domingo, 10 de janeiro de 2016

Responsabilidade Social na Construção Civil

Responsabilidade Social na Construção Civil

  • Os vinte países que compõem a América Latina são geralmente caracterizados pelo subdesenvolvimento, muito embora alguns deles sejam atualmente referências mundiais em termos de avanço industrial e tecnológico, como é o caso, por exemplo, do Brasil, do México, da Colômbia e do Chile.
Foi a partir do início da década de 1970, depois da “Aliança para o Progresso”, programa destinado a acelerar o desenvolvimento econômico, cultural e social da América Latina, lançado pelo presidente americano John F. Kennedy, que muitos países latino-americanos iniciaram seus programas de reformas econômicas e sociais, nos quais as principais ações eram concentradas na construção de habitações populares.
  • As necessidades, porém, iam muito além. Esses países, considerados na época como “em desenvolvimento” precisavam, sobretudo, de investimentos em infraestrutura, principalmente em saneamento básico, abastecimento de água, energia e malha viária, sem falar em necessidades básicas como saúde, educação e segurança pública.
O Brasil, país privilegiado por possuir dimensões continentais, ainda hoje é muito carente de moradia e infraestrutura. Mesmo com a criação de uma abrangente política habitacional, cuja meta atual é construir 2 milhões de unidades a curto prazo, o déficit ainda é bem grande: cerca de 6,27 milhões de residências, de acordo com o Ministério das Cidades (BRASIL, 2009).
  • O Governo argentino estima que o déficit habitacional daquele país chegue a 2,5 milhões de residências, com um acréscimo de 120 mil unidades por ano. Na Colômbia a necessidade é de 1,3 milhões e no Peru o déficit estimado é de 1,5 milhões e incremento anual de 150 mil unidades residenciais (MEJIA, DUER & QUERETARO, 2011).
Com tanta demanda, o setor da construção civil vem alcançando seguidos recordes e, assim, vem ocupando, nos últimos anos, uma posição de destaque, contribuindo significativamente com o desenvolvimento econômico e social da América Latina.
  • A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2010, registra que o crescimento do setor teve o resultado mais expressivo dos últimos 24 anos, tendo o PIB da construção civil chegado a 11,6%, enquanto o PIB nacional alcançava 7,3% (CBIC, 2011). 
Já na Argentina a construção civil também conseguiu superar bem a crise. Em 2010, o PIB do setor cresceu 10% com relação a 2009 e as perspectivas continuam boas para os anos subsequentes.
  • Os últimos registros de desempenho não favorável das empresas no Brasil, ainda de acordo com a CBIC (2011), remontam a fevereiro de 2009, quando o país ainda se recuperava dos efeitos da crise financeira mundial. Desde então, as avaliações de desempenho passaram ao campo positivo e assim permanecem, mesmo com as dificuldades enfrentadas pela escassez de mão-de-obra.
Nos próximos anos, tanto a copa do mundo de futebol em 2014 como os jogos olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, geram expectativas de um crescimento ainda maior do setor, uma vez que, além da construção, ampliação e reforma de parques esportivos, a realização dos eventos exige um conjunto de obras complementares, tais como a construção e melhoria de aeroportos, estradas, obras de mobilidade urbana, entre outras. No caso da copa os investimentos esperados devem ultrapassar os 15 bilhões de dólares.
Diante desta realidade de crescimento e mudança acelerados, é vital que as empresas de construção civil, apontadas em pesquisas recentes como as que menos investem em ações sociais e, tradicionalmente, consideradas vilãs no quesito meio-ambiente, estejam dispostas a oferecer produtos e serviços de qualidade, mas que preservem o meio ambiente e contribuam para o desenvolvimento social.
Conceitos e histórico:
Conceitos:
  • Responsabilidade social é definida pela ABNT NBR 16001:2004 como a relação ética e transparente da organização co todas as suas partes interessadas, visando o desenvolvimento sustentável.
Este conceito foi amplamente difundido e aceito pela conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), no Rio de Janeiro, em 1992. Muitas das atividades associadas com a responsabilidade social refletem, portanto, as três dimensões da sustentabilidade: economia, meio.
  • O Instituto Ethos de empresas e responsabilidade social é uma organização não governamental criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa (www.ethos.org.br) ambiente e sociedade.
O Instituto ETHOS trata responsabilidade social empresarial como uma forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

Histórico:
  • Nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com ASHLEY et al. (2005), a ética e a responsabilidade social corporativa eram aceitas como doutrina até o século XIX, quando o direito de conduzir negócios de forma corporativa era prerrogativa do Estado ou da Monarquia e não um interesse econômico privado. Os benefícios públicos eram moeda de troca das corporações de capital aberto para conseguir alvarás expedidos pelos monarcas.
A obtenção de lucros aos acionistas ainda era, até o início do século XX, a premissa fundamental da legislação sobre corporações e, só a partir da segunda década do século, o litígio de Dodge versus Ford, nos Estados Unidos, tornou pública a questão da ética, da responsabilidade e discricionariedade dos dirigentes de empresas abertas. Daí pra frente, especialmente depois dos efeitos da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, a consciência acerca da importância das ações sociais fez surgir, naturalmente, defensores da ética e da responsabilidade social corporativa, tendo esses conceitos se fixado inicialmente nos Estados Unidos e, posteriormente, no final da década de 1960, na Europa (ASHLEY et al., 2005).
  • Nos últimos anos, de acordo com PINHEIRO (2008), a responsabilidade social surgiu como consequência de diversos movimentos que nasceram com o intuito de atender à nova demanda de necessidades da sociedade. 
Em 1987, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou a discussão sobre desenvolvimento sustentável, que posteriormente foi aprofundada durante a ECO 92 no Rio de Janeiro, dando origem à Agenda 21, um documento de compromisso das nações participantes para a solução de problemas socioambientais de âmbito global.

A Responsabilidade Social nas Empresas:
O novo contexto econômico mundial:
  • Um dos traços mais impactantes da recente evolução da economia mundial tem sido a integração dos mercados e a queda das barreiras comerciais.
Para grande parte das empresas, isso significou a inserção, muitas vezes forçada, na competição em escala planetária. Em curto espaço de tempo, elas viram-se compelidas a mudar radicalmente suas estratégias de negócio e padrões gerenciais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades
  • Cada país, na ocasião, estabeleceu um compromisso de reflexão sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais.
A Agenda 21 permitiu a criação de um instrumento que tornou possível repensar o planejamento. Abriu-se um caminho capaz de ajudar a construir politicamente as bases de um plano de ação e de um planejamento participativo em âmbito global, nacional e local, de forma gradual e negociada, tendo como meta um novo paradigma econômico e civilizatório (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2011).
  • Atualmente, a responsabilidade social empresarial está no centro das discussões das principais economias do mundo e é praticamente indissociável do conceito de desenvolvimento sustentável. decorrentes da ampliação de seus mercados potenciais, do surgimento de novos concorrentes e novas demandas da sociedade.
Paralelamente, tiveram que passar a acompanhar a acelerada evolução tecnológica e o aumento do fluxo de informações, que se tornou exponencial com o avanço da Internet.
  • Na era da informação, da nova economia, são profundas as mudanças no modo de as sociedades se organizarem. Alteram-se os papéis dos Estados nacionais, das empresas e das pessoas. Redefine-se a noção de cidadania e constituem-se modalidades inovadoras de direitos coletivos. 
O crescimento vertiginoso do chamado terceiro setor, com a proliferação das organizações não governamentais, configura uma verdadeira revolução cívica, que o mundo da Internet e das comunicações vem potencializar.
  • Esse contexto apresenta como desafio para as empresas a conquista de níveis cada vez maiores de competitividade e produtividade, e introduz a preocupação crescente com a legitimidade social de sua atuação.
Como resposta, as empresas passam a investir em qualidade, num aprendizado dinâmico que se volta inicialmente para os produtos, evolui para a abordagem dos processos, até chegar ao tratamento abrangente das relações compreendidas na atividade empresarial, com os empregados, os fornecedores, os consumidores e clientes, a comunidade, a sociedade e o meio ambiente. A gestão empresarial que tenha como referência apenas os interesses dos acionistas (Shareholders) revela-se insuficiente no novo contexto. 
  • Ele requer uma gestão balizada pelos interesses e contribuições de um conjunto maior de partes interessadas (Stakeholders). A busca de excelência pelas empresas passa a ter como objetivos a qualidade nas relações e a sustentabilidade econômica, social e ambiental (ETHOS, 2011).
Responsabilidade social das empresas no Brasil:
  • No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão.
O trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE na promoção do Balanço Social é uma de suas expressões e tem logrado progressiva repercussão (ETHOS, 2011).
  • A obtenção de certificados de padrão de qualidade e de adequação ambiental, como as normas ISO, por centenas de empresas brasileiras, também é outro símbolo dos avanços que têm sido obtidos em alguns aspectos importantes da responsabilidade social empresarial.
A atuação incansável da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e pela erradicação do trabalho infantil e a adoção do selo Empresa Amiga da Criança por um número expressivo de empresas são exemplos vivos do poder transformador da iniciativa privada.
  • As enormes carências e desigualdades sociais existentes não só no Brasil, mas em outros países latino-americanos dão à responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, sejam atores de mudança social e, enfim, sejam construtores de uma sociedade melhor (ETHOS, 2011).
ASHLEY et al (2005) comentam que algumas empresas no país já têm a responsabilidade social como assunto constante em suas agendas de negócio.

Ações de Responsabilidade Social: 
No setor da construção civil:
  • Comentam, ainda, que esse novo modelo de gestão vem ganhando cada vez mais importância em processos de avaliação de empresas e de negócios.
Algumas empresas de construção civil, seguindo a tendência de outras indústrias, vêm apostando e acreditando que suas atividades devem ter objetivos maiores que seu próprio crescimento. Por esta razão, fazem questão de participar do desenvolvimento dos locais onde atuam e das pessoas que neles vivem, investindo em seu bem-estar, assim como em cultura, educação e preservação do meio ambiente.
  • Inicialmente, a própria percepção empresarial provou que quanto mais se investe no homem, maior o comprometimento e maior é a redução de custos com encargos sociais, uma vez que há, comprovadamente, um melhor resultado operacional e, consequentemente, uma maior satisfação do cliente.
Esta consciência de responsabilidade social empresarial, segundo OLIVA & OLIVEIRA (2008), ainda não conseguiu uma adesão considerada suficiente do setor da construção civil para as necessidades imediatas das populações. 
  • No entanto, mesmo insuficientemente, cabe o destaque para algumas ações que têm transformado de maneira significativa as relações deste setor que, historicamente, não investe em ações sociais e degrada o meio-ambiente.
Incentivos às Empresas do Setor:
  • A CBIC, por meio de seu Fórum de Ação Social e Cidadania (FASC), vem estimulando, desde 2005, as ações sociais na indústria da construção com o Prêmio CBIC de Responsabilidade Social. Já bastante prestigiado pelo setor, o prêmio já agraciou empresas e entidades de todo o país. 
O objetivo do prêmio é fortalecer e estimular o desenvolvimento de ações sociais no setor da Indústria da Construção e do Mercado Imobiliário, criando um mecanismo de reconhecimento dos esforços conjuntos do setor na busca por uma sociedade com melhor qualidade de vida (CBIC, 2011).
  • Um dos vencedores de 2010 foi o programa “Descobrindo Saberes – Construindo Cidadania”, desenvolvido por uma empresa de construção civil do estado do Ceará. A premiação reconheceu o trabalho realizado pela empresa no desenvolvimento de atividades socioeducativas e culturais de crianças e adolescentes.
Outro agraciado no mesmo ano foi o Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sinduscon) de São Leopoldo/RS, com o projeto “Formação do Jovem Aprendiz da Construção Civil - Fui eu que fiz, Doutor!”.
  • O projeto forma jovens entre 16 e 22 anos de idade, com competências para atuar na área da construção civil, fornecendo-lhes conhecimento genérico das atividades a serem desenvolvidas com sociabilidade e ética no mundo do trabalho, além de resgatar a dignidade da atividade do trabalhador da construção civil, por meio do aperfeiçoamento profissional, visando proporcionar oportunidades de trabalho e geração de renda (CBIC, 2011).
O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA.RJ), no intuito de demonstrar o comprometimento da área tecnológica no resgate da dívida social, lançou o “Selo CREA.RJ de Responsabilidade Social”. 
  • O selo é conferido anualmente a empresas que desenvolvem ações de responsabilidade social, especialmente voltadas para iniciativas que promovam a inclusão tecnológica, a aplicação responsável dos princípios da Agenda 21 e que, além disso, contribuam para atender as funções sociais das cidades como preceitua o Estatuto das Cidades e incentivem o Primeiro Emprego Tecnológico.
A entidade aposta que a iniciativa se insere no compromisso ético assumido por todos os profissionais da área tecnológica, onde “o objetivo das profissões e a ação dos profissionais voltam-se para o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente, em suas diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade, nação e humanidade; nas suas raízes históricas, nas gerações atuais e futuras”. (CREA.RJ, 2011).

Responsabilidade Social na Construção Civil

Exemplos de Ações de Responsabilidade Social: 
Na Construção Civil:

As ações de responsabilidade social nas empresas de construção civil têm gerado resultados positivos em diversas áreas, quais sejam:
  • Desenvolvimento econômico, gerando resultados para os clientes, para os acionistas e as comunidades onde a empresa atua e seus integrantes;
  • Desenvolvimento social, criando oportunidades de trabalho e renda direta e indiretamente para as populações das comunidades onde a empresa atua;
  • Preservação ambiental, por meio do uso racional dos recursos naturais e da utilização de tecnologias limpas;
  • Participação política, contribuindo ativamente na formulação de políticas públicas que visem promover o desenvolvimento sustentável;
  • Diversidade cultural, incentivando a integração à organização de pessoas de diversas origens, raças, etnias e orientações sexual e religiosa, com respeito a seus usos e costumes.
Sempre de forma voluntária, as empresas investem recursos próprios em iniciativas de caráter social, cultural, ambiental, etc., voltadas, sobretudo para a educação, saúde e geração de trabalho e renda.  A contribuição acontece, muitas vezes, por meio de Fundações e por iniciativas no âmbito interno das empresas. 
  • A seguir são apresentados alguns exemplos de ações de interesse social no setor da construção civil.
Alfabetização nos Canteiros de Obras:
  • A realidade mostra que muitos operários da construção civil não tiveram oportunidades para se dedicar aos estudos, pois desde muito cedo tiveram que trabalhar. A alfabetização de um indivíduo, mesmo e principalmente na idade adulta, aumenta sua autoestima, bem como melhora seu relacionamento familiar, uma vez que o mesmo participa de forma ativa da educação de seus filhos.
Além disso, devolve ao trabalhador seu espaço na sociedade e lhe dá oportunidades de crescimento profissional, visto que possibilita um melhor desempenho dentro da empresa. As aulas, que são ministradas dentro do próprio canteiro, melhoram a compreensão, levando a uma maior interação com os chefes de setor, pois entendem mais claramente as instruções passadas por eles.

Programas de vacinação preventiva:
  • Os programas de vacinação preventiva, além de cuidar da saúde de seus colaboradores e de suas famílias, ajudam a empresa a evitar ou minimizar as faltas no trabalho, ou seja, é uma ação preventiva de caráter social e de resultados diretos nos recursos humanos.
Assistência aos Familiares dos Funcionários:
  • A atenção que a empresa dedica aos familiares dá segurança ao operário, pois mostra que a empresa se preocupa com aquilo que, para a maioria, é a motivação maior de seu trabalho: o bem-estar de sua família. A assistência se concentra, geralmente, nas áreas de educação, alimentação e auxílio médico-hospitalar completo, além de tratamento odontológico.
Contratação de Portadores de Necessidades Especiais:
  • Apesar das dificuldades em integrar portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho, as entidades e empresas do setor têm desenvolvido parcerias para capacitar e contratar esses trabalhadores.
A contratação é uma iniciativa que não só reflete a preocupação social da empresa, mas ajuda a melhorar sua imagem perante a sociedade, uma vez que está absorvendo uma parcela da sociedade que ficou durante muito tempo à margem do mercado de trabalho. São muitas as atividades que podem ser desempenhadas por essas pessoas, entre elas algumas atividades de campo, além de serviços de escritório, contabilidade, recepção, telemarketing, almoxarifado, vigilância, entre outras.
  • A Lei Federal nº 8.213/1991 (Lei de Cotas) estabelece que empresas que têm de 100 a 200 empregados devem destinar 2% das vagas para pessoas com deficiência. De 201 a 500 trabalhadores, a reserva é de 3%. De 501 a 1000, 4% e de 1001 em diante, 5% (PRESIDÊNCIA, 2011).
Um bom exemplo é dado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon.DF) em parceria com o Serviço Nacional da Indústria (SENAI.DF), a Coordenadoria para Inclusão de Pessoas com Deficiência (Corde), o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília (STICMB), além da Superintendência Regional do Trabalho assinaram um pacto para capacitar portadores de necessidades especiais na construção civil.

Assistência Odontológica:
  • A assistência odontológica gratuita aos funcionários é também uma importante ação de caráter sócio assistencial, a qual objetiva prevenir doenças provocadas por problemas na cavidade bucal, promovendo cidadania e efetivando os direitos sociais dos trabalhadores. 
Existem tipos de assistência pode ser realizado até no próprio canteiro, muitas vezes com a instalação de trailers odontológicos. Além dessas ações inúmeras outras têm sido aplicadas nos canteiros de obras com excelentes resultados. 
  • Palestras sobre os mais variados assuntos, orientações e treinamentos sobre segurança no trabalho; programas de preservação e educação ambiental; programas de reciclagem de lixo; a realização de confraternizações para operários e seus familiares, entre outros.
Concreto Auto Adensável (CAA):
  • A aplicação de concreto auto adensável, além de vários ganhos diretos e indiretos defendidos por TUTIKIAN & DAL MOLIN (2008), tais como a redução da mão-de-obra, melhoramento do acabamento final, concretagem de peças de seções reduzidas e aumento da durabilidade, também é vantajosa para empresas alinhadas à atual preocupação com seus impactos ambientais e sociais, de acordo com WATANABE (2006). 
Por utilizar finos na sua produção, o CAA é uma boa solução para o chamado “pó-de-pedra” gerado nas pedreiras, que geralmente não é aproveitado e, quando despejado em rios, causa assoreamentos e poluição. 
  • No concreto auto adensável esse material substitui até 65% da areia natural, o que, consequentemente, acarreta uma menor exploração das jazidas. O CAA também diminui a poluição sonora, já que não faz uso de vibradores, e contribui para uma redução no consumo de energia elétrica e a preservação da saúde do operário. 
A alta fluidez traz outras vantagens: além de minimizar os riscos de acidentes causados pelo excesso de operários sobre as lajes, o CAA reduz problemas ergonômicos nos trabalhadores, já que eles fazem um menor esforço no lançamento e acabamento do material, além de diminuir a possibilidade de problemas auditivos. As relações que a empresa estabelece com fornecedores revelam o grau de seu comprometimento com a responsabilidade social.
  • Ela reproduz suas práticas entre os fornecedores e geram um círculo virtuoso. PINHEIRO (2008) verificou que 43% das empresas não têm como norma verificar a procedência dos materiais com o objetivo de evitar a utilização de insumos provenientes de exploração ilegal de recursos naturais. 
Na mesma pesquisa observou-se que as outras empresas não possuem normas ou não verificam a procedência dos materiais. Dessa forma, em relação à política de compras, a maioria das empresas não considera. Concreto auto-adensável: uma solução de resultados socialmente positivos (fonte: http://cciviles.blogspot.com)

Os Materiais e a Responsabilidade Social: 
Procedência dos materiais e os fatores de qualidade de seus fornecedores e parceiros.
  • Tratar de materiais e soluções que trazem benefícios sociais conduz, naturalmente, a uma abordagem de assuntos relacionados à sustentabilidade, uma vez que os projetos sociais nessa área visam quase sempre a utilização de materiais ecologicamente corretos, resíduos industriais e não processados, reuso de materiais, construções alternativas, enfim, conceitos de construção sustentável, os quais serão devidamente abordados em outro Boletim Técnico da ALCONPAT Int
A área de patologia e reabilitação: 
Das construções e os impactos sociais:
  • A área de patologia e reabilitação das construções está diretamente relacionada tanto com aos aspectos econômicos, como aos aspectos de interesse social.
Isto fica claro, quando BERTOLINI (2010) alerta para uma realidade dos países industrializados, nos quais os investimentos no patrimônio de edificações e na infraestrutura existentes continuam a aumentar e estão progressivamente superando os investimentos em novas obras.
  • HELENE et al (2003) destacam a degradação acelerada em obras de infraestrutura na Ibero-América, seja por falhas em projetos, execução ou mesmo por ausência de políticas de manutenção.
Segundo estes autores, nos Estados Unidos mais de 31% dos investimentos no setor da construção civil seriam destinados a obras de reabilitação. A corrosão das armaduras, indiscutivelmente, tem sido a manifestação patológica de maior incidência. 
  • HELENE (1986) já alertava sobre este problema, dizendo que o fenômeno da corrosão de armaduras era mais frequente do que qualquer outro processo de degradação em estruturas de concreto armado e que, além de um comprometimento estético, poderia afetar perigosamente a segurança estrutural de uma edificação. Ainda com relação a este problema, 
FIGUEIREDO (1994) diz que sua importância compreende razões econômicas, técnicas, jurídicas e também sociais, uma vez que a deterioração de inúmeras obras civis e públicas devido à corrosão é um fato que desafia desde sempre toda a comunidade técnico-científica mundial, em virtude de ser este um dos mais sérios, custosos e difíceis problemas de serem resolvidos.
  • Os custos diretos e indiretos com as perdas causadas pela corrosão envolvem cifras extraordinárias e podem representar boa parcela das riquezas produzidas anualmente por um país.
De acordo com ANDRADE & GONZÁLEZ (1988), estas perdas podem atingir cerca de 1,25% a 3,50% do Produto Nacional Bruto (PNB) de países em desenvolvimento ou desenvolvidos, isto explica o porque de alguns destes países estarem adotando estratégias para frear o rápido crescimento destes gastos, já que estes recursos poderiam estar sendo investidos também em ações de interesse social.
  • SITTER (1984) já havia demonstrado e alertado a respeito da importância de ações preventivas nas edificações desde a fase de concepção ou mesmo a intervenção em tempo hábil. Os custos diretos, segundo este autor, poderiam sofrer acréscimos significativos, adotando uma progressão geométrica de razão igual a cinco, na medida em que se avança cada uma das etapas: projeto, execução, manutenção preventiva e manutenção corretiva.
Na era das economias de baixo carbono, um esforço cada vez maior deve ser realizado no sentido de se conservar as obras existentes, com as correspondentes intervenções que a sua manutenção requer, pois as atuais circunstâncias globais exigem esta postura responsável.

Indicadores e Referenciais Normativas:
  • As Normas relacionadas à responsabilidade social foram surgindo de acordo com as necessidades oriundas da popularização das iniciativas desenvolvidas pelas empresas. Assim, para se entender a visão dos consumidores sobre esse tema, suas expectativas e reações ante as ações das empresas foram criados indicadores, ou seja, instrumentos de avaliação que levam em conta algumas variáveis pertinentes para sua composição. 
Além da avaliação, o uso de indicadores ajuda a medir e monitorar aspectos da realidade das empresas, fornecendo informações para que ela estabeleça previsões e identifique tendências. URSINI & SEKIGUCHI (2005) apresentam alguns resultados alcançados durante o processo de evolução dos indicadores e normas até, finalmente, a elaboração da norma internacional ISO 26000, descrevendo alguns antecedentes e ilustrando toda a complexidade do processo.

Responsabilidade Social na Construção Civil