quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Construção Civil e o Desenvolvimento Sustentável

O setor da construção civil vem passando por transformações nos rumos do desenvolvimento sustentável, com a missão de impactar menos o meio ambiente

  • Dentre todos os seres vivos, os humanos são os únicos capazes de gerar tecnologia, e desta forma, muitos conhecimentos foram acumulados durante seculos de intervenção do homem sobre o meio natural, para a sobrevivência, ate que o relacionamento do homem com a natureza passou a ser cada vez mais predatório para atender suas necessidades produtivas e econômicas. 
Através de escavações feitas em sítios arqueológicos, constata-se que "... desde os mais remotos tempos, as civilizações, em seus diferentes estágios de desenvolvimento, tiveram de lidar com problemas graves de modificação do ambiente, como desmatamentos, erosão de solos, captação e armazenamento de águas, eliminação de esgotos e dejetos derivados da atividade humana, questões de saúde publica etc." (CAMPINAS, 1996). 
  • Foi no seculo XVIII que a Revolução Industrial começou a dar os primeiros passos e tomar conta dos padrões e processes produtivos, mudando a face do mundo. O seculo XIX foi marcado por grande desenvolvimento da ciência, da tecnologia, dos meios de transporte, e pela necessidade cada vez maior de se ter acesso aos recursos naturais do planeta. 
Na engenharia não foi diferente. O desenvolvimento de novos equipamentos se tornou cada vez mais necessário tanto para a execução de grandes obras como para a abertura de túneis, estradas, construção de pontes, viadutos, entre outros elementos que ajudaram a compor o ambiente construído do planeta, e abrir acesso a exploração da natureza para a obtenção de matéria-prima utilizada nos processes produtivos, que tomava-se cada vez mais intensa. 
  • O desenvolvimento tecnológico da engenharia podia ser verificado por diversos exemplos encontrados pelo mundo, como a represa de Zola na França (1843), a Torre Eiffel em Paris 889), a via férrea de Paranaguá a Curitiba (iniciada em 1880) no entre muitos outros. 
No que se refere as edificações urbanas, os novos equipamentos desenvolvidos, a evolução dos processos construtivos, e a nova situação sócio-econômica proporcionaram além do aprimoramento das construções, o ressurgimento de estilos épocas anteriores, como o Gótico (iniciado no final do seculo XII), que teve sua exceção facilitada pelas novas técnicas construtivas e equipamentos. 
  • A intensa industrialização ocorrida no mundo a partir da primeira fase da Revolução Industrial, iniciou-se de maneira aparentemente lenta, mas, aos poucos foi se acelerando e tomando conta de grande parte do planeta, provocando mudanças no ambiente em maior velocidade que a capacidade da natureza em absorve-las. Mesmo hoje, "... na era pós-industrial em boa parte do mundo, ... os problemas ecológicos persistem, e se agravam ... " (ANDRADE, 1999). 
As grandes cidades da atualidade retratam bem o caminho de desenvolvimento que foi adotado em quase todos os países, a partir da descoberta de novas tecnologias e com o crescimento sem preocupação com as conseqüências para o meio. O ambiente urbano tomou-se em muitos casos agressivo a natureza e ao homem, aumentando a importância das preocupações com a ecologia (principalmente após a década de 1970). 
  • Os interesses econômicos e financeiros firmaram-se cada vez mais como elemento de grande importância, prevalecendo, muitas vezes até sobre a qualidade de vida, atendendo a interesses individualistas e gananciosos, para mudar o ambiente gerando cada vez mais riquezas.
Tomou-se fundamental uma mudança de consciência, em nível global, para a sobrevivência da maioria dos seres vivos e do próprio planeta, que apresenta alterações ambientais, devido ao desequilíbrio causado por processos produtivos intensos e poluidores, alem da exploração não racional dos recursos naturais. Estas são características do modelo de desenvolvimento adotado com objetivo de atender sem limites, e cada vez mais, as necessidades de um mercado que só tende a crescer. 
  • Desta forma, inúmeros estudos estão sendo realizados e propostas sendo formuladas para que a humanidade alcance um desenvolvimento que seja sustentável, sem impedir o avanço tecnológico. Assim, o caráter ambiental e de eficiência tem tornado conta do mercado e se tornado uma ferramenta de marketing, visando o aumento dos lucros, e as vezes, mesmo que indiretamente, a diminuição do impacto das atividades produtivas, e dos produtos dessas atividades sobre o meio. 
Algumas industrias atentas as novas exigências de um mercado mais consciente sobre as questões ambientais, e dentes das vantagens de adequar seus sistemas produtivos e seus produtos, de forma a se tomarem menos agressivos ao ambiente, tem aderido a programas que conferem "selos verdes". Os referidos selos atestam que os produtos elou processes produtivos empregados, não agridem o ambiente, ou, que pelo menos agridem em menor intensidade. 
  • Desta forma, este se torna um diferencial de mercado para as empresas e seus produtos, que criam uma imagem socialmente positiva, alem da possibilidade de maiores lucros. 
Na industria da construção civil, a efetiva aplicação de técnicas de gerenciamento visando o aprimoramento dos projetos e processes construtivos, pode agregar maior rendimento, menor custo de produção e manutenção, melhor relação com o ambiente, com o homem, e maior eficiência dos edifícios. Porem, não devem ser aplicadas somente na fase de construção, mas sim, desde o projeto, e devem ser alvo da atenção dos responsáveis pelo funcionamento e manutenção, mesmo após o término da obra. 

O homem, o ambiente e a construção civil:
"Na idade Media, muitos dos avanços do consciência sobre a necessidade de uso racional de recursos e mesmo o cuidado com a preservação do meio silo abandonados e verificam-se modificações significativas, com impactos negativos na marcha evolutiva do homem" (CAMPINAS, 1996). 
O desenvolvimento de cada agrupamento humano no planeta foi tomando caminhos diferentes, influenciados pelas características ambientais, climáticas e: físicas de cada região da Terra, e de acordo com as necessidades e sensibilidade que possuíam para interpretar e se adaptar a cada situação. 
  • Desta forma, cada povoado criou seus próprios costumes, cultura, e estilo construtivo e arquitetônico, utilizando os materiais locais disponíveis. Assim, as construções antigas, de cada parte mundo exibem características arquitetônicas desenvolvidas para a manutenção e melhoria da qualidade de vida dos habitantes, surgidas de forma espontânea, com eficiência, se tomando parte fundamental do desenvolvimento cultural de cada civilização. 
A ocupação e adaptação do meio pelo homem, conforme as fases definidas por SANTOS (1996), teve seu ritmo ditado pelo processo de desenvolvimento de cada comunidade, de acordo com suas necessidades e de maneiras diferentes em cada parte do mundo. No inicio deste processo, a comunicação entre as diversas civilizações era praticamente inexistente. Em algumas comunidades estas fases ainda não se completaram e em outras deixaram marcas profundas que se manifestam ate os dias de hoje em seus costumes, processos produtivos e métodos construtivos. 
  • Com os avanços tecnológicos que foram sendo alcançados pela humanidade, conforme explica CAMPINAS (1996), a "... relação do homem com a natureza, anteriormente harmônica e sem maiores agravos ao meio, que propiciava um processo natural de reciclagem, transformou-se aos poucos numa historia tumultuada e de deterioração gradativa do meio ambiente". Pois, com o desenvolvimento tecnológico alem das riquezas que eram produzidas, "... a produção de resíduos torna-se mais veloz que a capacidade de a natureza responder, assimilar e reciclar". 
A descoberta do carvão de pedra e a invenção da maquina a vapor, trouxeram benefícios para todos os campos das atividades humanas, propiciando o aparecimento de novos materiais e tecnologias. Desta fase da evolução industrial podem ser vistos ate hoje, por todo o mundo grandes galpões e outras edificações como estações de trem, construídas com peças metálicas aplicadas onde antes era utilizada a madeira, e tijolos aparentes fazendo a vedação das paredes, que ofereceram:
 "... suporte a Revolução Industrial ..." (MASCARO, CLARO & SCHNEIDER 1978), e se distinguiram das construções convencionais da época. 
Uma grande parte dos materiais de construção, também nesta fase, passam a ser produzidos dentro de fábricas, e segundo MASCARO, CLARO & SCHNEIDER (1978), todos esses materiais dentro das possibilidades deveriam ser pequenos, de fácil trans porte, pois,:
 "... os materiais eram colocados a mão e ... deviam ter um peso compatível com aqueles que os operários podiam chegar a movimentar''; deveria-se também, nesta época evitar o retrabalho e a perda de material das pelas pre-fabricadas, como os perfis de a'(O. Pois, os canteiros de obra contavam com pouca tecnologia, e onde " ... a energia mecânica era inexistente ... ". 
Estes padrões se tornavam importantes, uma vez que ate edifícios inteiros eram produzidos em regiões detentoras de tecnologias mais desenvolvidas, e exportados para outros países, como o caso da Estação da Luz em São Paulo, que foi importada da Inglaterra para o Brasil. 
  • Muitos dos pequenos agrupamentos de pessoas, com o passar dos tempos acabaram se tornando grandes centros urbanos, onde as industrias se aglutinavam e atraiam grande numero de pessoas em busca de empregos. Este movimento levou a necessidade de implantação das redes de água, luz, esgoto e outros serviços, e assim para um " ... crescimento horizontal intenso - misto de especulação imobiliária, divisão social e territorial do trabalho e busca de tranquilidade" (OLIVEIRA 1994). 
Os terrenos urbanos se valorizaram e sofreram especulação imobiliária, o que contribuiu para a redução da área dos lotes e a verticalização das cidades. Estes acontecimentos ocorreram na maioria das grandes cidades de hoje, que se desenvolveram sem um planejamento adequado e de forma muito rápida, e não podem ser dissociados dos problemas urbanos encontrados atualmente, como a massificação das construções, os problemas nos meios de transporte e utilização das redes de serviços, por fatores não tao diferentes do passado. 
  • O desenvolvimento industrial, proporcionou cada vez mais, a invenção de aparelhos elétricos e eletrônicos, muitos criados para equipar as edificações como os de condicionamento climático, que aliados as novas necessidades, possibilidades, tendencies arquitetônicas devidas aos novos materiais construtivos, novas tendencias culturais, e os "modismos" impulsionados pelas propagandas de produtos, contribuíram para o crescimento do consumo de energia elétrica em âmbito global. 
Pode-se dizer que estes fatos contribuíram também para mudar a face do mundo urbano, ignorando fatores sociais, tecnológicos, econômicos e proporcionaram e/ou difundiram um estilo de arquitetura, encontrada hoje em todas as grandes cidades do planeta, podendo ser caracterizada como "arquitetura mundial". 
  • Este estilo faz com que muitas das grandes cidades de qualquer país assumam uma fisionomia semelhante, com enormes torres, alta concentração de edificações nas áreas centrais, e perda das características arquitetônicas regionais. Com o grande fluxo migratório da áreas rurais para as áreas urbanas, o crescimento descontrolado das cidades, acaba compondo uma paisagem em muitos aspectos desorganizada. 
Segundo MUNFORD (1965), citado por OLIVEIRA JR. (1994), "... a medida que o olhar se estende para a nebulosa periferia, não se podem perceber formas definidas, exceto aquelas configuradas pela natureza: antes, contempla-se uma massa sem forma, aqui volumosa ou pontilhada de edifícios, ali rompida por um trecho de verdura ou uma fita inflexível de concreto. 
A deformidade do todo e refletida na parte individual e, quanto mais perto do centro, menos, em regra, se pode distinguir as partes menores". Essa ação descreve com exatidão o que se vê hoje em muitos dos grandes centros urbanos em todo o mundo, com excesso de edificações verticais de padrões quase uniformes, excessivamente retas, restringindo-se ao minimo de detalhes possível, motivadas por razoes econômicas e pela alta concentração populacional dos grandes centros. 


As estruturas em concreto armado se tomaram o sistema construtivo mais utilizado no Brasil atualmente. Porem, este fato teve inicio, segundo GITAHY (1994), com a guerra em 1914, onde " ... tomou-se economicamente impraticável ... " a importação de estruturas metálicas que eram utilizadas na construção civil, "... abrindo caminho para a substituição ...", pois havia a necessidade de materiais de construção para a continuidade do crescimento do pais. Desta forma desenvolveu-se com maior intensidade o concreto armado. 

Alguns avanços importantes em varias áreas do conhecimento humano, tiveram como grande impulso as 1" e 2" Guerras Mundiais, foi assim com a medicina, com a tecnologia e não podia ser diferente na engenharia, onde após o fim da 2' Guerra Mundial, "... uma nova materialidade superpõe novos sistemas de engenharia aos ja existentes ... " (SANTOS, 1993). 
  • Assim implementaram-se novos sistemas de construção civil e acelerou-se a reconstrução das cidades atingidas pela guerra, principalmente na Europa. A guerra e sempre indesejável e nem pelos avanços alcançados, se torna justificável a destruição e o sofrimento gerado. 
A arquitetura clássica determinava perfeitas relações entre as dimensões das edificações em todas as suas partes, visando a estética dos diferentes volumes da construção. Atualmente esta relação e vista de forma diferente, destinada a atender os interesses econômicos, padrões industrializados de produtos pré-fabricados, viabilizando o emprego de materiais com menor utilização de mão-de-obra. 
  • A aplicação mais incisiva dos conhecimentos matemáticos ao circulo das estruturas, aliada a "... busca da agilidade na construção encurtando prazos e economizando materiais, trouxe como tendencia natural o aumento dos vãos dos painéis de lajes dos edifícios, que corresponde as vezes, a área total de um pequeno apartamento." (MARTINS, 1996), 
Proporcionando ainda uma maior racionalização na construção, com a diminuição das dimensões das peças estruturais. Atualmente, as favelas e as auto construções, "... tanto maior participação na produção quanto menos desenvolvido foro pais" (MASCARO & MASCARO, 1980), tomam conta principalmente dos grandes centros urbanos e não ocupam só a periferia, mas também o coração das grandes cidades, expondo o contraste econômico, social, cultural e construtivo que existe no pais. 
  • Alem de tomar evidente o crescimento desordenado das grandes cidades, sem preocupação com o bem estar social e o ambiente, que pode trazer problemas como no caso da falta de sistema adequado de esgoto e destinação de lixo, que como cita BERNA (1999b) "... leva não apenas a morte e contaminação de ecossistemas inteiros, mas aumentam os casos de doenças por veiculação hídrica e mortalidade infantil". Estão se tomando cada vez mais frequentes os casos de pessoas infectadas com doenças que durante algum tempo deixaram de ser preocupação, como o cólera, a hanseníase, a leptospirose e a hepatite, entre outras.

Alternativas Sustentáveis

O desenvolvimento e a busca por um novo modelo:
  • Durante muito tempo julgou-se que a Terra era um lugar de recursos infinitos, que estes nunca seriam preocupação para a humanidade e que o homem não poderia afeta-la de forma incisiva ou irreparável. Porem a partir da Revolução Industrial, que se espalhou pelo mundo com processos produtivos geradores de riquezas, mas altamente poluentes, a degradação ambiental inicia um percurso, que só pode ser freado com a participação efetiva e conscientização de toda a sociedade. 
Com o enorme crescimento das atividades econômicas a partir da segunda metade do seculo XX, o crescimento da população mundial, e o modelo de desenvolvimento instaurado, o consume de recursos naturais aumentou de forma alarmante para corresponder a demanda do mercado, e a interesses econômicos. Porem, a partir da década de 1970, as questões ambientais começaram a ter maior influencia nas deliberações governamentais de alguns países, e organizações internacionais como e o caso da Organização das Nações Unidas - ONU, conquistando maior espaço nos meios de comunicação. 
Em 1972, o "Club de Roma", um grupo criado na década de 1960, produziu um relatório que gerou controvérsias, segundo ROSSO (1990), ao chamar a atenção para o consumo predatório e o esgotamento dos recursos naturais, através de projeções de que as reservas disponíveis fossem cinco vezes maiores que as conhecidas ate aquele memento, e indicando o um numero de anos após 1972 em que se daria o esgotamento das jazidas.
Os dados apresentados, expunham a Terra como um sistema finito, cujo impacto causado pelo homem sobre o ambiente poderia ser agravado por: crescimento . populacional, crescimento do consumo per capta dos materiais e a propensão psicológica em se obter esses materiais, que, ainda segundo o mencionado relatório seria cerca de seis vezes maior no ano 2000. 
Há que se notar que o desenvolvimento econômico alcançado por alguns países, localizados no hemisfério norte, e objetivo da maioria dos países em desenvolvimento. No entanto, esse modele de desenvolvimento e um dos maiores responsáveis pela degradação do ambiente de forma global. 
O seculo XX pode ser lembrado como aquele em que a humanidade gerou mais lixo, devido ao crescimento das atividades industriais e a necessidade de se dar vazão a produção, através da criação de novas necessidades de consumo. O desenvolvimento dos meios de comunicação colaborou muito, divulgando novos padrões sociais e de consumo, e ate hoje continua fazendo este papel. 
Desta forma, "... ao mesmo tempo em que aumenta cada vez mais a preocupação com o esgotamento dos recursos naturais, permanece o paradoxo de encorajamento dos hábitos de consumo indiscriminados, veiculados pelos meios de comunicação de massa" (CAMPINAS, 1996). 
Atualmente a população mundial e estimada em 6 bilhões de pessoas. Segundo o World Wide Fund for Nature- WWF (1999), em 1950 a população mundial era estimada em 2,5 bilhões de pessoas, mas o "... crescimento econômico e populacional das Ultimas desadas tem sido marcado por disparidades." Para exemplificar este fato, o WWF apresenta dados sobre a população e o consumo dos países do hemisfério norte. 
O hemisfério norte como possuidor da menor parcela da população do planeta, detentor da maior parte dos rendimentos mundiais e o maior consumidor de recursos naturais. Os níveis de consumo apresentados trazem diversos danos ao ambiente global, e alguns deles causados pelo aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que só no seculo XX cresceu 20%. 
O crescimento da concentração deste componente na atmosfera, causa problemas como o "efeito estufa", que tem como conseqüências, por exemplo, o aumento da temperatura dos oceanos, e do nível dos mares, pelo derretimento das calotas polares. A Terra e um sistema totalmente integrado, e "disfunções" em seu funcionamento geram alterações em cadeia que podem levar ao extermínio de especies de seres vivos, incluindo a raça humana. 
A grande preocupação gerada pelo derretimento das calotas polares e consequente aumento do nível dos mares, baseia-se no fato de que, 60% " ... da população mundial já vivem em áreas litorâneas, enquanto 65 por cento das cidades com populações de mais de 2,5 milhões de habitantes estão localizadas ao longo dos litorais do mundo; várias delas já estão no atual nível do mar - ou abaixo atual do mar" (SÃO PAULO (Estado), 1994). 
Fazendo-se projeções drásticas pode-se dizer que o aumento do nível dos mares pode acabar destruindo grande parte destas cidades e ate ser ameaça para a vida de milhões de pessoas. 
A poluição ambiental esta presente tanto nos países "desenvolvidos" quanto nos "subdesenvolvidos". O grande crescimento populacional e os critérios de desenvolvimento econômico adotados, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, tem gerado grande impacto ambiental, tanto devido ao consumismo exagerado, principalmente no "hemisfério norte", quanto a industrialização e exploração dos recursos naturais de forma acelerada e irracional. 
Com certeza pode ser dito que o estado de pobreza dos países ditos "subdesenvolvidos", esta direta ou indiretamente ligado a estes fatos, já que para o hemisfério sul sobram apenas 20% dos rendimentos mundiais. De toda forma, com base nos dados apresentados pode ser dito claramente que a Terra não conseguiria manter os altos níveis de consumo praticados e pregados pelo "hemisfério norte", para todo o mundo. 
Outra diferença primordial, entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos, e que nos "... países industrializados, os padrões de consumo das cidades representam uma pressão muito seria sobre o ecossistema global, ao passo que no mundo em desenvolvimento os assentamentos humanos necessitam de mais matéria-prima, energia e desenvolvimento econômico simplesmente para superar seus problemas básicos" (SÃO PAULO (Estado), 1994). 
O grande apelo consumista desatrelado da preocupação com a destinação adequada do lixo que e gerado, acaba trazendo também o problema dos aterros sanitários, que ficam cada vez mais cheios e escassos, alem de causar problemas sanitários provindos da deposição ilegal e imprópria de lixos em locais sem os tratamentos, estudos adequados, e devidas autorizações publicas, conforme lembra 
VON ZUBEN (1999), o lixo gerado nas cidades, " ... tomou-se um problema ambiental dos mais graves pois cerca de 80% e depositado em lixões a céu aberto sem qualquer tratamento, contaminando o lençol freático, rios e o ar", 
Mesma forma os lixos hospitalares, os resíduos industriais, e o entulho gerado pelas obras civis e de terra, devem ter destinação adequada. Os plásticos e os vidros por exemplo, levam muitos anos para poderem ser degradados pela natureza, e atualmente algumas alternativas estão sendo propostas e colocadas em pratica para minimizar este problema, a reciclagem e apenas uma delas. A primeira discussão a nível mundial sobre as questões ambientais, foi realizada em 1972 em Estocolmo, pela ONU, que também foi a criadora da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD, para promoção de debates e formulação de sugestões que permitissem aliar conservação ambiental e desenvolvimento econômico. 
  • Desta forma, começaram a surgir inúmeras propostas para que a humanidade passasse a seguir um caminho mais racional, que tirasse proveito dos recursos naturais sem destruir o ambiente e sem exaurir as reservas existentes, prevendo recursos e qualidade de vida para as gerações atuais e futuras. 
A ideia de "Desenvolvimento Sustentável" tomou-se foco de varias abordagens, estudos científicos, enfoques e definições diferenciadas em cada parte do mundo, a CMMAD (1991), tem a definição mais aceita: 
"... garantir que ele atenda as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também as suas", e salienta ainda que e um conceito que tem limitações, "... impostas pelo estagio atual da tecnologia e da organização social, no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos da atividade humana". 
Para que se atinja, então, um desenvolvimento ecologicamente sustentável e socialmente justo e necessário um longo período de planejamento e de assimilação de conceitos sobre a própria Terra, como um meio finito de recursos naturais e carente da aplicação de critérios e conceitos que unam ambiente e desenvolvimento, pois "o desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de harmonia, mas um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras" (CMMAD, 1991), e destaca PHlLIPPI (2000), "incorpora dimensões sociais, culturais, éticas, econômicas, politicas, ecológicas, tecnológicas e de valores, entre outros"
  • O caminho do desenvolvimento encontrado pela maioria dos países atualmente chamados "desenvolvidos" não deve ser exemplo para outros países. Os efeitos danosos são claros e podem ser vistos em quase todos os cantos do mundo, como os derramamentos de petróleo no mar, altas taxas de carbone na atmosfera, chuvas acidas, derretimento das caletas polares, o "grande buraco" na camada de ozônio.
Os problemas ambientais detectados, provenientes do atual modelo de desenvolvimento, a necessidade de um modelo que seja sustentável, e de importância fundamental para a continuidade do sistema produtivo e organizacional da sociedade contemporânea, estimularam o surgimento de dois avanços mundiais neste campo, o Tratado de Kioto e a Agenda 21. 
  • O Tratado de Kioto é um compromisso assinado por diversos países para a diminuição da emissão de poluentes. Esse tratado estabelece prazos limites para a diminuição das emissões, porem ainda não foi aceito por alguns dos países que mais poluem o ambiente, mais preocupados em resguardar os seus níveis de produção industrial altamente poluente" Um dos piores efeitos, dos poluentes oriundos dos processes produtivos utilizados em maior escala hoje, e o efeito estufa que tem causado o aumento da temperatura em todo o mundo, problemas ambientais e ate climáticos.
A Agenda 21 foi difundida após a Conferencia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO 92, uma conferencia mundial promovida pelas Nações Unidas, sobre ecologia e desenvolvimento da humanidade, realizada no Rio de Janeiro em 1992. 
  • A Agenda 21, que contou com a aprovação de "... 170 países, constitui-se em um plano de ação para se alcançar o desenvolvimento sustentável a médio e longo prazos" (SÃO PAULO (Cidade), 1996), por meio de planejamento e diretrizes locais que visam o desenvolvimento, sem agressão ao ambiente, da cidade, e melhoria da qualidade de vida, buscando solucionar problemas ambientais e sociais, urbanos, incluindo transporte, educação, cultura, entre outros, alem da estrutura econômica e administrativa. 0 objetivo deste projeto e através de iniciativas locais, solucionar problemas globais, e por esse motivo existe a Agenda 21 Local e a Agenda 21 Global. 
A Agenda 21 Global, e dividida segundo SÃO PAULO (Cidade), (1998), "... em 40 capítulos, aglutinados em 4 seções ...", dimensões sociais e econômicas, conservação e administração dos recursos, fortalecimento do papel dos grandes grupos e meios de implementação.
  • Outro conceito e a Agenda Habitat, que visa a melhoria dos assentamentos humanos, e conforme cita PHILIPPI & ZULAUF (1999), envolve aspectos como, "... o desenvolvimento de assentamentos humanos sustentáveis por meio de planejamento e gestão apropriados do solo, acesso a serviços básicos, proteção ambiental, transporte, energia, e melhores oportunidades para o desenvolvimento social e econômico". 
O importante e que nenhum destes conceitos ou planos de ação, pretendem impedir que a humanidade se desenvolva, pois as novas tecnologias são muitas vezes uma necessidade. O que se deve fazer e incorporar as novas tecnologias e também as contemplem conceitos que levem em consideração um desenvolvimento para a sociedade, que seja adequado as condições finitas que a Terra oferece, poluam menos, e visem a qualidade de vida de uma população humana que só tende a aumentar.
  • A ideia de "limite ecológico" de uma cidade, explicada por WACKE&fAGEL (1999), como "uma área ecologicamente produtiva muito superior a sua superfície para obter alimentos, combustíveis, água e matérias-primas, assim como para verter lixos", e exemplificada pelo autor com o caso da Holanda, que "utiliza para viver 15 vezes mais terra do que possui...", demonstra como "... os assentamentos humanos não afetam somente a área em que se encontram construídos", mas pode afetar todo o mundo e todos os habitantes da terra, para garantir certos padrões de consumo apenas para alguns.
Assim, enquanto não for revisto e estabelecido um novo padrão de desenvolvimento para as cidades, que pela tendencia mundial irão crescer cada vez mais, e desta forma, aumentar o "limite ecológico" necessário para a manutenção de seus padrões de consumo, a preocupação com o crescimento das cidades sem planejamento, sera ainda maior que atualmente. Por estes motivos, e que a adoção de urna Agenda 21 Local, pode resolver problemas das próprias cidades, e colaborar com a melhoria da qualidade de vida e condições ambientais em nível global, atendendo indiretamente a Agenda 21 Global.
  • A construção civil, parte integrante e indispensável para o desenvolvimento da humanidade, alem de um dos "facilitadores" do atual estagio de desenvolvimento, acaba sendo ao mesmo tempo algoz e vitima potencial da poluição gerada, pois "... a poluição atmosférica causada pelo alto grau de industrialização das cidades" (CUNHA, SOUZA & LIMA, 1996), continua e acelera a deterioração das estruturas, e por isso se torna uma preocupação a mais na hora de se projetar e construir uma edificação.

Medidas sustentáveis nos processos que envolvem a construção civil passaram 
a ser referência e modelo para empresas do ramo.