Icaraíma/PR pode contar com objetos de decoração e Puffs confeccionados através de pneus reciclados.
- Quando nos defrontamos com o número de pneus inservíveis gerados anualmente em todo o mundo, percebemos a importância de se buscar novas alternativas para utilização deste material em outros processos de reaproveitamento e reciclagem.
Estima-se que anualmente no mundo o descarte de pneus velhos chega a atingir 800 milhões de unidades. “Nos países da Comunidade Européia são descartados 180 milhões de pneus, anualmente, e outros 150 milhões somente nos Estados Unidos da América”, estima-se que 3 bilhões de pneus estejam acumulados em áreas desérticas, com uma ameaça sempre iminente de incêndios devastadores (ANDRIETTA, 2002).
- No Brasil, conforme Sandroni e Pacheco (2005), o passivo ambiental gerado pelos pneus usados deve acumular aproximadamente 100 milhões de carcaças, 40% desta quantidade é gerada pelo estado de São Paulo. “As tecnologias mais comuns para dar destino aos pneus descartados são a recauchutagem, a regeneração, a reciclagem energética, a pirólise, a composição asfáltica, além de diversas formas de reutilização”.
Analisando os vários mercados consumidores para reutilização da borracha dos pneus inservíveis, apenas dois apresentam um número significativo na utilização deste resíduo: o energético e o de misturas asfálticas (cada tonelada de mistura utiliza de 2 a 6 pneus) (BERTOLLO, et al., 2000).
- A reinserção da borracha do pneu como matéria-prima para novos produtos, seja na forma inteira (fornos de cimenteiras) ou triturado (granulado para misturas asfálticas) entre outras utilizações, depende de investimentos dos fabricantes em técnicas de manufatura; pesquisa de materiais; estudo sobre formas de reinserção deste resíduo na cadeia produtiva. “[...] Para o desenvolvimento e avanço destas tecnologias de reutilização e reciclagem de pneus, é necessário um esforço conjunto - empresas, governo e sociedade” (SANDRONI, PACHECO, 2005).
Por isso, a reciclagem de pneus é um tema bastante complexo, é um processo que depende de novas tecnologias, meios de transporte e armazenagem com um grande custo financeiro para as empresas, além de requerer grande integração entre fabricantes, empresas de recauchutagem, consumidores de energia térmica, geração de energia elétrica (usinas termoelétricas), consumidores de artefatos de borracha e seus subprodutos (MARCHIORI apud KAMIMURA, 2002, p. 57).
- A motivação para as empresas realizarem o processo de reciclagem dos pneus inservíveis, não depende apenas da escolha da tecnologia ideal para o processo, mas também de fatores relacionados ao - volume de pneus, proximidade de mercado, tipo de consumidores, investimento necessário, além de incentivos fiscais e financeiros (SANDRONI, PACHECO, 2005).
No tópico a seguir, estarão relacionados alguns processos que envolvem novas tecnologias que vêm se apresentando como novas alternativas de reciclagem visando a minimização do problema dos pneumáticos inservíveis.
Desvulcanização ou regeneração da borracha de pneus:
- “O processo de recuperação e regeneração dos pneus exige a separação da borracha vulcanizada de outros componentes (como metais e tecidos, por exemplo)”. O arame e a malha de aço são recuperados como sucata de ferro qualificada, o tecido de nylon é recuperado e utilizado como reforço em embalagens de papelão (BOLSA DE RECICLAGEM FIEP, 2001); (BONENTE, 2005).
No Brasil a empresa Midas Elastômeros de Itupeva (SP), do Grupo Vibrapar que atua nos segmentos de distribuição de derivados de petróleo, petroquímica, transporte, recicla 100% do pneu para transformá-lo em borracha regenerada, “a Midas adquiriu e aperfeiçoou o processo de reciclagem de pneus absolutamente inovador, mediante obtenção de custos bem inferiores aos existentes atualmente no País e no mundo, devido a sua produção”. Este processo foi pesquisado e estudado com afinco pelos engenheiros do grupo, “que desenvolveram uma tecnologia única, guardada hoje sob forte sigilo industrial” (www. jorplast.com.br).
- Além da tecnologia desenvolvida pela Midas, o Laboratório de Tecnologia Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais vem desenvolvendo um novo processo de desvulcanização “com um solvente mais acessível e de menor custo, para tornar o processo atual menos complexo e viável para menores escalas de produção” (RT SERVIÇO DE RESPOSTAS TÉCNICAS, 2006).
Para entender melhor como ocorre à regeneração da borracha de pneus, abaixo estão relacionados às fases que envolvem este processo:
- O pneu é picado em pedaços;
- São colocados em um tanque com solvente para que inche a borracha e se torne quebradiça;
- Os pedaços de borracha são pressionados para que se desprendam da malha de aço e do tecido de nylon;
- Um sistema de eletroímãs separa a borracha, o aço e o nylon;
- A borracha então é moída e separada por um sistema de peneiras e bombas de alta pressão;
- Passam para um reator ou autoclave onde ocorre a desvulcanização da borracha, recuperando em torno de 75% de suas propriedades originais;
- Esta borracha vai para um tanque de secagem para recuperação do solvente que retorno ao processo (RT SERVIÇO DE RESPOSTAS TÉCNICAS, 2006).
A desvulcanização ou regeneração da borracha modifica os resíduos, os tornando mais plásticos e prontos para receber um novo processo de vulcanização.
Mesmo assim, eles não ficam com as mesmas propriedades da borracha crua, por isso são misturados na borracha na confecção de novos artefatos – tapetes, pisos industriais, quadras esportivas, sinalizadores de trânsito, rodízios para móveis, rodos domésticos, tiras para indústria de estofados, câmaras de ar, etc (BONENTE, 2005); (BOLSA DE RECICLAGEM FIEP, 2001).
Borracha de pneus e pavimentação asfáltica:
Nas obras de pavimentação, a borracha de pneus pode ser inserida nos materiais asfálticos através de dois processos: úmido (wet process) e seco (dry process) (KAMIMURA, 2002, p.16).
- Processo Úmido: “são adicionadas partículas finas de borracha ao cimento asfáltico, produzindo um novo tipo de ligante denominado asfalto-borracha” (BERTOLLO, 2000). A borracha moída representa de 5 a 25% do peso total do ligante, e é incorporada ao ligante asfáltico antes de se adicionar o agregado asfalto-borracha. (KAMIMURA, 2000);
- Processo Seco: “partículas maiores de borracha substituem parte dos agregados pétreos. Após a adição do ligante, formam um produto denominado “concreto asfáltico modificado com adição de borracha” (BERTOLLO, 2000). A borracha moída represente cerca de 1% a 3% do peso total da mistura, é incorporada ao agregado-borracha, antes de se adicionar o ligante asfáltico (em substituição a uma pequena parte dos agregados finos) (KAMIMURA, 2000).
Segundo Salini (2000, p. 11), “o principal fator que motiva a incorporação de polímeros no asfalto é a tentativa de aumentar a vida de serviço do pavimento”, fazendo com que diminua a susceptibilidade do asfalto às variações térmicas, os riscos de deformações e falhas por fadiga. “Também devem melhorar as características elásticas do pavimento contribuir para uma maior adesão entre o cimento asfáltico e o agregado, aumentar a resistência ao envelhecimento do asfalto”.
- No Brasil, apenas a partir de 1995 se iniciou a incorporação do processo do asfalto borracha, e o Grupo Greca Asfaltos, possui três fábricas que estão estrategicamente localizadas: em Araucária no Paraná, em Guarulhos São Paulo, e em Esteio – Rio Grande do Sul, para produzir e atender o consumo de asfalto borracha – ou asfalto ecológico, denominado por esta empresa de ECOFLEX. “O asfalto ecológico tem um custo maior quando comparado com o asfalto convencional, ‘mas este custo a mais é plenamente justificável perante o seu benefício” (MORILHA, GRECA, 2003).
Esta incorporação das partículas finas de borracha ao cimento asfáltico, através do processo seco, também vem sendo pesquisada pelo Departamento de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos – USP, onde várias pesquisas e estudos de avaliação são efetuados (BERTOLLO, 2000).
Em função das pesquisas serem recentes, ainda não há resultados que possam concluir “sobre o desempenho dos pavimentos que contêm borracha de pneu triturada.
- A tecnologia de ensaios, projetos e avaliação de ligantes e misturas modificadas com adição de borracha não é totalmente compreendida”. Ainda não há projetos que façam considerações definindo o: “tipo e teor do asfalto, tipo de borracha, granulometria da borracha, temperaturas da mistura e compactação, entre outros” (BERTOLLO, 2000, p. 5).
O asfalto borracha é uma alternativa a mais na reciclagem dos pneus inservíveis, no entanto devido ao custo, a falta de pesquisa conclusiva a respeito da durabilidade e benefícios da incorporação desta mistura ao asfalto tradicional, levará mais algum tempo para se tornar um processo utilizado em larga escala no Brasil.
O Ibama apresentou relatório sobre prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis. Os dados revelam que a meta de destinação nacional calculada para o ano de 2012 atingiu aproximadamente 95% da destinação adequada
O pneu como fonte de energia (co– processamento):
- A prática do uso do pneu como fonte de energia vem sendo utilizada desde 1975, tem sua origem na Dickerhoff Cement, em Frankfurt – Alemanha, é conhecida como TDF – Tire Derived Fuel. Nos EUA, o TDF é o maior mercado para os pneus inservíveis, consumindo em torno de 115 milhões de pneus por ano. A utilização do pneu em sua forma inteira é muito melhor, pois há a economia de energia que seria necessária para sua trituração (KAMIMURA, 2002, p. 65).
Segundo Sugimoto (2004), “um bom destino final, são os fornos (clinquers) das fábricas de cimento, que já estão equipados para amenizar a emissão de poluentes na atmosfera”. Na Europa, por exemplo, estas empresas consomem 40% dos pneus inservíveis como combustível nos fornos de sua cimenteiras, substituindo o carvão.
- No Brasil, uma parceria firmada entre a ANIP e a CIMPOR, utilizam inservíveis coletados como combustível alternativo via co-processamento em energia em fornos de cimenteiras do Grupo CIMPOR.
O Centro de Picotagem da Cimpor – Jundiaí (SP), que acolhe mensalmente uma remessa de mil toneladas feita pela ANIP, que com esta ação buscou minimizar os custos de suas empresas associadas. É importante destacar que as cimenteiras cobram em média, US$ 100 por tonelada de pneu destruída, emitindo um certificado para as empresas apresentarem aos órgãos ambientais de fiscalização, comprovando a destinação final do pneu inservível conforme prevê a legislação (CIMINO e ZANTA, 2005, p. 302); (LOJUDICE, 2002).
- Além das cimenteiras, as fábricas de papel e celulose, e as usinas termoelétricas utilizam em suas caldeiras a carcaça inteira dos pneus, uma vez que cada quilograma de pneu libera entre 8,3 a 8,5 quilowatts por hora de energia, isto representa um acréscimo de 30% de energia extraída em 1 quilo de madeira ou carvão (KAMIMURA, 2002, p. 65).
Mas, segundo Tunes (apud Kamimura 2002), “o melhor método para queimar pneus sem que ocorra problema com a fumaça negra e poluente é o coprocessador, ou seja, a queima de resíduos industriais em fornos de cimento”, uma vez que a queima de resíduos industriais a 1700ºC transforma quimicamente as substâncias perigosas, e nos fornos das cimenteiras, estes resíduos são usados para gerar energia, e, as cinzas resultantes são incorporadas ao cimento e ficam encapsuladas em concentrações aceitáveis.
- As cimenteiras para utilizar este processo devem ter autorização dos órgãos de proteção ambiental. No Brasil, a indústria de cimento tem um parque produtor de 58 unidades, atualmente 7 unidades têm autorização para utilizar o processo de queima de resíduos (incluindo pneus), e outras 14 aguardam autorização, estas unidades estão localizada no Paraná (2), São Paulo (1), Rio de Janeiro (2) e (2) em Minas Gerais, dificultando e encarecendo muitas vezes o transporte desta carga (KIRAHA, MARINGOLO apud KAMIMURA, 2002).
A utilização dos pneus inservíveis nos fornos das cimenteiras oferece as seguintes vantagens: elimina totalmente o pneu descartado; não produz resíduo; utiliza grandes volumes de pneus descartados; conserva os recursos naturais de combustível fóssil; não requer nenhum pré-processo; sua queima produz menos emissões do que a queima do carvão e possui amparo legal (CIMINO, 2004); (KAMIMURA, 2002).
- Entre as empresas que investiram nesta tecnologia está a brasileira Votorantim Cimentos que através do Cimento Rio Branco em Rio Branco do Sul (PR), tem a capacidade para eliminar mais de 20 mil t/ano de pneus. Além das empresas estrangeiras instaladas em território nacional Holdebank e a Lafarge (maior cimenteira do mundo) que investiu US$ 9 milhões na adaptação dos altos-fornos de suas 6 fábricas instaladas no país, sua unidade em Cantagalo (RJ), em 2002, realizou o coprocessamento em torno de 6 mil toneladas de pneus inservíveis triturados (KAMIMURA, 2002); (CIMINO, 2004, p. 126).
A RESOTEC, uma subsidiária da Holcim (empresa com mais de 125 cimenteiras no mundo) começa a investir em co-processamento, investiu mais de US$14 milhões em suas fábricas do Cantagalo (RJ), e em Pedro Leopoldo e Barroso (MG) no ano de 2002 para trabalhar com pneus inservíveis em seus fornos (CIMINO, 2004, p. 126).
A Pirólise:
Produção de óleo e gás:
- A pirólise é o processo de aquecimento dos pneus a uma temperatura superior a 1000ºC, em um ambiente com teor de oxigênio ou muito baixo ou muito alto e com pressão abaixo da atmosfera. Neste processo, apesar do superaquecimento da borracha, a mesma não entra em combustão. “Sob temperaturas e pressão apropriadas a fração de óleo existente em algumas associações orgânicas são liberadas na forma líquida enquanto outras frações são liberadas na forma de gases voláteis” (SALINI, 2000).
O óleo obtido após condensação e decantação é usado na indústria química ou serve como substituto do petróleo em algumas petroquímicas. “O gás que é um combustível por excelência, é consumido dentro da própria indústria. Uma vez gerado, aquece a caldeira onde ocorre a pirólise, gerando mais gás para reaquecê-la” (SANDRONI, PACHECO, 2005).
- Um dos exemplos da utilização da pirólise no Brasil ocorre na usina de São Mateus do Sul no estado do Paraná, na subsidiária PETROSIX da PETROBRÁS, que desde 1998, criou e desenvolveu uma tecnologia de pirólise para produzir óleo e gases combustíveis, feitos da mistura de xisto betuminoso e pneus descartados. “A empresa mistura 5% de pneus picotados a 95% de xisto betuminoso em seu processo de pirólise, que resulta em derivados do petróleo. A cada 100 quilos de pneus a produtora consegue extrair 50 quilos de óleo” (LOJUDICE, 2002).
Após haver o resfriamento do xisto e da borracha, são eliminados vapores que formam gotículas de óleo, constituindo o óleo pesado. Após esta etapa, os gases de xisto passam por uma limpeza gerando o óleo leve, o que sobra é encaminhando para outra unidade, “onde são obtidos o gás combustível e o gás liquefeito (GLP), além da recuperação do enxofre, o arame de aço separado da borracha dos pneus é encaminhado para a indústria siderúrgica” (ANDRIETTA, 2002).
- A destinação final do pneu através da empresa PETROSIX (pirólise), é mais vantajosa para os produtores, por apresentar custo menor, uma vez que a empresa PETROSIX, cobra R$50 pela destruição de 1 tonelada de pneus, enquanto as cimenteiras cobram em torno de US$100. (LOJUDICE, 2002).
Os pneus encaminhados para a PETROSIX são oriundos do trabalho de coleta e picotagem realizadas pela empresa BS Colway do Paraná (fabricante de pneus remoldados de carcaças importadas da Europa), envolvida no programa PARANÁ RODANDO LIMPO. Este programa já destruiu mais de 2,6 milhões de pneus, que foram picados e transportados até esta usina (KAMIMURA, 2002, p. 86).
Trituração da borracha de pneus:
Processo mecânico e criogênico:
- A trituração da borracha de pneus através do processo mecânico ou processo criogênico são alternativas a mais para a reciclagem de pneus descartados. No processo mecânico a trituração ocorre em temperatura ambiente, já no processo criogênico ocorre um congelamento seguido de tratamento mecânico, o tamanho das partículas geradas depende do processo utilizado, equipamento e temperatura (KAMIMURA, 2002).
No processo criogênico os pneus são congelados em temperaturas abaixo de 87º C, com isso a borracha do pneu torna-se muito frágil, ela é passada pelos chamados moinhos de martelo que reduzem as partículas a tamanhos finos (usado para enchimento de campos desportivos com grama sintética) ou superfinos (utilizado para fabricar os betumes das misturas das estradas) (SALINI, 2000, p.16); (www.recipneu.com/pt/realizações).
- Para as empresas incorporarem o processo criogênico na reciclagem dos pneumáticos inservíveis, devem enfrentar algumas restrições a respeito deste processo. Primeiro: apesar de ter um consumo menor de energia, o processo ainda depende do grande consumo de gases criogênicos (nitrogênio líquido), além de necessitarem de maquinários importados dos Estados Unidos, que tem um custo bastante elevado. Além disso, o granulado de borracha gerado tem qualidade inferior daquele produzido através do processo mecânico. Nas misturas asfálticas, por exemplo, se dá a preferência pela borracha triturada no processo mecânico (SALINI, 2000).
A empresa Recipneu (empresa portuguesa) utiliza o processo criogênico com a tecnologia importada dos Estados Unidos. No último ano essa empresa reciclou 25 mil toneladas de pneus, ou seja, ela processou um pneu a cada seis segundos. Os granulados produzidos neste processo pela empresa portuguesa são exportados para Europa, África, Oriente Médio e Ásia, o que corresponde a aproximadamente 95% de sua produção de granulados de borracha (CASTELO, FERREIRA, 2007).
O processo mecânico é um processo realizado em temperatura ambiente, onde as partículas de borracha passam por vários estágios de trituração, diminuindo progressivamente de tamanho. O aço contido na borracha é retirado por eletroímãs, e as fibras da lona são retiradas através de um peneiramento (KAMIMURA, 2002). No Brasil, a empresa líder neste mercado é a indústria Borcol de São Paulo, que assinou parceria com a ANIP para a aquisição de duas máquinas picotadoras para triturar os pneus em larga escala. A Borcol “há anos utiliza esse processo para transformar pneus usados em tapetes e peças diversas” (Agência Brasil – ABR, 2002).
- A Borcol, além de trabalhar com a reciclagem e regeneração da borracha, “adquiri e processa, também, matérias primas nobres, sob forma de massas especiais não vulcanizadas (massas virgens, tecidos emborrachados, tecidos metálicos, etc.), adquiridas inclusive das indústrias de pneumáticos”; faz o tratamento adequado deste material, separando os componentes e os estratifica em camadas finas que posteriormente passam por um “processo perfeito de vulcanização dirigido aos mais variados produtos de sua linha de produção, inclusive a uma linha, em fase de lançamentos”.
O processo mecânico é preferido pelas empresas pelo custo reduzido, por ter um investimento inicial menor, por ser mais simples e flexível se comparado ao criogênico, além da borracha deste processo ter características físicas superiores (SALINI, 2000, p. 17); (KAMIMURA, 2002, p. 61).
- Por sua vez, a tabela 3 mostra informações a respeito dos processos tecnológicos mais utilizados em países da Europa, EUA e Japão. Através destes dados pode-se confirmar que os EUA é o país que mais produz pneus inservíveis no mundo, e que maior parte de seus inservíveis são utilizados em fornos para produção de energia.
Na Europa, Alemanha, França e Grã Bretanha são os países que mais produzem pneus inservíveis. Por sua vez, o Japão é o país que mais reutiliza os pneus descartados, isso provavelmente se deve ao fato do seu espaço territorial. Porém não há utilização em obras de engenharia civil. No caso do item exportação é importante frisar que se refere No caso do Brasil, não há dados estatísticos compilados a respeito dos processos mais utilizados, no entanto, conforme a pesquisa, pôde-se notar que os processos mais usuais para reciclagem de pneus é a queima para geração de energia, combustível, desvulcanização para reaproveitamento da borracha como matéria-prima em outros artefatos de borracha, a recapagem e re-moldagem de pneus.
Reaproveitamento do pneu inservível em sua forma inteira:
Outras alternativas de reciclagem:
- Muitos dos processos para a reciclagem da borracha dos pneus descartados requerem a separação dos componentes do pneu ou a própria trituração antes de sua utilização. No entanto, existem outros exemplos de reutilização dos pneus inservíveis em sua forma inteira contribuindo para a questão da destinação final deste resíduo.
Na Engenharia Civil, os pneus podem ser usados em sua forma inteira ou em partes, as aplicações mais usuais dos pneus inservíveis são em materiais de enchimento de peso leve; drenagem em campo séptico; aterro em estradas; suporte de base de estrada; sistema de drenagem de gases em aterros sanitários; material para compostagem; estabilizadores de encostas; controle de erosão; diques; barragens; isolante térmico e acústico; drenagem em aterro sanitário; aditivos para pavimentos asfálticos e pistas esportivas; cobertura de parques infantis; concretos leves, entre outros (KAMIMURA, 2002). Por sua vez, a prática da reciclagem de pneus inservíveis em sua forma inteira está relacionada à sua utilização em projetos de:
- Obras de drenagem: os pneus unidos em módulos de aproximadamente 15 pneus formam um tubo em substituição aos bueiros; nos EUA “esta prática tem sido adotada e apresentou desempenho aceitável” (KAMIMURA, 2002, p. 26);
- Muros de arrimo/contenção: camadas horizontais de pneus espaçadas verticalmente e interligada com alças de metal, formando camadas de pneus que são preenchidas com solo. No Brasil a PUC-Rio em parceria com Universidade de Ottawa (Canadá) e a Fundação Geo-Rio, vem desenvolvendo projeto de pesquisa de estabilização de taludes com muros de contenção (KAMIMURA, 2002, p. 19);
- Limitação Território Esportivo: os pneus podem formar muros de limitação de territórios para prática de esportes automotivos de alta velocidade, também em pistas de corridas de cavalos (RAMOS, 2005, p. 47);
- Construção de barragens: os pneus inteiros podem ser utilizados na construção de barragens para contenção. Existe um projeto do Depto de Engenharia Civil da Universidade do Texas com esta finalidade (SALINI, 2000, p. 20);
- Recifes artificiais: pneus de carros e caminhões empilhados em um número de 15 a 25 unidades são comprimidos, “aglomerados com uma mistura de cimento e então lançados sobre o leito do mar para formar recifes artificiais”, auxiliando na criação e reprodução de animais marinhos, pois se transformam em um ambiente propício para a fauna e a flora (SANTOS, apud RAMOS, 2005); (KAMIMURA, 2002);
- Quebra-mares: a construção de quebra-mares com pneus descartados pode ser um recurso facilmente aplicável, “os pneus protegem os portos e marinas dos efeitos das marés, geram estabilidade para o solo marinho e para a praia, [...] além de possibilitarem a estabilização de dunas existentes” (SANDRONI, PACHECO, 2005);
- Contenção de erosão do solo – Pneus inteiros associados a plantas de raízes grandes, podem ser utilizados para ajudar na contenção da erosão do solo (CARVALHO apud MARTINS, 2004);
- Enchimento de Aterros: pneus picados ou inteiros podem substituir parte do agregado com baixo custo e mantêm o solo com boa drenagem (RAMOS, 2005, p. 47);
- Armazenagem de água para gramados: os pneus são cortados ao meio, e dispostos em camadas sob gramados de campos de golfe, futebol, entre outros. Auxilia na redução de gastos com irrigação artificial e fertilização do gramado, pois este sistema armazena a água da chuva (KAMIMURA, 2002, p. 29);
- Reforço de aterros – Pneus radiais amarrados com fitas de poliéster é uma matéria-prima barata e eficiente para a construção de aterros sem comprometer a qualidade da obra (CARVALHO apud MARTINS, 2004);
- Compostagem – O pneu não pode ser transformado em adubo, mas sua borracha cortada em pedaços de 5 cm pode servir para aeração de compostos orgânicos (CEMPRE, 2000);
- Construção de casas com pneus inteiros “Earthship”: “técnica de construção natural, utilizando pneus e solos prensados na confecção de paredes que são assentados diretamente no solo (sem vegetação)”, uma casa no Japão já foi construída através deste método; e no Brasil o Instituto de Permacultura já construiu uma parede através deste método (KAMIMURA, 2002, p. 34);
- Projeto João de Barro Bom-Plac: no Brasil, um projeto semelhante vem sendo desenvolvido na construção de casas populares em Santa Cruz do Sul (RS), onde o engenheiro Leandro Agostinho Kroth, da Secretaria Municipal de Habitação, lançou o Programa João de Barro Bom – Plac.
- Ele descobriu um jeito de reaproveitar os pneus, “a idéia é misturar a borracha dos pneus à argamassa feita com cimento, areia e água. A argamassa serve para moldar pilares armados com barras de aço e placas retangulares, fixadas nos pilares por meio de uma peça de madeira que recobre a face interna do pilar”; (www.cidadesdobrasi.com.br, www.pmscs.rs.gov.br);
- Parques infantis e playground: os pneus inteiros podem ser utilizados como amortecedores de impacto de brinquedos, ou mesmo como brinquedos balanços, obstáculos, etc (CARVALHO apud MARTINS, 2004);
- Galerias de águas pluviais: “os pneus descartados estão sendo utilizados para a construção de galerias pluviais em substituição às manilhas de cimento, esta experiência está sendo utilizada pela prefeitura da cidade Araçoiaba da Serra (SP), e prefeitura de Cascavel (PR), ambas utilizaram esta experiência e se beneficiaram com a redução do custo do material empregado na obra (www.arebop.org.br);
- Vasos e móveis feitos com pneus: os pneus inteiros são utilizados como material na confecção de vasos e móveis. Na cidade de Canarana em Mato Grosso há o exemplo do artesão Rubem Machry que transforma pneus velhos em objetos e utensílios (LIA BOCK, 2007).
Entre as alternativas acima descritas, é importante frisar que estas funcionam como paliativo na destinação final dos pneus inservíveis, pois não utilizam em larga escala o estoque de pneus descartados que existem, os processos com aplicação de tecnologias mais complexas são os que incorporam a maior quantidade de pneumáticos inservíveis.
- Com as alternativas destacadas acima, percebe-se que há uma variedade de opções de reciclagem com pneus inservíveis mas para que isso se torne uma prática usual, seria interessante a criação pelo governo de incentivos fiscais e financeiros às empresas do setor na incorporação de novas tecnologias para minimizar a geração deste resíduo, e também para projetos inovadores na criação de novos produtos a partir da borracha reciclada de pneus.
Além disso, cabe apoiar o processo de reciclagem em sua totalidade, pois por se tratar de um resíduo volumoso, deve-se entender que o ciclo de reciclagem dos pneus inservíveis engloba atividades mais complexas - a armazenagem, o recolhimento do material, o transporte da carga e a destinação final adequada do produto. No próximo tópico será apresentado o esquema atual da logística de recolhimento e transporte deste resíduo.
Coleta e destinação final de pneumáticos inservíveis:
- É importante relembrar que a Resolução 258/99 do CONAMA determina que fabricantes, revendedores e importadores sejam responsáveis pelo recolhimento, transporte e destinação final dos pneus inservíveis. Por isso é importante haver uma logística eficiente para dar suporte a todo este processo.
Sendo assim, a partir da vigência da Resolução 258/99 (janeiro/2002), as empresas da indústria de pneumáticos se organizaram para realizar a coleta dos inservíveis e destinação final dos mesmos.
A ANIP – representante de 14 empresas de pneus instaladas no país, montou um sistema logístico de apoio para que suas associadas pudessem cumprir a meta determinada pela lei, implantou ações que ampliaram o número de postos de coleta em todo país, facilitando assim o recolhimento e transporte dos pneus descartados para a destinação final adequada. Criou os ECOPONTOS e postos de coleta em parceria com prefeituras e lojas revendedoras, além disso, “elaborou um planejamento estratégico com ações até 2006, com vistas à implantação de programa em âmbito nacional, bem como uma campanha para conscientização de consumidores” (CIMINO, ZANTA, 2005, p. 305).
- A iniciativa da ANIP, para coleta e tratamento de pneus inservíveis, gerou a criação uma rede composta por 4.000 pontos de coleta junto às revendas em todo o Brasil, e 245 ecopontos em municípios de diversas regiões do país, além de Centros de Recolhimento e Trituração de Pneus Inservíveis em Jundiaí (SP), João Pessoa (PB) – parceria com a CIMPOR e ABRIDIPI, e em Sorocaba (SP) – parceria com a Empresa Borcol (CIMINO, ZANTA, 2005); (ANIP, 2007).
O apoio oferecido pela ANIP garantiu a grande adesão ao processo, uma vez que a entidade fornece consultoria técnica para as instalações e a logística de funcionamento, suporte econômico para a questão do transporte, ajuda na remoção do material coletado nos postos encaminhando a carga às empresas de trituração e de destinação final (BONENTE, 2005).
- Uma informação relevante a respeito da localização destes 245 ecopontos é que deste total, 169 unidades (69%) concentram-se na região do Sudeste do país; 37 unidades (15%) no Centro-Oeste; 9 unidades (4%) no Nordeste; 13 unidades (5%) no Norte e 17 unidades (7%) estão no Sul do país, sendo 15 no Rio Grande do Sul, 2 no Paraná e nenhum ponto localizado em Santa Catarina.
Assim como a ANIP, a Associação Brasileira da Indústria de Remoldados – ABIP lançou em 2001 o programa RODANDO LIMPO na cidade de Curitiba (PR), o qual nasceu da parceria entre as Prefeituras de Curitiba e Piraquara e uma empresa associada a BS Colway (fabricante de pneus remoldados), que ficou responsável pela coleta, trituração, e transporte dos pneus inservíveis até a usina da PETROSIX em São Mateus (PR), para o processo de pirólise. O programa depois se estendeu as cidades paranaenses de Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina, assim como a cidade de Joinville em Santa Catarina (LOJUDICE, 2002); (KAMIMURA, 2002, p. 86).
- Além das iniciativas da ANIP, outros projetos foram criados por algumas empresas de pneumáticos e prefeituras, com o objetivo de solucionar o problema de recolhimento e destinação final dos pneus inservíveis. No tópico a seguir, serão expostas algumas destas iniciativas criadas.
Piso De Borracha Reciclada Para Academias E Playground