sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A Prevenção da Poluição Ambiental e Atmosférica

A Prevenção a Poluição Ambiental 

Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida.
Albert Einstein
Segundo o Worldwatch Institute (2000), “As economias não serão suportáveis por muito tempo a menos que o ambiente natural que as sustenta o seja”. No entanto, para que o ambiente se suporte, é preciso promover uma relação mútua entre ambientalismo e crescimento econômico, propiciando o desenvolvimento sustentável, obtido a partir de uma redução dos impactos ambientais decorrentes principalmente de atividades produtivas (Capra, 2000).
  • Quando analisamos as inter-relações entre o conceito de desenvolvimento sustentável, baseado no crescimento sem comprometimento das necessidades das futuras gerações, e o processo de gestão ambiental, envolvendo um conjunto de ações visando à melhoria do desempenho ambiental, verificamos que a transformação dos bens comuns globais (global commons) constitui a manifestação mais recente e talvez mais incontornável das questões contemporâneas dos “limites do crescimento”.
As alterações verificadas na atmosfera e biosfera são o resultado cumulativo de padrões globais de industrialização impostos por modelos ultrapassados de gestão ambiental (Sadler, 1994).
  • Essas tendências têm reflexos em termos da liderança ambiental, em nível nacional e local, podendo ser encaradas como uma condenação das abordagens convencionais de gestão ambiental. Dessa forma, a primeira abordagem reativa de “fim de tubo” adotada no controle da poluição, que apoiou os instrumentos de gestão, Avaliações de Impacto Ambiental (AIA) e a Avaliação dos Projetos de Grande Investimento de Capital, tornou-se impotente para lidar com problemas globais e regionais de segunda e terceira geração, resultantes de alterações cumulativas.
A mudança para uma visão de sustentabilidade baseada nos três pilares da ECOEFICIÊNCIA: ambiental, econômica e social, para que uma empresa ou um processo seja válido, ou seja, ambientalmente compatível, economicamente rentável e socialmente justo, implica a adoção de modelos de gestão que identifiquem as causas dos problemas ambientais para evitar a necessidade de medidas de caráter corretivas, reduzindo os impactos provocados por estes no meio ambiente, possibilitando a definição de alternativas que sejam viáveis economicamente e que contribuam efetivamente para a melhoria da qualidade de vida na Terra (Sadler, 1994).
  • Os modelos de gestão ambiental propostos atualmente pelos países desenvolvidos como estratégia para substituir a abordagem de gestão ambiental de fim de tubo que utilizam as tecnologias de tratamento/disposição de resíduos, baseiam-se fundamentalmente no princípio de Prevenção da Poluição – PP ou P2.
Conforme visto no capítulo anterior, a gestão ambiental baseada na Prevenção da Poluição derruba o velho paradigma de que resíduos são subprodutos inevitáveis da produção, sendo, portanto, inerentes a todo processo produtivo para assumir o novo paradigma de que gerar resíduos representa uma ineficiência do processo produtivo, pois isto significa a transformação de matérias-primas/insumos, com alto valor agregado, em produtos de baixo ou nenhum valor que podem, ainda, adicionar mais custos ao processo produtivo, quando são tratados/dispostos devidamente (Gardner, 2001).
  • Os modelos de gestão referidos anteriormente pressupõem ainda transparência e abertura das informações pelas empresas e organizações do setor público, num estímulo à pratica de benchmarking e à publicação de relatórios com o objetivo de contribuir para a elevação dos padrões ambientais (Andrade, Marinho, Kiperstok, 2001).
Neste capítulo, portanto, apresentamos os modelos de gestão ambiental baseados nos princípios de Prevenção da Poluição, adotados como estratégia para promover o desenvolvimento sustentável, através do estímulo às empresas da prática de identificação das causas dos problemas ambientais decorrentes de atividades produtivas, a fim de eliminá-las na fonte. Evita-se, assim, ações corretivas para os impactos ambientais, trazendo inúmeros benefícios para as empresas e o meio ambiente em geral.

 Prevenção da Poluição/Produção Mais  Limpa: 
O que é ? Como Surgiu?
  • A adoção de metodologias de Prevenção da Poluição vem sendo proposta como estratégia eficaz para evitar os desperdícios de matérias-primas e energia, convertidos em resíduos sólidos, líquidos e gasosos, responsáveis por adicionar custos aos processos produtivos e gerar problemas ambientais.
Atualmente é possível encontrar várias abordagens concorrentes promovidas no mundo por entidades nacionais e internacionais:
  • PP ou P2 – Prevention Pollution, divulgada pela EPA – Environmental Protection Agency (EPA, 1990);
  • P+L – Produção mais Limpa, desenvolvida pela UNIDO – United Nations for Industrial Development e UNEP – United Nations Environmental Program (UNEP, 1994);
  • PL – Produção Limpa, defendida por organizações ambientalistas e vários centros de P&D – Pesquisa e Desenvolvimento;
  • Ecoeficiência, desenvolvida pelo WBCSD – World Business Council for Sustainable Development (Signals of Change, 1995).
A publicação do WBCSD intitulada Eco-efficiency and cleaner production (WBCSD, 1996), estabelece a perfeita complementaridade entre os conceitos de ecoeficiência, definida como uma orientação gerencial estratégica, cientificamente embasada, e Produção Limpa, definida como conjunto de procedimentos de chão-de-fábrica, muito mais integrado ao processo. Na literatura, é freqüente encontrar referências em relação à Produção Limpa (PL) como: “Tecnologias Limpas”, “Tecnologias mais Limpas”, “Produção mais Limpa”, “Tecnologias de Baixos Desperdícios”, entre outras. Também se encontra a PL relacionada a conceitos e metodologias da qualidade, como Total Quality Environmental Management
  • TQEM, terminologia introduzida pela Global Environmental Management Initiative
  • GEMI, em 1991 (Pio, 2000).
Dessa forma, é importante apresentar as características mais importantes, principalmente de Produção Limpa e Produção mais Limpa, para facilitar o entendimento do nível de comprometimento relacionado a cada um desses programas, que podem ser adotados por uma empresa visando a uma melhor gestão ambiental. Segundo Furtado (2000), tanto Produção Limpa como Produção mais Limpa são programas baseados no princípio da Prevenção da Poluição, defendendo a exploração sustentável de fontes de matérias-primas, a redução no consumo de água e energia e a utilização de indicadores de desempenho ambiental. No entanto, vale salientar que a proposta de Produção Limpa é mais audaciosa, pois:
  • Baseia-se no princípio da precaução, o qual determina o não-uso de matérias primas e não-geração de produtos com indícios ou suspeitas de provocar problemas ambientais;
  • Avalia o ciclo de vida do produto/processo considerando a visão holística;
  • Disponibiliza ao público em geral informações sobre riscos ambientais de processo e produtos;
  • Estabelece critérios para tecnologia limpa, reciclagem atóxica, marketing e comunicação ambiental;
  • Limita o uso de aterros sanitários e tem restrições à incineração como alternativa de tratamento de resíduos.
No que se refere à Produção mais Limpa (P+L), este programa representa um processo de melhoria contínua visando tornar a atividade produtiva cada vez menos danosa ao meio ambiente. Um outro aspecto a considerar ainda é que as metodologias propostas com este objetivo não se baseiam apenas em tecnologia, englobando também a forma de gestão das empresas.
  • As alternativas apresentadas normalmente, no âmbito de um programa P+L, para atingir os objetivos propostos, são conhecidas como “Técnicas de Produção mais Limpa”. 
As Técnicas de Produção mais Limpa consistem em uma série de medidas que podem ser implementadas na empresa, compreendendo desde uma simples mudança de procedimento operacional até uma mudança de processo ou tecnologia.
  • Vale salientar, no entanto, que este caráter mais abrangente das metodologias de P+L atualmente propostas, contemplando até mesmo técnicas gerenciais, pode contribuir para que as empresas tendam a dar mais ênfase a estas últimas, pois normalmente representam menor custo, fazendo com que seja mais freqüente o uso de alguma engenharia adaptativa, preservando os projetos e as patentes originais, sem promover uma mudança mais efetiva no processo produtivo.
Histórico de Produção Mais Limpa no Brasil:
  • Resgatando um pouco do histórico da Produção mais Limpa no Brasil, em 1992 ocorreu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – RIO-92, em que o foco, segundo o Greenpeace, foi erroneamente voltado para a discussão sobre Tecnologias Limpas, apresentando estas como solução para os problemas ambientais, estimulando muito mais o aspecto mercadológico do que o de discussão propriamente dita dos danos ambientais e sociais causados por tecnologias e práticas inadequadas adotadas em todo o mundo (Pio, 2000).
Em 1995, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)/Departamento Regional do Rio Grande do Sul foi escolhido pela UNIDO e UNEP para sediar um Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), visando atuar como agente disseminador das técnicas de Produção mais Limpa no seio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
  • Em 1997, realizou-se a Conferência Latino-Americana para o Desenvolvimento Sustentável e Competitividade, na qual o presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, deu um depoimento estimulando as empresas a aderirem a programas de Produção mais Limpa como alternativa de aumento de competitividade e sustentabilidade.
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) vem atuando também como um agente disseminador do programa Pollution Prevention (P2) da Environmental Protection Agency (EPA), reestruturando em 1997 o programa Controle da Poluição Industrial de São Paulo (PROCOP) com base nos conceitos de Prevenção da Poluição/Produção mais Limpa. Em outubro de 1998, a CETESB promoveu a Conferência das Américas sobre Produção Limpa, na qual foi assinada a Carta de São Paulo pelos governos dos EUA, Chile, Brasil, Costa Rica e Jamaica.
  • Esta conferência instituiu como primeira recomendação considerar Produção mais Limpa (P+L) e Prevenção da Poluição (P2) como elementos norteadores para a política e legislação ambiental em nível dos governos federal, estadual e municipal, bem como para o planejamento estratégico das empresas e organizações não-governamentais (Pio, 2000).
A partir de 1998, o CNTL-SENAI/RS e o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), numa ação conjunta com o SEBRAE-Nacional e outras instituições, começaram a desenvolver a Rede Brasileira de Produção mais Limpa com o objetivo de repensar a relação entre o processo produtivo e o meio ambiente, dentro da ótica do aumento da ecoeficiência e da produtividade.
  • Faz parte da estratégia utilizada pela Rede promover a internalização de conceitos e práticas de P+L a partir da realização de cursos de capacitação, consultorias às empresas, fóruns, seminários e outras atividades.
Atualmente esta Rede envolve vários órgãos de governo, centros de pesquisa, instituições de ensino, etc., que se encontram relacionados a seguir: 

A Prevenção a Poluição Ambiental 

 Participantes da Rede de Tecnologias Limpas de Brasil:
  • CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.
  • SEBRAE-Nacional – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
  • CNI – Confederação Nacional da Indústria.
  • CNTL-SENAI/RS – Centro Nacional de Tecnologias Limpas.
  • Centro Tecnologias Limpas do DR/SP.
  • BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
  • FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos.
  • MMA – Ministério de Meio Ambiente.
  • NPLs – Núcleos de Produção mais Limpa (BA, MG e SC).
  • SENAI/SP.
  • CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo.
  • UFBA – Universidade Federal da Bahia/TECLIM.
Em nível estadual, podemos destacar a formalização na Bahia, em 1999, da Rede TECLIM, de Tecnologias Limpas, coordenada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com o apoio da Redes Cooperativas de Pesquisa (RECOPE), FINEP, Centro de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CADCT) da Secretaria de Planejamento do Governo do Estado da Bahia e do Centro Nacional de Pesquisa (CNPq) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).
  • Com a finalidade de fortalecer a Rede TECLIM, a Federação da Indústria do Estado da Bahia/Instituto Euvaldo Lodi (FIEB/IEL) também instituiu o Programa de Tecnologias Limpas na Bahia (PTL/BA), com adesão de várias empresas e instituições de ensino e pesquisa locais.
Prevenção da Poluição/Produção Mais Limpa 
versus Tecnologias Fim de Tubo:

O Ministério do Meio Ambiente e de Energia da Província de Ontário, Canadá, definiu a Prevenção da Poluição como:
“Qualquer ação que reduza ou elimine a geração de poluentes ou resíduos na fonte, realizada através de atividades que comprovem, encorajem ou exijam mudanças nos padrões de comportamento industrial, comercial e geradores institucionais ou individuais.” (SENAI, 1998)
Segundo Prestrelo et al. (2000), a lei americana de Prevenção da Poluição de 1990 (Pollution Prevention Act 1990) define a Prevenção da Poluição (P2) como:
 “quaisquer práticas, uso de materiais, processos que eliminem ou reduzam a quantidade e/ou toxicidade de poluentes, substâncias perigosas ou contaminantes em sua fonte de geração, prioritariamente à reciclagem, tratamento ou disposição final (...)”. 
Segundo o CNTL*1 (2000), a Prevenção da Poluição inclui práticas que eliminem ou reduzam o uso de materiais (nocivos ou inofensivos), energia, água ou outros recursos, bem como privilegiem aqueles procedimentos que protegem os recursos naturais através da conservação e do uso mais eficiente.
  • Um programa de Prevenção da Poluição industrial é dirigido a todos os tipos de resíduos e representa uma revisão abrangente e contínua das operações numa instalação, visando à minimização dos resíduos.
Para que a implementação de um programa de Prevenção da Poluição numa empresa seja eficaz, este deve:
  • Proteger o funcionário, a saúde pública e o meio ambiente;
  • Melhorar o moral e a participação dos funcionários;
  • Reduzir os custos operacionais;
  • Melhorar a imagem da empresa;
  • Reduzir o risco de responsabilidade criminosa ou civil.
A definição oficial da Produção mais Limpa dada pela UNIDO é:
“Produção mais Limpa significa a aplicação contínua de uma estratégia preventiva, econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso das matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em todos os setores produtivos.” (CNTL*1, 2000)
Para processos produtivos, a Produção mais Limpa inclui o uso mais eficiente das matérias-primas, insumos e energia, a redução dos materiais tóxicos e perigosos e a minimização na fonte de resíduos sólidos, efluentes e emissões. Para produtos, a busca é pela redução dos impactos ambientais associados a estes, e a estratégia adotada é baseada em dois instrumentos:
  • ACV – Análise de Ciclo de Vida, instrumento de gestão que avalia o ciclo de vida completo de um produto, processo ou atividade desde a extração e processamento de matérias-primas, fabricação, transporte e distribuição, uso e reuso, manutenção, reciclagem e disposição final.
  • Projeto para o meio Ambiente, ou Ecodesign, que consiste no processo de desenhar, projetar um produto ou processo de maneira que este seja menos danoso ao meio ambiente. Pode ser considerado a parte da ACV que objetiva a melhoria do produto.
No nível da gestão, P+L implica em mudança de atitudes e comportamentos, de todos os envolvidos no processo, propiciando uma nova cultura empresarial, impactando diretamente na melhoria do desempenho ambiental.
  • Podemos entender, a partir das definições anteriores, que tanto a Prevenção da Poluição como a Produção mais Limpa pretendem integrar os objetivos ambientais ao processo de produção, a fi m de reduzir os resíduos e as emissões em termos de quantidade e toxicidade e, dessa maneira, reduzir custos num processo de melhoria contínua.
Segundo o CNTL*1 (2000), numa análise mais direta pode-se assumir que a gestão convencional de resíduos questiona: O que se pode fazer com os resíduos sólidos, efluentes e as emissões existentes? Enquanto que a Produção mais Limpa, proteção ambiental integrada à produção, pergunta: De onde vêm nossos resíduos sólidos, efluentes e emissões e por que, afinal, se transformaram em resíduos? 
  • Portanto, podemos concluir que a diferença essencial entre a gestão convencional de resíduos focada em Fim-de-tubo e a Produção mais Limpa (P+L) está no fato de que esta não trata simplesmente dos sintomas tentando atingir a raiz do problema.
Uma característica adicional que pode ser salientada é que P+L propõe uma visão integrada da empresa. Isso significa considerar que matérias-primas, energia, produtos, resíduos sólidos e emissões estão intimamente interligados com água, ar, solo, via processo de produção, não obstante o fato de estes fatores serem tratados de forma separada na legislação.

Tecnologias Fim de Tubo Produção Mais Limpa:
Diferenças entre Tecnologias Fim de Tubo e Produção Mais Limpa

Como se pode tratar os resíduos e as emissões existentes?
De onde vêm os resíduos e as emissões?
... pretende reação.
... pretende ação.
... geralmente leva a custos adicionais.
... pode ajudar a reduzir custos.
Os resíduos e emissões limitados através de filtros e capítulos de tratamento; Soluções
de Fim-de-tubo; Tecnologia de reparo;
  • Estocagem de resíduos.
  • Prevenção de resíduos e emissões na fonte;
  • Evita processos e materiais potencialmente tóxicos.
  • Proteção ambiental entra depois do desenvolvimento de produtos e processos.
  • Proteção ambiental entra como parte integral do design do produto e da engenharia de processo.
  • Problemas ambientais resolvidos a partir de um ponto de vista tecnológico.
Tenta-se resolver os problemas ambientais em todos os níveis/em todos os campos.
  • Proteção ambiental é um assunto para especialistas competentes.
  • Proteção ambiental é tarefa de todos.
... é trazida de fora. ... é uma inovação desenvolvida na empresa.
... aumenta o consumo de material e energia.
... reduz o consumo de material e energia.
Complexidade e riscos aumentados. Riscos reduzidos e transparência aumentada.
Proteção ambiental desce para preenchimento de prescrições legais.
Riscos reduzidos e transparência aumentada.
... resultado de um paradigma de produção do tempo em que os problemas ambientais não eram conhecidos.
... abordagem que pretende criar técnicas de produção para um desenvolvimento sustentável.
Podemos considerar ainda que a Prevenção da Poluição/Produção mais Limpa, quando comparada às Tecnologias Fim-de-tubo (focadas no tratamento e/ou disposição de resíduos) apresenta várias vantagens:
  • Potencial para soluções econômicas na redução da quantidade de materiais e energia usados;
  • Indução a um processo de inovação dentro da empresa, devido a uma intensa avaliação do processo de produção, à minimização de resíduos, efluentes e emissões;
  • Redução dos riscos no campo das obrigações ambientais e da disposição de resíduos devido ao fato de que a responsabilidade pode ser assumida para o processo de produção como um todo;
  • Facilitação do caminho em direção a um desenvolvimento econômico mais sustentado.
O conceito de Produção mais Limpa, adotado pela UNIDO/UNEP, tem como base o programa Ecoprofit – Ecological Project For Integrated Environmental Technologies (Projeto Ecológico para Tecnologias Ambientais Integradas), que visa fortalecer economicamente a indústria através da Prevenção da Poluição, inspirado no desejo de contribuir com a melhoria da situação ambiental de uma região.
  • Baseado em problemas ambientais conhecidos, o Ecoprofit investiga o processo de produção e as demais atividades de uma empresa, e os estuda do ponto de vista da utilização de materiais e energia. Essa abordagem ajuda a induzir inovação dentro das próprias empresas, a fi m de trazer a estas, e a toda a região, um passo em direção a um desenvolvimento econômico sustentado.
A partir disso, são criteriosamente estudados os produtos, as tecnologias e os materiais, a fim de minimizar as emissões e os resíduos e encontrar modos de reutilizar os resíduos inevitáveis. Nesse sentido, o Ecoprofit não representa uma solução para um problema isolado, mas uma ferramenta lucrativa para estabelecer um conceito holístico. O prefixo “eco” da palavra Ecoprofit tem um significado triplo, nomeadamente:
  • Benefício ecológico;
  • Benefício econômico;
  • Em alusão ao significado etimológico da palavra grega oîkos – casa, evoca a proposta de encontrar soluções para a manutenção da casa – housekeeping.
Nesse contexto, o sucesso da implantação de um programa baseado no Ecoprofit depende do nível de comprometimento dos empregados, tendo em vista que o know-how, ou seja, o conhecimento que estes detêm sobre o processo produtivo, é essencial para identificar as situações-problema e propor alternativas que resultem numa melhoria do desempenho ambiental da empresa. Desse ponto de vista, o Ecoprofit tem, acima de tudo, o propósito de ser um auxílio em direção à auto-ajuda.
“Em 1998 a UNEP lançou, em solenidade realizada na Coréia, a Declaração Internacional Sobre Produção Mais Limpa, que é um comprometimento público para a estratégia e prática da Produção mais Limpa. A declaração é um conjunto de princípios que, quando implementados, leva ao aumento da conscientização, compreensão e finalmente a uma maior demanda por Produção mais Limpa. Para os que advogam a Produção mais Limpa é uma ferramenta para encorajar os governos, empresas e organizações a adotar e promover aquela estratégia.” (Prestrelo et al., 2000)
Declaração Internacional Sobre Produção Mais Limpa:
  • Nós reconhecemos que obter o desenvolvimento sustentável é uma responsabilidade coletiva. Ações para proteger o meio ambiente global devem incluir a adoção de práticas de consumo e de produção sustentáveis melhoradas.
Nós acreditamos que a Produção mais Limpa e outras estratégias preventivas como Eco-eficiência, produtividade verde e Prevenção da Poluição são as opções preferidas. 
  • Elas requerem desenvolvimento de apoio e medidas apropriadas: Com esta finalidade, nós estamos comprometidos a:
Liderança:
Usar nossa influência:
  • Para encorajar a adoção de práticas de produção e consumo sustentáveis através do nosso relacionamento com as partes interessadas.
Conscientização Educação e  Treinamento:
Construir capacidades/capacitações:
  • Pelo desenvolvimento e condução de programas de conscientização, educação e treinamento dentro da nossa organização.
  • Pelo encorajamento da inclusão dos conceitos e princípios nos currículos educacionais em todos os níveis.
Integração:
Encorajar a integração de estratégias preventivas:
  • Em todos os níveis da organização.
  • Dentro dos sistemas de gestão ambiental.
  • Pelo uso de ferramentas, tais como avaliação de desempenho ambiental, contabilidade ambiental, impacto ambiental, ciclo de vida e avaliações de produção mais limpa.
Pesquisa e Desenvolvimento:
Criar soluções inovadoras:
  • Pela promoção de uma mudança de prioridade da estratégia de Fim de tubo para preventiva, em nossas políticas e atividades de pesquisa e desenvolvimento.
  • Pelo apoio ao desenvolvimento de produtos e serviços que são ambientalmente eficientes e atendimento às necessidades dos consumidores.
Comunicação:

Compartilhar nossas experiências:
  • Pelo reforço ao diálogo sobre a implementação de estratégias preventivas e informação às partes interessadas externas sobre os seus benefícios.
Implementação:

Tomar ações para adotar a Produção mais Limpa:
  • Pelo estabelecimento de metas desafiadoras e o relato regular do progresso através de sistemas de gestão existentes.
  • Pelo encorajamento de novos e adicionais financiamentos e investimentos em opções por tecnologias preventivas, e promoção de cooperação e transferência de tecnologias ambientalmente adequadas entre países.
  • Através da cooperação com a UNEP e outros parceiros e partes interessadas no apoio a esta declaração e na análise crítica do sucesso de sua implementação.
A metodologia de Produção mais Limpa é o resultado de um esforço conjunto da UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) e da UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), tendo sido desenvolvida com base no estado-da-arte do conhecimento europeu sobre gestão de resíduos e desperdícios energéticos e materiais.
  • A estratégia adotada para disseminar a metodologia no mundo foi implantar Centros Nacionais de Tecnologias Limpas – CNTLs, envolvendo como parceiros um país chamado “donante” (Holanda, Alemanha, Suíça e Áustria), responsável pelo suporte técnico/financeiro, e um “hospedeiro” (países sub e semi-desenvolvidos no mundo) a serem beneficiados pelo programa. 
A instalação de um CNTL no Brasil, no entanto, não contou com a parceria de um país “donante”, tendo esta iniciativa contado com o suporte técnico/financeiro do SENAI, com o compromisso de atuar como agente disseminador da metodologia junto ao parque industrial brasileiro. Atualmente, o CNTL-SENAI/RS desenvolve programas de P+L também em instituições e empresas de outros países, como Paraguai, Equador e Moçambique.
  • A implantação do Programa de Produção mais Limpa (P+L) numa empresa, com base na metodologia desenvolvida pela UNIDO, consiste na avaliação do processo produtivo, seja qual for a natureza, e na aplicação de técnicas que possam envolver desde a mudança de matéria-prima/insumo, consumo de água e de energia, tecnologia/ processo, procedimento operacional, até mesmo a mudança do próprio produto, que pode ser considerado ambientalmente incorreto.

A Prevenção a Poluição Ambiental