pode ser alcançada mediante uma interação de vários campos do conhecimento que, como resultado, produza uma axiomática comum , como aponta Maria Novaes Pinto, ao criticar o somatório de estudos monodisciplinares presentes nos planos e programas ambientais, apontando para as fragilidades de suas contribuições na construção do entendimento das interdependências entre os subsistemas naturais e sociais (Novaes Pinto, 1989:38). 
  • Entretanto, se a interdisciplinaridade pressupõe o abandono de abordagens científicas disciplinarmente isoladas, não implica que o planejamento ambiental interdisciplinar ignore as contribuições metodológicas que cada campo do conhecimento pode oferecer para a construção dos novos paradigmas do planejamento ambiental. 
No campo das ciências sociais tem florescido, em anos recentes, um rico debate orientado pela procura de novos recursos teórico-metodológicos de pesquisa e análise social, capazes de diminuir o distanciamento entre a teoria e a prática. Não têm sido pequenos os esforços de superação da crise de explicações sociológicas da realidade, por meio da construção de teorias de pesquisa social, que procuram romper as armadilhas das abstrações e definições teóricas, para tentar encontrar caminhos de produção de conhecimentos, cujos resultados sejam possíveis de orientar uma intervenção no real. 
  • A inserção da sociologia no planejamento ambiental interdisciplinar é bastante recente, em relação aos demais campos do conhecimento que o integram, sendo que a sua entrada e o crescimento de sua importância decorrem especialmente do próprio movimento de organização da sociedade. 
As suas contribuições ao planejamento ambiental, derivadas das novas concepções teórico-metodológicas de pesquisa e análise social, ainda são muito frágeis. Em conseqüência, os estudos e planos ambientais têm, com muita freqüência, apresentado resultados que marcam relações de incompatibilidade com os valores mais marcantes das sociedades estudadas, sendo, nesse sentido, pouco capazes de orientar a formulação e a efetividade de programas e planos de ações. 
  • Tendo como quadro geral de referência as relações entre meio ambiente, desenvolvimento e diminuição da exclusão social, e os novos recursos de planejamento demandados para a viabilização dessas relações em políticas concretas, este texto discute alguns conceitos e metodologias próprias da sociologia, no sentido de contribuir para o aprofundamento dos estudos das sociedades humanas no planejamento ambiental. 
Pretende, dessa maneira, contribuir com alguns fundamentos teóricos e metodológicos da sociologia, na construção da interdisciplinaridade dos estudos ambientais. Trata-se de uma contribuição ainda em formulação, que vai de encontro ao postulado por Ignacy Sachs, um dos criadores do conceito de desenvolvimento sustentável: a imaginação social da população e do planejador necessita de conceitos de apoio sob a forma de estudos comparativos das maneiras como outros povos lidam com situações similares. 
[...] Daí a necessidade de o planejador ficar sistematicamente exposto aos resultados de semelhante pesquisa, o que lhe dará o sentido da relatividade no espaço e no tempo, ampliando-lhe a perspectiva das dimensões ecológica e cultural do desenvolvimento (Sachs, 1986:47). 
A Dimensão Social no Planejamento Ambiental:
  • O avanço do processo democrático no país, o aumento da capacidade organizativa da sociedade e o ingresso na cena política de novos atores sociais têm exigido um profundo repensar do Estado em relação ao planejamento ambiental dos projetos de desenvolvimento. 
Este indicador se constitui em um imperativo para formulação de metodologias de planejamento do controle da qualidade ambiental que dêem conta tanto de apreender os aspectos mais determinantes de funcionamento das sociedades regionais para as quais são dirigidos os planos e programas, quanto de direcionar os conhecimentos produzidos em ações de controle das transformações impetradas pelas políticas de desenvolvimento, mediante a participação dos agentes sociais diretamente envolvidos nesse processo. 
  • As transformações sociais provocadas por intervenções econômicas têm resultado em fortes rupturas nas relações estruturantes das sociedades que as recebem, entendidas em sua dimensão política, cultural, ética, sócio-psicológica e mesmo étnica (no caso de comunidades indígenas), sobretudo quando se trata de regiões menos desenvolvidas. 
Estes resultados apresentam-se agravados, diante do fraco desempenho das agências do Estado na execução de políticas destinadas a equacionar os efeitos sociais derivados das intervenções dos agentes econômicos. 
  • A negligência com a dimensão social embutida nas intervenções econômicas de desenvolvimento tem sido, comprovadamente, a causa principal das restritividades presentes na distribuição social dos benefícios gerados. 
A formulação de planos e programas voltados à sustentabilidade do desenvolvimento estão condicionados à capacidade do Estado nacional, e das agências que o integram, em reconhecer e conferir autonomia às diversificadas formas de organização das sociedades humanas regionais e de suas formas de inter-relacionamento com os sistemas naturais. 
  • Ao Estado e suas agências cabe o papel de otimizar um desenvolvimento que garanta padrões mínimos de qualidade de vida material, a perenidade da vida e a dignificação da identidade cultural das sociedades atingidas pelas transformações impetradas por intervenções econômicas. 
A retenção da dimensão social no planejamento ambiental requer a adoção de um novo olhar sobre a sociedades impactadas por projetos, planos ou programas, dirigido por conhecimentos sócio-antropológicos e pela atribuição de um papel de sujeito ativo aos grupos envolvidos, em todo o processo de implantação dessas intervenções. 
  • Este novo olhar e esta nova postura devem se concretizar na maneira de se investigar uma sociedade, de onde são extraídos os dados e informações que norteiam os programas de controle dos efeitos ambientais e as ações de equacionamento decorrentes. 
O restrito papel das análises das variáveis socioculturais na elaboração de políticas ambientais e a primazia aos aspectos tecnológicos e econômicos dos projetos, planos e programas, em detrimento dos aspectos relativos às dinâmicas de organização social das realidades transformadas, têm levado a que a realidade apresente respostas muito distantes daquelas registradas nos documentos de planejamento. 
  • As pessoas que recebem as intervenções econômicas têm uma vida real e os planos estabelecidos devem estar ajustados a essa realidade, e não o contrário, como tradicionalmente tem sido feito. O entrelaçamento dos interesses técnico-econômicos das intervenções com os pilares de sustentação da estrutura das relações sociais vigentes em cada realidade específica define, em grande medida, as dimensões dos efeitos transformadores de um projeto de desenvolvimento. 
O conhecimento das dinâmicas societais deve acompanhar os conhecimentos econômicos e tecnológicos exigidos para um determinado programa, plano ou projeto. Uma vez que a tese assevera que a sustentabilidade econômica está condicionada à capacidade de promoção das condições de vida, apenas o profundo conhecimento da realidade social envolvida permite o planejamento sócio-ambiental das intervenções, condizente com as especificidades da realidade a ser transformada. 
  • O conhecimento adequado da realidade social que recebe a indução de um projeto de desenvolvimento, sobretudo aqueles de maiores magnitudes, permite que os planos desenvolvidos dêem primazia às pessoas que vivem aquela realidade. Utilizando-se do pensamento de Michael Cernea, essa primazia não é simplesmente um apelo bem intencionado aos sentimentos humanitários dos planejadores ou uma premissa ética: é um pré-requisito para a construção de programas de indução do desenvolvimento e um imperativo para a sua eficácia . 
O consultor do Banco Mundial conclui que a primazia às pessoas deve, portanto, ser entendida como uma exigência baseada na ciência, aos planificadores e especialistas técnicos, para reconhecer explicitamente o lugar central que ocupa aquele que se constitui no fator principal dos processos de desenvolvimento(Cernea, s.d.: 5). 
  • Não é suficiente, contudo, atestar a importância do conhecimento social no planejamento ambiental de políticas de desenvolvimento. É preciso que esse conhecimento esteja embasado em metodologias de investigação que, efetivamente, possam apreender as relações mais determinantes da estrutura social estudada, com as suas inflexões sobre as relações de apropriação e utilização dos recursos naturais, como também que os conhecimentos advindos dessa investigação possam orientar as diretrizes mais adequadas de intervenção das agências do Estado. 
Os diversos instrumentos normativos da Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981, principalmente as Resoluções CONAMA 01/86 e 06/87, que dispõem sobre as exigências do licenciamento ambiental a intervenções econômicas potencialmente modificadoras do meio ambiente, exigem a incorporação de estudos sociais nas avaliações de impactos ambientais. 
  • Entretanto, as concepções metodológicas que orientam esses estudos ainda têm sido, na sua grande maioria, conduzidas por premissas teóricas generalizantes e homogeneizantes sobre as sociedades estudadas e disso resultam as suas fragilidades em apreender, sob a ótica das pessoas que as integram, os diferentes aspectos estruturantes das sociedades atingidas por intervenções econômicas. 
Esta lacuna tem marcado, na grande maioria das vezes, relações de oposição entre as conclusões dos estudos e os valores sociais mais importantes das realidades estudadas. Em conseqüência, os planos elaborados no papel têm apresentado uma capacidade muito tênue de serem traduzidos em ferramentas para a implementação de políticas específicas. 
  • Se a meta do estudo é a adequabilidade das intervenções decorrentes, o emprego dos conhecimentos sociológicos deve estar voltado para as necessidades intrínsecas do controle da qualidade ambiental e isso em nada corresponde à coleta de dados abrangentes, os quais fornecem informações que pouco atendem às necessidades precípuas de controle das transformações sociais e ambientais derivadas de intervenções econômicas de desenvolvimento. 
Há um conjunto de perguntas que devem orientar a produção do conhecimento social, em se tratando de uma investigação destinada a planejar uma realidade social e ambiental a ser transformada por uma intervenção econômica. Muitas delas são específicas para cada caso estudado. 
  • Contudo, algumas, em caráter genérico, podem explicitar uma conduta questionadora ao longo do processo de investigação, a título de problematização inicial. 
Por exemplo: 
  • Quais os setores sociais que integram uma dada sociedade? 
  • Qual a dinâmica de relações instituída entre esses setores e o meio natural? 
  • Quais os pilares políticos e econômicos que sustentam a dinâmica social e as relações com o meio? Quais os valores e regras mais fundamentais que regem a dinâmica cultural das relações sociais? Quais as principais tendências de mudanças nas diversas fases de implantação do projeto, plano ou programa? 
  • Quais os segmentos e grupos sociais tendentes a serem beneficiados? 
  • Em contrapartida, quem serão os prejudicados? 
  • Qual a natureza do prejuízo? 
  • Qual a capacidade das estruturas sociais e institucionais de acompanharem o ritmo das mudanças planejadas e/ou esperadas? 
  • Quais as medidas de intervenção a serem tomadas em um plano global, para as diversas etapas de implantação do projeto, plano ou programa à luz da realidade específica? 
  • Quais os atores do processo das mudanças a serem engendradas? 
  • Quais os mecanismos a serem acionados, na situação estudada, para agilizar a participação dos atores? Como se estruturam as relações de poder, nos níveis formais e informais? 
  • Qual a capacidade das lideranças locais para atuarem na condição de parceiros na elaboração dos planos e execução das ações? 
Esse elenco indicativo de perguntas pode ajudar na construção de uma problematização inicial de uma investigação social, sendo que as especificidades apresentadas por situações determinadas devem levar à formulação de outras, objetivas para a realidade estudada. 
  • O estudo social de uma realidade específica envolve um conjunto de procedimentos metodológicos, construídos pelas ciências sociais que orientam um caminho pelo qual as respostas podem ser buscadas.

As ciências sociais na interdisciplinaridade do planejamento ambiental para o
desenvolvimento sustentável

A Investigação Social no Planejamento Ambiental:
  • O papel da investigação social no planejamento ambiental reside na apreensão da configuração social de cada realidade estudada, de forma a possibilitar a compreensão e a explicação dos mecanismos vitais de funcionamento e reprodução das diferentes sociedades. 
A análise comparativa das particularidades observadas permite o estabelecimento de parâmetros, para se encontrarem os pontos de unidade que revelam referências de um sistema social mais abrangente, o que torna possível que os resultados apresentados se traduzam em ferramentas (planos, programas e projetos), capazes de definir as políticas sociais e ambientais. 
  • Não obstante a importância dos dados estatísticos para uma pesquisa social, estes, pelo menos quando voltados para o planejamento ambiental, devem ser entendidos apenas como parâmetros para orientar o início de uma investigação empírica. 
Os dados estatísticos podem fornecer o primeiro input de uma investigação e, quando cotejados com o conhecimento empírico, podem ajudar a ampliar a margem de problematização da análise. Podem, enquanto instrumento auxiliar, ajudar a compreender alguns mecanismos de estruturação de uma sociedade, porém jamais substituem a investigação empírica. 
  • A realidade social é um organismo vivo e, portanto, a apreensão da vida de uma sociedade e dos setores que nela coexistem só pode se dar mediante o contato direto com as situações investigadas. O objetivo primeiro de uma investigação sócio-antropológica, requerida para o planejamento ambiental, é o alcance da compreensão do pensamento social presente na realidade investigada. 
O pensamento social traduz o modo de vida de uma coletividade, o modo como vê a si mesma (as relações que marcam a identidade coletiva), o mundo externo (as relações de alteridade) e as possibilidades de utilização dos recursos naturais disponíveis (as relações com a natureza). 
  • O pensamento social traduz uma forma de querer generalizada, mediante a qual a coletividade cria e reproduz os seus mecanismos de sobrevivência material e cultural. Apenas a análise do pensamento de uma sociedade torna possível a compreensão de quem é aquela gente , para quem estão direcionados os planos, projetos e programas. 
A apreensão dessa forma de ver a realidade social no planejamento ambiental requer um redimensionamento do olhar do planejador em relação ao seu objeto de estudo. Com muita freqüência os estudos sociais realizados para programas, planos e projetos ambientais adotam os conceitos de área e região como similares, desmerecendo as profundas distinções conceituais existentes entre os dois conceitos e que, ao final, irão nortear os resultados dos estudos ambientais. 
  1. Por princípio, o conceito de área corresponde a uma categoria analítica, definida pela presença do Estado. Corresponde a uma categorização de lugar que apenas define os seus limites físicos a partir de uma deliberação externa, mormente as intervenções econômicas. 
Ocorre que, para os seus habitantes, aquele lugar corresponde a um legado que existe em função das relações estabelecidas, a partir da mediação do trabalho e das relações sociais. Conforme lembra Armando Corrêa da Silva, O lugar, como habitat, é uma produção humana. A fixação no lugar define a região como o lugar em que se nasce e ao qual se pertence (Corrêa da Silva, 1986:29). 
  • A leitura do espaço territorial, planejado a partir da categorização de região, possibilita ao planejador a formulação da compreensão das orientações sociais específicas, presentes na organização do espaço estudado. Na região há o registro do afeto e do trabalho lá investido. O trabalho e o afeto são as categorias que definem as relações do indivíduo com o lugar que elegeu como seu. 
Por meio do trabalho e do afeto os homens estabelecem as relações com a natureza e com os outros homens, nas quais estão retidas representações simbólicas do real, determinadas pela própria existência da consciência humana, e nelas coexistem muitas redes de relações que estruturam a vida coletiva. 
  • Apreendendo o raciocínio do geógrafo acima citado, isso determina que o valor do espaço reside em uma dupla existência: nas suas características naturais e enquanto espaço construído (Corrêa da Silva, 1986:32). Ou seja, o espaço territorial é determinado não só pelas suas características físicas, mas também pelas suas características sociais e culturais. 
Sendo a região, com a sociedade que a compõe, o centro de referência do planejamento ambiental, a intervenção econômica deve ser vista como o elemento de externalidade que requer planos e projetos que a ajustem às características regionais preexistentes, tendo em vista a sua sustentabilidade. 
  • As orientações das escolhas técnicas de planejamento para a realização desses ajustes requerem o conhecimento sobre as especificidades das características sociais e culturais que conferem a identidade do lugar, objeto do planejamento ambiental. Isso implica a apreensão, pelo estudo social, dos mecanismos de criação e reprodução das organizações sociais específicas. 
Essa organização é definida pelo modo com que os seus integrantes realizam as suas práticas de vida, elaboram suas identidades individuais e coletiva, expressam suas vontades, lutam por seus interesses, fazem projetos de vida e lidam com as dificuldades do dia-a-dia. 
  • Nesse processo, criam e recriam o seu mundo, reproduzem-se, não apenas no interior da vida privada, mas também na vida pública, como sujeitos sociais. Cada coletividade, nesse sentido, está impregnada por uma cultura própria, cujas relações expressam a sua própria vitalidade. É pelas especificidades que os setores sociais se estruturam no interior da coletividade e fora dela. 
A partir das especificidades os indivíduos se reconhecem, são reconhecidos e diferenciados pelos outros indivíduos. Criam suas identidades e alteridades, relacionam-se e constroem as representações simbólicas dos significados de nós e eles . São as especificidades que definem as diferentes relações entre os setores sociais existentes no interior de uma sociedade e fora dela. São elas que definem a identidade do lugar. 
  • Enfim, residem no campo das especificidades os pilares que sustentam a vida das diferentes sociedades. Ainda que qualquer processo social específico possa ser explicado por macro indicadores generalizáveis, as explicações que não tomem como foco a descoberta das especificidades contidas em uma determinada realidade não acrescentam uma vírgula na compreensão do que, de fato, nela acontece. 
As especificidades presentes no interior de uma dada sociedade não podem ser reveladas pela aparência das situações e/ou das relações estabelecidas. A atividade da investigação social envolve muitas escolhas, decisões e critérios de julgamentos. 
  • Nesse sentido, a neutralidade e o distanciamento do investigador frente ao seu objeto de estudo são, ao contrário das ciências físicas e naturais, conceitos muito relativos na investigação social. O processo de aquisição dos conhecimentos requeridos acontece em aproximações sucessivas na interação com a realidade investigada. Da mesma forma, as interpretações e análises ganham corpo em função da capacidade de problematização das especificidades presentes na realidade estudada. 
As exigências presentes para o planejamento ambiental interdisciplinar negam a possibilidade de se continuar insistindo nas relações tradicionais do planejador com o seu objeto de estudo, baseadas em postulados que ou preconizam o distanciamento e a neutralidade entre sujeito-objeto, ou fecham as explicações em modelos teóricos generalizantes. 
  • Os desafios para a aplicação da sustentabilidade do desenvolvimento negam a possibilidade de o planejamento manter a separação entre a teoria e a prática, onde os conhecimentos adquiridos não estejam incrustados nos objetivos de sua aplicabilidade no real. 
Um dos grandes desafios metodológicos do planejamento ambiental consiste, neste sentido, no debruçar da investigação sobre uma realidade social e ambiental, procurando resgatar os processos mais fundamentais de criação e reprodução da vida coletiva dos agrupamentos sociais, sob uma relação interativa do planejador com a realidade objeto de estudo. 
  • Vários métodos de pesquisa qualitativa, desenvolvidos pelas ciências sociais, podem auxiliar a atividade de planejamento ambiental interdisciplinar, entre os quais os métodos da Interação Simbólica e a Etnometodologia. 
Numa tentativa de explicação muito geral desses métodos, pode-se dizer que a Interação Simbólica, oriunda da psicologia social, tem como fundamento básico a apreensão da sociedade como um processo de análise das relações entre o individual e o coletivo. 
  • O aspecto subjetivo do comportamento humano é parte inerente das interpretações e análises do processo de formação e reprodução da dinâmica social. Já a Etnometodologia, construída na Universidade de Chicago, propõe que os estudos de uma dada sociedade sejam dirigidos pela investigação da vida cotidiana de seus membros, uma vez que o processo de atribuição dos significados presentes na realidade são construídos a partir das relações presentes no dia-a-dia (Haguette, 1990:63-72). 
Uma das grandes contribuições dos dois métodos de investigação social, que pode ser incorporada à prática do planejamento ambiental, é a de partir da premissa que a sociedade não é um ente abstrato de análise, mas algo concreto e altamente dinâmico, cujos padrões se mantêm ou se modificam de acordo com as interações que os indivíduos experienciam, não só com os seus semelhantes, mas também consigo mesmos. Esta complexa rede de relações entre a sociedade e o indivíduo é construída cotidianamente, em uma dinâmica processual. 
  • Assim, não existe nenhum fato social empiricamente identificável que não seja resultante de um conjunto de causas. A investigação social não pode ser capturada pelas dinâmicas aparentes; deve buscar as causas das situações observadas. 
É de extrema importância que a investigação não se restrinja a identificar a fachada dos comportamentos coletivos, porque atrás deles há um conjunto de sentidos simbólicos construídos em um processo, e estes sustentam os comportamentos coletivos. Isso introduz uma segunda contribuição dos métodos, qual seja a orientação de que a investigação procure compreender as representações simbólicas presentes nas relações sociais. 
  • O ser humano age nas situações concretas de acordo com os sentidos que elas têm para ele. Esses sentidos são manipulados e modificados por meio de processos interpretativos. Ao confrontar o mundo dos objetos que o rodeiam, o homem os interpreta, e assim orienta o seu agir frente à realidade. 
Os métodos de pesquisa qualitativa das ciências sociais propõem que o investigador veja o mundo estudado através dos olhos dos atores sociais que o integram, e dos significados que estes atribuem às situações sobre as quais agem. 
  • Para tanto, o investigador deve assumir uma postura mental em que se coloque na posição dos indivíduos estudados, inteire-se com o mundo simbólico daquela coletividade e procure interpretar a vida social, de acordo com as significações apresentadas pelos seus agentes, onde estão presentes, inclusive, ambiguidades, contradições e paradoxos. 
É de fundamental importância na construção dessa compreensão a postura de Observação Participante do planejador sobre a realidade estudada. Ou seja, antes de se colocar na condição de um inquisidor que formula exaustivas perguntas aos seus interlocutores, marcando distância em relação a eles, o investigador procura interagir com os valores apresentados sobre o mundo investigado, estabelecendo com os seus interlocutores uma relação de simpatia e confiança mútua. Michel Thiollent, importante teórico brasileiro da metodologia de pesquisa social participativa, orienta que o investigador mantenha um estado de atenção flutuante , explorando os pontos de interesse da investigação, sem que haja um questionamento forçado, que pode, inclusive, vir a obliterar a qualidade e a confiabilidade das informações (Thiollent, 1985:53). 
  • Mediante um compartilhar consciente, discreto e sistemático com os grupos estudados, nas mais diversas situações do dia-a-dia, podem-se extrair os códigos de identidade social do universo estudado e elaborar os códigos de relacionamento com os seus interlocutores. 
As situações observadas devem orientar a problematização da investigação, inclusive dos processos subjetivos (interesses, pensamentos, afetos etc.) que mediatizam as relações dos indivíduos e grupos sociais com as situações determinadas, sem que haja classificações preconcebidas. 
  • Esse cuidado é básico na pesquisa qualitativa, já que as interpretações e análises se estruturam no interior do processo de investigação, o que exige do investigador movimentos contrários e simultâneos: interagir com os indivíduos e os grupos sociais para identificar os valores que sustentam o funcionamento das relações sociais. 
Ao mesmo tempo, evitar que essa interação resulte em um envolvimento subjetivo que possa adulterar a percepção do investigador, seja porque externe aos grupos estudados os valores de sua própria cultura, inibindo o espaço de explicitação da cultura investigada, seja porque expresse juízos de valores que induzam a seletividade a priori das informações, ou ainda porque molde as interpretações das situações observadas a partir de projeções de suas emoções, defesas e desejos, forçando a adequação do real às teorias previamente estabelecidas. 
  • A pesquisa social qualitativa tem, na sua centralidade, a procura do resgate do saber empírico presente no universo popular, e daí deriva a sua importante contribuição para uma metodologia interdisciplinar de planejamento ambiental. Paulo Freire, o grande pedagogo brasileiro, ensina que a investigação do pensar do povo não pode ser feita sem o povo, mas com ele como sujeito de seu pensar. 
Não posso pensar pelos outros nem para os outros, nem sem os outros (Freire, 1983:120). Essa premissa exprime o imperativo do reconhecimento, pelo investigador, da existência de um saber popular produzido e experienciado pelos grupos sociais, que está enraizado no senso comum, na religião, na tradição etc., e que fornece conhecimentos da maior importância para a investigação das relações sociais e com o meio. 
  • O conhecimento empírico possui uma relação de complementaridade com o conhecimento científico, os dois são frutos da curiosidade humana e da necessidade humana de construir explicações para os fatos e fenômenos. A diferença básica entre ambos é que o saber empírico está, por definição, baseado em um saber acumulado pela experiência, onde as explicações são dadas pelo aparente. 
A experiência é, também por definição, espontânea. Acontece na vida de maneira a-metódica, a-sistemática. É, contudo, sistematizável. Historicamente, as formulações que levaram à produção do saber científico sempre foram motivadas pela necessidade de explicação de fenômenos presentes no real, e que o senso comum não consegue explicar além das aparências. 
  • O planejamento ambiental voltado para a sustentabilidade do desenvolvimento requer, como já assinalado anteriormente, a construção de novos paradigmas de planejamento que, entre outros aspectos, passam pela negação dos axiomas que sustentam o cientismo e o tecnicismo. 
A combinação do saber empírico com o saber científico na formulação dos estudos interdisciplinares possibilita se enfrentar o grande desafio das análises sistêmicas requeridas para o planejamento ambiental, obstaculizadas, em grande parte, pela fragmentação do saber derivada da especialização de conhecimentos, um subproduto da história do capitalismo ocidental. 
  • Mediante o resgate do saber empírico é possível o estabelecimento de relações específicas de causas e efeitos, presentes no interior dos diversos sistemas que compõem o ecossistema. Neste sentido, o saber empírico, não obstante a sua natureza difusa, necessita ser reconhecido e decodificado em uma investigação destinada a elaborar estudos para o planejamento ambiental. 
Para que esse reconhecimento seja eficaz na decodificação das informações, em direção aos objetivos do estudo, é da maior importância que os temas, objetivos e programa da investigação sejam explicitados junto aos grupos sociais estudados, de forma a serem por eles compreendidos. Sabendo os porquês da investigação, os grupos sociais tendem a colaborar com os investigadores na identificação e problematização de suas questões. 
  • Essa premissa apresenta mais uma importante vertente metodológica de elaboração de estudos para o planejamento ambiental, qual seja a vertente participativa dos agentes sociais envolvidos nos planos, programas e projetos ambientais. Com o avanço do processo de democratização do país, muito tem se falado sobre a importância da promoção da participação dos grupos sociais, atingidos por intervenções econômicas de desenvolvimento. 
A sociedade brasileira vem passando por um processo de organização, em que as demandas pela participação se associam a reivindicações pela co-responsabilização nas decisões. Qualquer metodologia que se proponha capaz de orientar o planejamento ambiental de ações de desenvolvimento deve, necessariamente, partir de premissas participativas. 
  • Somente a promoção da participação das sociedades que recebem as intervenções, na condição de sujeito ativo e não de mero objeto de planejamento, pode se tornar um instrumento capaz de controlar os efeitos modificadores gestados por intervenções econômicas. 
Enfrentar a discussão sobre a natureza da participação social e como promovê-la, em direção ao alcance das metas estabelecidas nos planos, programas e projetos ambientais, corresponde a um grande desafio aos planejadores. 
  • A promoção da participação se inicia no próprio processo de investigação das sociedades que vivem as transformações impetradas por uma intervenção econômica. Para tanto, faz-se necessário um entendimento formal com um grupo representativo da coletividade, quando o planejador apresenta os objetivos de sua presença no local, estabelecendo-se a relação de simpatia e confiança mútua, referida anteriormente. 
A efetividade da relação de colaboração dos grupos estudados com a investigação depende muito da sensibilidade e flexibilidade do investigador em estabelecer boas relações de convivência negociada. As negociações envolvidas ao longo do processo investigativo podem ajudar na construção das bases de legitimidade social dos planos, programas e projetos, questão fundamental para a sua efetividade e conseqüente sustentabilidade. 
  • Um processo de negociação, qualquer que seja ele, não pode ser conduzido sob uma lógica linear. A democracia moderna pressupõe a existência de divergências e conflitos de interesses entre as partes envolvidas em uma negociação, e as situações de confronto não podem ser identificadas como anomalias do processo, mas como elementos intrínsecos da pluralidade de interesses, onde estão retidos antagonismos, ambiguidades, desconfianças e oposições que podem ser superadas em um processo interativo, onde se busquem soluções compartilhadas. 
Reside nesta questão um forte componente do aspecto político dos estudos voltados ao planejamento ambiental, que de forma alguma pode ser ignorado ou negligenciado pelo planejador. 
  • As idéias até aqui apresentadas ainda estão em processo de formulação e procurou-se, nos limites do formato do documento, identificarem-se algumas possibilidades metodológicas de construção da interdisciplinaridade do planejamento ambiental, a partir de contribuições advindas do campo metodológico de pesquisa das ciências sociais. 
Muitas outras questões ainda requerem ser trabalhadas, para que seja possível se superar o desafio metodológico da interdisciplinaridade do planejamento ambiental, tendo em vista os resultados dos estudos expressarem uma boa capacidade de comunicação entre os vários campos de conhecimento envolvidos, como também apresentarem relações mais fortes de aderência à realidade social e ambiental investigada, respeitando a condição de sujeito político das sociedades receptoras dos planos, programas e projetos ambientais. 
  • Sem a aquisição desses paradigmas metodológicos de planejamento ambiental torna-se bastante difícil se enfrentarem os desafios colocados para a aplicação dos postulados fundamentais do desenvolvimento sustentável. 
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As ciências sociais na interdisciplinaridade do planejamento ambiental para o
desenvolvimento sustentável