segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Nove Passos para a Obra Sustentável

Nove Passos para a Obra Sustentável

  • A construção sustentável é um conceito que denomina um conjunto de práticas adotadas antes, durante e após os trabalhos de construção com o intuito de obter uma edificação que não agrida o meio ambiente, com melhor conforto térmico sem a necessidade (ou com necessidade reduzida) de consumo de energia e que melhore a qualidade de vida dos seus moradores/usuários, além de utilizar materiais e técnicas que garantam uma maior eficiência energética.
Há outro termo que costuma ser confundido com “construção sustentável”, é a “construção ecológica”. Embora na prática os dois termos acabem sendo usados da mesma forma, o primeiro refere-se a uma prática mais comum no meio urbano e que visa à utilização de tecnologias que permitem a sustentabilidade da construção. 
  • Já o segundo está relacionado a técnicas de construção que utilizam materiais encontrados no próprio local da construção e propõe a menor interferência possível na paisagem. Assim, podem ser consideradas construções ecológicas as casas dos esquimós, feitas de gelo (um material encontrado no próprio local) e que praticamente se confunde com a paisagem.
A idéia da construção sustentável não é assim tão nova, mas como quase tudo, demorou um pouco para chegar por aqui. Países como EUA, Japão e os da Comunidade Européia já criaram inclusive incentivos para os empresários ou pessoas comuns que optem por construções ecologicamente corretas. 
  • E, mesmo aqueles que não dispõem de tanto capital para investir em uma nova casa podem aproveitar incentivos para a realização de pequenas reformas. Os principais incentivos ainda são para o campo da redução do consumo de energia.
Nos EUA, por exemplo, não existe um programa nacional para o incentivo da construção sustentável, porém, já existem alguns padrões reconhecidos internacionalmente como a “LEED” (Leadership in Energy and Environmental Design), a “Green Build Initiative” e o “Archicteture 2030” cada um com seus próprios padrões de construções sustentáveis.
  • Algumas iniciativas brasileiras: o IDHEA, Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica, provê soluções para construções sustentáveis; a revista Casa Cláudia da editora Abril criou o “Prêmio Planeta Casa” que desde 2001 premia as melhores idéias para construções sustentáveis; em 2007 foi proposto o Projeto de Lei 34/07 do deputado Cassio Taniguchi (PFL-PR) que prevê incentivos fiscais para as construções que utilizem práticas para reduzir o impacto ambiental; o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) que visa melhorar a qualidade de vida da população preservando seu patrimônio ambiental. 
Poderíamos ainda considerar outro movimento relacionado à arquitetura conhecido como “arquitetura bioclimática” à medida que ela visa a harmonização da construção com o meio ambiente de modo a utilizar da melhor forma possível os recursos disponíveis. Segundo o IDHEA há nove passos para a construção sustentável:
  1. O planejamento da obra de forma sustentável;
  2. O aproveitamento dos recursos naturais disponíveis (ventilação e luminosidade naturais, por exemplo, ao invés de ar condicionado e iluminação artificial durante o dia);
  3. Eficiência energética;
  4. Gestão e economia de água;
  5. Gestão de resíduos;
  6. Qualidade do ar e ambiente interior;
  7. Conforto térmico e acústico;
  8. Uso racional dos materiais;
  9. Uso de tecnologias e produtos que não agridam o meio ambiente.
Uma edificação sustentável começa antes mesmo da construção com a escolha de materiais menos agressivos, duráveis e que exijam o mínimo de impacto possível para sua obtenção. 
  • Aqui pode ser considerada a utilização de materiais reciclados como matéria prima que podem ser classificados em dois tipos: pós-industrial, quando o material reciclado é proveniente de resíduos industriais e pós-consumo. Este é o caso de tijolos, madeira e outros entulhos provenientes de demolições que podem ser aproveitados na construção ou reciclados e transformados em outros materiais como o concreto feito de cinzas de chaminés.
Junto com a escolha dos materiais corretos é necessário que se verifique os fornecedores para garantir que tenham procedência ambientalmente segura, principalmente quando se tratar de madeira.
  1. Ainda na fase pré-construção, deve ser analisado o ciclo de vida do empreendimento e dos materiais usados, o estudo do impacto ambiental da construção, um planejamento da gestão dos resíduos que serão gerados e melhor forma de utilização do material, além do que a planta deve ser planejada de modo que aproveite o máximo possível dos recursos naturais disponíveis (como ventilação e luminosidade natural) e promova a redução do consumo de energia e água através do reuso e implantação de formas alternativas de energia como a energia solar, a energia eólica e etc.
Durante a construção devem ser adotados cuidados para evitar o desperdício de materiais e se reaproveitar o máximo possível. O que além de gerar ganhos ambientais com minimização do uso de matérias-primas ainda gera ganhos econômicos para o dono da obra que economizará com materiais.
  • Quando finalizada a obra devem ser observados os cuidados necessários à destinação dos resíduos da construção e em todas as etapas devem ser utilizados materiais não tóxicos. Alguns dos materiais “condenados” por qualquer padrão de construção sustentável são: amianto, chumbo e alumínio.
A construção sustentável depois de pronta deverá ter coleta seletiva e um local específico para acondicionar os resíduos recicláveis. Aos ocupantes ou proprietários caberá apenas desfrutar de uma construção saudável, ecologicamente correta e econômica. Ou seja, Sustentável.
  • O conceito de Construção Sustentável baseia-se no desenvolvimento de um modelo que permita à construção civil enfrentar e propor soluções aos principais problemas ambientais de nossa época, sem renunciar à moderna tecnologia e à criação de edificações que atendam as necessidades de seus usuários.
O que é Construção Sustentável?
  • Construção Sustentável é um sistema construtivo que promove alterações conscientes no entorno, de forma a atender as necessidades de edificação e uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras.
Características básicas dos edifícios sustentáveis:
  • Gestão sustentável da implantação da obra
  • Consumir mínima quantidade de energia e água na implantação da obra e ao longo de sua vida útil
  • Uso de matérias-primas ecoeficientes
  • Gerar mínimo de resíduos e contaminação ao longo de sua vida útil
  • Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural
  • Não provocar ou reduzir impactos no entorno –paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar
  • Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários
  • Criar um ambiente interior saudável (free VOCs/COVs)
  • Proporcionar saúde e bem-estar aos usuários
Construção civil e economia sustentável:
  • A construção civil é o segmento que mais consome matérias-primas e recursos naturais no planeta e é o terceiro maior responsável pela emissão de gases do efeito estufa à atmosfera, compreendidos aí toda a cadeia que une fabricantes de materiais e usuários finais (construtoras, empreiteiras etc.).
A Construção Sustentável tem, portanto, papel fundamental no desenvolvimento e incentivo de toda uma cadeia produtiva que possa alterar seus processos para um foco mais ecológico, de forma a reverter o quadro de degradação ambiental, bem como para preservar os recursos naturais para futuros usos e as gerações vindouras.

Existe um padrão único para uma Construção Sustentável?
  • Não. Podem haver dezenas, talvez centenas de diferentes de obras sustentáveis. O que permite que uma obra seja considerada sustentável é a avaliação do local de sua implantação e o planejamento de todas as intervenções, de forma a agredir ao mínimo o meio ambiente antes, durante e depois da construção.
Esta avaliação permitirá definir também o grau de sustentabilidade da obra, ou seja, os limites da mesma em relação ao meio ambiente –se será mais ou menos ecologicamente correta.

Nove Passos para a Obra Sustentável 

Como identificar e classificar obras sustentáveis?
  • É importante não apenas construir sustentavelmente, mas também comprovar que a obra de fato segue tais pressupostos. Trata-se de uma garantia para o cliente, para o mercado e uma maneira de se propagar com credibilidade e critérios o conceito de Construção Sustentável.
Já existem sistemas de classificação de construções sustentáveis em todo o mundo –mas ainda nenhum genuinamente brasileiro. Após avaliação da obra, e caso a mesma promova benefícios ambientais consistentes, tais sistemas certificam a construção.

Como garantir que minha obra é sustentável?
Obras certificadas:
No caso de obras comerciais, recomenda-se a certificação da obra junto a algum organismo certificador reconhecido pelo mercado nacional e internacional e acreditado junto às grandes entidades normalizadoras.
Recomenda-se, também, todos os demais passos, mencionados no tópico a seguir.
Obras não-certificadas:
  • Para obras sustentáveis que não serão certificadas ou para edificações residenciais unifamiliares, recomendam-se os seguintes passos:
  • Para obras sustentáveis que não serão certificadas ou para edificações residenciais unifamiliares, recomendam-se os seguintes passos:
Solicitar do consultor ou responsável pela obra dados e laudos técnicos sobre todos os materiais, tecnologias, soluções e técnicas a serem aplicadas, atestando benefícios ambientais;
Solicitar aos responsáveis pela obra ou assessoria planos de viabilidade ecológica e econômica da obra, apontando benefícios ecológicos, sociais e pay-back (retorno do investimento); - Solicitar dos responsáveis detalhes sobre o método construtivo empregado e seus benefícios ambientais, bem como justificativas técnicas desde o início do planejamento, com informações detalhadas sobre todas as ações adotadas para se chegar à sustentabilidade da edificação; - Solicitar junto aos fabricantes e fornecedores de materiais diversos documentos comprovando o desempenho sustentável dos produtos e tecnologias fornecidos;
Estabelecer vínculo com entidades com experiência e know-how de mercado em ecoprodutos, tecnologias e soluções sustentáveis.
Nove Passos Para a Obra Sustentável:

Há nove passos principais para uma construção sustentável, que podem ser listados da seguinte maneira:
  1. Planejamento Sustentável da Obra
  2. Aproveitamento passivo dos recursos naturais
  3. Eficiência energética
  4. Gestão e economia da água
  5. Gestão dos resíduos na edificação
  6. Qualidade do ar e do ambiente interior
  7. Conforto termo-acústico
  8. Uso racional de materiais
  9. Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis
Planejamento Sustentável:
  • Objetivos: Planejamento Sustentável é a mais importante etapa da obra amiga do meio ambiente. A partir dele serão decididas todas as intervenções que poderão integrar a obra ao meio ambiente ou resultar em danos em curto, médio e longo prazos. Pontos trabalhados: Análise da obra, do local e das informações pertinentes; 
Aplicação da Análise de Ciclo de Vida para determinação das diretrizes de projeto e escolha de materiais e tecnologias; Estudos de solo; Recomendações de projeto e intervenções; Recomendação de materiais e tecnologias; Projeto de arquitetura e paisagismo sustentável; Planejamento geral e sustentável; Estudos de consumo de materiais e energia da edificação; Planejamento da logística de materiais e recursos em geral.

Aproveitamento passivo dos recursos naturais:
  • Objetivos: Aproveitar os recursos naturais que atuam diretamente sobre a obra -como sol, vento, vegetação-, para obter iluminação, conforto termo-acústico e climatização naturais.
Eficiência energética:
  • Objetivos: conservação e economia de energia; geração da própria energia consumida por fontes renováveis; controle de emissões eletromagnéticas; controle do calor gerado no ambiente construído e no entorno.
Gestão e economia da água:
  • Objetivos: Reduzir e controlar o consumo de água fornecido pela concessionária ou obtido junto a fontes naturais (poços, poços artesianos, nascentes, outros); não contaminar a água e corpos receptores; aproveitar as fontes disponíveis; tratar águas cinzas e negras e reaproveitá-las na edificação; reduzir necessidade de tratamento de efluentes pelo poder público; aproveitar parte da água pluvial disponível.
Gestão dos resíduos na edificação:
Objetivos: Criar área para disposição dos resíduos gerados pelos próprios moradores/usuários; reduzir geração de resíduos; reduzir emissão de resíduos orgânicos para processamento pelo Poder Público ou concessionárias; incentivar a reciclagem de resíduos secos ou úmidos.
Qualidade do ar e do ambiente interior:
  • Objetivos: Criar um ambiente interior e exterior à obra saudável a todos os seres vivos; identificar poluentes internos na edificação (água, ar, temperatura, umidade, materiais); evitar ou controlar sua entrada e atuação nociva sobre a saúde e bem–estar dos indivíduos.
Conforto termo-acústico:
  • Objetivos: Promover sensação de bem-estar físico e psíquico quanto a temperatura e sonoridade, através de recursos naturais, elementos de projeto, elementos de vedação, paisagismo, climatização e dispositivos eletrônicos e artificiais de baixo impacto ambiental
Uso Racional de Materiais:
Objetivos: Racionalizar o uso de materiais de construção tradicionais e prevenir o uso de produtos cuja fabricação e uso acarretem problemas ao meio ambiente ou que são suspeitos de afetar a saúde humana
Uso de Produtos e Tecnologias Ambientalmente Amigáveis:
  • Objetivos: Prever na obra uso máximo de produtos e tecnologias amigas do meio ambiente que atendam os seguintes pontos:
  • Ecologia: Coletar dados que comprovem o desempenho sustentável dos processos construtivos, produtos e tecnologias recomendados, do ponto de vista da gestão e uso de matérias-primas e insumos básicos; energia; água; emissão de poluentes; normatização; cumprimento das leis vigentes; embalagem; transportes (logística); potencial de reuso e/ou reciclagem.
  • Economia: Recomendar ecoprodutos e tecnologias sustentáveis adequados à realidade financeira e capacidade de investimento do cliente, com prazo e taxas de retorno definidos (payback);
  • Saúde: Avaliar a biocompatibilidade e sanidade dos produtos recomendados com o ser humano e organismos vivos em geral, com o objetivo de gerar um ambiente saudável e de elevada qualidade para seus ocupantes e vizinhança;
  • Responsabilidade social: Recomendar o uso de materiais que atendam às normas brasileiras e internacionais de qualidade e padronização (NBR 16001), cuja fabricação contribua para inserção da população desfavorecida no mercado de trabalho e consumo, bem como para fixação do homem em sua região de origem.

Nove Passos para a Obra Sustentável