sábado, 26 de setembro de 2015

Gestão de Tecnologias Limpas

Gestão de Tecnologias Limpas

O crescimento tecnológico dos processos de produção, reflexo do aumento nas demandas de consumo, sob o pretexto de que o crescimento econômico proporcionaria melhores condições na qualidade de vida das sociedades, mostrou-se nas últimas décadas, ao contrário do que se propunha, o grande propulsor dos impactos e perdas ambientais.
“O que ontem era útil e refletia uma necessidade de uso real, hoje é um material inservível, fruto da obsolescência imposta pelo mercado”. 
A produção em larga escala, marca do nosso tempo traz consigo custos muito altos (externalidades) que nem sempre são absorvidos pelos agentes geradores, cabendo à população de uma forma geral o ônus pela perda da qualidade de vida, resultante da cadeia produtiva.
  • O fenômeno da globalização impôs às sociedades um novo modelo de ambiente, aberto e sem fronteiras culturais, uma grande vitrine mundial através da qual se expõem e circulam mercadorias e novos produtos, seduzindo, conquistando e fomentando novas necessidades de consumo.
Diante dessa realidade, pautada em uma nova ótica de consumo e consequentemente de produção, um dos principais desafios está exatamente na conciliação entre esse novo modelo econômico e de produção e a capacidade real dos ecossistemas naturais em prover os insumos necessários.
  • Um novo debate se faz necessário e urgente, tendo como pauta as questões ambientais, ou seja, se há um derrame de novos produtos no mercado, naturalmente há também a concorrência entre as empresas que os fabricam pelos consumidores que farão uso dos mesmos. 
Portanto, além dos atributos relacionados à funcionalidade, qualidade e outros itens específicos ao produto, aspectos relacionados aos processos de produção, como preocupação ambiental da empresa, uso de matérias primas renováveis e, principalmente, o uso de tecnologias limpas no processo são fatores determinantes no ato da escolha por um produto ou outro.
  • As expectativas pelo desempenho ambiental das empresas têm sido cada vez mais o foco dos consumidores, quanto dos órgãos de controle ambiental, ou seja, uma empresa e/ou organização só se manterão no mercado se demonstrarem em suas práticas e processos desempenhar papéis ambiental e socialmente corretos.
Introdução às Tecnologias Limpas:
  • Conhecer alternativas inteligentes das indústrias e empresas, através de estratégias em Tecnologias Limpas, em seus processos produtivos como forma de obter melhor desempenho e equilíbrio entre os sistemas adotados e a qualidade ambiental, como forma de atender as novas expectativas da sociedade e do mercado consumidor.
Habilidades e Competências:
  • Conhecimento das metodologias em tecnologias limpas e sua importância no contexto do desenvolvimento sustentável.
  • Compreensão e identificação da situação e das rotinas de trabalho passíveis de iniciar essas metodologias com vistas a melhorias nos processos e melhor visibilidade da empresa junto ao mercado.
Tecnologias Limpas:
  • Atualmente os debates em torno das questões ambientais não são mais exclusivos aos especialistas, passaram também a ocupar novos espaços e contextos, envolvendo nas discussões consumidores, empresários e sociedade, todos, sem exceção, preocupados com a saúde do meio ambiente, pois dela depende a vida no planeta. É neste conceito, onde a meta é acentuar a sustentabilidade nos processos produtivos, que se enquadram as Tecnologias Limpas.
Tecnologias Limpas são o conjunto das técnicas ou procedimentos que buscam minimizar os impactos ambientais negativos, através de uma metodologia de abordagem que envolve: estratégia econômica, tecnológica e ambiental aos processos e produtos.
  • A produção a partir destas tecnologias tem um caráter preventivo, no sentido de evitar ao máximo a geração de resíduos através da racionalização no uso das matérias primas durante o processo produtivo, garantindo a qualidade dos produtos, segundo as exigências do mercado, proporcionando benefícios econômicos e ambientais para quem os utilizam.
Segundo estimativas da ONU, no século XXI seremos uma população de aproximadamente 9 bilhões de seres humanos e a agricultura, bem como os sistemas de produção deverão ter capacidade para alimentar e proporcionar qualidade de vida a essa nova população.
  • Será necessário aumentar a produção, acelerar processos, mas essencialmente fazê-lo de uma forma sustentável. As atividades produtivas, sejam quais forem, desenvolvem-se num estreito relacionamento com a natureza, “basta olharmos a nossa volta para percebemos que tudo que disponibilizamos em nosso dia a dia provem de um bem natural”, portanto é imprescindível agregar valor em todas as etapas envolvidas nos processos, a partir da produção com a utilização de recursos renováveis e o uso de tecnologias limpas, tendo em vista que os ecossistemas naturais em grande parte possuem uma capacidade limitada de produção e reposição e a sobre-exploração dos recursos naturais acrescida da utilização de práticas incorretas podem expor-nos a todos a vulnerabilidade.
Grande parte dos processos de produção a nível mundial é obtida em sistemas de produção ineficientes, salvo as grandes organizações que em função da visibilidade adotam programas e sistemas mais eficientes em seus processos, essa realidade tem contribuído de forma decisiva para o aparecimento e desenvolvimento de problemas ambientais: teores elevados de contaminantes nas águas, resíduos tóxicos, redução da biodiversidade, degradação e erosão dos solos e as alterações climáticas.
  • Os reflexos desses impactos são sentidos em todos os cantos do planeta, a sociedade mundial, principalmente os mais pobres e excluídos se veem as voltas com o fenômeno reconhecido e declarado como sendo a problemática ambiental, o conjunto dos fatores que comprometem a qualidade da vida no planeta, são eles: a poluição, degradação do meio, escassez de recursos naturais, alimentos e crise energética. E, portanto, exigem que os processos de produção não gerem mais degradação do meio ambiente e que sejam mais sustentáveis.
Um dos grandes benefícios das tecnologias limpas está em associar todo investimento ambiental em ganhos econômicos, ou seja, o que antes era visto como custos de produção, como gastos com medidas de controle de emissões e de resíduos ou compensações, sob a nova ótica passa a ser considerado como vantagens significativas com aumento de rendimento e produtividade. Em outras palavras, os que antes representavam custos em processos são vistos como benefícios, e todo problema encontrado passa ser estímulo para uma nova solução e/ou mudança.
  • Trata-se, portanto, de uma possibilidade real de ganhos em competitividade concomitantemente com ganhos ambientais e sociais. As metodologias envolvidas nas tecnologias limpas operam com estratégias que buscam a eficiência nas técnicas de produção empregadas. 
Analisando e reavaliando cada etapa do processo produtivo no sentido de encontrar maneiras objetivas de reduzir, ou mesmo eliminar na fonte, a produção de qualquer incômodo, poluição ou resíduo e que ajude a economizar matérias-primas, recursos naturais e, portanto eliminar todas as possibilidades de desperdícios. Segundo Seiffert (2009):
Na implantação de tecnologias limpas a inovação é o fator crítico para o sucesso contínuo de qualquer empresa. A inovação amplia o espectro de oportunidades para as empresas: nos produtos em si; nas tecnologias utilizadas para extrair, refinar ou beneficiar; e nos mecanismos que entregam esses produtos e serviços no mercado de maneira cada vez mais eficiente e eficaz.
Desempenho Ambiental:
  • A associação de danos ambientais a imagem de uma organização pode gerar uma série de problemas de ordem econômica, como: sanções legais, referentes a multas e interdições, retaliações direcionadas, principalmente, à exportação de seus produtos, rejeição de consumidores insatisfeitos que independentemente de qualquer medida governamental, evita consumir seus produtos e ou serviços.
Para evitar embaraços prejudiciais e muitas vezes irreversíveis para a saúde econômica de qualquer empresa, há a necessidade de adoção de medidas destinadas à proteção e preservação do meio ambiente.
  • Nota-se frequentemente, através de propagandas, que as empresas, querem e precisam cada vez mais, associar suas imagens não apenas a qualidade de seus produtos e serviços, mas principalmente à preocupação com o meio ambiente.
Pode-se com isso afirmar que a sustentabilidade no âmbito do equilíbrio entre, conciliar as necessidades econômico-sociais com a manutenção de um meio ambiente sadio é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa.
  • Frente a essa realidade, as empresas de uma forma geral precisam se enquadrar às novas exigências do mercado, incorporando em seus sistemas de gestão, políticas de desenvolvimento econômico que incorporam o conceito de desenvolvimento sustentável como princípio fundamental.
As adequações necessárias podem, em muitos casos, ser uma simples mudança de procedimento ou pequenas modificações nas instalações ou até mudanças significativas no projeto do produto, entretanto são necessários conhecimentos específicos relacionados aos processos como forma de direcionar os critérios de escolha das tecnologias realmente apropriadas.

Desenvolvimento de recursos:
  • Faz uso ótimo dos recursos naturais locais, tais como matéria-prima, água, terra, vegetação, clima?
  • Faz uso conservativo de energia, especialmente nas fases de extração, processamento e transporte dos componentes?
  • Faz uso dos recursos do desenho, de modo a evitar demandas supérfluas sobre energia e matérias-primas?
  • Contribui para o desenvolvimento, sustentação e geração de recursos e capacidades humanas?
  • Faz uso ótimo de habilidades humanas?
  • Faz e reforça o uso de recursos renováveis disponíveis no local?
  • Favorece a substituição de fatores externos, tais como materiais, ferramentas, capital e energia?
  • Aumenta o nível de utilização de ferramentas e equipamentos que facilitam as atividades e que ao mesmo tempo preservam as oportunidades de emprego?
Tem baixa dependência de infraestrutura sofisticada e faz uso máximo de infraestrutura instalada? Oferece oportunidades para melhorias potenciais compatíveis com o desenvolvimento progressivo e crescente da área?

Desenvolvimento Ambiental:
  • São aceitáveis os seus efeitos para frente e para trás, sobre o meio ambiente, durante todos os processos, desde a extração das matérias-primas até o seu uso final? Reduz o ritmo de esgotamento de recursos renováveis, redução de desperdícios, reciclagem e fusão com os ecociclos existentes?
É adaptável simbioticamente com o meio ambiente natural, cultural e social?
Melhora o meio ambiente material e humano, provendo um nível mais alto de complexidade e diversidade dos ecossistemas, reduzindo sua vulnerabilidade?

No âmbito das mudanças, podemos destacar:
  • No enfoque: Controle da poluição para prevenção da poluição, ou seja, redução dos resíduos e dos riscos através da substituição de materiais e modificações de processo;
  • No processo: Rearranjos e adaptações para se alcançar técnicas ambientalmente mais adequadas. Um exemplo neste sentido pode ser o aumento das restrições para a descarga de rejeitos na água ou no ar.
  • Nos materiais: Substituição de uma matéria-prima por outra que tenha características mais benéficas;
  • Nos projetos: Um novo projeto técnico pode permitir uma mudança no processo, sem que se tenha de abandonar as técnicas anteriores;
  • Alteração de equipamentos e tecnologias;
  • Recuperação e reutilização no processo;
  • Manutenção eficaz.
No conceito das tecnologias limpas há uma co-responsabilidade envolvendo os vários segmentos que interagem no processo da economia: a sociedade no uso de seu direito de escolha se torna, de certa forma, responsável pelos produtos adquiridos, os órgão ambientais são responsáveis pela aplicabilidade legal e em determinar, através de estudos criteriosos, padrões de qualidade, fiscalizando para que os mesmos sejam atingidos e as organizações de, uma forma geral, se adequem às exigências sócio, econômica e ambiental.

ACV – Avaliação do Ciclo de Vida do Produto:

A Avaliação do Ciclo de Vida do Produto (ACV) consiste na análise sistemática de todos os impactos ambientais, ou seja, qualquer alteração no ambiente, seja ela adversa e ou benéfica, global ou parcial, resultante do produto em todas as fases do seu ciclo de vida, desde a extração e ou beneficiamento dos recursos naturais em matérias-primas, transporte, passando por todos os processos da produção e, por fim, a utilização e destinação final, ou seja, uma abordagem do berço ao túmulo.
  • Tudo que compõe o processo é considerado, desde a energia, a água e os insumos gerais gastos e suas implicações ambientais. Os resultados dessas análises são fundamentais para fundamentar tomadas de decisões em projetos, programas e processos de planejamento.
A Avaliação do Ciclo de Vida do Produto pode ser considerada como um importante instrumento de gestão ambiental para o desenvolvimento sustentável, tendo em vista que possibilita, a partir das etapas de análise, às empresas e organizações compreenderem as incidências e implicações ambientais de seus processos auxiliando as mesmas determinarem formas e estratégias para melhorias.
  • Todas as entradas e saídas de materiais e energias são consideradas, os efeitos sobre o meio ambiente em cada etapa da fabricação, identificação de todos os componentes utilizados e envolvidos no processo, emissões ambientais e seus efeitos sobre o ambiente.
O conceito de Avaliação do Ciclo de Vida do Produto envolve aspectos mais abrangentes do que apenas simples instrumentalização de análise e comparação de produtos e/ou serviços, está relacionado como um dos componentes essenciais para se conseguir a sustentabilidade econômica, através de dados quantificados sobre recursos, emissões e impactos ambientais ao longo da cadeia de valor, possibilitando uma vantagem competitiva em termos financeiros, através de importantes melhorias em seus produtos e processos. do que apenas simples instrumentalização de análise e comparação de produtos e/ou serviços, está relacionado como um dos componentes essenciais para se conseguir a sustentabilidade econômica, através de dados quantificados sobre recursos, emissões e impactos ambientais ao longo da cadeia de valor, possibilitando uma vantagem competitiva em termos financeiros, através de importantes melhorias em seus produtos e processos.
  • Base de informações sobre necessidades reais de recursos, consumo de energia e geração de poluentes, possibilitando identificar locais e situações em que seja possível obter redução de consumo e de geração de emissões e resíduos;
  • Avaliar e comparar entradas e saídas do sistema, associadas a produtos e processos identificando e/ou estabelecendo medidas alternativas para melhorias;
  • Possibilidades de desenvolvimento de novos produtos, processos e atividades buscando economia.
Além das vantagens de ordem econômica relacionadas aos processos e produtos, a avaliação do ciclo de vida do produto pode vir a ser um valioso instrumento de marketing para as empresas.

Rotulagem Ambiental:
  • A Rotulagem Ambiental é um mecanismo de comunicação também conhecido como selos, marcas ou símbolos utilizados para orientar o consumidor final sobre o desempenho ambiental de um determinado produto ou serviço. É um instrumento que possibilita ao fabricante ou ao vendedor comunicar o bom desempenho ambiental do produto e orientar o comprador nas suas escolhas de mercado, informando-os sobre os produtos com melhor desempenho ambiental, em comparação com outros produtos concebidos para o mesmo fim.
A Rotulagem Ambiental possui ainda um caráter educacional e de certa forma delimitador em termos de mercado, pois com o intuito de divulgar as boas práticas de uma empresa com o ambiente, identificando produtos menos poluentes proporciona ao consumidor final garantias de segurança em relação à empresas que fazem o mau uso dos recursos naturais através de processos produtivos incorretos que poluem e degradam o ambiente. A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT define Rotulagem Ambiental como:
  • Um rótulo ambiental é um selo que identifica, dentro de uma categoria específica de produtos/serviços, a preferência geral de um determinado produto ou serviço pelas questões ambientais, com base em considerações relativas ao ciclo de vida. 
Em contraste com outros símbolos “verdes” ou declarações feitas por fabricantes ou fornecedores de serviços, um rótulo ambiental é concedido por uma entidade de terceira parte, de forma imparcial, para determinados produtos ou serviços que são avaliados com base em critérios múltiplos previamente definidos. A Rotulagem Ambiental, como os processos de certificações, funciona como parâmetros de qualidade, de produtos e/ou processos. 
  • Configura-se como instrumentos fundamentais de gestão ambiental para o desenvolvimento sustentável, sendo que a rotulagem, propriamente dita, geralmente é voltada ao consumidor e às certificações das indústrias e organizações.
Programas de Rotulagem Ambiental:

Os programas de rotulagem ambiental possuem graus de abrangência diferenciados e têm por objetivos:
  • Orientar o setor privado e o consumidor final para a importância da rotulagem como instrumento para o desenvolvimento sustentável e a compreensão dos objetivos de um programa de rotulagem;
  • Divulgar aspectos ambientais de um produto que recebe o rótulo ambiental;
  • Influenciar na escolha do consumidor e no comportamento do fabricante.
Os programas podem variar de acordo com o produto em si quanto para com os problemas relacionados ao meio ambiente para os quais estão voltados. E classificados de acordo com o número de características do programa.
  • Uma das características de grande relevância é o tipo de organização que administra o programa. A grande proliferação de rótulos e selos ambientais no mercado, em parte sem garantias de procedência gerou a necessidade de se estabelecerem padrões e regras para o seu uso adequado. 
A Organização Internacional de Normalização (ISO) desenvolveu normas para a rotulagem ambiental, estabelecendo uma classificação para os diversos tipos de rotulagem e programas:
  • Programas de 1ª Parte: são aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes que diretamente se beneficiam em fazer a reivindicação ambiental (são geralmente fabricantes, varejistas, distribuidores ou comerciantes do produto). Esses programas também são conhecidos como autodeclarantes porque a parte que faz a reivindicação ambiental a faz sem verificação independente.
  • Programas de 2ª Parte: são aqueles que envolvem a rotulagem para produtos ou embalagens que são concedidos por associações comerciais. Não estão diretamente ligados à fabricação ou venda do produto e as categorias de informação podem ser estabelecidas pelo setor industrial ou por organismos independentes.
  • Programas de 3ª parte: são aqueles que envolvem a rotulagem de produtos ou embalagens por partes que são independentes da produção ou venda dos produtos, ou seja, não estão ligadas à fabricação ou venda do produto (instituições governamentais, do setor privado ou organizações sem fins lucrativos). 
Esses programas especificam normas para produtos ambientalmente preferíveis para selos do Tipo I.

Tipos de Programas:
1ª Parte, 2ª Parte, 3ª Parte:
Características:
  • As partes estão diretamente envolvidas na fabricação e comercialização do produto e se beneficiam por fazer a reivindicação.
  • Não usam critérios pré-estabelecidos e aceitos como referência. É voluntário.
  • As partes não estão diretamente envolvidas na fabricação ou comercialização do produto.
  • As partes são totalmente independentes da fabricação e comercialização do produto. 
  • Podem ser voluntários ou obrigatórios.
Partes Envolvidas:
  • São geralmente fabricantes varejistas, distribuidores, comerciantes.
  • Na maioria são associações comerciais que podem estabelecer e administrar um programa como um meio de facilitar a participação em programas de rotulagem e promover a performance ambiental de seus membros corporativos.
  • Geralmente consiste de organizações governamentais, do setor privado ou sem fins lucrativos.

Gestão de Tecnologias Limpas

Tipos dos Selos:
Tipo I, Tipo II, Tipo III:
  1. Conhecidos também como Autodeclarantes porque a parte faz a reivindicação ambiental sem a verificação de órgão independente.
  2. É positivo e monocriterioso.
  3. É multicriterioso. Pode ser voluntário ou obrigatório.
Nos programas de rotulagem ambiental são emitidos três tipos de selos: positivo, negativo ou neutro e cartões relatório.
  • Os Programas de Rotulagem Positivos emitem selos que certificam que os produtos possuem um ou mais atributos ambientalmente preferíveis. Focalizam os atributos positivos de um produto e emitem selos das seguintes categorias:
Selos de aprovação - concede ou licencia o uso de um logotipo para produtos que o programa julga serem menos prejudiciais em termos ambientais quando comparado com outros produtos, com base num conjunto específico de critérios estabelecidos.
Certificações de um único atributo - emitem selos que atestam que a reivindicação feita para um atributo de um determinado produto que alcançou a definição especificada. Tais programas definem termos, tais como “reciclado” ou “biodegradável” e aceita solicitações de comerciantes para verificação de que o atributo de seus produtos satisfaz à definição do programa. Uma vez verificada a conformidade do produto com a definição, o programa concede o uso do logotipo ao comerciante.
  • Programas de Rotulagem Negativos - concedem selos obrigatórios aos produtos e têm o propósito de apontar claramente as características negativas e encorajar o uso seguro de produtos potencialmente perigosos. Serve como alerta para os consumidores sobre os ingredientes prejudiciais ou perigosos contidos naqueles produtos.
Selos geralmente são obrigatórios - Programas de rotulagem para produtos prejudiciais ou perigosos exigem que aquela informação deva aparecer para informar ao consumidor sobre questões de saúde e segurança relacionadas ao produto.
  • Os Programas de Rotulagem Neutros apresentam um relato sumário de fatos acerca do produto que permite aos consumidores fazer seu próprio julgamento com base no seu conteúdo específico. Tais selos podem também prover informações para fabricantes e outros que possam usar a informação para uso.
Selos Informativos – são os que simplesmente limitam-se a indicar, de forma resumida, os atributos de um produto, deixando para os usuários a decisão final de compra ou não do mesmo.
A rotulagem ambiental tem como objetivo principal informar os consumidores sobre as características e origem do produto, estudos de avaliação do ciclo de vida e se o mesmo deriva de um processo que utilize tecnologias limpas. Constituem-se, portanto em um importante instrumento para cidadania e um elemento essencial para o marketing empresarial.
  • “Pois a reversão do processo de degradação ambiental pautada no crescimento econômico, só será possível se houver mudanças significativas na forma de relacionamento entre processo produtivo e meio ambiente”.
Concluímos aqui a Gestão de Tecnologias Limpas, onde discutimos a necessidade de se repensar o crescimento econômico a partir do ponto de vista dos sistemas e processos produtivos. Em um momento em que a responsabilidade ambiental nas empresas é tema recorrente nos debates em nível internacional.
  • A pressão por um meio ambiente mais saudável e equilibrado tem levado as empresas de uma forma geral a adotarem novas estratégias em seus processos que possam influir de forma significativa em seu desempenho ambiental, instrumentos como a avaliação do ciclo de vida do produto e iniciativas como a rotulagem ambiental estreitam ainda mais o laço positivo entre empresa envolvendo processos, o produto propriamente dito e o consumidor.
Na primeira teleaula, reforçamos a necessidade de se buscar novas possibilidades de pesquisas e conhecimentos, estudos de casos bem sucedidos envolvendo as estratégias de tecnologias limpas se consistem em boas oportunidades de aprendizado ao aluno e um excelente referencial prático aos conteúdos apresentados na disciplina.
  • Na próxima unidade de seu livro didático abordaremos o que podemos considerar como uma das mais difundidas estratégia em tecnologias limpas, a P+L ou Produção Mais Limpas, um conjunto de ações direcionadas ao processo de produção envolvendo toda sua complexidade, desde a preparação e entradas de insumos e energia no processo às saídas dos produtos, uma análise detalhada e criteriosa das diversas etapas com vistas à eficiência.
P+L Produção Mais Limpa:
Objetivos da Unidade:
  • Apresentar os conceitos, definições, metodologias e procedimentos da Produção Mais Limpa como uma das importantes ferramentas das Tecnologias Limpas para garantir às empresas competitividade em vista dos benefícios econômicos, visibilidade em decorrência da responsabilidade ambiental e assegurar o equilíbrio e conservação dos Recursos Naturais.
Habilidades e Competências:
  • Conhecimento dos conceitos, metodologias e aplicabilidade da Produção Mais Limpa no âmbito das empresas.
Nesta unidade estudaremos o que podemos considerar como uma das mais importantes e abrangentes metodologias no contexto das tecnologias limpas, a P+L ou Produção Mais Limpa, uma verdadeira abordagem sistêmica dos processos, que prioriza a variável ambiental em todos os níveis da empresa, desde a aquisição das matérias-primas ao desenvolvimento, design, processos e usos dos produtos, considerando as condições de segurança no trabalho e o relacionamento da empresa com os consumidores e sociedade.
  • Para compreender melhor os conceitos apresentados nesta unidade é fundamental que assistam também à teleaula II, que é parte complementar do conteúdo didático. As questões ambientais e sua importância para o sucesso empresarial é indiscutível, tendo em vista, serem, segundo a percepção das sociedades, as atividades e processos industriais os grandes responsáveis pelos problemas ambientais em nível mundial.
Práticas de gestão ambiental que envolvam metodologias consideradas limpas nos processos e procedimentos com foco para o desenvolvimento sustentável são inadiáveis, implicam exatamente nas questões de bem estar e qualidade de vida das populações e sobrevivência no caso das organizações. Num mundo globalizado, onde as tecnologias de informação e comunicação determinam o ritmo do progresso e de certa forma promovem a contração do tempo.
  • A velocidade em que as informações percorrem o mundo rompe até as mais sólidas barreiras culturais, promovendo inevitavelmente mudanças comportamentais nas sociedades. Tudo leva de alguma forma ao consumo, novas necessidades nos são impostas a cada momento. O apoderamento por parte da sociedade sobre as questões ambientais é imprescindível, assumir que não apenas fazemos parte do ambiente, mas que essencialmente somos o ambiente, onde os elementos naturais são nossos constituintes básicos e os recursos naturais são bens coletivos que pertencem ao conjunto de toda sociedade e que se não forem tratados e ou explorados de forma consciente, provavelmente se tornarão indisponíveis. A CF, em seu artigo 225, define claramente esse aspecto:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. E no Parágrafo V, como medida para assegurar a efetividade desse direito, controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem riscos para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
  • Portanto, a questão ambiental deve invariavelmente ser pensada e introduzida nos processos produtivos, não apenas como uma obrigatoriedade legal, mas principalmente por uma questão de respeito à sociedade como um todo, internalizando custos ambientais quando necessários, através do uso de tecnologias limpas e produção de bens e produtos amigáveis ambientalmente.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, 2008), a prática da P+L, inserida como um instrumento do desenvolvimento sustentável, oferece às empresas maior competitividade, devido à economia que se alcança, bem como a valorização da sua marca pela associação ao respeito pelo meio ambiente, bem comum de toda a humanidade.

Contexto histórico:
  • Até o final dos anos 70 os resíduos gerados pelas empresas eram despejados nos corpos d´água, lançados sem controle no ar ou no solo, não existindo, portanto dentro da empresa um profissional e/ou departamento responsável pelo meio ambiente.
Os processos tinham como características altas demandas por recursos naturais e grande geração de resíduos que retornavam ao meio natural, ou seja, argumentava-se que a geração de resíduos era inerente a qualquer processo produtivo, sendo possível apenas parte de seu tratamento e posterior descarte no meio natural. Buscava-se a solução do problema sem questioná-lo, uma maneira reativa e limitada de administrar os problemas que apenas agregavam novos custos ao processo produtivo.
  • Estratégia que se caracterizava por um fluxo linear de produção, também conhecida como estratégia fim de tubo, não definia um controle efetivo das emissões, geração de efluentes líquidos e resíduos sólidos, incorrendo em baixas taxas de reutilização e reciclagem dos resíduos gerados.
Introduzida pelo PNUMA no início da década de 90, a Produção Mais Limpa (P+L) foi definida como uma metodologia de aplicação contínua de estratégias ambientais preventivas e integradas aos processos, produtos e serviços com a finalidade de aumentar a eco-eficiência com a redução de riscos ao homem e ao meio ambiente, sendo aplicada em:
  • Processos produtivos incluindo a conservação de recursos naturais, energia, eliminação de matérias-primas tóxicas e redução da quantidade e da toxicidade dos resíduos e emissões:
  • Produtos envolvendo a redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida de um produto, desde a extração das matérias-primas até a sua disposição final;
  • Serviços envolvendo estratégias para incorporação de conceitos ambientais no planejamento e distribuição dos mesmos.
Em 1987, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas apresentou o “Relatório Brundland”, que definitivamente definiu o desenvolvimento sustentável como sendo: “uma forma de desenvolvimento, que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações, de satisfazerem as suas”.
Uma das medidas para atender as metas do relatório foram às implementações de políticas ambientais voltadas para a introdução de tecnologias limpas nos processos produtivos como forma de combater e/ou eliminar os passivos ambientais, responsáveis por sérios danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas expostas aos seus contaminantes, sob pena de comprometimento da imagem da empresa junto à sociedade e problemas de ordem legal envolvendo penalidades por parte de órgãos ambientais.
As empresas que incorporam aos seus processos produtivos metodologias em tecnologias limpas, relacionadas à Produção Mais Limpa só obtém vantagens, o programa possibilita à empresa conhecer melhor todo o seu processo produtivo e, portanto, a possibilidade de controlar cada etapa, antecipando-se aos problemas
  • Benefícios de ordem sócio-econômica: Qualquer que seja o projeto e/ou mudanças estruturais que se pretenda a decisão invariavelmente depende da relação custo-benefício, ou seja, requerem estudos no sentido de avaliar, quais os benefícios reais que o investimento trará à empresa.
Consumo reduzido e eliminação de desperdícios em função de estratégias de melhor aproveitamento das matérias-primas e recursos como água, energia entre outros;
Redução e/ou eliminação de matérias-primas e outros insumos impactantes para o meio ambiente;
Redução significativa nos níveis de poluição, riscos e impactos ambientais;
Redução na geração de resíduos sólidos e emissões;
Redução dos custos de gerenciamento dos resíduos;
Minimização e/ou eliminação total dos passivos ambientais;
Incremento na saúde e segurança no trabalho com a redução de acidentes operacionais;
Melhorias no relacionamento com a circunvizinhança;
Ganhos financeiros decorrente da boa visibilidade e aceitação junto ao mercado;
Conscientização ambiental dos funcionários;
Redução de gastos decorrentes de multas e outras penalidades legais.
  • Benefícios ambientais: Os problemas ambientais e suas consequências trouxeram nas últimas décadas mudanças de comportamento e consequentemente uma nova percepção do ambiente por parte da sociedade, a abordagem em torno da proteção ambiental, principalmente no tocante à prevenção e controle nos processos produtivos passaram a fazer parte das prioridades das empresas frente às exigências da sociedade, por uma condição ambiental mais adequada.
  • Reduzir e/ou eliminar o lançamento de resíduos no ambiente, onde se inclui todos os tipos de poluentes, resíduos sólidos, perigosos ou não, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, calor, ruído ou qualquer tipo de perda que ocorra durante o processo de geração de um produto ou serviço;
Os processos devem essencialmente ocorrer sem que haja nenhum tipo de contaminação ou dano ambiental, utilizando os recursos naturais com a máxima eficiência possível;
Eficiência energética nos processos de produção;
Saúde e segurança ocupacional, reduzindo ao máximo os riscos para os trabalhadores através de um ambiente saudável e mais seguro;
Qualidade ambiental dos produtos, subprodutos e serviços devem ser prioridade em todos os estágios, desde a fase de planejamento do produto, a produção propriamente dita, comercialização, uso e disposição final, ou seja, todo ciclo de vida;
Embalagens ambientalmente adequadas para que possam após o uso serem eliminadas com menor impacto ambiental possível de forma segura e/ou sempre que possível destinada a outra finalidade.
Outro aspecto de relevância na Produção Mais Limpa são as mudanças comportamentais nos quadros das empresas, a participação de todos os envolvidos no processo é fundamental para o sucesso. Ao privilegiar soluções de prevenção e controle de perdas como o foco na fonte geradora é possível antecipar-se aos problemas tratando as inconformidades antes que contaminem todo o processo.
  • A meta é a geração zero de resíduos, buscando meios para obtenção de um controle eficiente de todas as fases do processo de produção de forma que os fluxos de matéria e energia operem em circuitos fechados com altas taxas de reuso e reciclagem interna.
O programa de Produção Mais Limpa possibilita o conhecimento e, portanto o domínio sistemático de todo processo de produção em seus diversos aspectos, através de monitoramentos regulares é possível obter a almejada ecoeficiência de produção e gerar indicadores ambientais e de processo que permitem o controle global de necessidades. Um programa eficiente e de resultados em Produção Mais Limpa deve integrar-se ao Gerenciamento da Empresa, envolvendo Recursos Humanos, Sistemas de Qualidade e de Segurança Ocupacional.

Diferenças nas Abordagens: 
Fim de Tubo e  Produção Mais Limpa:
Pretende reação. Pretende ação.
  • Os resíduos, os efluentes e as emissões são controlados através de equipamentos de tratamento.
  • Prevenção da geração de resíduos, efluentes e emissões na fonte. Procurar evitar matérias-primas potencialmente tóxicas.
  • Proteção ambiental é um assunto para especialistas competentes.
  • Proteção ambiental é tarefa para todos.
  • A proteção ambiental atua depois do desenvolvimento dos processos e produtos.
  • A proteção ambiental atua como uma parte integrante do design do produto e da engenharia de processo.
  • Os problemas ambientais são resolvidos a partir de um ponto de vista tecnológico.
  • Os problemas ambientais são resolvidos em todos os níveis e em todos os campos.
  • Não tem a preocupação com o uso eficiente de
  • matérias-primas, água e energia.
  • Uso eficiente de matérias-primas, água e energia.
  • Leva a custos adicionais. Ajuda a reduzir custos.
Custo com investimentos em sistemas de controle de poluição são inerentes aos processos produtivos, porém o que difere o volume nos investimentos entre uma estratégia e outra é exatamente a eficiência e abrangência de uma sobre a outra. Os custos relacionados ao processo passíveis de reduções significativas a partir de uma estratégia operacional adequada são:
  • Gerenciamento e tratamento de Resíduos Sólidos;
  • Gerenciamento e tratamento de águas e efluentes;
  • Gerenciamento e controle de emissões atmosféricas;
  • Monitoramento Ambiental;
  • Sistema de Saúde Ocupacional;
  • Adequações necessárias ao Licenciamento Ambiental;
  • Adequações para SGA.
Implantação da Estratégia de Produção Mais Limpa:
  • Respeito aos prazos e a continuidade nas etapas de implantação do programa é fundamental para o sucesso. Considerando que o princípio básico da Produção mais Limpa é a eliminação e modificações de tudo que possa gerar não conformidades e consequentemente prejuízos decorrentes de perdas ao longo do processo, portanto descontinuidades podem representar obstáculos na obtenção de resultados.
As etapas podem, num momento ou outro, ser modificadas e ou alteradas conforme as necessidades específicas de cada processo:

Etapa I:
  • Comprometimento e envolvimento da direção da empresa. É necessário que haja transparência nas decisões e que o interesse na implantação do programa esteja bem claro para que se obtenha o apoio, participação e empenho de toda a equipe de funcionários. O comprometimento explícito do dono da empresa, da direção da empresa e da alta gerência é fundamental para a realização do trabalho e a obtenção de resultados consistentes.
  • Identificação de barreiras – Todo obstáculo pode de alguma forma impedir o andamento nos processos, portanto buscar soluções adequadas para superá-los é imprescindível;
  • Estabelecimento da amplitude do Programa - É necessário definir antecipadamente e em conjunto com a empresa a abrangência do programa, se o mesmo incluirá toda a empresa e/ou apenas alguns setores e por onde iniciar (definir setores prioritários);
  • Formação do Ecotime - O grupo de trabalho formado por profissionais da empresa que terão a incumbência de conduzir o programa.
Funções do Ecotime:
Efetuar o diagnóstico;
Implantar o programa;
Identificar oportunidades;
Monitorar o programa;
Cuidar da continuidade do programa.
Etapa II:
  • Avaliação, análise e estudo do fluxograma dos processos de produção da empresa com o objetivo de identificar não conformidades estabelecendo prioridades. Analise detalhada do fluxograma do processo com foco nas entradas de matérias-primas, água e energia e nas saídas com a geração de resíduos, efluentes e emissões, bem como dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento como forma de obter informações quantitativas referente à situação ambiental da empresa.
  • A partir do diagnóstico da condição ambiental da empresa desenvolve-se uma planilha relacionando os principais aspectos ambientais, considerando regulamentações legais, quantidade, toxicidade e dos resíduos gerados, bem como custos envolvidos com tratamento, etc., estabelecendo entre as atividades e operações da empresa qual será o foco de trabalho.
  • Após o levantamento do fluxograma do processo produtivo da empresa,
Ecotime fará o levantamento dos dados quantitativos de produção e ambientais existentes, utilizando fontes disponíveis como, por exemplo, estimativas do setor de compras etc. Fluxograma qualitativo do processo
Etapa III:
  • Nesta fase é elaborado o balanço material com o levantamento quantitativo mais detalhado do processo produtivo. Os itens avaliados serão os mesmos levantados anteriormente no diagnóstico da situação ambiental da empresa, porém o objetivo é obter um panorama atual da empresa em relação às questões ambientais e poder a partir desses dados traçar o perfil desejado com a implantação do Programa de Produção mais Limpa:
Análises quantitativas de entradas e saídas;
Quantificação de entradas (matérias-primas, água energia e outros insumos);
Quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos), mais o detalhamento no processo;
Dados da situação ambiental da empresa;
Dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento.
  • A identificação de elementos no processo que auxiliarão como indicadores é imprescindível para avaliação da eficiência da metodologia adotada e para acompanhar o seu desenvolvimento. Serão analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores estabelecidos durante a etapa de quantificação e, dessa forma, após a etapa de implementação, determinar as opções de mudanças mais adequadas de Produção mais Limpa;
A partir dos dados levantados no balanço material (quantificação), o Ecotime identificará as origens e causas determinantes na geração de resíduos e emissões na empresa:
  • Origem relacionada às operações e processos:
Consumo de água e energia não conferidos;
Acionamento desnecessário ou sobrecargas de equipamentos;
Falta de manutenção preventiva;
Etapas desnecessárias no processo;
Falta de informações de ordem técnica e tecnológica.
Ineficiência na utilização de parâmetros de processo;
Uso de tecnologias de processo ultrapassadas.
  • Origem relacionada às matérias primas:
Uso de matérias-primas de menor custo, sem padrão de e especificação de qualidade;
Deficiência no suprimento;
Sistema inadequado na gerência de compras;
Estocagem e armazenagem inadequada.
  • Origem relacionada aos produtos:
Proporção inadequada entre resíduos e produtos;
Incompatibilidade no design do produto;
Embalagens inadequadas;
Produto fabricado com matérias-primas perigosas;
Produto de difícil desmontagem e reciclagem.
  • Origem relacionada ao capital investido e/ou disponível:
Disponibilidade reduzida de capital para investimento em mudanças tecnológicas e de processo;
Interesses exagerados no lucro, sem preocupações claras e efetivas como a geração de resíduos e emissões.
  • Origem relacionada aos resíduos:
Inexistência de programa de controle e separação de resíduos;
Baixa taxa de aproveitamento, recuperação energética e/ou de reuso de resíduos;
Manuseio inadequado.
  • Origem relacionada aos recursos humanos:
Mão de obra não qualificada e/ou treinada;
Condições inadequadas de trabalho;
Trabalho sob pressão e dependência crescente de trabalho eventual e ou terceirizado.
  • Origem relacionada aos fornecedores:
Aquisição de insumos e matérias-primas sem padronização;
Distanciamento no relacionamento e falta de intercâmbio com os fornecedores;
○ F oco somente do lucro na negociação, sem preocupação com o produto final.
Com base nas causas e origens descritas é possível estabelecer modificações e melhorias em vários níveis do processo.
  • Nos aspectos relacionados especificamente à geração de resíduos, efluentes e emissões podem se dar de duas formas:
Através da minimização de resíduos (redução na fonte), efluentes e emissões;
Através da reutilização de resíduos (reciclagem interna e externa), efluentes e emissões:
  • Redução na Fonte - envolve modificação no produto e no processo.
Modificação no produto - é uma abordagem complexa, geralmente de difícil implementação, pois envolve a aceitação pelos consumidores de um produto novo ou renovado. Geralmente é adotada após serem esgotadas as possibilidades de opções mais simples. Podem ser:
  • • Através da substituição completa do produto;
  • • Aumento na durabilidade;
  • • Substituição de matérias-primas;
  • • Modificação do design;
  • • Uso de matérias-primas recicláveis e recicladas;
  • • Substituição de componentes críticos;
  • • Simplificação na produção com a redução do número de componentes;
  • • Possibilidade do retorno de produtos;
  • Substituição de itens do produto ou alteração de dimensões para um melhor aproveitamento da matéria prima.
Modificação no processo - são aquelas que envolvem estratégias de modificação no processo, ou seja, em todo o sistema de produção dentro da empresa.
Boas práticas operacionais implicam na adoção de procedimentos técnicos, administrativos ou institucionais que uma empresa pode implantar para minimizar os resíduos, efluentes e emissões. Geralmente são medidas de baixo investimento.
  • Mudanças nas dosagens e concentração de produtos;
  • Otimização dos processos produtivos;
  • Otimização dos intervalos de limpeza e de manutenção;
  • Redução de perdas devido à evaporação e a vazamentos;
  • Otimização nos processos de compra, estocagem, armazenamento e distribuição de matérias-primas e produtos;
• Elaboração de manuais de boas práticas operacionais;
• Treinamento e capacitação das pessoas envolvidas no programa.
Substituição de matérias-primas – implicam na substituição de materiais potencialmente tóxicos, que podem afetar a saúde e a segurança do trabalhador e obrigam a utilização de equipamentos específicos de proteção (EPIs) e materiais geradores de resíduos, efluentes e emissões perigosos ou não-inertes, que necessitam de controle para evitar impactos negativos ao meio ambiente:
  • Substituição de solventes sintéticos por agentes aquosos;
  • Escolha de matérias-primas com menor teor de impurezas;
  • Escolha de matérias-primas com menor possibilidade de gerar subprodutos indesejáveis;
  • Substituição de Fornecedores - uso de resíduos como matérias-primas de outros processos;
  • Modificação de embalagens de matérias primas;
  • Uso de substâncias livres de metais pesados;
  • Uso de matérias primas que tenham um ciclo de vida conhecido e que facilitem o sistema de fim de vida de produtos.
Mudanças tecnológicas - são orientadas para as modificações de processo e de equipamento para reduzir resíduos, efluentes e emissões no sistema de produção. Podem variar desde mudanças simples, que podem ser implementadas num curto período, até mudanças complexas e onerosas, como a substituição completa de um processo. Reciclagem interna aplica-se a todos os processos de recuperação de matérias primas, materiais gerais e insumos que são feitos dentro da planta industrial.

Etapa IV:

É o momento das avaliações: técnicas, econômicas, ambientais e seleção de possíveis oportunidades de melhorias considerando a eficiência no uso das matérias-primas, água, energia etc.;
  • Avaliação técnica.
Impactos das medidas propostas sobre o processo, quanto à produtividade, segurança etc.;
Análises e ou ensaios de qualidade quando a opção envolver mudanças significativas no processo;
Análise e verificação de experiências semelhantes no mercado;
  • Analise dos impactos relacionados às pessoas e funcionários envolvidos nas mudanças, envolvendo inclusive adequações e capacitações técnicas adicionais;
  • Avaliação ambiental.
Investigação quanto à redução na geração de resíduos, efluentes, emissões, e diminuição de substâncias tóxicas, se de fato são significativas;
Redução na utilização de recursos naturais;
  • Avaliação econômica
Quantificar os investimentos necessários e se os custos operacionais e receitas refletem as projeções estimadas;
Economia da empresa com a redução e/ou eliminação de multas.
  • Os resultados obtidos durante as atividades de avaliação técnica, ambiental e econômica possibilitarão a seleção oportunidades viáveis de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ecotime.
Etapa V:

Constitui-se na implementação, monitoramento e plano de continuidade.
Obtidos os resultados das avaliações e detectadas as oportunidades possíveis serão traçadas as estratégias para implementação do plano de continuidade. É importante considerar:
  • Detalhamento das especificações técnicas;
  • Otimização do tempo de instalação;
  • Controle sobre as instalações de equipamentos;
  • Monitoramento das medidas a serem implantadas;
  • Acompanhar cronograma das atividades;
  • Determinar prazos, responsabilidades e resultados esperados em cada atividade e determinar uma estratégia de continuidade.
A Produção Mais Limpa frente à atual conjuntura econômica e os novos cenários sócio-ambientais nacionais e internacionais apresenta-se como uma excelente oportunidade para a estabilidade empresarial e, portanto possibilidades reais de crescimento. Empresas preocupadas com a questão ambiental com foco na sustentabilidade de seus negócios sabem plenamente que é por meio das estratégias de melhorias contínuas, que levam em conta a as questões ambientais como um componente essencial na solução de problemas operacionais, que se estabelecem as mudanças efetivas e duradouras.

Gestão de Tecnologias Limpas