sábado, 4 de abril de 2015

A Industria Química

Indústrias Químicas: Fundamentais para a Manutenção do Mundo Moderno

  • O intenso crescimento econômico mundial no período 2000-2009, a uma taxa média anual de 3,52%, esteve fortemente atrelado à expansão das economias emergentes (cuja taxa média do período foi de 5,93% a.a., com destaque para China e Índia, com taxas médias anuais de 10% e 7,2%, respectivamente), à aceleração dos preços das commodities (+8,9% a.a.) e à ampliação do comércio internacional (+5,26% a.a.).
No caso da economia brasileira, esse padrão de crescimento beneficiou particularmente setores com forte viés exportador, em que o país apresenta vantagens comparativas, tais como celulose e siderurgia, cujas taxas de crescimento médio anual foram de 3,1% e 1,4%, respectivamente. Essa expansão baseia-se, entretanto, em atividades extrativas ou na produção de manufaturas simples, com reduzida agregação de valor, o que condiciona a pauta de exportações brasileiras a produtos de baixa intensidade tecnológica.
  • A indústria química, cuja produção está voltada quase inteiramente para atendimento do mercado doméstico, com vendas externas apenas residuais, tem apresentado taxas de crescimento bem mais modestas, de 0,14 % a.a., em média, no período, em decorrência da menor expansão da economia brasileira vis-à-vis o comércio mundial. De fato, o motor do crescimento da indústria química brasileira tem sido o mercado interno, à exceção dos períodos em que a retração doméstica é compensada pelo aumento das exportações, ainda que à custa de preços mais baixos.
Apesar do crescimento relativamente menos expressivo, é importante assinalar a maior agregação de valor na produção química, cujos segmentos são de média-alta ou alta intensidade tecnológica, como no caso da farmacêutica, comparativamente ao padrão de média-baixa e baixa intensidade tecnológica das indústrias com maiores taxas de crescimento recente, orientadas para o mercado externo.
  • Apesar disso, a produção química brasileira não tem sido suficiente para atender completamente à demanda interna, crescentemente suprida por importações, o que resulta em déficits crescentes da balança comercial nos momentos de expansão da economia. Contribui, dessa forma, de modo intenso e potencialmente preocupante, para o desequilíbrio das contas externas, intensificando a vulnerabilidade externa estrutural da economia brasileira. No caso de alguns segmentos da indústria química, a crescente dependência das importações tem levado ao aumento sem precedentes da sua participação no consumo aparente nacional.
A insuficiência da produção química brasileira tem sido determinada por diversos fatores, ligados à instabilidade na expansão da demanda doméstica (por razões macroeconômicas vinculadas a câmbio e juros), à escassez de matérias-primas que limitaram a expansão dos investimentos e ao deslocamento de plantas pela reorientação global da produção de empresas multinacionais, entre outros. Em alguns casos, a participação da produção doméstica foi progressivamente reduzida em termos absolutos (desativação de plantas) ou relativos (investimentos insuficientes para acompanhar a demanda), enquanto em outros nunca houve produção local significativa. De fato, historicamente, a expansão da indústria química brasileira foi marcada por assimetrias e idiossincrasias e, ainda que ocupe posição representativa no ranking mundial, tem amplitude reduzida e abrange um leque relativamente reduzido de produtos e subcadeias químicas frente ao padrão altamente diversificado da indústria mundial, principalmente nas economias desenvolvidas.
  • A maior parte da produção química brasileira está centrada em produtos petroquímicos (básicos e de segunda geração, principalmente resinas termoplásticas), fruto de um intenso conjunto de políticas públicas mobilizadas para sua implantação no país. Mas mesmo a sua expansão esteve limitada, nos últimos anos, por entraves societários e insuficiência na oferta de matérias-primas que postergaram investimentos, pela consolidação natural e amadurecimento da indústria.
No entanto, o novo cenário vislumbrado para a indústria química brasileira apresenta perspectivas inteiramente distintas e inéditas. O crescimento projetado para a economia brasileira para os próximos anos, considerando a alta elasticidade da indústria, cria grandes possibilidades de expansão para a produção química local, que dependerá, contudo, tanto da ampliação sem precedentes dos níveis de investimentos para aumento da competitividade e expansão de capacidade dos produtos já existentes, quanto da implantação de unidades industriais com vistas à diversificação do parque fabril do país. Isso se refere particularmente a segmentos instalados, mas também a outros a serem implantados, objetivando o alargamento e a diversificação do parque químico. As mudanças em curso no panorama mundial impõem tal reconfiguração com vistas à inserção da indústria química brasileira, a qual poderá ser viabilizada por meio da nova estratégia de investimentos da Petrobras em refino e, principalmente, a partir do pré-sal, que criará um potencial inimaginável de ampliação da oferta de matérias-primas para a petroquímica, para fertilizantes (no caso, nitrogenados) e para diversos outros produtos químicos orgânicos.
  • A oportunidade potencial do comércio internacional de produtos químicos, em especial com base em matérias-primas renováveis, em que o país tem vantagens competitivas de custo e oferta, demandará investimentos na implantação de capacidade produtiva e, principalmente, em inovação, ainda que de natureza incremental.
Esses desafios e oportunidades emergem, entretanto, em meio a incertezas no cenário internacional, com a presença de novos players e as novas condições de competição global, como ocorre na petroquímica, e ainda pelo provável fechamento das economias desenvolvidas por meio de barreiras regulatórias não tarifárias, além dos riscos de um crescente déficit em transações correntes da economia brasileira [US$ 50 bilhões, em 2010, podendo atingir US$ 80 bilhões no próximo ano segundo as projeções de Nakano (2011)].
  • Este artigo objetiva avaliar as perspectivas de investimentos na indústria química brasileira, particularmente entre 2010 e 2013, tomando como foco principal a balança comercial, com vistas a avaliar o potencial e os obstáculos à expansão da indústria. O artigo compreende cinco seções, incluindo esta introdução e as considerações finais. Na segunda seção, é traçado um breve panorama da indústria química brasileira, com destaque para a trajetória recente da balança comercial química.
Na terceira seção, são apontados os principais desafios e oportunidades no segmento petroquímico e no de fertilizantes. A quarta seção apresenta as perspectivas de investimentos na indústria química identificados pelo BNDES e pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).


As vendas domésticas da indústria química aumentaram 4,63% em fevereiro, em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), o acumulado de vendas dos dois primeiros meses de 2014 foi 3,27% maior que em 2013.

A importância da indústria química brasileira:
  • A indústria química brasileira tem importante participação no PIB, da ordem de 3,1%. Tem a terceira maior participação no PIB industrial, representando 11,2% do PIB da indústria de transformação, só superada por alimentos e bebidas e por coque, refino, combustíveis nucleares e álcool. Emprega 394 mil pessoas, principalmente nos segmentos finais (cerca de 70% do total), com menor número de empregados no grupo de produtos químicos de uso industrial. Esse grupo, segundo a taxonomia da Abiquim, compreende a produção das matérias-primas básicas empregadas pela própria indústria química [Abiquim (2009a)].
A indústria química brasileira tem posição internacional não desprezível, pois ocupa a oitava posição no ranking mundial em faturamento. Em 2008, o faturamento da indústria química brasileira foi de US$ 122,0 bilhões, equivalente a 3,3% do faturamento mundial estimado de US$ 3,697 trilhões. Em 2009, o faturamento total da indústria no país foi estimado em R$ 206,7 bilhões (-7,0% frente a 2008) ou US$ 103,3 bilhões (-15,5%), contrariando a tendência ascendente iniciada em 2003.
  • Os produtos químicos de uso industrial, categoria acompanhada de modo mais detalhado pela Abiquim, correspondem aos produtos químicos empregados como matérias-primas da própria indústria química e são seu principal segmento, respondendo por quase metade do faturamento global. Compreendem, assim, produtos petroquímicos (básicos, ou de segunda geração, como as resinas termoplásticas, termofixas e elastômeros), outros produtos orgânicos, além de produtos inorgânicos, como cloro e álcalis, gases industriais e intermediários para fertilizantes.
A queda de faturamento ocorreu em todos os segmentos, exceto higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. As principais quedas foram em produtos químicos de uso industrial (-21,1%), adubos e fertilizantes (-31,1%) e fibras artificiais e sintéticas (-15,9%).
  • A Abiquim (2009a) contabiliza 1.056 fábricas de produtos químicos de uso industrial registradas no Guia da Indústria Química Brasileira, a maioria (71%) localizada na região Sudeste, principalmente São Paulo (57%), seguida pelas regiões Sul (16%) e Nordeste (11%), em função da localização dos polos petroquímicos brasileiros nessas regiões.
De fato, a petroquímica como um todo corresponde ao principal segmento da indústria química brasileira, com cerca de 65% do faturamento total de US$ 48,3 bilhões estimado para o conjunto dos produtos químicos de uso industrial, em 2009, os quais representam, por seu turno, quase metade do faturamento total da indústria química brasileira. Assim, a petroquímica, com quase um terço do faturamento global da indústria, é o principal segmento da indústria química no país.
  • Além disso, a indústria química participa ativamente de quase todas as cadeias produtivas da indústria, da agricultura e de serviços e está presente em setores produtivos estratégicos. Nesse sentido, sua importância transcende os limites do próprio escopo, em função dos elevados encadeamentos na economia, tanto a montante quanto a jusante. As tabelas a seguir apresentam os índices de Rasmussen-Hirschman para os vários segmentos da indústria química e suas posições no ranking da indústria geral. Na indústria química, destacam-se os segmentos de produtos químicos (quarta posição no ranking de encadeamentos para frente e sexta nos encadeamentos para trás), resinas e elastômeros e produtos e preparados químicos diversos, resultando em importantes efeitos multiplicadores de produção e emprego.
No caso do índice de ligação para trás, apenas um dos segmentos da indústria química – produtos farmacêuticos – apresenta índice ILT inferior à unidade.Os demais apresentam índices superiores, indicando que, quando a demanda final varia em uma unidade, produzem impactos diretos e indiretos, na forma de aquisição de insumos, em nível superior à média dos demais setores da economia.
  • No caso dos índices de ligação para frente (ILF), o segmento de produtos químicos ocupa a quarta posição geral e a primeira posição entre todos os setores da indústria, destacando-se como um dos setores-chave para a economia, seguido pela produção de resinas e elastômeros (16ª posição geral). Ambos apresentaram valores superiores à unidade: 2,087 e 1,131, respectivamente.
O multiplicador de produção capta o impacto de variações na demanda final de determinado setor sobre o volume de produção total – ou seja, quanto deverá ser produzido na economia como um todo para aumento de uma unidade na demanda final do setor analisado. Os segmentos da indústria química apresentam elevados multiplicadores, com destaque para o segmento de fabricação de resinas e elastômeros, ocupando o quinto lugar no ranking geral. Nesse caso, para cada aumento de uma unidade monetária na demanda final do setor, a produção da economia aumentará em 2,37. Entre os demais, o pior resultado (43ª posição no ranking) coube à fabricação de produtos farmacêuticos.
  • O multiplicador de emprego identifica o quanto é gerado de emprego na economia, direta e indiretamente, a partir de uma alteração da demanda final. Apesar de a indústria química (capital-intensivo) não se caracterizar por significativa geração de empregos diretos, tem importância na geração de empregos indiretos, em decorrência de seus altos efeitos de encadeamento, com destaque para defensivos agrícolas e resinas e elastômeros, que ocupam a quinta e a oitava posições, respectivamente. O primeiro apresentou um multiplicador de emprego de 14,75, o que indica que o aumento de uma unidade monetária na demanda final desse setor levaria a um acréscimo de 14,75 unidades de emprego gerado.
Os principais segmentos da indústria:
  • A indústria química envolve a fabricação com base em reações químicas que convertem matérias-primas (petróleo, gás natural e outras fontes de hidrocarbonetos, inclusive da biomassa) em mais de 70.000 produtos químicos existentes. Embora todos tenham em comum o fato de empregarem processos químicos (ou biotecnológicos) para síntese dos produtos, há grandes diferenças nas características dos produtos e processos de produção, nos respectivos mercados e padrões de competição nos diferentes segmentos da indústria química.
Para uma análise detalhada e completa dos dados nos diferentes segmentos da indústria química, com base no desempenho recente da produção, na balança comercial e no consumo aparente, as informações são apresentadas de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), inclusive com rearranjo dos dados de importação e exportação, que originalmente seguem a classificação baseada em produtos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), convertendo-as na sua correspondência na CNAE a partir da tabela de compatibilidade do IBGE.
  • Mesmo no caso de existir informação mais recente, optou-se em alguns casos pelos dados de 2007 em virtude da existência de um conjunto mais completo de informações, inclusive o último dado disponível da Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE), que permitiu o cálculo detalhado do consumo aparente nacional, além de evitar eventuais distorções, em virtude da crise econômica recente, de 2008 e 2009.
Desse modo, foram consideradas as informações correspondentes às divisões 20 e 21 da CNAE-2.0, válida a partir de janeiro de 2007, que correspondem à divisão 24 da CNAE-1.0, englobando, assim, toda a indústria química, inclusive a fabricação de produtos farmacêuticos.
Foram analisados os seguintes segmentos da indústria: fabricação de produtos químicos orgânicos; fabricação de produtos químicos inorgânicos; resinas e elastômeros; fibras, fios, cabos e filamentos contínuos artificiais e sintéticos; produtos farmacêuticos; defensivos agrícolas; sabões, detergentes, produtos de limpeza e artigos de perfumaria; tintas, vernizes, esmaltes, lacas e produtos afins; produtos e preparados químicos diversos. Sempre que a análise exigiu (e a desagregação dos dados permitiu), foram também analisados os principais grupos de produtos que compõem cada um desses segmentos.
  • Os produtos químicos orgânicos correspondem aos compostos orgânicos que contêm carbono em sua fórmula molecular, embora possam conter também outros elementos, destacando-se os hidrocarbonetos, que contêm carbono e hidrogênio.
São produtos sintetizados principalmente de derivados de petróleo, em especial a nafta, no caso brasileiro, no qual menor parcela é fabricada do gás natural e, mais recentemente, do etanol. O segmento compreende a fabricação de produtos petroquímicos básicos, intermediários para plastificantes, resinas e fibras, além de outros produtos químicos orgânicos não incluídos nas categorias anteriores.
  • Na indústria química brasileira, boa parte da produção doméstica desse segmento são petroquímicos básicos (subdivididos em olefinas, tais como eteno, propeno e os derivados do C4, como o butadieno, e em aromáticos, como benzeno, tolueno e xilenos). Existe um único produtor, depois de diversos movimentos de consolidação que resultaram na Braskem, com unidades na Bahia, no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Rio de Janeiro. No caso do eteno, principal petroquímico básico, a capacidade instalada é de 3,8 milhões de t/a (produção de 3,2 milhões de toneladas, em 2007, e 2,9 milhões de toneladas, em 2008).
Outros grupos importantes do segmento de químicos orgânicos são os intermediários para resinas termofixas, cuja produção é realizada por grupos privados nacionais de menor porte, mas com posições relevantes ou mesmo monopolistas no mercado, além de empresas multinacionais multidivisionais que atuam em diversos outros segmentos. Nos intermediários para fibras sintéticas, segmento que passou por forte desindustrialização e desarticulação da cadeia produtiva, que tem na ponta próxima do mercado tradicionais empresas multinacionais, o panorama empresarial é semelhante, mas em uns poucos casos conta também com a atuação da Braskem (como a caprolactama e o ciclohexanol), que também atua em intermediários para plásticos (como o dicloroetano e o MVC, matéria-prima do termoplástico PVC), além de empresas de menor porte que atuam na fabricação de diversos outros produtos, tais como intermediários para plastificantes. De todo modo, à exceção dos petroquímicos básicos, cuja estrutura é mais concentrada, nos demais grupos dos químicos orgânicos a estrutura é, em geral, mais pulverizada e a produção brasileira fica muito aquém do padrão dos países desenvolvidos.
  • No segmento de produtos químicos inorgânicos, estão abrangidos elementos químicos e substâncias que não possuem carbono em suas cadeias, englobando a fabricação de cloro e álcalis, intermediários para fertilizantes e seus produtos finais, gases industriais e diversos outros produtos inorgânicos.
Na indústria química brasileira, boa parte da produção doméstica de produtos inorgânicos corresponde aos fertilizantes. Os intermediários para fertilizantes compreendem as matérias-primas para os fertilizantes finais, um mercado concentrado de poucos produtores, com destaque para a Fosfértil,4 fabricante de amônia (que detém 40% da capacidade instalada de 1,6 milhão de t/a, com o restante produzido pela Petrobras/Fafen-BA, com 32% do total, e a Petrobras/Fafen-SE, com 27%) e ureia (com 37% da capacidade total de 1,7 milhão de t/a e a Petrobras-Fafen com o restante), além de ácido nítrico (85% da capacidade de 630 mil t/a), ácido sulfúrico (31% da capacidade total de 7,4 milhões de t/a, seguida pela Bunge, com 21%, e Copebras, com 16%), ácido fosfórico (62% da capacidade de 1,3 milhão de t/a, seguida pela Copebras, com 22%, e pela Bunge, com 16%), nitrato de amônio (100%), fosfato de diamônio (95%) e fosfato de monoamônio (88%). A Fosfértil não atua, contudo, no segmento de sulfato de amônio, produzido por Unigel (57%), Braskem (29%) e Bunge (11%).
  • No caso dos demais produtos inorgânicos, como gases industriais, a produção é realizada por poucas empresas internacionais, como a White Martins. O consumo de carbonato neutro de sódio vem sendo totalmente suprido por importação, em função da paralisação da unidade da estatal Companhia Nacional de Álcalis. Na produção de cloro, a Braskem está mais uma vez presente, com unidades acopladas à produção de soda, na Bahia e em Alagoas, com 31% da capacidade instalada do produto de 1,5 milhão de t/a, além da Dow (28%) e da Carbocloro (24%). Há, ainda, um conjunto amplo e pulverizado de outros produtos inorgânicos de difícil identificação e mapeamento.
O grupo de resinas e elastômeros engloba os principais petroquímicos de segunda geração, subdividindo-se em resinas termoplásticas (ou plásticos passíveis de moldagem), tais como polietilenos, polipropilenos, copolímero de etileno, acetato de vinila (EVA) e PVC; resinas termofixas (que, após tratamento, não podem ser novamente moldadas), tais como resinas alquídicas, cresólicas e fenólicas; e elastômeros, englobando a fabricação de borrachas sintéticas (acrílicas, cloradas, de silicone e nitrílicas) ou misturadas com borracha natural, além da borracha de butadieno-estireno (SBR), entre outras. É nesse segmento, particularmente nas resinas termoplásticas, que a Braskem tem posição de destaque, já que, depois da aquisição recente da Quattor, alcançou posição monopolista em polietilenos e polipropileno, com exceção do PVC (onde possui 67% da capacidade instalada), além de não atuar em poliestireno (dominado por empresas globais), PET e policarbonato, fabricados por empresa nacional de menor porte.
  • A maior parte da produção brasileira do grupo corresponde às resinas termoplásticas, integradas à produção dos petroquímicos básicos, enquanto a produção de resinas termofixas é relativamente modesta, da mesma forma que os elastômeros. A produção de várias resinas termofixas conta com diversos fabricantes – mais de 20 empresas, no caso de resinas melamínicas, fenólicas, ureicas e alquídicas –, embora algumas empresas estrangeiras tenham market share importante. O mercado de elastômeros é mais concentrado entre players multinacionais, com poucas empresas nacionais atuando.
O segmento de fibras artificiais e sintéticas compreende a fabricação de fios, cabos e filamentos, fibras artificiais (acetatos, raiom e viscose) ou sintéticas (acrílicas, de poliéster, de poliamida, de polietileno, de polipropileno, de poliuretano etc.). Com uma produção doméstica reduzida, passou por amplo processo de desindustrialização e desestruturação de cadeias produtivas a partir da década de 1990, com o deslocamento de plantas dos grandes produtores mundiais para a China.
  • O segmento de produtos farmacêuticos compreende a produção dos farmacoquímicos, que são os princípios ativos (matérias-primas), e de produtos farmacêuticos (medicamentos de uso humano ou veterinário), além da fabricação de preparações farmacêuticas.O segmento é dominado (globalmente) por empresas multinacionais, que, em geral, não fabricam no país princípios ativos, mas apenas o produto final (medicamento), e umas poucas empresas nacionais, com destaque, contudo, para os fabricantes de medicamentos genéricos (não protegidos por direitos de propriedade intelectual).
O segmento de defensivos agrícolas e desinfetantes domissanitários engloba a fabricação de defensivos propriamente ditos com uso na agricultura e desinfetantes domissanitários (formulações químicas para o controle de pragas para uso doméstico, comercial e/ou industrial, incluindo jardinagem e até mesmo espirais mata-mosquito). O mercado, também controlado por empresas multinacionais, assemelha-se bastante ao dos produtos farmacêuticos pelo padrão de competição e pela diferenciação de produtos.
  • O segmento de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal subdivide-se em diversos grupos, como os seguintes: sabões e detergentes sintéticos; produtos de limpeza e polimento; e cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal. O segmento de tintas, vernizes, esmaltes, lacas e produtos afins engloba, além de tintas, vernizes e outros produtos para imóveis, automóveis e móveis, tintas de impressão (gráficas), impermeabilizantes, solventes e produtos afins. O mercado desses segmentos é próximo do consumidor final e a fabricação no país envolve frequentemente a “finalização” de produtos com baixa sofisticação e intensidade tecnológica (mais mercadológica) com base em matérias-primas importadas, com algumas exceções importantes, como cosméticos.
O segmento de produtos e preparados químicos diversos engloba um número grande de produtos, como adesivos e selantes (colas), explosivos, aditivos de uso industrial (compostos químicos utilizados como auxiliares de processo ou de performance do produto final em diversas indústrias), extratos de produtos aromáticos naturais, resinoides, óleos essenciais, catalisadores (para a indústria química, em geral, para aceleração das reações químicas), além de muitos outros produtos (fotográficos, tintas de escrever, tratamento de óleos por processos químicos etc.). O segmento contempla uma infinidade de produtos, com mercados muitas vezes pulverizados, mas alguns com forte presença de multinacionais, como nos aditivos de uso industrial (caso da Ajinomoto), da mesma forma que em adesivos e selantes, embora casos como o dos plastificantes contem com a presença de empresas nacionais tradicionais, como Elekeiroz, que produz ftalato de dibutila, ftalato de octila etc., em nichos quase monopolistas, e empresas como a Petrom, fabricante de anidrido ftálico e plastificantes.

A Engenharia Química pode ser definida como a aplicação dos princípios de engenharia para conceber, projetar, desenvolver, operar e manejar processos e produtos baseados em fenômenos químicos e físicos.