terça-feira, 15 de setembro de 2015

Propriedades Físicas e Químicas de um Solo

Propriedades Físicas e Químicas de um Solo 

  • O setor florestal vem ganhando destaque no cenário da economia brasileira, principalmente com o cultivo do eucalipto, que constitui uma espécie bastante versátil e com emprego em vários ramos, fundamentalmente na indústria de celulose e papel, indústria moveleira, para combustível, moirões, postes, entre outros.
A área total com florestas no Brasil é de 851,4 milhões de hectares, sendo que desse total, 477,7 milhões de ha correspondem a florestas naturais e 5,98 milhões de ha a florestas plantadas, das quais, 3,75 milhões de ha são plantadas com eucalipto (SBS, 2008). No Rio Grande do Sul, a área plantada subiu de 35.000 ha em 2005 para 45.000 ha em 2007 (SBS, 2008). 
  • Devido a este cenário de crescimento e expansão da atividade, se fazem necessários estudos relacionados à qualidade do solo em áreas implantadas com eucalipto para verificar os efeitos dos plantios florestais homogêneos, bem como do espaçamento de plantio no solo.
Desde os primórdios da atividade silvicultural no Brasil, há questionamentos a respeito dos efeitos dos plantios florestais nas propriedades do solo, pois os povoamentos florestais homogêneos podem proporcionar algumas alterações no solo, como as decorrentes da relação com a matéria orgânica da serapilheira depositada. Essa relação é dependente da espécie e da densidade do povoamento (TONINI, 2003).
  • Segundo Martins et al. (2002), apesar da expansão de florestas homogêneas de pinus e eucalipto ocorrerem em larga escala no Brasil e ocupar extensas áreas, há poucos estudos à respeito dos impactos desses povoamentos no solo. Além disso, de acordo com os autores, diferentes coberturas vegetais proporcionam distintos comportamentos em relação aos atributos físicos e químicos do solo.
A degradação das propriedades físicas do solo é um dos principais processos responsáveis pela perda da qualidade estrutural e do aumento da erosão hídrica. Algumas práticas culturais e de manejo provocam alterações nas propriedades do solo, principalmente em suas características estruturais. Tais alterações podem manifestar-se de várias maneiras, influenciando o desenvolvimento das plantas.
  • Desta forma, o solo submetido ao cultivo tende a perder a sua estrutura original, pelo fracionamento dos agregados em unidades menores, com conseqüente redução no volume de macroporos e aumentos no volume de microporos e na densidade (TISDALL; OADES, 1982; BERTOL, 2001). 
Porém, em solos florestais, a adição de material orgânico tem se mostrado como uma técnica capaz de melhorar a agregação, a capacidade de armazenamento de água, a condutividade hidráulica, a densidade, o grau de compactação e a resistência à erosão hidráulica e eólica (LEROY et al., 2008).
Quanto às propriedades químicas, o movimento de nutrientes nos povoamentos florestais ocorre por meio da absorção pelas plantas e o seu retorno pela liberação dos nutrientes através da decomposição do material vegetal depositado sobre o solo (VEZZANI; TEDESCO; BARROS, 2001).
  • A densidade de um povoamento florestal pode promover alterações nas propriedades físicas e químicas no solo. As características físicas são modificadas de acordo com o sistema radicular da espécie, além do tipo e quantidade da manta depositada, enquanto que as químicas são afetadas de acordo com a dinâmica dos nutrientes no solo, devido à absorção pelas plantas, e pela matéria orgânica.
No Brasil, desde os primeiros plantios florestais, têm se destinado à atividade silvicultural os solos menos férteis e geralmente de grande susceptibilidade à erosão. Para tal situação, podem ser colocadas como razões o menor valor econômico de aquisição desses solos, aliado à suposições técnicas de que as essências florestais possuem pequenas exigências nutricionais, bem inferiores as das culturas agrícolas, apresentando bom desenvolvimento em solos pouco férteis (GONÇALVES, 1988).
  • Nos últimos anos, diversos estudos têm sido realizados para comparar os efeitos das práticas de manejo do solo e dos cultivos sobre a produção (GAVANDE, 1976). No entanto, o impacto dos plantios florestais com espécies de rápido crescimento sobre o solo depende do local onde os plantios estão inseridos, devendo ser realizados estudos detalhados em todas as áreas onde existem ou deseja-se instalar grandes empreendimentos florestais, pois o rápido crescimento das plantações florestais pode levar a imediatas mudanças nas características do solo (BINKLEY; RESH, 1999).
Os questionamentos a respeito dos efeitos dos povoamentos florestais homogêneos de eucalipto nas propriedades do solo e do grau de limitação oferecido pelos solos arenosos na região sudoeste do Rio Grande do Sul foram os fatores que nortearam a realização do presente estudo. 
  • Dessa forma, os objetivos do estudo foram verificar as alterações físicas e químicas ocorridas em um argissolo vermelho distrófico com o plantio de eucalipto em diferentes densidades populacionais e verificar o efeito do espaçamento entre plantas no crescimento inicial do eucalipto.
Histórico dos plantios de Eucalyptus no Brasil:
  • Os primeiros eucaliptos no Brasil foram plantados no Rio Grande do Sul em 1868 por Frederico de Albuquerque. No mesmo ano foram plantados alguns exemplares por Pereira da Cunha, em Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro (SAMPAIO, 1975). 
Porém, esses plantios ocorreram com a função de ornamentação, quebra-ventos ou pelas propriedades sanitárias da maioria das espécies.Comercialmente, a introdução do eucalipto no Brasil ocorreu para suprir a demanda de lenha pelas locomotivas e para servir de dormentes dos trilhos das ferrovias da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (HASSE, 2006). 
  • A partir daí, os plantios do gênero Eucalyptus se estenderam para todo o centro e sul do país, intensificando a produção a partir de 1960, com a política de incentivo fiscal ao reflorestamento, especialmente para as grandes indústrias siderúrgicas e de papel e celulose (HASSE, 2006).
Os primeiros estudos sobre o gênero Eucalyptus no Brasil foram realizados por Navaro de Andrade, o grande precursor, o qual iniciou estudos relacionados à seleção de espécies e espaçamento de plantio (SAMPAIO, 1975). 
  • Esses estudos foram fundamentais para a expansão da atividade silvicultural com o eucalipto no Brasil. De acordo com Reis [19--], as experiências feitas por Navarro de Andrade com a colaboração dos técnicos do laboratório de produtos florestais de Maidson (EUA) foram primordiais para o aproveitamento do eucalipto como pasta de celulose para papel.
Os estudos de seleção de espécies e materiais genéticos foram responsáveis pela expansão da atividade florestal, não somente na indústria de celulose e papel.
  • O aumento da demanda de madeira como matéria-prima para a fabricação de chapas de madeira e outros, e as rápidas mudanças tecnológicas resultaram em um aumento adicional do reflorestamento com eucalipto, colocando-o na posição do gênero mais plantado no mundo (VALE, 2004). 
Esse aumento da demanda de madeira proporcionou possibilidades de utilização do eucalipto para a obtenção de madeira para serraria, lenha e produção de dormentes (PRYOR 1976).

Efeito dos plantios florestais nas propriedades do solo:
  • Desde as primeiras plantações no Brasil, o gênero Eucalyptus tem sido alvo de questionamentos e estudos a respeito do seu efeito no ambiente natural, principalmente em relação às características do solo. De acordo com Lima (1996), as principais preocupações nesses estudos referem-se às possíveis alterações proporcionadas ao solo pela decomposição da serapilheira e pelo consumo de água pelos povoamentos florestais homogêneos formados com o gênero.
As propriedades do solo sofrem algumas modificações de acordo com o seu uso e manejo, modificações estas, que podem ser benéficas ou não. As propriedades físicas são as que mais se alteram de acordo com uso do solo (CONCEIÇÃO, 2005). 
  • Tais modificações se refletem, principalmente, na estrutura. O solo é um sistema dinâmico e, dependendo das formas de uso e manejo adotadas, suas características podem ser bastante alteradas (ANDRADE, 1997). 
A cobertura florestal sobre um solo pode causar mudanças nas suas propriedades, especialmente pelo grau de proteção oferecido contra a erosão, pela capacidade do sistema radicular em penetrar no solo e extrair água e nutrientes e pela quantidade e qualidade da matéria orgânica produzida, que é gradualmente incorporada, aumentando o estoque de carbono orgânico (BRUN, 2008).
  • Os sistemas florestais podem proporcionar benefícios às propriedades físicas do solo devido ao maior aporte de matéria orgânica. Desta forma, as utilizações de práticas de manejo que beneficiam o aumento da matéria orgânica são de extrema importância, pois, além de serem capazes de fixar o carbono, propiciam melhorias nas propriedades físicas. 
Além disso, a utilização de sistemas que revolvem o solo estimula a atividade microbiológica, fazendo com que ocorra um aumento na mineralização da matéria orgânica, e, com isso, aconteça um aumento da taxa de respiração, devolvendo CO2 para a atmosfera.
  • De acordo com Lima (1996), as plantações de eucalipto melhoram as condições físicas do solo em relação à matéria orgânica e à atividade microbiológica, resultando em melhoria simultânea da estrutura, aeração, capacidade de armazenamento e infiltração da água. Segundo o autor, o eucalipto também apresenta benefícios em relação às propriedades químicas do solo.
Muitas espécies de Eucalyptus crescem naturalmente em solos com estado nutricional baixo. Porém possuem a capacidade de responder com aumento das taxas de crescimento em condições mais férteis e, especialmente, para níveis mais altos de nitrogênio e fósforo (TURNBULL; PRYOR, 1984). 
  • Segundo os autores, a maior importância do solo com relação à produtividade do Eucalyptus está relacionada à profundidade do solo, pois poucas espécies produzem bem em solos muito rasos.
Espaçamento de plantio:
  • O espaçamento entre plantas em um sitio florestal deve ser determinado em função do grau de limitação da área, como disponibilidade de água e de nutrientes no solo. Além disso, a escolha do espaçamento também deve considerar a espécie, as quais apresentam diferentes comportamentos dependendo do local e do objetivo de produção, ou seja, o uso futuro da madeira a ser produzida (TONINI, 2003).
O crescimento observado de uma árvore individual ou dos povoamentos florestais é resultante de processos fisiológicos, que são condicionados por um complexo de fatores biológicos e ambientais. 
  • Segundo Gonçalves; Demattê; Couto (1990) os principais determinantes biológicos da produtividade florestal são a variabilidade genética, a densidade do povoamento, a competição entre plantas e a intensidade de doenças e pragas, enquanto os determinantes ambientais se referem ao clima e ao solo. 
De acordo com os autores, quando os fatores climáticos se mantêm constantes, as propriedades do solo constituem o principal fator do ambiente físico, que tem uma relação considerável com o crescimento das árvores.
  • Segundo Schneider (1993), a densidade do povoamento, depois da capacidade produtiva do sítio, é o segundo fator em importância para a determinação da produtividade de um local, e, além disso, é o principal fator que o silvicultor pode manejar durante o desenvolvimento dos povoamentos florestais.
O espaçamento tem uma série de implicações silviculturais em povoamentos florestais, pois pode afetar as taxas de crescimento das plantas e, ainda, a qualidade da madeira, a idade de corte e, com isso, modificar os custos de produção (BALLONI; SIMÕES, 1980). 
  • Segundo os autores, o espaçamento tem maior influência sobre o desenvolvimento do DAP que sobre a altura das árvores, pois a diminuição do espaçamento tende a aumentar o número de árvores dominadas, para a maioria das espécies, e estas por sua vez contribuem efetivamente para a diminuição da altura média do povoamento.
Para Pinkard; Neilsen (2003), a maioria dos estudos sobre espaçamentos têm concluído que a produção total de madeira aumenta com o aumento da densidade.
  • Porém, os espaçamentos mais amplos permitem o consórcio com espécies agrícolas e/ou pastagem em sistemas agrossilvipastoris sequenciais. O consórcio com cultivos agrícolas nos anos iniciais, seguido da formação de pastagens para engorda de gado de corte, apresenta-se como uma alternativa potencial para amortizar os custos de implantação e de manutenção inicial da floresta (KRUSCHEWSKY et al., 2007). 
Para a região do cerrado, que apresenta solos com baixa fertilidade e restrições hídricas, os espaçamentos para reflorestamento deverão ser mais amplos (SILVA, 1984 apud GOMES, 1994).
Além de considerar os fatores ambientais, na escolha do espaçamento, é importante levar em conta as condições do mercado, os tratos silviculturais, os tipos de equipamentos disponíveis, os métodos de colheita da madeira (BOTELHO, 1997).
  • O manejo da água do solo também se constitui em um fator importante regulado pela densidade da floresta. Orr (1968) apud Lima (1996) verificou que o solo de um povoamento desbastado de pinheiro apresentava maior quantidade de água armazenada do que antes do desbaste. 
Além disso, considerando o caráter intensivo na utilização do solo com espaçamentos menores, esses sistemas tendem a apresentar a desvantagem de proporcionar a exaustão dos solos, por meio da exportação de nutrientes (MÜLLER; COUTO; NEVES, 2005).
  • As diferentes densidades populacionais dos povoamentos florestais podem levar a diferentes quantidades de nutrientes removidos do solo, pois, quanto menor a densidade, mais intensa será a atividade do sistema radicular em maiores profundidades, aumentando a quantidade de nutrientes disponíveis por planta (LEITE et al., 1998). 
Desta forma, as menores densidades populacionais podem levar a uma redução de crescimento já em povoamentos jovens, pois ocorre uma maior exaustão de nutrientes do solo e um menor acúmulo de nutrientes por planta.

Propriedades Físicas e Químicas de um Solo 

Propriedades físicas do solo:
  • As propriedades físicas relacionadas à qualidade do solo referem-se às condições, que permitem a infiltração, a retenção e a disponibilização de água para as plantas, proporcionando as trocas de calor e de gases com a atmosfera e as raízes das plantas e possibilitando o crescimento das raízes (REICHERT; REINERT; BRAIDA, 2003).
Um solo com qualidade física deve apresentar estabilidade, ou seja, as partículas de argila devem estar floculadas e ter uma adequada distribuição do tamanho de poros e elevada porosidade total, tornando o solo capaz de absorver, armazenar e liberar água para as plantas (GATE, 2006 apud SUZUKI, 2008).
  • As propriedades físicas do solo são as que merecem maior importância, pois influenciam a produtividade, através do desenvolvimento das plantas. Muitas dessas propriedades físicas têm sido utilizadas para quantificar as alterações provocadas pelos diferentes sistemas de manejo ou até mesmo como indicadores da sua qualidade (NEVES et al., 2007).
Propriedades do solo como a densidade, a porosidade, taxa de infiltração de água e a resistência à penetração têm sido largamente utilizadas na avaliação do estado de compactação do solo em áreas agrícolas (FLORES et al., 2007). 
  • Além disso, as propriedades físicas do solo podem ser alteradas, de acordo com o sistema de manejo empregado. No caso da silvicultura, podem proporcionar modificações em algumas características, como a umidade do solo, a aeração e a temperatura (PRITCHETT; FISHER, 1987).
A textura do solo está relacionada com a proporção de tamanho das partículas minerais do solo. A textura constitui-se no fator mais importante do solo, pois esta característica não pode ser modificada e determina o valor econômico (GAVANDE, 1976).
  • A textura do solo é estudada pela análise granulométrica, a qual permite classificar os componentes sólidos do solo em classes de acordo com os seus diâmetros, sendo divididos em areia, silte e argila (KIEHL, 1979).
Em estudo realizado por Gerhardt (1999), visando avaliar a influência dos fatores físicos do solo sobre o crescimento em altura de Araucaria angustifolia em Cambissolo Húmico no município de Canela (RS), observou-se correlações negativas entre o teor de argila e a altura dominante das plantas, nas profundidades de 0-10 cm e de 10-20 cm. 
  • Enquanto que para a relação areia fina e areia grossa, a 10 cm de profundidade, as correlações foram positivas. Rigato et al. (2005), estudando a influência dos atributos físicos do solo sobre a produtividade de Pinus taeda aos 12 anos de idade em Telêmeco Borba (PR), verificou que os sítios de textura argilosa apresentaram maiores valores de porosidade total, enquanto que em solos com textura mais arenosa, a porosidade total foi menor. Além disso, os autores também verificaram uma maior produtividade no sítio localizado sobre um Cambissolo de textura argilosa.
Uma das propriedades mais importantes para avaliar a qualidade do solo é a estrutura, que avalia o arranjo entre sólidos e vazios. A estrutura consiste no arranjo das partículas unitárias de areia, silte e argila em partículas compostas ou grumos, os quais apresentam características específicas (JORGE, 1985).A estrutura do solo pode influenciar o crescimento das árvores por meio da capacidade de infiltração da água, aeração do solo e pela predisposição à penetração das raízes (WILDE, 1958). 
  • Ou seja, a estrutura do solo não afeta diretamente o crescimento e produção das plantas, e sim a maioria dos fatores essenciais de crescimento, podendo ser um fator limitante da produção em determinados casos (GAVANDE, 1976).
Avaliações quantitativas da estrutura podem ser feitas por determinações indiretas (quantidade de agregados estáveis em água ou a seco ou pela resistência dos agregados ao impacto das gotas de chuva simulada), ou diretas pela densidade do solo, porosidade, índices de floculação e infiltração de água no solo (MENDES; MELLONI; MELLONI, 2006). 
  • Outras avaliações da estrutura podem ser realizadas por meio da densidade, macro e microporosidade, da resistência à penetração, permeabilidade, entre outros. Estas propriedades podem ser utilizadas como indicadores de adensamento, da compactação e do encrostamento (MARTINS et al., 2002).
A porosidade do solo é dividida em duas classes: macroporos e microporos (BRADY, 1989). Segundo o autor, os microporos são conhecidos como os poros capilares responsáveis pela retenção da água no solo. No entanto, os macroporos representam os poros responsáveis pela drenagem e aeração do solo.
  • A porosidade do solo interfere na aeração, condução e retenção de água, resistência à penetração e à ramificação de raízes. Com isso, conseqüentemente, interferem no aproveitamento da água e dos nutrientes disponíveis para as plantas (RIBEIRO et al., 2007).
A Densidade do solo é uma propriedade que avalia a massa de sólidos pelo volume e é afetada pelos cultivos que alteram a estrutura do solo. Dessa forma, descrevendo o estado da estrutura do solo (KLEIN, 2008).
  • Suzuki (2008) encontrou um aumento da densidade do solo com a profundidade no perfil até 1 m, avaliando florestas de eucalipto com 4,5 e 20 anos de idade e pastagem em um Argissolo Vermelho distrófico no município de Butiá, Rio Grande do Sul. O autor observou valores de densidade de 1,04 a 1,39 Mg m-3 a 0,0- 0,05 m e 0,40-0,60 m na floresta com 20 anos e de 1,55 a 1,35 Mg m-3 para a floresta de 4,5 anos a 0,0-0,05 e 0,60-1 m de profundidade, respectivamente, e para a pastagem de 1,46 a 1,33 Mg m-3 para as camadas de 0,0-0,05 e 0,20-0,40 m, respectivamente. Ainda segundo o autor, essas diferenças de densidade podem estar associadas com a diferença textural entre as profundidades e entre as áreas avaliadas.
Silva et al. (2009) verificaram aumentos na densidade e na microporosidade e redução da macroporosidade na camada superficial do solo nos plantios de eucalipto e pinus, em relação à vegetação nativa. Essa diferença entre as propriedades do solo pode ser atribuída ao manejo utilizado nos povoamentos de eucalipto e pinus, devido à passagem das máquinas nas atividades de manutenção que proporcionaram certa compactação ao solo, enquanto que a vegetação nativa não sofreu nenhum tipo de intervenção. 
  • Além disso, aumentos na densidade do solo em superfície, nos sistemas florestais, podem estar relacionados ao tempo de utilização da área, a arquitetura do sistema radicular, a pouca cobertura do solo durante o período inicial de crescimento das plantas e as condições de umidade do solo no preparo e plantio das mudas (COSTA et al., 2003).
Aumentos na densidade do solo não são necessariamente prejudiciais ao crescimento das culturas, porque até certos limites este aumento pode contribuir com o armazenamento de água no solo e com a capacidade de suporte de carga (REICHERT et al., 2009).
  • Outra propriedade física do solo, diretamente relacionada ao sistema de manejo empregado e ao uso, é a agregação do solo, propriedade correlacionada com a matéria orgânica e com o carbono e que tem sido bastante utilizada em avaliações dos sistemas de manejo.
Segundo Lima (1996), os plantios florestais com eucalipto são responsáveis por melhorias nas condições do solo, principalmente no que se refere à matéria orgânica e a atividade microbiológica, o que, consequentemente, beneficia as suas propriedades físicas. Segundo o autor, os plantios com eucalipto promovem uma maior macro-agregação do solo em comparação com áreas agrícolas e outras espécies florestais.
  • Em relação à agregação do solo, é interessante avaliar a distribuição do tamanho, da quantidade e da estabilidade dos agregados do solo (BAVER; GARDNER, 1972). 
Salton et al. (2008), estudando a agregação e a estabilidade dos agregados em diferentes sistemas de manejo, verificaram que os sistemas de manejo, ao influenciarem a intensidade dos fluxos e a dinâmica de matéria e energia para o sistema solo, resultaram em diferentes graus de organização da massa do solo em agregados. 
  • O autores observaram que os sistemas com presença de pastagem apresentaram, significativamente, maior quantidade de solo na camada de 0 a 5 cm, constituindo agregados grandes (classe > 4,76 mm), em relação aos sistemas agrícolas, indicando a existência de efeito do sistema radicular da pastagem permanente no processo de formação dos macro-agregados do solo.
Segundo Gavande (1976) o tamanho dos agregados também exerce influência sobre o crescimento vegetal. Os agregados médios são mais favoráveis ao crescimento das plantas que os agregados demasiadamente grandes ou muito pequenos, sendo um critério valioso para avaliar a estrutura de um solo, ainda que a estabilidade da estrutura se refira à resistência que os agregados do solo apresentam.
Outro atributo físico que pode ser avaliado é a densidade de partículas, característica intrínseca do solo, dependente dos constituintes da fração sólida do solo e determinada pela proporção relativa de material mineral e orgânico e suas respectivas densidades.
  •  Pelo fato da densidade da matéria orgânica variar de 1,0 a 1,3 Mg m-3, e a densidade da parte mineral variar de 2,50 a 5,20 Mg m-3 (FERREIRA; DIAS JÚNIOR, 1996), valores próximos a estes podem indicar dominância de partículas orgânicas ou minerais em sua fase sólida (MENDES; MELLONI; MELLONI, 2006).
Propriedades químicas do solo:
  • A intensificação do manejo florestal e o aumento dos plantios florestais, principalmente de espécies exóticas, têm servido para focalizar a importância das propriedades químicas do solo no crescimento das árvores (PRITCHETT; FISHER, 1987).
A acidez do solo varia amplamente de acordo com a espécie e possui grande importância na determinação do tipo e na qualidade do sitio florestal (PRITCHETT; FISHER, 1987). De acordo com os autores, a modificação da acidez do solo está relacionada com a diferença inerente ao conteúdo de bases na serapilheira. 
  • Por exemplo, solos sob coníferas tendem a ser mais ácidos que sob folhosas devido ao menor conteúdo de bases nas folhas e na serapilheira destas espécies.
O pH do solo, propriedade correlacionada com a acidez, é um importante indicador de suas condições químicas, pois possui capacidade de interferir na disposição de vários elementos químicos essenciais ao desenvolvimento vegetal, favorecendo ou não suas liberações (BRANDÃO; LIMA, 2002).
  • Freitas (2000) observou pH baixo em um povoamento de Eucalyptus grandis com nove anos de idade no município de Alegrete (RS), na ordem de 4,9 para camada de solo de 0-10 cm de profundidade; 4,6 para 10-20 cm e 4,5 nas profundidades de 20-30, 30-40 e 40-50 cm. Segundo o autor, o solo da área é ácido, com fertilidade natural muito baixa, necessitando de cuidados especiais no manejo para manter a produtividade do sítio.
Segundo Pritchett; Fisher (1987), estudos mostram que quando outros fatores do sitio são mantidos constante, os níveis de nutrientes do solo são realmente relacionados com a produtividade florestal.
  • A matéria orgânica do solo é originada pelas plantas, minerais e microorganismos que nele habitam, sendo que a vegetação é a principal fonte, seja pela deposição de material (ramos e folhas) ou contribuição das raízes. Solos florestais normalmente possuem maior conteúdo de matéria orgânica que solos agrícolas, devido à maior deposição de material e à menor taxa de mineralização da matéria orgânica na floresta (MIRANDA, 2005).
Ritter; Vesterdal; Gundersen (2003) observaram que a acidificação do solo foi a mudança mais aparente ao longo da cronossequência em termos de uma diminuição do pH de 6 para 4 na camada correspondente entre 5-15 cm de profundidade.
  • A avaliação comparativa da matéria orgânica fornecida ao solo pelo eucalipto, em comparação com outras espécies florestais indica, semelhantemente, um efeito positivo sobre a melhoria potencial das propriedades químicas do solo sob plantação de eucalipto (LIMA,1996).
A importância da matéria orgânica nos solos é abrangente. Sua atuação ocorre tanto na melhoria das condições físicas, quanto nas propriedades químicas e físico-químicas, no fornecimento de nutrientes às plantas e na maior capacidade de troca catiônica do solo (CTC), além de proporcionar um ambiente adequado ao estabelecimento e à atividade da microbiota (FIGUEIREDO; RAMOS; TOSTES, 2008).
  • O teor de matéria orgânica presente em um solo florestal tem implicações com a fertilização, pois para Gonçalves; Benedetti (2005) as recomendações de fertilizações com nitrogênio ocorrem em função dos teores de matéria orgânica do solo, das quais, quanto maior esses teores, menor será a dose de fertilizante aplicada.
Miranda (2005) observou teores de matéria orgânica em plantios de eucalipto sob um Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico latossólico, na profundidade de 0-10 cm, na ordem de 40,9; 44,5 e 38,6 g dm-³, com idades de 14, 16 e 18 anos, respectivamente, e na profundidade de 10-20 cm com 31,4; 26,9 e 24,3 g dm-³. Esses teores de matéria orgânica não diferiram dos obtidos para florestas naturais da Mata Atlântica, sob Gleissolo Háplico Tb Distrófico argissólico e Cambissolo Háplico Tb Distrófico argissólico.
  • Em plantios de Eucalyptus globulus, no oeste da Austrália, ocorreu uma diminuição no carbono do solo após o estabelecimento do povoamento em três anos estudados (TURNER; LAMBERT, 2000). 
Segundo os autores, as modificações das taxas de carbono no solo variam com o tipo de solo. Para Paul et al. (2002), o aumento do teor de argila do solo diminuiu o armazenamento de C na camada <10 cm, enquanto que nas camadas <30 e >10 cm ocorreu o contrário.
  • O movimento de nutrientes nos povoamentos florestais ocorre com a sua absorção pelas plantas, em camadas mais profundas do solo e o seu retorno à superfície pela lavagem da parte aérea e pelo ciclo biogeoquímico, liberando nutrientes do material vegetal depositado na superfície do solo, por meio da decomposição microbiana. A exsudação de substâncias pelas raízes também pode ser distinta, o que propicia maior diversidade e atividade dos microrganismos do solo, afetando a decomposição e a liberação de nutrientes da serapilheira (VEZZANI; TEDESCO; BARROS, 2001).
Silva et al. (2007) avaliaram que mudanças na cobertura vegetal original, no sentido floresta-capoeira-pastagem, foram acompanhadas por uma diminuição nos teores de K, Ca, Mg, matéria orgânica, P, soma de bases, saturação por bases e capacidade de troca catiônica. Existem correlações entre o conteúdo de nutrientes no solo e nas plantas (FREITAS, 2000). 
  • Dessa forma, a adoção de espaçamentos menores reduz a disponibilidade dos nutrientes no solo. Por isso, em solos com fertilidade natural baixa deve-se preferir a utilização de espaçamentos mais amplos para que não ocorra um empobrecimento químico.

Propriedades Físicas e Químicas de um Solo