segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A Sustentabilidade e as escolas Agrícolas

Projeto de horticultura sustentável da ONG Eu Posso envolve 40 estudantes
Crianças colocam a mão na terra e se dedicam ao projeto voluntário
  • Tomando a área de uma propriedade e seu sistema de cultivo como um agroecossistema, devem-se prover diretrizes de desenvolvimento que propiciem a conservação dos recursos naturais, a inclusão social e a obtenção de rendimentos econômicos que compõem este sistema, em direção à sua sustentabilidade. 
A sustentabilidade dos agroecossistemas está relacionada à sua capacidade de manutenção produtiva ao longo do tempo, propiciando condições econômicas e sociais às comunidades, tanto urbanas como rurais. Satisfeitas estas condições, tem-se o desenvolvimento sustentável, conceito ainda em construção. O desenvolvimento não pode ser entendido estritamente como o acúmulo de riquezas, mas sim enquanto efetiva melhoria das condições de vida das populações, isto é, sustentável. 
  • O território é o espaço onde existem as ações entre os atores sociais, e a sua criação depende da forma como a comunidade se organiza, em torno de um projeto em comum, sendo um agente coletivo do desenvolvimento. O desenvolvimento local é baseado na dinâmica territorial dos fluxos econômicos com a sociedade e cultura local, condicionando o chamado desenvolvimento territorial. O Centro Paula Souza, por meio de sua Coordenadoria do Ensino, implementou projeto para capacitação e acompanhamento da elaboração do Plano Diretor de cada uma das escolas agrícolas da Instituição, da mesma forma como procederam outras instituições. Este treinamento para o acompanhamento foi oferecido para os responsáveis pela escola, membros da direção e professores, das diversas escolas agrícolas. Além dos Planos Diretores, criados mais recentemente no ano de 2005, as escolas possuíam como instrumentos de gestão os Planos Escolares, que são instrumentos didático-pedagógicos. Estes Planos Diretores segundo seus idealizadores têm a função de diagnosticar as áreas físicas, naturais, sociais, humanas, patrimoniais, financeiras, considerando pontos fortes e pontos fracos de cada uma e propondo um plano estratégico com objetivos e metas. 
Por estas razões no presente projeto pretende-se a análise das escolas enquanto territórios pela aplicação de metodologia de avaliação de agroecossistemas adaptada da proposta MESMIS ou “Marco para la Evaluación de Sistemas de Manejo Incorporando Indicadores de Sustentabilidad” muito importante para agricultores, técnicos e planejadores. Estão sendo propostos indicadores que reflitam o grau de sustentabilidade existente resultante da apropriação do espaço, obtendo-se quais as escolas estudadas estão mais sustentáveis, considerando-se as condições ambientais, socioculturais e econômico-financeiras em um recorte do tempo, na tentativa de compreensão de seus territórios. 

Agricultura, meio ambiente e impactos ambientais:
  • O Brasil tem 8,5 milhões de km², sendo que as propriedades rurais ocupam uma área de 3,5 milhões de km², o que equivale a quase metade do seu território. O complexo agroindustrial é responsável por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, tendo sido chamado “âncora verde do Plano Real”. As exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$ 30,6 bilhões em 2003, gerando superávits de US$ 25,8 bilhões, ocupando uma posição de destaque nacional e internacional (EMBRAPA, 2004). 
Segundo o Plano Diretor da EMBRAPA Gado de Corte (EMBRAPA, 2000), existe uma tendência mundial de aumento no consumo de alimentos, em especial os de proteína de origem animal principalmente nos países em desenvolvimento, pelo aumento do consumo em massa devido à melhoria de renda e padrão de consumo (Brasil, Índia e China). 
  • Ainda naquele Plano Diretor são previstas mudanças de hábitos nas populações, em decorrência da busca por uma vida mais saudável, com maior procura por alimentos funcionais, diferenciados, orgânicos, naturais, frutas e hortaliças, carne branca e magra, semiprontos ou minimamente processados. Estas características, ligadas a um processo de produção sustentável, associadas à qualidade, segurança, certificação e rastreabilidade, constituirão oportunidades crescentes para se agregar valor aos produtos, o que deverá ocasionar a disposição dos consumidores em pagarem preços mais elevados. 
A agricultura é reconhecidamente uma forte fonte de poluição difusa do planeta. Assim, as atividades agropecuárias praticadas aos moldes da chamada Revolução Verde, isto é, com grande utilização de energia, produtos químicos e fertilizantes, foram responsáveis por grande parte da degradação ambiental existente. Observa-se que as práticas agrícolas ainda hoje vigentes causam alto grau de utilização de insumos e operações mecânicas, degradando os recursos naturais, além de um elevado consumo energético. A deterioração da água e do solo, o assoreamento de cursos d’água, a escassez no abastecimento e problemas para a saúde humana e animal, e também a redução da produtividade agrícola, ao longo do tempo. Todos estes fatores levam a uma menor renda do produtor, empobrecendo o setor rural e gerando a insustentabilidade destas atividades (KATHOUNIAN, 2001). 
  • Nas diversas conferências da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente foi constatada a necessidade de mudança tanto no padrão de produção industrial quanto no agrícola. Ressaltaram-se a contaminação das águas, a destruição da camada de ozônio, o comprometimento das cadeias tróficas, a presença de resíduos de agrotóxicos no leite e nas águas da chuva, além das chuvas ácidas (PENNA, 1999). 
Objetivando a maximização do uso dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas, o modelo agrícola e florestal vigente constitui uma das mais impactantes ações do homem contemporâneo sobre os ecossistemas (GRAZIANO NETO, 1991). 
  • O desmatamento e a utilização de práticas agrícolas de manejo do solo e da água não adaptadas ao ambiente tropical têm contribuído fortemente para a redução quantitativa e qualitativa dos recursos ambientais, assim como gerado conflitos socioeconômicos que se refletem na sociedade como um todo (SANTOS et al, 2002). 
A proposta de integração dos sistemas produtivos à preservação da biodiversidade em larga escala é perfeitamente viável, segundo a organização não governamental Conservação Internacional- Brasil (Conservação Internacional - CI, 2008), que está desenvolvendo parcerias com empresas líderes em commodities agrícolas para atingir todos os níveis da cadeia produtiva e incentivar a utilização de práticas que proporcionem resultados efetivos para a conservação ambiental. A agricultura, por certo, modifica o ambiente, mas não há necessariamente que se acabar com determinados processos biológicos ou ecológicos, devendo se prover de condições necessárias para a constituição de uma paisagem produtiva: bordas, cultivos de produção vegetal, vida animal e do homem e áreas de transição, os quais constituem a diversidade do agroecossistema. Os agroecossistemas ou estágios de sistemas de produção interagem espacialmente ou temporariamente em paisagens. 
  • A agricultura chamada alternativa ou ecológica, nas correntes orgânica, biológica, natural ou biodinâmica, tende a ser mais sustentável, pois não depende, a rigor, do uso de agroquímicos (fertilizantes químicos e agrotóxicos), do alto grau de mecanização e do alto consumo energético, como é o caso da agricultura normalmente praticada, também chamada convencional. A agroecologia, ciência que abriga as diversas práticas dessa agricultura chamada alternativa (EHLERS, 1999), tem como objetivo a otimização do equilíbrio do agroecossistema, analisando e interpretando as complexas relações existentes entre as pessoas, os cultivos, a água, o solo e os animais (CAPORAL & COSTABEBER, 2007). Segundo Altieri (1998), na agroecologia a sustentabilidade se refere à integração e otimização das dimensões de modo a ser uma atividade ecologicamente correta, socialmente justa, economicamente viável e culturalmente aceita. 
Para se compreender as mudanças nesse sentido, é necessária uma visão do conjunto numa escala de paisagem. Quando assim se observa a agrobiodiversidade, torna-se mais passível a verificação de dados como: manejo invisível (bordas, culturas, acessos); importante biodiversidade não cultivada; relação entre tipos de manejo (funcionalidade biológica); mudanças sazonais ou não na agrobiodiversidade; multifuncionalidade ou serviços dos ecossistemas. 
  • Segundo Rodrigues (2003), a avaliação e a gestão ambiental são premissas para que sistemas de produção integrada possam ser estabelecidos e adequadamente manejados, tendo desenvolvido o sistema de Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de atividades do Novo Rural (APOIA-Novo Rural), que consiste de um conjunto de planilhas eletrônicas compostas por sessenta e dois indicadores do desempenho de uma atividade agropecuária no âmbito de um estabelecimento rural. 
Assim, o autor estabeleceu a avaliação em 5 (cinco) dimensões::. Ecologia da Paisagem. Qualidade dos Compartimentos Ambientais (Atmosfera, Água e Solo),Valores Socioculturais, . Valores Econômicos, v. Gestão e Administração. O índice de impacto de cada indicador é reportado a um Valor de Utilidade empregando-se funções e coeficientes especificamente derivados para cada indicador. Os Valores de Utilidade para todos os indicadores agregados compõem o Índice de Impacto Ambiental da atividade agropecuária.
  • Não se pode identificar o espaço rural somente como um cenário de atividades agropecuárias, embora elas possam ser as mais importantes (HESPANHOL, 2007). Tem sido observado um mecanismo denominado “Novo Rural” (CAMPANHOLA & SILVA, 2000; CAMPANHOLA et al, 2003), que constitui uma tendência sócio econômica em muitas áreas rurais do Brasil, no qual ocorre um sistemático decréscimo do número de pessoas ocupadas nas atividades agrícolas tradicionais, concomitantemente a um significante acréscimo do número total de pessoas ocupadas com atividades alternativas não-agrícolas, em substituição aos tradicionais usos agrícolas da terra. Alterações socioeconômicas e ambientais resultam dessas mudanças, promovendo tanto perspectivas quanto ameaças ao desenvolvimento local sustentável. 
Assim, com o objetivo de contribuir para planejar e assessorar produtores rurais e tomadores de decisão quanto às melhores opções de práticas, atividades e formas de manejo a serem implementadas em um dado estabelecimento ou região, foram propostos os procedimentos para a avaliação de impacto ambiental (AIA) dessas atividades emergentes no Novo Rural (RODRIGUES, 2003; CAMPANHOLA & SILVA, 2000). Nas AIAs deverão estar incluídas as dimensões de manutenção da capacidade suporte dos ecossistema e conservação da qualidade do ambiente, ressaltando as dimensões socioculturais, econômicas e institucionais. O método deve ser apropriado para guiar a escolha de atividades, tecnologias e formas de manejo, considerando as potencialidades e restrições de uso do espaço do estabelecimento rural e objetivando ao desenvolvimento local sustentável.

O escritório da Emater em Santa Margarida do Sul incentivou durante a última safra o plantio de uma batata doce com alto teor de betacaroteno. Chamada de Batata Doce Vitaminada,

Disseminar pequenas ideias e transformá-las em ações que vão fazer diferença na vida das pessoas. Este é o ideal de um jovem de 25 anos que acredita ser possível mudar comportamentos por meio da informação e da adoção de atitudes simples no dia a dia. O primeiro resultado aparece em uma escola que abraçou uma dessas ideias e já colhe os primeiros frutos.
  • Fábio de Oliveira Neves é técnico agrícola e em março de 2011 criou uma ONG chamada Eu Posso para falar de ações possíveis de serem realizadas individualmente e coletivamente em benefício do meio ambiente e das pessoas. Ele convidou outros jovens para ajudá-lo e conseguiu reunir sete integrantes, todos com idade entre 25 e 30 anos.
“A gente acaba jogando a responsabilidade para o outro, para os políticos e isso deve vir da gente. Eu posso ter horta orgânica, economizar água no banho, tirar a TV do stand by, ajudar o outro, enfim, existe uma infinidade de coisas que eu posso fazer. Com minhas atitudes eu posso mudar o mundo.”
  • Ele trabalha o dia todo e, à noite, com um integrante da ONG visita empresas, escolas, associações de bairros e outras ONGs. Nesses encontros os dois falam sobre reciclagem, economia doméstica, consumo consciente, alimentação saudável, meio ambiente e ensinam como aplicar conceitos na prática. Os demais integrantes ajudam na divulgação das ideias em redes sociais e na mídia. “A gente leva sugestões que podem dar certo, de acordo com a realidade de cada comunidade”, disse Fábio Neves.
Na ONG Eu Posso, composta por profissionais das áreas de meio ambiente, biologia, enfermagem, agricultura e educação, cada um contribui com informações sobre suas áreas de atuação e que formam os conteúdos das palestras. Além disso, a organização se baseia em literatura especializada sobre cada tema a ser tratado. “O mundo ainda é carente de boa informação e a gente quer levar isso às pessoas.”

Palestra origina horta orgânica:
  • Na Escola Estadual Ignácio Paes Leme, no bairro Martins, os alunos desenvolvem trabalhos sobre vários temas ligados à sustentabilidade como parte do currículo. Questão energética, seleção dos resíduos, economia de água são alguns deles.
Estimulada por uma palestra do técnico agrícola Fábio Neves, fundador da Ong Eu Posso, a escola adaptou um projeto de horta em sistema de mandala para outro de agricultura sustentável. “O pequeno espaço não seria viável para uma mandala”, disse o professor Leandro Ferraz, que acompanha os alunos no projeto.
  • Com as informações e o apoio técnico da ONG, a antiga plantação foi transformada em uma horta orgânica, cuja manutenção é feita pelos estudantes. “A escola quer incentivar os alunos para que sejam multiplicadores e levem os conceitos para vizinhos, amigos, e até cultivem horta em casa”, afirmou o professor.
Segundo ele, um dos aspectos mais importantes do projeto é a conscientização sobre a importância de se consumir alimentos mais saudáveis. “Mesmo que encontre dificuldade para cultivar em casa, pelo menos ele vai ter a preocupação com os locais e a origem dos alimentos para o consumo da sua família.”
  • Se a mente jovem é uma esponja que absorve facilmente novos conceitos, na turma de 40 alunos do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Ignácio Paes Leme, da qual faz parte Ana Carolina Ribeiro, de 17 anos, o projeto de horticultura sustentável foi bem recebido. Ela e os colegas de sala estão empenhados no cultivo das hortaliças.
“É a primeira vez que a turma está fazendo isso. O projeto saiu de um trabalho valendo nota e ganhou essa dimensão. Ninguém tem experiência, mas acabou gostando”, disse a estudante, enquanto arrancava ervas daninhas do canteiro de couve para “ajudar as plantas a crescer melhor”.
  • Colocar a mão na terra tem sido “muito legal” para Ana Carolina. Além disso, o conhecimento que está adquirindo ela não guarda só para si. “Aqui na escola, eu tento mostrar para os alunos que é muito mais saudável o alimento orgânico, que não causa prejuízo à nossa saúde. Na casa da minha avó, da minha mãe, eu sempre falo sobre isso também.”
No sistema de indicadores propostos foram adotados os seguintes princípios: 
  1. Ser aplicável a quaisquer atividades do meio rural brasileiro, indicando pontos críticos para correção do manejo; 
  2. Atender ao rigor da comunidade científica e, ao mesmo tempo, permitir seu uso prático pelos agricultores/empresários rurais; 
  3. Contemplar de forma compreensiva os aspectos ecológicos, econômicos e sociais em um número adequado e suficiente de indicadores específicos e; 
  4. Ser informatizado e prover uma medida final integrada do impacto ambiental da atividade. 
Valarini (2007) utilizou o método APOIA Novo Rural para estudar o Impacto Ambiental em 20 (vinte) estabelecimentos familiares que praticavam agricultura orgânica na Região de Ibiúna (SP) e recomendou que deve haver sempre uma diversidade da paisagem, ao lado do cumprimento da legislação ambiental, como também uma diversificação das atividades produtivas, gerando maiores condições de qualidade e renda aos produtores. 
  • Os avanços alcançados pela pesquisa científica e tecnológica, em qualquer setor, só se constituem em componentes do desenvolvimento social, se incorporados às respectivas cadeias produtivas (EMBRAPA, 2003). A inovação obtida tem de ser repassada e utilizada pelo usuário, pois, apenas assim, representará uma inovação útil. 
Observa-se que tal repasse ocorre em razão direta da interação existente do produtor do bem (conhecimento, produto, tecnologia, serviço) com o usuário do mesmo, sendo a qualidade de tal interação o ponto mais importante desse relacionamento. É preciso reconhecer, todavia, que apesar de os produtores rurais estarem cada vez mais dependentes de informação e tecnologia para tomarem decisões que atendam às suas necessidades de produção e que satisfaçam as novas demandas da sociedade, essas têm de ser desenvolvidas em sintonia com as orientações relativas às questões ambientais, às mudanças políticas, sociais, econômicas e às exigências do consumidor. 
  • O evento organizado pela Câmara Brasil-Alemanha (realizado em São Paulo – SP, em 10 de abril de 2008), intitulado “O agronegócio e a sustentabilidade em seus aspectos ambientais e sociais”, teve o compromisso de demonstrar como o agronegócio vem se adequando à necessidade de utilizar novas fontes renováveis de energia, quais os reflexos ambientais desta adequação e os problemas práticos enfrentados pelos empresários do setor, com as soluções possíveis. O Comitê de Meio Ambiente da Câmara Americana de Comércio solicitou explanação do Geógrafo e Professor Doutor Aziz Ab´Sabber, para refletir sobre o aproveitamento do território com máxima eficiência. 
No contexto da Responsabilidade Social conexa ao agronegócio, foi abordado o conflito de atuação entre os órgãos estatais Instituto Brasileiro de Avaliação de Recursos Renováveis e Meio Ambiente (IBAMA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Ministério da Fazenda, e o risco dos novos projetos de lei que afetam a preservação e a compensação ambiental. Pretende-se a certificação das empresas de agronegócio com base na norma ISO 26000 (International Standart Organization), também objeto da explanação, uma vez que se pretende transformá-la em padrão de certificação. Foi abordado que o processo de planejamento territorial é apoiado na proposição de pesquisas que tratem teórica e empiricamente das questões sociais, econômicas e espaciais, como os desequilíbrios econômicos intra-urbanos ou intra-regionais. O planejamento territorial deve estar interligado com os processos históricos de formação, produção e ocupação do território no Brasil, analisando-se as formas e estruturas estabelecidas. 
  • Silveira (2003) avaliou a sustentabilidade ambiental de Sistemas Agroflorestais Regenerativos e Análogos, visando atender a necessidade de desenvolver e consolidar novos modelos de exploração agropecuária e geração de renda para agricultores, agregando conservação ambiental com produção agrícola diversificada. Concluiu que os Sistemas Agroflorestais Regenerativos e Análogos, sob o aspecto do aporte de nutrientes via serrapilheira, são os sistemas mais promissores na recomposição de formações vegetais de Mata Atlântica, quando comparados à Capoeira e à monocultura de banana. 
A crescente desigualdade social no acesso a bens e serviços, a degradação acelerada do ambiente e a dependência cultural e tecnológica vieram mostrar o estado de crise e inviabilidade dos tradicionais modelos de desenvolvimento, em especial aqueles adotados pelos países do Terceiro Mundo nos anos pós-guerra (ESPÍNDOLA & TERESO, 1997). 
  • A extrema ineficiência energética do sistema de cultivo agrícola decorrente da Revolução Verde, referido por “moderno” ou “convencional”, desencadeou vários estudos sobre o alto custo de energia necessária à produção. Outros sistemas menos eficientes quanto à produção de energia (Quilocaloria por hectare ou Kcal/ha), porém mais eficientes quanto ao retorno por unidade de energia despendida, comprovaram ser mais sustentáveis (ALTIERI, 2001; RAMOS, 2004). 
Assim, contextualiza-se a agricultura sustentável sinalizando um padrão tecnológico que não use de forma predatória os recursos naturais e não modifique agressivamente o meio ambiente, primando por enfoques sociais, culturais e produtivos (EHLERS, 1999). A Agroecologia como ciência admite um padrão técnico-agronômico que avalia as potencialidades dos sistemas agrícolas nas perspectivas social, econômica e ecológica, com a esperada manutenção da produtividade, o mínimo possível de impactos ambientais e com retornos econômico-financeiros. O sistema agrário é visto como ecossistema cultivado, ou um agroecossistema, cuja reprodução ecológica, cultural e social deve balizar os métodos de exploração econômica (ALTIERI, 2001). 
  • A transformação dos sistemas de cultivo chamados convencionais para sistemas com práticas mais sustentáveis de produção, implica o aprendizado e a experimentação, havendo certa dificuldade em se estabelecerem indicadores que permitam medir ou indicar os aspectos positivos e os ganhos em qualidade envolvidos nesse processo de mudança de hábitos. É difícil comparar dados e indicadores com a finalidade única de medir produção por área, ignorando outros benefícios acrescidos e que não obrigatoriamente refletem-se nestes indicadores (CARMO E MAGALHÃES, 1999). 
Devem ser requeridos novas formas de produção agropecuária que reduzam os impactos ambientais adversos e assegurem alimentos mais puros e sem toxicidade. Os caminhos de transição para um modelo de produção mais sustentável passa pela dinâmica do uso da terra, evolução do pensamento científico da economia e agronomia e, da utopia dos movimentos sociais na busca do desenvolvimento sustentável (VEIGA, 1994).

O Setor Apícola:
  • O Nordeste brasileiro caracteriza-se por ser uma extensa região que mantém, na maior parte de sua totalidade, uma cobertura vegetal nativa. Devido às suas características climáticas a exploração agrícola de forma intensiva torna-se limitada na parte de seu território ocupado pelo bioma da caatinga, onde o setor agropecuário caracteriza-se por atividades de subsistência, extrativismo ou explorações extensivas, na maioria das vezes conduzidas de forma danosa ao meio ambiente. A área em questão sofre um processo contínuo de degradação dos principais recursos naturais necessários a sustentabilidade de sistemas adequados de produção agrícola e a uma queda na condição sócio-econômica das populações atualmente presentes na região.
Após a introdução das abelhas africanas no Brasil, em 1956, deu-se início ao processo de africanização das abelhas que aqui já se encontravam, formando um tipo de abelha perfeitamente adaptado as condições naturais do semi-árido nordestino. Desde então a região Nordeste passou a expressar o potencial apícola de sua vegetação nativa, apresentando uma grande e crescente produção de mel, mesmo que inicialmente de forma extrativista. Outro fator de grande importância é a qualidade do mel produzido na caatinga que naturalmente apresenta características para sua classificação como produto orgânico, sendo originado do néctar de plantas isoladas do contato com defensivos agrícolas e processado por abelhas resistentes e tolerantes a doenças e pragas, sem qualquer contato com medicamentos ou outras substâncias químicas.
  • De maneira geral esta situação gerou grande interesse do mercado internacional pelo mel produzido na região Nordeste. O estado do Ceará ocupa a posição de segundo maior exportador de mel no Brasil, apresentando uma capacidade industrial de processamento do produto equivalente a seis entrepostos legalmente autorizados para a atividade de exportação. Mesmo em plena expansão produtiva, superando o teto de 4.000 toneladas de mel no ano de 2011, a demanda pelo mel apresenta histórico onde a demanda se mantém acima da oferta. Dessa forma, nosso principal canal de comercialização demonstra tendência clara de crescimento contínuo, justificando a inclusão de programas que incrementem a Cadeia Produtiva da Apicultura no planejamento das ações governamentais.
Um caso de sucesso, de integração agricultura e apicultura, pode ser encontrado na fazenda 
Nova Olinda, município de Miracema do Tocantins, 
no cultivo de moranga e abóbora cabutiá com polinização de abelhas