domingo, 2 de novembro de 2014

O Gerenciamento de Construções Sustentaveis

Construção sustentável

  • Para o bom gerenciamento de projetos e de obras, deve-se tirar proveito de toda a experiencia acumulada em trabalhos anteriormente desenvolvidos, os desafios enfrentados e as respectivas soluções encontradas para cada caso, formando se possível urna boa documentação da própria empresa responsável por essas etapas. 
A importância dessa documentação e auxiliar o trabalho de todos os envolvidos nas etapas em questão, mesmo com a falta de algum dos profissionais que desenvolveram as técnicas ou encontraram as soluções que serão aplicadas. Os projetos precisam conter todas as observações necessárias para a perfeita compreensão, sendo claros, objetivos e descomplicados. Os responsáveis pela montagem do canteiro de obras devem desenvolver um layout adequado aos padrões das normas existentes garantindo a segurança boa ambiência para os trabalhadores e a qualidade dos serviços a serem executados. 
  • Na execução dos serviços de construção, e importante o desenvolvimento de documentos com descritivos das atividades, croquis e organogramas de fácil entendimento, criando-se um padrão a ser seguido por todos os envolvidos no empreendimento, para a garantia da qualidade e que deve ser sempre revisado.
Em todas as fases, ate para a orçamentação, a elaboração de memoriais descritivos e de suma importância para evitar o desencontro de informações tanto no referente aos materiais quanto as técnicas a serem empregadas, perda de tempo em retrabalho, alem do desgaste dos profissionais envolvidos e o consequente aumento dos custos. Reuniões antes do inicio dos trabalhos e periódicas ao longo dos serviços, são muito importantes para a solução de duvidas e esclarecimentos referentes aos serviços em cada etapa da construção.
  • A função de fiscal de obra e muito importante para auxiliar os trabalhos do gerente de obras, que muitas vezes e obrigado a lidar com vários servis;os diferentes, os quais são executados, em muitos casos simultaneamente, em frentes diferentes tornando difícil o acompanhamento de cada passo da execução. 
Portando e necessário um bom planejamento para se evitar que os serviços sejam executados de forma diferente do previsto , o fiscal de obras, que trabalha geralmente para o cliente, tem geralmente a função de preservar as necessidades e interesses do contratante de um servis;o de projeto ou construção, em todas as areas, isto e, as técnicas que devem ser empregadas, os materiais e demais condições previstas nos projetos, memoriais, contrato, e cumprimento de prazos. 
  • O gerente tem a função principal de conduzir os trabalhos de projeto e construção que foram contratados, desde a montagem do canteiro de obras, estocagem de execução de serviços, atividades, cumprimento de alem da garantia da qualidade em cada etapa do serviços.
Um novo personagem que vem ganhando espaço nas empresas e o coordenador de projetos, que tem como função fazer a intersecção, compatibilizando todos os projetos integrantes de urna construção, como o estrutural, o hidráulico, o elétrico e o arquitetônico, compatibilizando os e evitando o retrabalho com interferências na bora da execução. 
  • Para GRAZIANO (1998), a compatibilização e inerente ao desenvolvimento de projetos, e consiste em " ... estabelecer procedimentos e rotinas ... ", objetivando: " ... que os componentes dos vários sistemas envolvidos em um projeto ocupem os espaços a estes destinados, sem conflitarem com os demais"; e "obrigar que dados compartilhados entre sistemas tenham consistência e confiabilidade ate o final do desenvolvimento do projeto" .
O planejamento e um procedimento gerencial que deve ser aplicado a produção de edifícios. Segundo ASSUMPÇÃO (1999), a maioria das empresas de pequeno e médio porte tem utilizado procedimentos precários no planejamento do que produzem, sendo mais grave nas que atuam com edificação, devido a alguns fatores como:
 " falta de tradição e cultura do setor no tratamento do tema gerenciamento/planejamento ... "; " ... formação deficiente dos engenheiros civis no assunto ... " por serem vistas com mais importância as areas de cálculo e tecnologia do que as de administração e organização; defasagem no desenvolvimento de " ... processes e sistemas de planejamento que efetivamente venham ao encontro das necessidades das empresas, pelo distanciamento natural da realidade do canteiro"; e a " ... descrença em sistemas, gerada a partir de implantações conduzidas ... ".
Todas as fases de uma construção devem contar com projetos bem definidos e elaborados, os quais, antes de serem distribuídos para os demais envolvidos, devem passar por uma revisão geral evitando erros e desencontro de informa~es, causados, exemplo, por memoriais descritivos e desenhos que foram alterados durante o desenvolvimento dos projetos, especificações inadequadas ou insuficientemente detalhadas, incompatíveis ou inviáveis, e que podem gerar erros desde a elaboração das propostas ate a execução.  Como salienta ZANFELICE (1996), os projetos são muito importantes, pois,
 " ... determinam os parâmetros de escopo, custos e cronograma e exercem grande influencia na facilidade de construir e na qualidade", e podem gerar preços na construção no caso de definições " ... incompletas ou tardias e o não entendimento de suas implicações ... ", por este motive devem ser alvos de constante aprimoramento, " ... visando introduzir os conceitos de qualidade total já nesta fase".
Para planejar e controlar uma construção e ate a execução de projetos, deve-se ter como base o cronograma, o CPM - Pert, o orçamento, e revisões constantes para evitar atrasos e falhas. O método do Caminho Critico - CPM, baliza o planejamento da obra diariamente, para possibilitar a visualização das tarefas a serem cumpridas visando sempre a data de termino da obra. Auxiliando inclusive no suprimento de materiais no tempo certo, sem causar atrasos e sem antecipar demais a entrega.
  • Em todas as fases, a comunicação entre todos os envolvidos e muito importante para o andamento dos trabalhos e atendimento aos anseios do cliente e bom andamento dos serviços da empresa construtora. A motivação e interesse de todos os envolvidos no processo, desde os cargos de chefia, ate os serventes e pedreiros, e importante o modelo gerencial adotado obtenha sucesso desde a implantação, neste caso, os prêmios por meta atingida pela obra e pelas equipes de serviços, podem ser um dos maiores incentivos.
Todos os envolvidos no processo devem estar bem orientados e esclarecidos de quais os motivos, vantagens e desvantagens da aplicação do procedimento gerencial adotado, assim como do funcionamento e quais as responsabilidades de cada um no processo. Os resultados devem ser apresentados periodicamente, em reuniões que servem tambem para o aprimoramento e a continuidade da proposta, para que todos possam acompanhar o resultado do seu trabalho e esforço em busca do objetivo. 
  • As equipes de trabalho da obra (armadores, alvenaria, assentamento, revestimento, instalações hidráulicas e elétricas, entre outras) devem ser constantemente monitoradas para que sejam corrigidas distorções, tanto no que se refere a qualidade dos serviços quanto na sua produtividade. 
E primordial que todos entendam quais são os objetivos, para que servem, e o que agregam ao seu trabalho. Conforme explica FORMOSO et al (1996), na construção civil, o conceito de perdas 
" ... e, com frequência, associado unicamente ao desperdício de materiais", porem,
" ... devem ser entendidas como qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidades superiores aquelas necessárias a produção da edificação", assim inclui tanto o desperdício de materiais, quanto " ... tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor", e " ... são consequência de um processo de baixa qualidade, que traz como resultado urna elevação de custos e um produto final de qualidade deficiente".
Para JOHN (2000), as perdas de materiais durante a construção aumentam ainda mais o impacto ambiental, e parte delas, " ... permanece incorporada ao edifício na forma de espessuras excessivas e outra parcela e retirada na fon:na de resíduo de construção". E salienta ainda que as perdas " ... tem origem nas diferentes etapas do ciclo de vida do edifício", na fase de planejamento, com a decisão pela 
" ... construção de uma estrutura não necessária", na de projeto, pela escolha por uma tecnologia inadequada, ou " ... super-dimensionamento da solução construtiva tambem podem causar desperdício ou necessidade de retrabalho", e na de execução, que e onde as perdas ficam mais visíveis, " .. .inclusive porque e somente nesta fase que as decisões anteriores ganham dimensão física, consumindo recursos naturais".
O gerenciamento deve sempre visualizar a sustentabilidade da edificação para que se possa minimizar o impacto de sua construção sobre o ambiente. Dessa maneira, processos construtivos sustentáveis tornam-se inviáveis se as ferramentas de gerenciamento adotadas e não sugerirem uma filosofia como a de "produção limpa" ou a de ecoeficiência, por exemplo.

Sendo muito utilizado desde a antiguidade na China e no Japão, o bambu vem sendo explorado por arquitetos como um recurso que concilia a natureza, o conforto e a tecnologia

O gerenciamento na fase de projetos:
  • O planejamento, na fase de projeto, ajuda na definição dos objetivos a serem atingidos, na previsão e prevenção de problemas e interferências na edificação e entre os diversos sistemas que serão implantados na construção e apos a entrega em seu funcionamento, incluindo-se problemas na manutenção de seus diversos componentes durante toda a vida útil da construção, auxiliando na definição de soluções e alternativas, implicando nos custos de construção, uso e manutenção. 
Atualmente, diversas ferramentas para o gerenciamento de projetos são aplicadas, porem geralmente de forma isolada. Ha a aplicação de sistemas para desenho de projetos, mas muitas vezes não se aplicam outros sistemas de simulação virtual de situações, que na pratica poderão representar maiores custos para a corre.;ao após a construção. O ideal e a aplicação sistêmica das ferramentas, visando as melhores opções de projeto que proporcionarão a maior economia e racionalização da mão de obra e de materiais durante a construção e por toda a vida útil da edificação, tomando-a ecoeficiente. 
  • Procurando inclusive compatibilizar a escolha dos materiais, principalmente de acabamento, com o tipo de uso que terá a edificação, assim diminuindo o desgaste dos materiais pela utilização e consequente necessidade de troca, e facilitando a manutenção por parte dos usuários.
As simulações dos projetos em laboratório, e por softwares específicos pode auxiliar a identificação e correção dos problemas antes da construção. As simulações podem ser feitas tambem por meio de maquetes, o que facilita a visualização da obra construída, verificação da estética e funcionalidade para o profissional e para o cliente, podendo evitar alterações durante a construção. 
  • Nos laboratórios pode-se simular ate mesmo a insolação sobre a edificação durante as varias estações do ano, mas não e fácil se ter acesso a laboratórios tao completos. Porem, existem formas mais rudimentares como as simulações com maquetes e lampadas que pode ter bons resultados.
Um outro conceito de verificação de edificações já construídas, e que deve ser utilizada e tem se tornado cada vez mais importante para o desenvolvimento de novos projetos e ate para adaptações, e a Avaliação de Pós-Ocupação, que 
" ... visa utilizar os resultados das avaliações sistemáticas ( estudos de caso) na realimentação do ciclo do processo de produção e uso de ambientes semelhantes, buscando não só o estabelecimento de programas de manutenção, mas tambem otimizar o desenvolvimento de futuros projetos e colaborar no aprimoramento de normas técnicas a luz da ISO (NB) 9000 e de Códigos de Defesa do Consumidor... 
Neste sentido, leva em consideração tanto o ponto de vista de técnicos, projetistas e clientes, como dos usuários, diagnosticando aspectos positivos e negativos"(ORNSTEIN, 1997). A base de qualquer construção é a estrutura. E se estamos falando em construção sustentável, não poderíamos deixar de fora elementos como cimentos, tijolos e vigas de sustentação.
  • As alternativas sustentáveis são aquelas que geram menores impactos ambientais tanto no processo de fabricação quanto no transporte, utilização e descarte final. Assim, sejam eles feitos de materiais reciclados, naturais ou simplesmente pensados de forma a gerar menos danos ao meio ambiente, o que importa é planejar bem antes de começar a construir. Quando o assunto é parede, três linhas de materiais se destacam: os blocos de entulho, os tijolos de solo-cimento e os tijolos de terra.
São materiais livres de matéria orgânica e que reaproveitam o entulho como base para sua fabricação. Esses resíduos coletados em outras obras (como cerâmicas, telhas e tijolos) são moídos, misturados a areia e cimento e transformados em blocos novos.Esses materiais são vendidos inteiros, em meio blocos ou canaletas e podem ser estruturais (que podem levar ferragens no seu interior) ou não.

Tijolos de terra:
  • Existem diversos modelos de tijolos que utilizam o solo em sua composição. Entre os mais tradicionais está o pau-a-pique. Apesar de não ser estrutural e de precisar de uma grade de madeira para ser erguido, esse material está em alta no mercado graças à possibilidade de ser rebocado, emboçado e pintado.
Para produzir a terra-palha são utilizadas matérias-primas naturais e renováveis, como capim, palha de trigo, solo argiloso e água. Por conta disso, esse material apresenta uma baixa densidade e alto isolamento termo-acústico. Para montar uma parede com esse material é indicada construção de uma estrutura de madeira.
  • A grande estrela da arquitetura de terra, porém, é o adobe. Esses tijolos, feito com terra crua, água e palha, é bastante leve e permite um alto conforto térmico dentro do ambiente. O adobe também costuma ser bastante resistente, barato e pode ser preparado no próprio local da obra.
Tijolo de solo-cimento ou Bloco de terra comprimida:
  • O bloco de terra comprimida (BTC) ou tijolo de solo-cimento é um tijolo composto por terra (areia argilosa), água e um pouco de cimento (entre 8 e 10% da sua composição) e comprimido em prensas mecânicas. Ele é bastante parecido com o adobe e, em geral, não requer massa de assentamento.
Além de dispensar o rejunte, o tijolo de solo-cimento utiliza menos ferro e concreto nas vergas, cintas e grautes e não requer o uso de madeira, estribos, arames e pilares. São vendidos inteiros ou pela metade (para evitar o desperdício).

Outros materiais:
  • Ainda existem outras alternativas para quem pensa em construir uma casa de bem com o planeta. Blocos de pedra, madeira certificada, bambu e até garrafas de vidro e PET já foram usadas em construções sustentáveis. Cimentos ecológicos e vigas sustentáveis também já podem ser encontrados no mercado da construção civil.
Apesar de tantas opções sustentáveis, “é preciso pensar de forma inteligente na racionalização da construção e assim gerar o mínimo de entulhos e de desperdícios e melhorar o conforto ambiental do local, e isso você consegue com vários materiais, apesar de ser mais fácil com os naturais”.
  • A escolha do material depende da demanda e de algumas características do projeto, como o estudo de ventilação e iluminação naturais, o clima local e o terreno onde a construção será erguida. “Isso tudo é discutido com o cliente”, conta Ivone.
Importante frisar ainda que a depender do projeto, diferentes materiais podem ser misturados e usados em diversos ambientes de uma mesma edificação. “Em um sobrado, por exemplo, você pode usar o pau a pique na base e blocos de terra-palha, que são mais leves, na parte de cima”, explicou

Tendência:
“O mundo todo está preocupado com essas questões ambientais e as pessoas estão começando a tomar atitude e buscar tecnologias que resolvam os problemas que nós mesmos criamos”, observa Ivone.
“A gente já vê lojas como a nossa começando a vender mais materiais desse tipo. Os clientes já fazem questão de usar produtos mais sustentáveis porque sabem que isso fará a diferença no consumo de energia, de água etc”.
  • Além de uma potência de mercado, a construção sustentável é também um campo de trabalho mal explorado, opina Ivone. “Existe muita diferença técnica no uso de cada um desses materiais e você tem dificuldade em conseguir um profissional da construção civil especializado ou treinado”, acrescenta.
Custo benefício:
  • E para quem se interessou pela ideia, aqui vai uma boa notícia: “uma parede sustentável não é necessariamente mais cara que uma parede comum”.
Ela lembra que a conta final deve envolver diversos aspectos – e não apenas o valor do metro quadrado. “O cálculo é mais complexo”, diz Ivone, que lembra ainda que mesmo que se gaste mais em alguns materiais é possível economizar em outras partes da obra.
  • Fatores como o aluguel de caçambas para levar os entulhos, o tempo de reforma e os consequentes gastos com mão-de-obra, o material usado no acabamento, além dos custos com ventilação e iluminação após o término da construção também devem ser contabilizados

Exemplo de arquitetura vernacular