sábado, 30 de janeiro de 2016

A Sustentabilidade nas Edificações

A Sustentabilidade nas Edificações: Contexto Internacional e 
Algumas Referências brasileiras na Área 


O modelo atual de crescimento econômico tem apresentado diversos entraves na relação entre o homem e o ambiente natural, em virtude de fatores como: 
  1. O alto crescimento populacional; 
  2. A desigualdade de ingressos onde uma grande parcela da população tem elevados índices de pobreza; 
  3. Os padrões de consumo, em especial dos países com maior desenvolvimento, que usam grandes quantidades de recursos para satisfação de suas necessidades; 
  4. A falta de planejamento das cidades, principalmente nas zonas urbanas; 
  5. A freqüência e intensidade crescente dos desastres naturais, devido a mudanças climáticas ocasionadas pela própria interação do homem com o meio (causando custos humanos e financeiros muito altos); 
  6. O consumo da terra e a exploração não planejada das florestas.
A busca por um desenvolvimento sustentável traz a indústria da construção civil a foco. Bourdeau (2000) considera este setor da sociedade de tal importância que a maioria das outras áreas industriais perde em comparação. 
  • As habitações e as necessárias infra-estruturas para transportes, comunicação, suprimento de água, esgoto e energia para atender as necessidades da crescente população do mundo propõem o desafio central da construção sustentável.
Agopyan (2000) aponta como sendo do início da década de 90 as primeiras medidas consistentes no Brasil em busca de uma construção mais sustentável, com estudos mais sistemáticos e resultados mensuráveis sobre a reciclagem, redução de perdas e de energia. 
  • Mais recentemente, o autor observa algumas mudanças no que diz respeito à redução do consumo energético na produção de insumos como o cimento e a cerâmica de revestimento; à utilização de resíduos (reciclagem) na produção de componentes como barras de aço e cimento; à preocupação para a redução das perdas e desperdício nos canteiros de obras; à decisão do Ministério do Meio Ambiente em regulamentar a disposição do entulho e ao lançamento no mercado de produtos economizadores de água e energia. 
A atitude observada na órbita do governo federal, que no ano de 2000 ampliou o escopo do PBQP-H - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional para PBQP-Habitat (englobando desta maneira as áreas de saneamento, infra-estrutura e transportes urbanos), também pode ser considerado um sinal de que a produção de habitações não mais é tratada como uma atividade isolada, mas como parte da criação do habitat urbano.
  • Apesar de serem muito úteis, representando uma mudança de mentalidade, essas medidas ainda são consideradas pontuais. Observa-se que na construção civil internacional a tendência de considerar o meio ambiente já está presente não só pelas leis e normas a serem seguidas, mas pela escassez de recursos que exige melhor controle e uso racional dos materiais. Além disso, incentivos fiscais são concedidos a empresas que incluem entre as suas estratégias a preocupação com o meio ambiente.
É dentro desta perspectiva que aparecem as chamadas edificações sustentáveis, concebidas para fazer o uso racional de recursos naturais, utilizar materiais ecologicamente corretos e alterar o mínimo possível o ambiente no qual estão inseridas. 
  • O primeiro ponto a se considerar na busca deste tipo de edificação é que as preocupações devem começar desde o projeto, prosseguirem durante a construção e participarem da etapa de utilização. O projeto (concepção) da edificação torna-se uma etapa fundamental, quando já devem ser considerados aspectos ambientais, o entorno e a gestão dos recursos. O momento da especificação dos materiais também é importante, onde deve-se privilegiar materiais naturais e/ou pró-meio ambiente e recicláveis em geral.
Neste sentido, a construção civil pode exercer um importante papel na preservação do meio ambiente, visto que sua escala de produção utiliza uma grande quantidade de recursos naturais e seus produtos, as edificações, têm elevado impacto no consumo de energia e água. Desta maneira, mudanças no tratamento de questões ambientais representam importantes oportunidades de desenvolvimento para vários setores da cadeia produtiva. Entre as principais ações relacionadas a esta estratégia pode-se destacar:
  • Adoção de um novo paradigma de projeto, no qual as soluções são avaliadas considerando o ciclo de vida da edificação (incluindo custos de operação, uso, manutenção e desmontagem das edificações) e não apenas seus custos iniciais;
  • Utilização de soluções que aumentem a flexibilidade das edificações e facilitem reformas e modernizações, como por exemplo, a reposição de componentes e subsistemas;
  • Utilização de materiais e componentes que resultem em menor impacto ambiental ao longo do seu ciclo de vida;
  • introdução de melhorias nos projetos e na gestão da produção, reduzindo a geração de resíduos nos canteiros de obras e proporcionando uma destinação adequada àqueles que são inevitavelmente gerados;
  • Reutilização ou reciclagem de resíduos industriais e agrícolas pela construção civil, incluindo os próprios resíduos produzidos na construção e demolição de edificações.
Neste contexto, a introdução de mecanismos para a gestão dos requisitos ambientais ao longo do processo de projeto aparece como uma alternativa importante para suprir a carência dos requisitos expostos anteriormente, garantindo, desde a concepção do projeto, um empreendimento voltado à economia de energia e água, redução da produção de resíduos nos canteiros de obras, redução de custos ao longo da vida útil do empreendimento e bem estar ao usuário.

Consumo de Recursos Naturais nas Edificações:
  • A construção e o uso dos edifícios são um dos maiores consumidores dos recursos naturais no ambiente, consumindo 16,6% do fornecimento mundial de água pura, 25% de sua colheita de madeira e 40% de seus combustíveis fósseis e materiais manufaturados (Wines, 2000). 
Esta indústria responde também pelo processo de contaminação atmosférica, sendo responsável por uma grande parcela das emissões de C02, principal gás responsável pelo efeito estufa. No Brasil, a indústria cimenteira contribui atualmente com 6% a 8% do CO2 emitido (CDIAC, 2000 apud JOHN, 2000).
  • Em função do modo de vida e das crescentes exigências de conforto da população (gerado principalmente por meio de sistemas e equipamentos supridos com energia proveniente de fontes não renováveis), o consumo energético tem aumentado no mundo todo, sendo os países mais desenvolvidos os que apresentam maior consumo. 
Dentro do panorama nacional, as edificações consomem, para uso e manutenção, 44% do consumo total de energia elétrica do país, distribuído entre os setores residencial (22%), comercial (14%) e público (8%) (Brasil, BEN, 2005). Salienta-se que nesta estimativa ainda não é levada em consideração a parcela de energia embutida nos materiais que compõem as edificações.
  • O consumo e uso da água é outro critério importante a ser considerado quando se fala em edificações sustentáveis, principalmente porque a água encontra-se distribuída de forma desigual no mundo. Estima-se que apenas 2,5% da água do planeta seja própria para o consumo; sendo que a maior parte desta encontra-se na forma de gelo polar ou em camadas profundas e inacessíveis. Assim sendo, a quantidade de água potável acessível em lagos, rios ou represas, representa algo em torno de 0,01% do total da água no planeta (UNEP, 2002). 
Além disso, o consumo de água no mundo vem aumentando exponencialmente e Lemos (2003) alerta que apenas para o atendimento da demanda futura para fins urbanos seriam necessários investimentos na ordem de 11 a 14 bilhões de dólares por ano, durante os próximos trinta anos. Segundo projeções da ONU, no ano de 2025 dois terços da população mundial (ou 5,5 bilhões de pessoas) viverão em locais que sofrem com algum tipo de problema relacionado à água.
  • A concentração de CO2 é outro dos problemas importantes ocasionados pelo desenvolvimento da sociedade e que teve grande aumento nos últimos anos. Se continuarmos na tendência de crescimento atual (os Estados Unidos, por exemplo, são responsáveis por mais de 20% das emissões de CO2 no mundo), estaremos cada vez mais longe do nível de sustentabilidade estabelecido no protocolo de Kyoto, sendo necessário, entre outras estratégias, o desenvolvimento de tecnologias mais ecologicamente corretas.
Dados do ultimo relatório do International Panel on Climate Change – IPCC apresentado em maio de 2007, em Bangkok, Tailândia, mostram que as emissões globais de gases causadores do efeito estufa vêm aumentando desde a era pré-industrial, com um crescimento de 70% entre 1970 e 2004. Com as atuais políticas sobre mudanças climáticas e práticas de desenvolvimento sustentável relacionadas, estas emissões continuarão a crescer nas próximas décadas.
  • De acordo com Zakaria (2007), a maioria dos estudos prevê que o consumo de energia no mundo vai dobrar até o 2050 e a China e a Índia serão grandes responsáveis por este aumento. Os dois países estão construindo 650 termelétricas, sendo que a emissão de CO2 delas todas será cinco vezes maior que a economia que o acordo de Kyoto assinado em 1997 obteria, se todos os países ocidentais tivessem aderido às suas metas, o que não ocorreu.
Na tentativa de reverter este quadro, o Relatório do IPCC (2007) apresenta alternativas tecnológicas para os setores identificados como principais fontes poluidoras: suprimento de energia, transporte, indústrias, edifícios, agricultura, queimadas de florestas, incineração de resíduos. Dentre as opções de curto e médio prazos, o Relatório classifica com alto grau de certeza que opções de eficiência energética para edifícios novos e existentes podem reduzir consideravelmente as emissões de CO2 com benefícios econômicos, destacando que:
  • Até 2030, aproximadamente 30% das emissões de gases causadores do efeito estufa previstas no setor de edificações pode ser evitadas;
  • Edifícios eficientes energeticamente, além de limitar o crescimento das emissões de CO2, podem melhorar a qualidade do ar interno e externo, melhorar o bem estar social e promover segurança em relação à energia.
Desta forma, o alto consumo dos recursos naturais e o desenvolvimento insustentável que temos experimentado até agora está ocasionando conseqüências econômicas graves, alterações dos ciclos na fauna, secas, aumento na freqüência e violência dos furacões e tempestades tropicais, redução na camada de ozônio e aquecimento global provocado pelo efeito estufa (que entre outras conseqüências traz o derretimento das calotas polares, elevação dos níveis do mar, devora áreas de terra, contamina os reservatórios de água doce e provoca a migração de populações costeiras).
  • Tudo isto coloca hoje mais do que nunca em evidência a aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável em todos os níveis, e em especial às edificações, visto que a forma como são projetadas, construídas e usadas influenciam diretamente no consumo de recursos e no conforto e saúde da população que nelas interage.

Captação de água da chuva

Desenvolvimento Sustentável:
  • A preocupação com o desenvolvimento e o meio ambiente não é nova. Nos últimos anos, a discussão global tem se formado em torno de estratégias necessárias para garantir desafios inter-relacionados de construções saudáveis social, econômica e ambientalmente. Mas este diálogo teve sua origem na fusão do movimento ambiental e do desenvolvimento internacional pós II Guerra Mundial
Muitas pessoas consideram 1962 como o ano em que se começou a entender quão próximo o meio ambiente e o desenvolvimento estão ligados. Neste ano, Rachel Carson publicou o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), apresentando pesquisas sobre toxicologia, ecologia e epidemiologia e desmistificando a suposição que o ambiente tem uma infinita capacidade de absorver poluentes (IISD, 1997).
  • O conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido pela primeira vez no Clube de Roma em 1968, como uma contestação ao modelo econômico adotado pelos países industrializados. Ali se introduziu a preocupação ambiental como necessária ao crescimento econômico (Wines, 2000). Ao longo do tempo, percebe-se que a visão de progresso (que se confundia com o domínio e transformação da natureza onde os recursos naturais eram vistos como ilimitados) e a preservação ambiental (que se limitava à criação de parques e áreas especiais destinadas à preservação de amostras da natureza para evitar a extinção de espécies) passaram a ser insuficientes.
Inicialmente, o engajamento com o meio ambiente estava associado a claras e visíveis catástrofes, mas lentamente foi-se compreendendo que qualquer consumo excessivo ou ineficiente de recursos é atualmente, nem mais nem menos, do que um abuso ao meio ambiente (Sjöström, 2000). 
  • A partir dos anos 70, observa-se a evolução de uma preocupação internacional em relação às conseqüências da então atual forma de desenvolvimento, em virtude da constatação da velocidade de deterioração, e até mesmo da eliminação, de alguns recursos ambientais.
Convenções internacionais passam a ser realizadas e metas definidas para a desaceleração do consumo de recursos naturais, podendo-se citar a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (Estocolmo, 1972); a Convenção de Viena para Proteção da Camada de Ozônio (Viena, 1985); o Protocolo de Montreal (Montreal, 1987); a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento – ECO’92 (Rio de Janeiro, 1992), Conferência das Nações Unidas (Istambul, 1996) e o Protocolo de Kyoto (1997).
  • Na Reunião No. 42 da ONU, de 1987, quando a primeira ministra norueguesa Bruntland preparou um informe intitulado Our common future, foi introduzido pela primeira vez o termo Sustainable development ou desenvolvimento sustentável, apregoando que o desenvolvimento deve responder às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades (Brundtland, 1987).
Contudo, ao longo dos anos o entendimento ou interpretação da sustentabilidade nas construções tem passado por mudanças. Inicialmente, a ênfase estava em como lidar com recursos limitados, especialmente energia, e como reduzir os impactos sobre o meio ambiente. Na década passada, o enfoque estava baseado em requisitos mais técnicos da construção como materiais, componentes do edifício, tecnologias construtivas e conceitos de projetos relacionados à energia.
  • A seguir, a compreensão do significado dos aspectos não técnicos começou a crescer e as questões sociais e econômicas passaram a ser consideradas cruciais para o desenvolvimento sustentável nas construções, devendo receber tratamento específico em qualquer definição. 
Mais recentemente, também os aspectos culturais e as implicações do patrimônio cultural do ambiente construído passaram a ser considerados relevantes para a construção sustentável (Sjöström, 2000).
  • No Habitat II (1996) em Istambul, os profissionais definiram a aplicação do desenvolvimento sustentável para o setor da construção. Tal iniciativa provocou repercussão imediata, pondo em evidência riscos para a saúde por parte de certos materiais como o amianto e despertando o interesse da opinião pública para a preservação do meio ambiente e criação de um entorno saudável. 
A partir daí, profissionais e indústrias européias de construção começaram a considerar a dimensão ecológica, surgindo normas, regulamentações e incentivos financeiros em países como Alemanha (Habitat Passivo), França (RT 2000) e Suíça (selo Minergie) (Wines, 2000).
  • Embora a maioria dos países coloque em primeiro plano os próprios interesses econômicos, tem-se visto grandes avanços onde os governos estão considerando a sustentabilidade como um tema central para direcionar o seu desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável envolve inúmeras áreas e um trabalho multidisciplinar. 
Os principais esforços na redução do consumo dos recursos nas edificações devem estar focados nos projetos, visto que considerar a sustentabilidade nos projetos de arquitetura apresenta-se como uma alternativa cada vez mais crescente na arquitetura do mundo todo. Entretanto, as fases de construção e operação do edifício também são importantes e não devem ser menosprezadas.

Certificação Ambiental de Edificações:
  • Vários países no mundo têm ou estão produzindo leis e incentivos para edificações que sejam projetadas de forma ambientalmente responsável e com alto desempenho. Em muitos deles existem sistemas de certificação ambiental para edificações nos quais se reconhece os melhores desempenhos das edificações em relação a usarem mais critérios de sustentabilidade. 
Os sistemas de certificação começaram na Europa e essa forma de incentivo difundiu-se em outros países da América (principalmente no Canadá e nos USA) e hoje outros países como Japão, Austrália, México, entre outros, também tem seu próprio sistema de certificação. Entre os principais sistemas de avaliação ambiental de edificações podem-se destacar:
  • LEED - Leadership in Energy and Environmental Design. USA (http://www.usgbc.org)
  • REEAM e ECOHOMES - BRE Environmental Assessment Method. Reino Unido. (http://www.bre.co.uk/services/BREEAM_and_EcoHomes.html)
  • CASBEE - Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency. Japão. (http://www.ibec.or.jp/CASBEE/)
  • HQE – Haute Qualité Environnementale dês Batiments. França. (http://www.cstb.fr)
  • GREEN STAR– Austrália. (http://www.gbcaus.org/)
Todos estes sistemas de avaliação são membros do World GBC – World Green Building Council (http://www.worldgbc.com), o Conselho de edificações verde mundial. Muitos outros países estão em vias de formar seu próprio conselho e estabelecer um sistema de certificação ambiental.

Em alguns países esta busca também tem partido de incentivos governamentais, como prêmios ou regulamentações. Nos Estados Unidos, por exemplo, estados como Washington exige que todos os seus edifícios públicos tenham o selo verde do LEED na categoria Gold (Ouro).

Iniciativas brasileiras: 
De Construções Sustentáveis:
  • O Brasil ainda não tem um sistema de avaliação próprio, mas recentemente foi criado o CBCS – Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis (www.cbcs.org.br), com a participação de diversos membros representantes da academia e do setor produtivo ligado a edificações. O Conselho está trabalhando na busca de diretrizes, trabalhos e pesquisas que norteiem o rumo das construções sustentáveis brasileiras.
Em relação às iniciativas de construções sustentáveis e metodologias de avaliação ambiental de edificações brasileiras, pode-se destacar:

Tecnologias:
Para a Construção Habitacional mais Sustentável:
  • Projeto com previsão de conclusão em final de 2007, cujo objetivo é desenvolver uma metodologia de avaliação ambiental de edificações residenciais, propondo soluções adequadas à realidade brasileira, para tornar a construção habitacional mais sustentável. O foco se encontra no setor residencial (www.labeee.ufsc.br/finep). 
Este projeto é um trabalho conjunto de várias universidades (Universidade Federal de Santa Catarina; Escola Politécnica da USP; Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP; Universidade de Uberlândia e a Universidade de Goiás) e conta com os patrocínios da FINEP, CNPQ, CAIXA, Sinduscon da Grande Florianópolis, Takaoka-SP e Cediplac. Entre os temas considerados estão sendo estudados:
  • Gestão do empreendimento
  • Qualidade do ambiente externo e infra-estrutura
  • Seleção de materiais, componentes e sistemas
  • Canteiro de obras
  • Água
  • Energia
  • Qualidade do ambiente interno e saúde
  • Uso, operação e manutenção
Está em desenvolvimento um site do projeto no qual serão disponibilizados os resultados dos trabalhos desenvolvidos pelo grupo sobre os diversos temas, em relação à: 
  1. Levantamento do estado da arte; 
  2. Proposição de políticas públicas; 
  3. Sugestão de inovações tecnológicas; 
  4. Proposição da metodologia de avaliação ambiental de edificações e 
  5. Produção de manuais para implementação da metodologia de avaliação.
A metodologia de avaliação encontra-se em andamento e está considerando cada um dos temas estudados como uma das categorias da mesma. Para sua elaboração foram estudados os parâmetros existentes nas metodologias de avaliação internacionais, considerando o foco residencial proposto, além das etapas descritas anteriormente. 
  • A metodologia está embasada nas normas brasileiras existentes para cada um dos temas e está sendo proposta em função do desempenho da edificação com três níveis possíveis para cada categoria, diferente do sistema de créditos apresentado pela maioria das metodologias internacionais.O Laboratório de Eficiência Energética em Edificações – LabEEE da Universidade Federal de Santa Catarina participa no estudo do tema de energia.
Avaliação da Sustentabilidade:
De Edifícios de Escritórios brasileiros:
  • Defendida por (SILVA, 2003) é considerado o trabalho pioneiro sobre sustentabilidade no Brasil. A tese demonstrou que importar métodos estrangeiros existentes não é a melhor solução para avaliar edifícios de escritórios no Brasil e que um método de avaliação deveria ser desenvolvido considerando as prioridades, condições e limitações brasileiras. 
Demonstrada a veracidade da hipótese, a autora passou à proposição de diretrizes; à reunião de uma base metodológica e ao início do desenvolvimento de um método para avaliação da sustentabilidade de edifícios de escritórios brasileiros ao longo do seu ciclo de vida. 
  • No modelo sugerido, os limites do sistema foram definidos para abranger a etapa de construção e uso do edifício, assim como a avaliação dos agentes envolvidos no processo, iniciando pela empresa construtora. A estrutura de avaliação e uma lista abrangente de indicadores a ela relacionados foram submetidas à consulta de partes interessadas da construção civil do Estado de São Paulo. 
A autora constatou que o mercado não está preparado para, a curto prazo, medir ou ser avaliado por um método sofisticado, sugerindo, desta feita, que um método simplificado e uma estratégia gradual de implementação fossem propostos.

Proposição de uma ferramenta: 
Para avaliação e classificação da sustentabilidade de edifícios comerciais brasileiros:
  • Atualmente em desenvolvimento por Michele Fossati, apresenta como objetivo principal o estabelecimento de critérios e determinação de parâmetros que auxiliem na avaliação e classificação da sustentabilidade de projetos para novas edificações comerciais brasileiras, especificamente edifícios de escritórios. 
O foco na etapa de projeto foi definido uma vez que esta etapa exerce maior influência nos custos da construção; a possibilidade de intervenção é muito maior que nas outras etapas do empreendimento e as decisões de projeto e a especificação de materiais e componentes afetam diretamente o consumo de recursos naturais e de energia, bem como a otimização ou não da execução e o efeito do edifício no seu entorno.
  • Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizado primeiramente um levantamento das diversas metodologias de avaliação ambiental consagradas internacionalmente e a identificação dos requisitos por elas exigidos. 
De posse desta coletânea de requisitos, foi elaborado um checklist separando-os em sete categorias: 
  1. Gestão; 
  2. Uso e ocupação do solo; 
  3. Materiais e recursos; 
  4. Água; 
  5. Energia; 
  6. Transporte e acessibilidade e 
  7. Qualidade do ar interno e saúde. 
Este checklist foi submetido a no mínimo dois especialistas de cada categoria: um especialista acadêmico e outro do meio técnico, que avaliaram a pertinência e aplicabilidade de tais requisitos para a realidade brasileira. Com base no checklist revisado, foi realizado um levantamento de dados em 17 edifícios de escritórios de Florianópolis. 
  • A amostra dos edifícios foi baseada num levantamento dos edifícios comerciais de Florianópolis junto à Secretaria Municipal de Urbanismo e Serviços Públicos – SUSP, sendo que todos os edifícios comerciais, com três ou mais pavimentos, com pavimento garagem e projetos aprovados entre 2000 e 2005 fazem parte da amostra. 
A limitação da data de aprovação do projeto serviu para avaliar se os empreendimentos mais novos já apresentam alguma preocupação com a sustentabilidade e identificar quais são estes requisitos incluídos nos projetos. O levantamento de dados foi realizado por meio de análises de projetos, visitas in loco às edificações que já estão em uso e entrevista com projetistas, construtores e responsáveis pela manutenção do edifício.
  • A etapa atual de trabalho é a finalização do levantamento dos dados, cujos resultados servirão de benchmarks para a formulação da ferramenta de avaliação da sustentabilidade dos edifícios comerciais brasileiros.

A Sustentabilidade nas Edificações