quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Ecoeficiência na Construção Civil

Após reforma, Casa Ecoeficiente é reinaugurada em SP, a casa que apresenta 
soluções inovadoras e Sustentáveis para a Construção Civil, foi renovada 
para incluir nova decoração e sistema de Automação

  • A relação do homem e o seu entomo é um processo sempre renovado que tanto modifica o homem quanto a natureza" (SANTOS, 1996).
O atual estagio do desenvolvimento econômico tem sido muito questionado por ter se tornado agressivo ao ambiente e a sociedade, fazendo uso de técnicas exploratórias e atividades produtivas, que se espalharam por todo o mundo. 
  • Busca-se agora um desenvolvimento que seja sustentável, e menos agressivo ao meio. Uma das ferramentas que tem se mostrado de grande valor para isto, a "ecoeficiência", e um modelo de gerenciamento, cuja aplicação pode gerar benefícios em cadeia, e onde o lucro não aparece como o único objetivo, mas sim como um entre os demais objetivos de longo prazo, como a melhoria da qualidade de vida. 
A construção civil, por envolver em suas atividades um grande numero de setores da economia e por afetar diretamente a qualidade de vida e o ambiente, se torna um grande campo para aplica~o destes princípios. No Brasil, já existem algumas iniciativas neste sentido, mas muito ainda se tem a fazer. 
  • O conceito de ecoeficiência e derivado direto do conceito de desenvolvimento sustentável e com sua aplicação e possível conciliar ecologia e lucro. Alem disso visa o aumento da produção, utilizando menos energia, com menor consumo de recursos naturais, menor desperdício e poluição, e aumento das praticas de reciclagem e reutilização. 
Segundo o World Business Council for Sustainable Development- WBCSD (Conselho Empresarial. Mundial. para o Desenvolvimento Sustentável) (2000), a palavra ecoeficiência e a combinação entre economia, ecologia e eficiência, portanto uma eficiência econômica e ecológica, o conceito pode ser entendido como:
 " ... alcançar com preço bom e competitivo, serviços que satisfação as necessidades humanas, trazendo qual.idade de vida, enquanto progressivamente reduz os impactos ecológicos e a intensidade de recursos durante o ciclo de vida, para um nível em sintonia com a capacidade estimada da terra". 
Este conceito tem a final.idade de orientar as empresas em suas ações rumo ao desenvolvimento sustentável, mas acabou alcançando ate níveis governamentais, segundo o WBCSD (2000). 

ANDRADE (l998b), salienta ainda que:  
" ... ecoeficiencia abrange conceitos como os de evitar a poluição, reduzir o desperdício, preferir a produção limpa ( ou mais limpa, como alguns preferem, já que produção inteiramente limpa não existiria )", compartilhando caracteristicas " ... com conceitos como os de design para o meio ambiente e de analise de ciclo de vida (de bens e serviços )".
O conceito de ecoeficiencia ainda e pouco divulgado e conhecido, sua aplicação aos processos produtivos de todos os setores pode trazer muitos beneficios. Para REYES (1999), os processos ecoeficiêntes podem ser entendidos como, " "Eco" por ecológicos, mas também por econômicos. Se o desperdício e a poluição indicam falta de eficiência no uso dos nossos insumos, o ideal e o ponto zero de poluição. 
Este seria o indicador de um uso ótimo, com menores custos econômicos e ambientais", e afirma ainda que e " ... primordial que o ciclo produtivo completo seja ecoeficiência, porque e possível obter produtos limpos de processos sujos. E urgente por isso uma visão integral".
Como explica ANDRADE (1998a), a ecologia e uma plataforma logica para a economia,pois, 
" ... não sera possível administrar uma casa se, antes, não a compreendermos nos seus limites e nas suas funções - inclusive, do ponto de vista sistêmico, ambiental". 
Através desta afirmação,pode-se enfatizar a estreita ligação entre ecologia e economia, o que fortalece o conceito de ecoeficiencia. Um dos apelos que tem maior poder de persuasão em um mundo capitalista como o atual, a economia, prende-se ao apelo mais visionário e comunitário, a ecologia e a qualidade devida dos seres humanos. 
  • A afirmação de MARCONDES (1999b ), reforça esta ideia, " ... qualidade de vida depende de padrões econômicos que afetam o meio ambiente em todo o processo produtivo e de consumo".
Outra afirmação que pode fortalecer esta ideia, porem de uma forma mais drástica, e que se o ambiente não for conservado a tempo, acabará. levando ao extermínio de algumas especies de seres vivos, ou na melhor das hipóteses, a uma grande barreira a ser transposta para que haja sobrevida em um ambiente hostil, onde a economia da forma atual, provavelmente não terá mais espaço. De que adianta tentar conservar o ambiente depois que ele não mais existir? 
  • Os princípios de ecoeficiencia não devem ser vistos como mais uma onda temporária e sentimentalista, sobre as atividades produtivas e os impactos da conquista do homem sobre o meio, mas sim como uma adi~ao de qualidade que aproxima as atividades produtivas e exploratórias das recentes linhas de pensamento ambiental, visando cortar de forma eficaz os desperdícios de material e mão-de-obra causados por má gerencia nos processes produtivos. 
Para REYES ( 1999), existem três desafios para que se alcance a eco-eficiência: o primeiro seria pensar neste conceito como " ... um meio para melhorar a competitividade de nossas empresas, enquanto protegemos o patrimônio natural ... "; o segundo, a " ... busca de soluções técnicas, acesso a capitais de risco e apoio dos governos", para por os processes em pratica; o terceiro, " ... investimento em capital humano, único elemento que garante que as soluções técnicas aplicadas realmente funcionem". 
  • Para que uma empresa atinja realmente a ecoeficiência e obtenha diferenciais mercadológicos e proporcione beneficios ao ambiente, e precise que se trabalhe na busca de melhoria para os processes produtivos e para os produtos, e nessas horas se faz necessária cada vez mais o "gemo inventive" e a criatividade do homem. 
As Edificações e o impacto crescente sobre o ambiente:
  • Para exemplificar a importância da adoção de critérios de gerenciamento e conceitos que diminuam o impacto das edificações sobre o ambiente, foram escolhidos alguns fatores que tem relação direta com as edificações, a ocupa((ao do ambiente pelo homem, e as conseqüências geradas para todo o planeta. 
Diversos fatores podem ser identificados como elementos de impacto sobre o ambiente em todos os setores da atividade humana, estes impactos podem ser bons ou ruins. A construção civil, e em particular as edificações representam um segmento imprescindível para o desenvolvimento da sociedade, marca da ocupação de qualquer região pelo homem. Isto se deve ao fato, de que, a maior parte das atividades do homem comum se realiza em prédios, casas e outros tipos de edificações.
  • Alguns dados obtidos nos Estados Unidos, e citados por FURTADO (1999b), como validos para a construção civil nos demais países industrializados, reforçam a ideia e mostram a dimensão do impacto causado pela construção civil sobre o ambiente e de sua representação no consumo dos recursos naturais.
Segundo dados apresentados por JOHN (2000), sobre as atividades de demolição e construção, so no Brasil, estima-se que:
 " ... indicam uma geração o entre 230 e 760kg/hab./ano, variando entre 41 e 70"/o do resíduo gerado nos municípios". 
Todo esse entulho gerado pode
 " ... conter resíduos perigosos, como adesivos, tintas, óleo, bactérias, biocidas incorporados em madeiras tratadas, sulfatos provenientes da dissolução de gesso, etc.", que podem causar a contaminação do solo e da água, e " ... so mente são considerados inertes pela normaliza~o internacional de resíduos porque se trata de uma exceção a regra de classificação de resíduos". 
Para caracterizar esse impacto, dentre os diversos fatores inerentes as atividades construtivas e seu relacionamento com o ambiente, foram escolhidos dois sempre presentes nas edificações, objetivando gerar conforto e qualidade de vida ao homem, e um terceiro que e a necessidade constante da construção de novas edificações. 
  • Estes fatores caracterizam-se como fontes de impactos, na maioria das vezes negatives sobre o ambiente, e tendem a gerar efeitos cada vez mais agressivos em relação ao meio, como aumento da população. Os fatores escolhidos foram: o deficit habitacional, o consumo de água potável e o consumo energético. 

Como outros setores da construção civil europeia, a indústria voltada para ambientes 
molhados tem a ecoeficiência como foco principal.

O deficit habitacional:
"Prevê-se que em 2020 a população mundial já tenha ultrapassado os 8 bilhões de habitantes." (SÃO PAULO(Estado), 1994).
O problema da falta de habitações e mais grave nas areas de grande concentração populacional, principalmente nos países caracterizados como "subdesenvolvidos", resultado da falta de condições adequadas de infra-estrutura publica e falta de recursos para a cria¢o de assentamentos capazes de suprir esta necessidade.
  • O deficit de habitações deve gerar cada vez mais preocupações em todo o mundo,principalmente quanto ao impacto da construção de tantas moradias sobre o ambiente, se não for solucionado de forma racional. 
Segundo BERNA (1999b), " ... a grande responsável pela destruição dos ecossistemas e mesmo a necessidade de moradia da população. de todas as classes sociais. Não há solução simples ou fácil neste caso, já que não da para se decretar o fin da natalidade ou proibir o acesso das pessoas a cidade".
  • A melhor solução para o problema das moradias, deve levar em consideração a qualidade vida, a eficiência das construções, os meios de transporte, redes de abastecimento, e demais melhoramentos urbanísticos. Caso contrario, o impacto ambiental dos assentamentos humanos sera cada vez maior.
Outro fato importante que reforça esta ideia principalmente nas grandes cidades, e acrescente migração de pessoas da área rural para a urbana. São apresentados dados históricos dos Censos realizados de 1940 a 2000 no Brasil, pela Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios - PNAD, e disponibilizados pelo Institute Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Estes dados mostram a realidade brasileira, da tendencia mundial na busca por melhores condições de vida.
  • Segundo os comentários da síntese de 1997 sobre o Censo, o grau de urbanização do pais apresenta aumento continuo, sendo a região Sudeste a mais populosa e com menor percentual de população rural, e confirmando a região Nordeste como a de maior êxodo populacional em busca de melhores condições de vida e oportunidade de trabalho. 
Segundo MATTEI (1999), o Brasil possui, "... um deficit monumental de habitações, algo em torno de 10 milhões de residencias". A grande carência de moradias se da principalmente nos grandes centros urbanos, e sua solução pode gerar danos irreversíveis ao meio, queda da qualidade de vida e indiretamente outros problemas sociais como violência urbana.


A migração interna para os grandes centros, sem infra-estrutura capaz de suportar um grande contingente populacional, trás diversos problemas sociais e econômicos, e como salienta CABRAL & PELICIONI (2000),
 " ... desperta o interesse para a venda de terrenos na periferia, alem da alternativa estabelecida pelas invasões clandestinas e irregulares, geralmente em propriedade municipal e/ou estadual, sem qualquer critério, acarretando inúmeros danos ao meio ambiente". Outros problemas tambem ocorrem como, a " ... 
Ocupação inadequada e irregular do solo urbano, principalmente várzeas e fundos de vale, aliada a .. _ taxas elevadas de impermeabilização da cidade, e o lançamento de resíduos sólidos nas vias públicas e nos cursos d'água, contribuem para a ocorrência de enchentes" (PHILIPPI, PELICIONI & MALHEIROS,1999).
  • No segundo semestre do ano 2000, foi realizado um novo CENSO, muitos dos resultados deverão ser mais amplamente divulgados apenas a partir do primeiro semestre de 2002.A tendencia de crescimento da população urbana e um fenômeno mundial, e continua sendo uma tendencia muito forte no Brasil, agravando os problemas sociais econômicos que o pais tem enfrentado.
O problema da água potável:
"Os primeiros registros que se tem a respeito da preocupa¢o do homem com o meio datam de muito tempo, muito antes da era cristã, e revelam a preocupação com a preservação da água; mais ou menos em 2300 a.C., ... .O homem antigo, associant:W os recursos naturais a divindade, mantinha a consciência da sua esgotabilidade e, por consequência, da necessidade de preserva-los"(CAMPINAS,1996).
A água sempre teve muito valor em toda a história da humanidade, sendo motivo de guerras e disputas territoriais. 
  • As técnicas de transporte de água por grandes distancias já eram utilizadas no Império Romano, através de aquedutos, tubos e cisternas interligados, que conduziam a água para as cidades, onde segundo PELICIONE & BIClJDO PEREIRA (1996), tinha seu uso racionalizado, pois a água era trazida de "... lugares distantes para os banhos públicos e ... reutilizada na limpeza dos mictórios", salientam ainda que, os romanos " ... possuíam tambem medidores lacrados nos encanamentos residenciais e assim controlavam o consume de água".
Outro exemplo levantado pelos mesmos autores e que em Sevilha (Espanha), haviam os "tribunais da água", conselhos que disciplinavam o uso da água na irrigação.
  • Atualmente, a água por ser um recurso finito, tem despertado grandes discussões quanto a seu uso e a destinação das águas servidas. Os mananciais de água potável mundiais são pequenos (cerca de 3% de toda a água existente no planeta sendo que a maior parte esta nas calotas polares ), e recebem altas cargas de polui~o, por esgotos industriais e urbanos. 
São frequentes as contaminações nos lençóis freáticos e córregos, provocadas pelos depósitos de lixo e produtos químicos utilizados na agricultura e na industria. Conforme salienta PEREIRA & FORTES (1999), a água servida proveniente das cidades acaba tomando poluídos a maioria dos rios e córregos, e que somente "... 500/o dos municípios tem redes coletoras de esgotos, mas somente 10% são tratados adequadamente, traduzindo um quadro critico pelo que representam para a qualidade de vida e a saúde da população".
  • Mesmo com o nivel de desenvolvimento tecnológico que a humanidade alcançou, nem todos tiveram ainda acesso a itens básicos, conforme cita MUTUME (1999), pois, pelo menos " ... 13% da população urbana do mundo em desenvolvimento, ou seja, 220 milhões de pessoas, não tem acesso a água potável e quase o dobro nem mesmo possui banheiros rudimentares", este problema aparece principalmente nos países em desenvolvimento, pois sendo sufocadas " ... pelo crescimento demográfico, as cidades ... não conseguem levar a todos os serviços básicos". 
Esta problemática tende a crescer cada vez mais conforme as perspectivas de aumento populacional, assim como a disparidade de condições sociais e econômicas entre os povos. atual tendencia de instalação de grandes industrias, principalmente em países de "terceiro mundo", trils processes poluidores e que muitas vezes tem seus resíduos jogados quase sem tratamento nos mananciais, porem, precisam em alguns casos de tratamentos químicos especiais antes de serem lavados. A poluição chega a causar em algumas regiões a completa inutilização dos mananciais de água doce para o consumo humano. 
  • As águas marinhas (que representam aproximadamente 97% do total de água existente no planeta), tambem são muito afetadas pela polução, vide por exemplo os problemas causados por derramamentos de derivados de petróleo em vários locais do mundo, alem dos esgotos lançados ao mar, que praticamente sem qualquer tipo de tratamento, tomam-se perigosos agentes disseminadores de doenças para a população, e causam danos a fauna e a flora aquática.
Um trecho de DORST(l973), a respeito da poluição das águas, mostra que hoje mais de 30 anos já se sabia dos problemas causados pelo esgoto das cidades e da industria, quase tanto quanto se sabe hoje, mas com todo este tempo a situação pouco mudou, e o texto parece ter sido escrito recentemente:
"As razies da poluição das águas doces silo evidentes e pertencem a duas ordens de fatos diferentes. A primeira esta relacionada com o crescimento da população humana e com o grau elevado de urbaniza¢o, corolilrio desse crescimento. As metrópoles, onde se concentram inúmeros habitantes, desenvolvem um enorme volume de águas usadas, incompletamente depuradas, que poluem os canais de fuga dos rios. A segundo provem do desenvolvimento da industria. que exige quantidades de água cada vez mais consideráveis e, sobretudo, que despeja nos rios os múltiplos produtos químicos que constituem os resíduos das suas atividades. "
A poluição dos mananciais de água potável, causada em grande parte pela descarga de esgoto geralmente sem qualquer tipo de tratamento, e por areas inadequadamente utilizadas para "lixões", todo o lixo carreado pelas águas pluviais quando da enxurrada das chuvas, e a falta de conscientização da população, acaba tendo reflexos econômicos, causando: aumento dos gastos com o tratamento da água distribuída para a população, pois, quanto mais poluída, maiores são os custos com produtos químicos no processo de tratamento; problemas na captação de água devido ao excesso de resíduos sólidos nos mananciais (garrafas plasticas tipo "PET", etc); inviabilização das atividades de lazer em rios e lagos.

A poluição dos mananciais água não e um problema apenas dos países em desenvolvimento, mas tambem dos "desenvolvidos", como mostra o BANCO MUNDIAL (1998), nos " ... Estados Unidos, quase 50% dos cursos d'água ainda estão contaminados pela poluição,assim como muitos dos principais cursos de água e estuários do Japão, Grã-Bretanha e Escandinávia. Na França e na Alemanha, apesar de décadas de cobrança de taxas sobre descargas de poluentes, os rios Sena, Rhone e Reno continuam poluídos".
  • O Brasil, conforme cita MARTINS (2000), possui " ... 13,7% da água doce disponível do planeta ... ", e compara que o pais tem " ... 800/o a mais de disponibilidade de água do que o Canada e a China e o dobro dos recursos da Indonésia e dos Estados Unidos". Salienta ainda que a distribuição dos recursos nacionais e multo desigual, pois cerca de "... 80% das águas brasileiras estão localizadas nos rios da Amazônia, onde vivem menos de 1 00/o da população", e que no estado de São Paulo, " ... onde moram cerca de 200/o dos brasileiros, estão situados 1,6% dos recursos hídricos ... " nacionais. 
Apesar da posição privilegiada do Brasil, deve-se mudar a postura em relação a gestão dos recursos hídricos, pois corre-se o risco de se ter de enfrentar problemas de abastecimento nos maiores centros econômicos, que por sinal estão distantes da região amazônica. A criação da Agencia Nacional das Águas - ANA, em meados do ano 2000, mostra novas perspectivas e esperanças na conscientização da população em geral, e da tentativa de urna gestão mais adequada dos mananciais nacionais.
  • Os lindices de consumo de água, mostram a agricultura como um dos maiores consumidores de água do mundo, e segundo o próprio BANCO MUNDIAL (1998), em países em desenvolvimento o consumo agrícola pode chegar ate a 80%. 
A Unica saída para este setor seria a otimização do uso de água em suas atividades, porem, reforça ainda mais o problema do crescimento populacional, pois, a agricultura e uma atividade essencial para a alimentação da população. E técnicas desenvolvidas em regiões áridas como Israel, para a irrigação da agricultura podem ser consideradas como uma tentativa para a redução do consumo, ou pelo menos otimização do uso.
  • Para uma melhor comparação e que esta muito relacionada a industria, a agricultura e ate a construção civil, MARTINS (2000), cita que a " ... produção de uma tonelada de papel implica no consumo de 60 mil a 380 mil litros de água, o mesmo valendo para uma tonelada de a 9º", e que a produção " ... de um quilo de arroz necessita de 5000 litros de água em media". E muita água que e utilizada e que muitas vezes volta para a natureza, poluída e contaminada.
A reciclagem de água e uma das opções para a racionalizas;ao do uso, pois desta forma, apesar de não se diminuir o consumo, se reaproveita apos um breve tratamento, a água que já foi retirada do ciclo natural e utilizada, novamente em atividades classificadas como de menor importância, porem, segundo JEFFERSON & JUDD (1999), " ... os riscos associados com a reciclagem de água são insuficientemente entendidos ... " e não ha unanimidade entre OS cientistas,pois, existem inúmeros produtos químicos em sua composição, assim como a possibilidade de transmissão de doenças e a necessidade de se estabelecer padrões biológicos para este sistema.
  • Outra barreira e a propria populas;ao, pois em uma pesquisa que foi realizada " ... quando perguntados se eles iriam usar a água de seu próprio banho ou a do banho de seus vizinhos para irrigar o jardim, 84% dos entrevistados expressaram a preferencia por sua propria água, somente 12% usariam a de outros" (JEFFERSON 1999).
O setor da construção civil não e o maior responsável pelo mau uso da água, mas pode dar a sua contribuição, com a redução do consumo de água nas obras, a implantação de sistemas hidráulicos mais eficientes, com menor consumo e desenvolvendo sistemas de recirculação de água servida proveniente de banhos e lavatórios, em bacias sanitárias, e em outros usos de menor impacto sobre o homem. Alem das edifica¢es serem, onde o homem efetivamente consome a água para outros fins alem da agricultura.
  • Segundo o IBGE (2002b ), o volume de água distribuído por dia no Brasil, entre os anos de 1989 e 2000, " ... cresceu 57,9%. Em 1989, dos 27,8 milhões de m3 de água distribuídos diariamente, 3,9"/o não eram tratados. Em 2000, a proporção de água não tratada quase dobrou,passando a representar 7,2% do volume total ( 43,9 milhões de m3 por dia)". 0 Instituto salienta ainda que vários " ... distritos, porem, são abastecidos com água subterrânea, como nos estados do Para ( 89"/o) e Rio Grande do Sul (75%), que, embora não tratada, pode ter boa qualidade".
No Brasil, " ... o índice de abastecimento de água nas regiões urbanas ... e de 91%, um dos melhores da America Latina, paradoxalmente com urna perda da ordem de 40% da água tratada (PEREIRA & FORTES, 1999), perda proveniente da baixa manutenção das redes de distribuição e do grande número de ligações clandestinas. Deve-se salientar que o desperdício de água e muito grande por parte dos consumidores em todos os setores, salvo algumas exceções que já se conscientizaram para o fato.
  • O gerenciamento dos recursos hídricos deve ser uma preocupação constante dos governos, e da comunidade em geral. Deve ser realizado o planejamento do !ISO dos recursos de forma a não exaurir os mananciais e não haver falta de água para o consumo; campanhas eficazes de racionalização do consumo para população, setor industrial e comercial, e concessionárias de captação, tratamento e distribuição; e incentivo ao desenvolvimento de sistemas e produtos mais econômicos e com preços acessíveis para toda a população.
O uso das águas subterrâneas e urna opção para o consumo, porem representam riscos que devem ser avaliados, como o que ocorre na cidade do México, onde a vasta exploração das águas do subsolo esta fazendo a cidade "afundar" um pouco a cada ano, devido as acomodações do solo. 
  • Na America do Sul, o Aquilífero Guarani, um dos maiores mananciais subterrâneos do mundo, se espalha sob os estados de São Paulo, :Minas Gerais, Mato Grosso do Sui, Mato Grosso, Goiás, Parana, Santa Catarina e Rio Grande do Sui, alem de parte dos países Paraguai, Argentina e Uruguai. Seu potencial estimado e bastante grande " ... os cientistas estimam que este oceano subterrâneo tenha cerca de 37 mil km' de água e volume de recarga suficiente para abastecer urna população de mais de 200 milhões de pessoas" (SAN MARTIN, 2000).
O potencial do aquilífero já e utilizado por varias regiões, porem pode esconder riscos, e alguns ja estão sendo estudados, como a possível contaminação com substâncias tóxicas provindas do solo, das atividades agrícolas e industriais, dos assentamentos que se localizam sobre a região de influencia, pois conforme cita DORST (1973), 
" ... as águas subterrâneas foram gradativamente poluídas, tanto por detritos orgânicos e pesticidas, espalhados em quantidades excessivamente grandes ( saturação dos filtros naturais ), quanto por sais que alcançam, sem nenhum tipo de impedimento, o lençol freático."
O problema energético:
  • Segundo Manfred Max-Neej, em entrevista concedida a CONIRERAS & GONZALES (1999), " ... o limite máximo suportável na Terra em matéria de utilização de energia e de 1,5 quilowatts/hora, por hora, por dia, por pessoa. E o máximo que nosso ecossistema suporta em termos de manipulação antrópica. "
A partir da Revolução Industrial, o desenvolvimento da humanidade teve grande impulso apoiando-se no consumo de energia elétrica, possibilitando que atividades que exigiam uma boa iluminação ( e por isso so podiam ser executadas ao ar livre), pudessem passar a ser executadas em ambientes fechados, mantendo eficiência e boas condições ambientais aos usuários. 
  • A demanda de energia tornou-se cada vez maior, gerando a busca cada vez mais acirrada por fontes de energia para suprir as necessidades de cada pais, alimentando os processes produtivos e atendendo as necessidades do homem.
No Brasil 97% da energia elétrica produzida e de origem hidráulica, o que o diferencia dos demais países, O pais apresenta um grande potencial hidrelétrico, porem com longas distancias entre os grandes centros consumidores e as fontes produtoras, segundo VENTURA FILHO (1996), o Sistema Interligado Sui/Sudeste/Centro-Oeste, representa 79% do mercado nacional, e justifica a continuidade do uso de usinas hidroelétricas no Brasil, fundamentando-se em diversos fatores como:
  • 1 grande potencial disponível a custos inferiores aos das outras opções ... ; 
  • 2 fonte energética renovável ... ; 
  • 3 experiencia existente no Pais em planejamento, projeto, construção, fabricação de equipamentos e operação de usinas hidrelétricas; 
  • 4 os reservatórios hidrelétricos ... planejados num contexto de uso múltiplo do recurso hídrico  
  • 5 viabilidade técnico-econômica e experiencia ... em sistemas de transmissão de longa distância 
Toma-se de grande importância a observação de que mesmo com o uso de usinas hidroelétricas, e com um grande espaço para sua aplicação no Brasil, este recurso e finito, e depende de condicionantes ambientais e sociais. Este meio de produção de energia necessita da inundação de grandes areas de terra, ocupadas geralmente por florestas, assentamentos indígenas, e ate cidades inteiras, para que sejam formados grandes reservatórios de água, utilizados para a produção de energia
  • A Amazônia com todo seu potencial de riquezas, tambem representa um campo promissor para a produção energia. E, "... a não consideração do potencial hidrelétrico da Amazônia para atendimento do mercado de energia elétrica do pais significa abrir mão de cerca de 42% do potencial hidrelétrico nacional" (AMARAL, 1996), porem para sua exploração e transporte da energia produzida para os centros consumidores, são necessárias grandes redes de transmissão que devem tambem ser implantadas de acordo com os aspectos sócio-ambientais das regiões por onde passar, para que a exploração seja racional e gere beneficios para todos.
Outros empecilhos para a exploração dos recursos hídricos da região Norte do Pais visando a produção de energia são, segundo AMARAL (1996), os seguintes: " ... parte significativa da regão e ocupada pela floresta tropical úmida, da qual depende seu ciclo biológico ... "; grande número de comunidades indígenas residentes no local; muita riqueza mineral, hidrológica e biológica; " ... ecossistemas frágeis ... "; " ... inusitado interesse e atuação de organizações não governamentais, a nivel nacional e internacional ... "; importância no ecossistema regional e ate global; " ... região de fronteira, com conflitos fundiários, presença intensa de garimpeiros, tensões sociais, e fraco papel do estado ... "; "... exigências constitucionais especificas para aprovação e licenciamento de empreendimentos, em alguns casos ainda não regulamentadas ... ".
  • Em todo o mundo, vem sendo estudadas alternativas para a produção de energia elétrica, porem a aplicação dessas alternativas depende de diversos fatores, mesmo que conjunturais, de ordem econômica, ambiental elou social. Como alternativas que estão sendo estudadas podem ser citadas: usinas termoelétricas a carvão, nucleares, de gás natural ( com grandes perspectivas de serem implantadas no Brasil, devido a construção de um gasoduto vindo da Bolívia), compra de energia de países vizinhos (praticada pelo Brasil), e ate da queima de resíduos da produção agrícola. 
Outras fontes podem se tomar viáveis como a eólica e a solar, que talvez sejam as melhores opções apesar de ainda terem algumas limitações técnicas e econômicas, para aplicação em larga escala, o importante e que todas as opções devem ser profundamente estudadas, com relação a seus impactos negativos sobre o ambiente, pois certamente terão de ser utilizadas em larga escala para poder atender ao mercado consumidor.
  • No ano 2001, o Brasil enfrentou, devido a um longo período de estiagem, uma crise que poderia ter tido proporções drásticas caso não houvesse apoio e conscientização da maior parte da população e do setor industrial. 
Por ter pautado o seu setor produtivo de energia elétrica, quase que totalmente, em usinas hidroelétricas e não ter conseguido agi!izar as opções que estavam em estudo, para a produção de energia através de usinas a gás natural, por motivos econômicos,ambientais, e talvez ate políticos, entre outros, o Governo Federal viu-se obrigado a implantar um "Plano de Racionamento", que após muitas discussões e revisões acabou entrando em vigor ate que os reservatórios de água das barragens voltassem a ter niveis normais.
  • O "Plano de Racionamento" que entrou em vigor durante o ano 2001, teve como meta a redução de 20% do consumo de energia elétrica, e para não frear de vez o desenvolvimento industrial foi criado um "mercado" de compra e venda de energia, onde empresas que aparentemente estavam melhor preparadas para cumprir a meta estipulada podiam em vez de acumular como credito a economia superior a 20"/o do consumo, vender para outras empresas que não estavam conseguindo economizar e por esse motivo sujeitas a multas e ao corte de fornecimento de energia.
A situação criada acabou favorecendo as empresas que vendiam geradores, devidos aos riscos de "apagões", como passaram a ser chamadas as possíveis falhas no fornecimento de energia que poderiam acontecer. Os investimentos que foram necessários e a diminuição na produção industrial em alguns setores econômicos, acabou gerando o fechamento de alguns postos de trabalho em todas as regões afetadas pelas restrições no consumo de energia.
  • Mesmo apos a crise energética, e após o restabelecimento dos niveis das barragens, o perigo ainda não esta liquidado completo, pois ainda continua sendo necessária uma revisão e o redirecionamento das politicas e alterativas adotadas para a produção de energia no Pais, forma rápida, que não impeçam o desenvolvimento e não prejudique o ambiente. 
A água, apesar de ser abundante em algumas regiões do Brasil, acaba tendo duplo uso, isto e, para produção de energia e para o consumo geral da popula<;ao e das industrias, o que exige u debate permanente sobre o uso racional tanto da água quanto de energia elétrica. Em paralelo, as novas opções a produção de energia sem prejuízo ambiental, e capazes de alimentar o mercado consumidor nacional.


A ecoeficiência procura otimizar os processos industriais no sentido de reduzir o consumo de energia e de insumos e minimizar a geração de resíduos.