sábado, 3 de outubro de 2015

Triple Botton Line em Empresa de Pequeno Porte

Triple Botton Line

  • A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) tornou-se um fator de competitividade para os negócios. O negócio baseado em princípios socialmente responsáveis não só cumpre suas obrigações legais como vai além. Tem por premissa relações éticas e transparentes, e assim ganha condições de manter o melhor relacionamento com seus stakeholders: parceiros e fornecedores, clientes e funcionários, governo e sociedade. Há também o fator ambiental, onde as empresas devem se preocupar em como as suas atividades vão impactar o meio ambiente, não só nos seres humanos como também as outras formas de vida.
Nesse sentido, fabricar produtos ou prestar serviços que não degradem o meio ambiente, promover a inclusão social e participar do desenvolvimento da comunidade de que fazem parte, entre outras iniciativas, são diferenciais cada vez mais importantes para as empresas na conquista de novos consumidores ou clientes.
  • É notório que muitas micro e pequenas empresas já contribuem para a melhoria das comunidades nas quais estão presentes. Dessa forma, a pequena empresa que adota a filosofia e práticas do triple bottom line (TBL) tende a ter uma gestão mais consciente e maior clareza quanto à própria missão. Além disso, consegue um melhor ambiente de trabalho, com maior comprometimento de seus funcionários, relações mais consistentes com seus fornecedores e clientes e melhor imagem na comunidade. Todos esses fatores contribuem para sua permanência e seu crescimento, diminuindo o risco de mortalidade, que costuma ser alto entre os novos negócios.
Ao assumirem uma postura comprometida com a Responsabilidade Social Empresarial, micro e pequenos empreendedores tornam-se agentes de uma profunda mudança cultural, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. 
  • Além disso, podem buscar na atuação socialmente responsável um diferencial de mercado que, entre outros benefícios, as credencia a ser fornecedoras de grandes empresas que adotam essa forma de gestão como critério de seleção, uma vez que as práticas empresariais socialmente responsáveis dão credibilidade à gestão do negócio e facilitam na obtenção de crédito. O respeito ao meio ambiente é outro critério muito valorizado por grandes empresas quando vão contratar novos fornecedores.
Sendo assim, cada vez mais as micro e pequenas empresas passam a ter o desafio não só do desenvolvimento econômico frente a um mercado altamente competitivo, como também fazer com que sua gestão e suas práticas atendam às premissas de responsabilidade social e ambiental empresarial.
  • A estratégia para o desenvolvimento deste trabalho deu-se através de uma pesquisa bibliográfica que abrangeu diversos temas e diferentes níveis de aprofundamento de cada um deles. Levando em conta a intenção de se utilizar o enfoque sistêmico como método de abordagem adotado para a compreensão e discussão dos fenômenos aqui pesquisados, é de suma importância o estabelecimento de uma seqüência lógica na própria pesquisa bibliográfica.
Foram pesquisadas bibliografias nacionais e internacionais sobre os temas relacionados aos princípios de Sustentabilidade, Triple Botton Line e Gestão Sócio-Ambiental, buscando analisar a existência de uma relação entre eles.
  • Após a fundamentação teórica apresentada, os autores concluem esta pesquisa analisando criticamente os temas que foram abordados, por meio de um estudo de caso, atendendo o objetivo desta pesquisa.
O Contexto do Desenvolvimento Sustentável na Industria:
  • No contexto atual, torna-se cada vez mais presente o conceito de desenvolvimento sustentável, e para alcançá-lo é necessário ter planejamento e reconhecer que os recursos naturais existentes são finitos. Dessa forma, pode-se constatar que o crescimento econômico a longo prazo torna-se possível apenas se acompanhado do progresso social e do cuidado ambiental.
Sendo assim, o desenvolvimento sustentável preza pela necessidade do crescimento ocorrer de forma sensata, assegurando que os benefícios do desenvolvimento sejam duradouros e não comprometam as necessidades das gerações futuras. Ele prioriza a qualidade e não a quantidade, com a redução da utilização de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e reciclagem.

O Conceito do Triple Botton Line:
  • Nesse sentido, surge o conceito do TBL, que sugere que o sucesso organizacional é medido não apenas pelo lucro gerado pelo negócio, mas pela integração do desempenho nas dimensões econômica, social e ambiental.
No contexto atual, para um negócio ser bem sucedido, lucrativo e gerar valor aos seus acionistas, deve se ter seu processo de gestão baseado nessas três dimensões. Para que isto aconteça, torna-se necessário não só o gerenciamento e monitoramento de riscos, mas também o alinhamento com stakeholders e a inovação em soluções sustentáveis, sendo as organizações centradas nos conceitos de transparência e integridade.
  • Dessa forma, micro e pequenas empresas também estão em busca do diferencial competitivo gerado pela aplicação do TBL, onde a performance financeira e sua prestação de contas, passam a ter um significado triplo: a performance empresarial deve englobar, além de aspectos financeiros, os aspectos sociais e ambientais. Cada vez mais grandes empresas estão cobrando um comportamento desse tipo de seus fornecedores, que em muitos momentos são micro e pequenas empresas. Os consumidores estão ficando mais conscientes e querendo saber quais impactos nas três dimensões discutidas suas compras ocasionam.
A figura a seguir representa as três dimensões da TBL (figura 1) e seu impacto direto na organização, que muitas vezes tem que se adaptar a novas realidades e inovar em seus processos e produtos para que progrida seguindo esses conceitos e seja competitiva.

RSE:
Gestão Sócio-Ambiental e Responsabilidade Social Empresarial:
  • A responsabilidade social empresarial ganhou força no Brasil e no mundo principalmente na década de 90, tendo adesão crescente das empresas, que passaram a considerar o conceito como parte das diretrizes de suas estratégias. Além disso, com a busca da melhoria contínua, já existem normas que orientam as atividades da empresa dentro de um gerenciamento socialmente responsável.
Nesse sentido, a responsabilidade social e ambiental pode ser entendida como o modo de pensar e agir eticamente na relação com o outro. No contexto empresarial, pode ser observada através de uma gestão que leva em consideração as necessidades e opiniões dos diferentes stakeholders, isto é, dos públicos envolvidos ou impactados pelo negócio das empresas: clientes, funcionários, acionistas, comunidades, meio ambiente, fornecedores, governo e outros.
  • Para uma organização, ter responsabilidade social pode ser um bom caminho para melhor administrar riscos, uma vez que entre os seus princípios estão a transparência e o diálogo. A comunicação com os diferentes stakeholders é importante para a identificação de problemas comuns e a busca de soluções conjuntas.
A responsabilidade social também é facilmente relacionada a outros aspectos positivos resultantes da adoção desta postura pelas empresas. A imagem institucional e a marca são valorizadas; há maior lealdade de todos os públicos e maior capacidade de recrutar e manter talentos; a empresa adquire maior estabilidade e conseqüentemente maior longevidade.
  • Dessa forma, o valor a longo prazo da implementação da responsabilidade social e ambiental para os acionistas e stakeholders será tanto maior quanto a organização conseguir entregar e obter desempenho superior nestas três dimensões: econômica, social e ambiental. A interlocução e engajamento dos stakeholders, ética, transparência e integridade são condições fundamentais para a existência da gestão socioambiental.
Aplicação em Micro e  Pequenas:
  • Em uma realidade cada vez mais competitiva, as micro e pequenas empresas devem buscar diferenciais não somente em seus produtos e serviços, como também nos impactos de suas atividades no meio ambiente e na sociedade. A implementação dos conceitos da TBL deve ser adaptada para empresas menores que possuem suas responsabilidades diante das atividades que realizam.
Princípio da Implementação do Triple Botton Line na Industria:
  • Tratando-se de micro e pequenas empresas, as novas iniciativas de implementação da responsabilidade social empresarial e ambiental são iniciadas, principalmente, através dos responsáveis pela gestão da empresa, ou seja, seus donos ou gerentes. Sendo assim, para a obtenção de bons resultados é necessário a aprovação dos decisores para que sejam disponibilizados os recursos necessários para as implementações e mudanças que possam ocorrer.
Posteriormente, é preciso conhecer o mercado e o negócio em que a empresa está inserida, seu diferencial e seu relacionamento com a sociedade. Tais fatores tornam-se fundamentais para que a organização tenha real conhecimento dos impactos ambientais e sociais de suas atividades e a forma como seus concorrentes os consideram.
  • Dessa forma, o empreendimento deve realizar seu planejamento estratégico, através da análise do ambiente interno e externo em que está inserida e da definição dos conceitos do negócio, a partir do estabelecimento de missão, visão e valores. No entanto, vale ressaltar que todo esse processo deve ser realizado integrando as diretrizes de sustentabilidade e responsabilidade social.
Em suma, o propósito deste passo inicial é conhecer e refletir o negócio e o mercado que a empresa está inserido, pois qualquer iniciativa de TBL deve estar alinhada com essas definições, para que assim traga resultados de interesse para a organização. Iniciativas de TBL só geram verdadeiros resultados e possuem vida longa se tiverem de acordo com as diretrizes da empresa.

Triple Botton Line 

Analise das Práticas:
e Abordagem aos StakeHolders:
  • O gerente ou dono de um negócio não são as únicas partes impactadas pela empresa. Os valores assumidos por uma organização devem ser de interesse de todas as partes interessadas.
Nesse contexto, torna-se importante conhecer como outras empresas agem com os conceitos de TBL. Deste modo, a prática do benchmarking consiste na pesquisa dos melhores métodos utilizados nos diferentes processos de negócio e funções empresariais, buscando assim conhecer a maneira como o mercado atua em busca da melhoria contínua em relação a implementação do TBL. Além disso, fazer parte de redes de pessoas interessadas em desenvolvimento sustentável facilita o entendimento e absorção dos conceitos de TBL.
  • A realização de uma abordagem a todas as partes interessadas é essencial para identificar quais as áreas ambientais e sociais mais relacionadas com o negócio da empresa. A ocorrência de diálogos com os stakeholders passa a ser fundamental para que a empresa possa conhecer as expectativas de todos em relação as três dimensões do TBL.
Em meio a esse processo, a organização deve preocupar-se em agregar valor a todos os envolvidos no ambiente empresarial: proprietários, funcionários, clientes, fornecedores, comunidades e o próprio meio ambiente. É interessante realizar um cruzamento de respostas da empresa com as dos stakeholders, gerando uma visão fundamental da empresa de como os outros vêem seu negócio. Esta forma de atuação facilita a identificação de oportunidades e a focalização de esforços nas dimensões econômicas, sociais e ambientais.
  • Existem várias formas de se obter este tipo de informação, podem ser através de questionários, entrevistas de grupo, grupos de foco, entrevistas por telefone, para consumidores. Caixa de sugestão, reuniões de equipe, ou reuniões pessoais com os funcionários.
Após as análises anteriores já é possível avaliar todos os impactos ambientais, sociais e econômicos da atividades da empresa. Cada dimensão deve receber atenção separadamente, para que posteriormente sejam adotadas as melhores iniciativas relacionadas com o negócio e com as diretrizes escolhidas pela empresa.

Conhecimento do que pode ser Realizado em cada Dimensão:
  • Após conhecer onde a empresa está inserida, o que ela realiza e o impacto de suas atividades, já é possível gerar iniciativas dentro de cada uma das dimensões para que haja o progresso sustentável da organização. Cada uma das dimensões devem ser analisadas separadamente, e consideradas suas particularidades.
Iniciativas Ambientais:
  • Gerenciar com responsabilidade ambiental é procurar reduzir as agressões ao meio ambiente e promover a melhoria das condições ambientais. As empresas, de um modo ou de outro, dependem de insumos do meio ambiente para realizar suas atividades. É parte de sua responsabilidade evitar o desperdício de tais insumos, como por exemplo energia, matérias-primas em geral e água.
Neste momento, torna-se interessante manter o foco na dimensão que será analisada e avaliar todos os impactos que o negócio possa trazer para o meio ambiente. Para isso, recomenda-se realizar uma auditoria interna para se conhecer os recursos envolvidos nos processos e os desperdícios existentes, gerando possíveis formas de medição para melhoria dos processos e diminuição dos impactos. Dessa forma, utiliza-se uma abordagem de auditoria interna para identificar os impactos e suas possíveis formas de minimização para os seguintes aspectos: consumo de água e energia, emissões e descargas, resíduos gerados e utilização de substâncias perigosas, que encontram-se descritos abaixo:
  • Água: Este recurso está cada vez mais escasso. Toda a água gerada por processos produtivos deve ser tratada antes de ser devolvida à natureza. Uma opção é reaproveitar a água de alguns processos não muito pesados para algumas atividades como limpeza de garagens e carros, molhar jardim, entre outras. O uso de sistemas automáticos que controlam o tempo de liberação de água também gera uma economia considerável. Até mesmo o controle da pressão da água também reduziria seu consumo.
  • Energia: Em muitos países, existe um histórico preocupante quanto a produção de energia elétrica, sendo até um limitador do crescimento do país. Medidas simples podem reduzir o consumo como compra de máquinas mais econômicas, programar computadores para desligarem após certo tempo sem uso, sensores de presença em ambientes, entre outros.
  • Emissões e Descargas: Atualmente, existem diretrizes para a verificação da qualidade do ar e de emissões permitidas. Essas diretrizes contem informações sobre as substâncias poluentes e seus limites permitidos para que seja protegida a saúde das pessoas e do ambiente. Alguns esforços de organizações podem gerar a redução da emissão de pó e odor, a reutilização de artigos usados como envelopes e caixas de papelão. As empresas podem realizar simples ações para preservar a atmosfera: manutenção de refrigeradores e ar condicionados buscando reduzir emissões, recuperar gases de equipamentos antigos, entre outras.
  • Resíduos: É recomendável que a empresa previna e reduza o desperdício, entrando em contato com grupos envolvidos com a redução de desperdício para trocar conhecimento, conheça a quantidade de desperdício gerado, identifique as oportunidades que essa redução pode gerar, reflita sobre o fim do produto após sua inutilização e indique para consumidores se o produto é reciclável, possibilitando a nova utilização de materiais já usados em produtos novos, podendo gerar grande economia.
  • Substâncias perigosas: Uma grande forma de agressão ao meio ambiente é através da liberação de efluentes contaminados com matérias perigosos, por exemplo,como o solventes. A emissão desse tipo de material é controlada por autoridades locais.
As melhores formas de reduzir essa forma de poluição é através de tratamento desses efluentes antes de serem devolvidos a natureza e substituindo os materiais poluentes por similares não poluentes, se possível.


Iniciativas Sociais:

Nesta dimensão, as empresas devem avaliar os impactos de seu negócio no sistema social onde operam. A performance social é abordada por meio da análise do impacto da organização sobre as suas partes interessadas – colaboradores, parceiros, fornecedores, consumidores/clientes, comunidade e sociedade em geral. A seguir, encontram-se as análises de cada uma dessas partes.
  • Empregados e colaboradores: As empresas que valorizam seus funcionários valorizam, na verdade, a si mesmas. A empresa socialmente responsável procura fazer mais, além de respeitar os direitos trabalhistas. Dessa forma, a organização deve atentar-se a fatores como por exemplo: local de trabalho, desenvolvimento profissional, gestão participativa, remuneração, saúde, bem-estar e segurança.
  • Parceiros e Fornecedores: Todo empreendimento socialmente responsável deve estabelecer um diálogo com seus fornecedores, sendo transparente em suas ações, cumprindo os contratos estabelecidos, contribuindo para seu desenvolvimento e incentivando os fornecedores para que também assumam compromissos de responsabilidade social. É importante divulgar seus valores pela cadeia de fornecedores, empresas parceiras e serviços terceirizados. Além disso, pode-se adotar como critério de seleção de parceiros a exigência de que os empregados de serviços terceirizados tenham condições de trabalho semelhantes às de seus próprios funcionários.
  • Clientes e Consumidores: Procedimentos de responsabilidade social no trato com consumidores e clientes são essenciais. Desenvolver produtos e serviços confiáveis em termos de qualidade e segurança, fornecer instruções de uso e informar sobre seus riscos potenciais, eliminar danos à saúde dos usuários são ações muito importantes, visto que a empresa produz cultura e influencia o comportamento de todos. A empresa socialmente responsável oferece qualidade não apenas durante o processo de venda, mas em toda a sua rotina de trabalho. Faz parte de suas atribuições promover ações que melhorem a credibilidade, a eficiência e a segurança dos produtos e serviços, observando padrões técnicos cabíveis como, por exemplo, as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as prescrições da Vigilância Sanitária e o Código de Defesa do Consumidor.
  • Comunidade: A relação que uma empresa tem com sua comunidade de entorno é um dos principais exemplos dos valores com os quais está comprometida. Respeito aos costumes e à cultura local, contribuição em projetos educacionais, em ONGs ou organizações comunitárias, destinação de verbas a instituições sociais e a divulgação de princípios que aproximam seu empreendimento das pessoas ao redor são algumas das ações que demonstram o valor que sua empresa dá à comunidade. Um entrosamento saudável e dinâmico com os grupos representativos locais na busca de soluções conjuntas para os problemas comunitários faz do empreendimento um parceiro da comunidade, reconhecido e considerado por todos.
Iniciativas Econômicas:
  • A dimensão econômica da sustentabilidade diz respeito ao impacto das organizações sobre as condições econômicas das suas partes interessadas. Dessa forma, esta dimensão abrange todos os aspectos das interações econômicas que podem existir entre uma organização e suas partes interessadas, incluindo os resultados tradicionalmente apresentados nos balanços financeiros.
No entanto, no contexto do desenvolvimento sustentável, a prioridade não é apenas para indicadores que informam os acionistas e à direção sobre a rentabilidade, mas sobretudo a indicadores que vão permitir avaliar como que as partes interessadas são afetadas pelas atividades da empresa.
  • A adoção dos conceitos do TBL, principalmente das duas dimensões inicialmente citadas só trazem resultados se não comprometerem a saúde financeira do empreendimento.
Implementação das Iniciativas da TBL:
A Criação de planos de Ação:
  • Após a identificação de várias oportunidades existentes, é necessário selecionar algumas ações a serem tomadas que levaram a empresa a funcionar da melhor forma de acordo com os conceitos da TBL.
Uma boa ferramenta para conseguir atingir os objetivos traçados é seguir a lógica da melhoria contínua e do ciclo PDCA, através do planejamento, execução, controle e realização de ações corretivas para os processos adotados.
  • Para se criar um planejamento estruturado das atividade a serem feitas é importante: descrever o que será feito, registra as formas de realização das ações, quem realizará e quando deverá ser finalizada. O progresso deverá ser medido de forma periódica e complementado por indicadores e planos de contingência. 
Realização e Controle das Atividades:
  • A parte mais crítica de qualquer boa idéia é transformá-la em realidade. É necessário que se coloque o planejado em prática para que se alcance aos objetivos traçados. O controle dos planos de ação deve ocorrer com periodicidade definida e buscando a solução para possíveis problemas que apareçam.
É importante que haja uma priorização dos planos a serem feitos, pois nem sempre haverá recursos para que todos sejam feitos ao mesmo tempo. O andamento das atividades deve ser registrado de alguma forma para que a experiência não seja perdida e erros cometidos não se repitam.
  • Para que se facilite o controle e o quantifique de alguma forma, a geração de indicadores faz com que a avaliação da empresa em relação as metas traçadas seja facilitada. Nem sempre o real acontece como o planejado e para esses momentos é sempre interessante estruturar planos de contingência para algumas atividades cruciais das iniciativas escolhidas.
Estudo de Caso:
  • O estudo de caso foi realizado, a partir de dados levantados nos websites de uma empresa de pequeno porte do ramo de informática (acesso em: 27 nov 2007) e do jornal Valor Econômico (http://www.valoronline.com.br, acesso em: 27 nov 2007), estratificando as informações disponíveis no material enviado ao prêmio Valor Social realizado pelo Jornal Valor Econômico em 2006 e no site da empresa e buscando aplicá-las no assunto trabalhado.
Apresentação da Empresa:
  • A empresa, estudo de caso desta pesquisa, é uma empresa privada classificada como de porte pequeno, porém com grande preocupação quanto às conseqüências de suas atividades, com a sociedade e com o meio ambiente. Ela possui cerca de 15 colaboradores registrados e 15 funcionários terceirizados. Está localizada em Copacabana, no Rio de Janeiro.
O seu principal negócio é o desenvolvimento de tecnologia sendo a inventora da automação comercial e industrial no Brasil para a Pequena e Micro empresa. Possui um sistema desenvolvido como produto principal e foi fundada em 1996, possuindo um faturamento anual de 240.000 reais. Já recebeu vários prêmios como o Top Empresarial no setor de Serviços, o Prêmio Qualidade Rio na categoria bronze, o Prêmio Eficiência Energética, entre outros.

Projeto de Qualidade Total:
Em Responsabilidade Social da Empresa:
  • A instituição apresentada criou, em 2000, o projeto de Qualidade Total em Responsabilidade Social objetivando ajudar a sociedade no que for possível, através da doação de seus softwares a instituições filantrópicas que ajudam a reduzir custos e maximizar resultados, permitindo que se atendam mais pessoas e a doação de gêneros alimentícios às instituições e pessoas físicas carentes. E também que toda a empresa se envolva com os conceitos de responsabilidade social e filantropia.
O projeto também tem como objetivos paralelos o aumento da qualidade da empresa como um todo, o aumento da satisfação dos clientes, dos funcionários e dos colaboradores, aumentar o lucro e o aumento da eficiência da gestão e da busca da qualidade.
  • A empresa atua neste projeto através de uma série de estratégias como a criação de programas filantrópicos, programas de capacitação interna, incentivo aos colaboradores a fim de atingir seus objetivos e doações de software a instituições filantrópicas que solicitam. As atividades já realizadas pelo projeto foram de doações de softwares a instituições filantrópicas e de gêneros alimentícios.
O projeto já recebeu mais de 1000 horas homem de trabalho e mais de 87% do faturamento em doações. As doações são feitas a medida que é possível identificar uma instituição filantrópica que realmente se beneficie do software. Ele possui 100% dos funcionários e dos setires da empresa envolvidos com o projeto.

Indicadores:
Para as Atividades da Empresas ligadas ao Conceito Triple Botton Line:
  • Como forma de medição de resultados do projeto de Qualidade Total em Responsabilidade Social, há alguns indicadores de curto e médio prazo que foram desenvolvidos. Sendo eles: percentual de doações de software em relação ao faturamento (mais de 80%), número de instituições beneficiadas, quantidade de latas de leite em pó doadas e quantidade de caixas de bombom doadas. E outros paralelos como o grau de satisfação dos clientes, grau de satisfação do público interno, índice de elevação da lucratividade, índice de redução do absenteísmo, índice retro-alimentativo de avaliação do processo de busca de qualidade, além de mais outros 20 índices.
Vantagens:
Visualizadas pela Empresa por praticar Responsabilidade Social:
  • A primeira vantagem é a mudança da cultura organizacional onde, agora, sua postura e seus compromissos mostram um comprometimento com a responsabilidade social, e com a lucratividade em um mesmo nível. Ela acredita que não existe sozinha e que depende de toda a sociedade, por isso justificando seus fortes programas de doação de softwares e gêneros alimentícios.
A empresa percebeu que o mercado prefere empresas que praticam responsabilidade social. O seu projeto gera um maior conhecimento em informática, gestão aprimorada e redução de custos de instituições filantrópicas para as partes envolvidas, logo gerando uma melhoria da imagem da organização. Isto podendo ser comprovado através de Reportagens nos jornais e revistas, prêmios recebidos, depoimentos de clientes e recibos das instituições filantrópicas.
  • Como qualquer pessoa, seja colaborador da empresa, seja cliente, seja o presidente, pode indicar instituições filantrópicas para receberem o sistema principal da empresa gratuitamente, o grau de satisfação dos envolvidos é muito alto. E também porque os colaboradores recebem prêmios e aumentos de remuneração em torno de 15% ao ano.
A doação de inúmeros softwares a instituições filantrópicas, diversas latas de leite em pó, e caixas de bombom (as pessoas que moram nas ruas) também é vista como uma vantagem, principalmente para a sociedade pela empresa.

Outras Considerações:
  • Este artigo foi desenvolvido (ROCHA, TREINTA et LIMA, 2007) como parte das atividades da disciplina Tópicos Especiais de Produção: Gestão Ambiental na Indústria, ministrada no curso de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (LIMA, 2007) e está inserido no contexto do projeto de iniciação científica “Desenvolvimento Sustentável e a Gestão Sustentável Empresarial: uma contribuição da academia”, apoiado pelo CNPq (LIMA et LIMA, 2009).
No contexto atual, é notório que os conceitos de responsabilidade social e ambiental passaram a fazer parte das diretrizes de qualquer empresa, inclusive das micro e pequenas. Dessa forma, empresas de menor porte também podem buscar na atuação socialmente e ambientalmente responsável um diferencial de mercado, uma vez que tais práticas dão credibilidade à gestão do negócio e facilitam na obtenção de crédito.
  • Além disso, essas práticas empresariais abrem oportunidades de novos negócios, seja através dos projetos de desenvolvimento local ou regional em parceria com outras pequenas ou grandes empresas, ou através da possibilidade de atender novos tipos de consumidores e clientes. Entre outros benefícios, a implementação desses conceitos na estrutura de micro e pequenas empresas as credencia a ser fornecedoras de grandes empresas que adotam essa forma de gestão como critério de seleção. E muitas vezes pequenas iniciativas já trazem retornos consideráveis para todos os envolvidos.
Para tal, o Triple Bottom Line apresenta-se como uma ferramenta indispensável a implementação de iniciativas que permitam que as empresas tenham uma sustentabilidade organizacional medida não apenas pelo lucro gerado pelo negócio, mas pela integração do desempenho nas dimensões econômica, social e ambiental

Triple Botton Line