sábado, 25 de outubro de 2014

Componentes do Sistema de Reúso de Água

Cientistas da Universidade de Montreal podem ter descoberto uma nova maneira 
de aniquilar superbactérias mortais.

  • O sistema de coleta de águas cinzas possui esgoto gerado pelo uso de banheiras, chuveiros, lavatórios e máquinas de lavar roupas, bem como outros tipos de equipamentos.
O efluente armazenado é então filtrado ou tratado a uma qualidade compatível com a finalidade de uso. A rede de distribuição deverá ser totalmente independente da rede de água potável, de forma segura e distinta. Os sistemas de tratamento podem ser divididos nos seguintes sub-sistemas:
  • Coleta e transporte; 
  • Tratamento; 
  • Sistemas de desinfecção; 
  • Sistema de armazenamento e distribuição: 
O sistema de coleta e transporte compreende a coleta do esgoto proveniente de lavatórios, chuveiros, máquinas de lavar roupas e banheira para um tanque de equalização, bem como a remoção do lodo decantado através de caminhão. O sistema de tratamento consiste em: 
  • Tratamento primário: armazenamento em tanque de equalização para diminuir a turbidez; 
  • Tratamento secundário: sedimentação do lodo e tratamento biológico; 
  • Tratamento terciário: podendo ser mediante o emprego de membrana de filtração e desinfecção por meio de carbono ativado ou com cloro. 
O porte do sistema de tratamento varia conforme o tamanho das edificações, pois depende do número de pessoas e atividades que consomem água. O tipo de tratamento depende da qualidade e do tipo de atividade. O tratamento mais adequado deve ser decidido em função do tipo de efluente gerado, bem como, dos tipos de uso. 
  • Cabe ressaltar que a água cinza é potencialmente perigosa, por isto deve-se ter bastante cuidado quando o sistema estiver instalado. Um dos maiores perigos é a possibilidade da água cinza ser utilizada para fins inadequados ou ser realizada uma ligação inadvertidamente com o sistema de água potável. 
Para evitar esta possibilidade, os sistemas de água cinza, bem como de água potável devem ser devidamente diferenciados, por meio de etiquetas, ou as tubulações devem ser executadas com materiais diferentes. Neste caso, a água cinza pode ser colorida com corante alimentar biodegradável. 
  • Peixoto (2008) recomenda pintar a tubulação de água não potável na cor roxa e identificar este sistema com placas identificadoras a cada 3 metros. Além disso, a referida autora recomenda também que o efluente tratado seja pigmentado com azul de metileno, uma vez que este pigmento não mancha as louças sanitárias. 
Outra medida importante seria o emprego de tubos e conexões que não pudessem ser acoplados com as tubulações do sistema de água potável, porém ainda não existem componentes que permitam essa alternativa no mercado nacional. É também recomendado um treinamento para que as pessoas possam utilizar adequadamente os sistemas, bem como informar o funcionamento, a operação e a manutenção. 

Qualidade e tratamento da água de reúso de edificações :
  • Existe uma série de problemas relacionados com o reúso de águas cinzas não tratadas adequadamente. 
O risco de propagação de doenças, devido à exposição a microrganismos contidos na água é um ponto crucial se a água for reutilizada, uma vez que o contato com a mesma pode ocorrer de diversas maneiras, tais como ingestão direta e ingestão de alimentos crus e verduras irrigadas com esta água e consumidas cruas (BLUM, 2002; ERIKSSON et al., 2002). 
  • Além disso, Eriksson et al. (2002), ressaltam que o crescimento dos microrganismos dentro do próprio sistema é outra fonte importante de proliferação de doenças. 
Segundo Blum (2002), os principais critérios que direcionam um programa de reúso relacionados com a qualidade da água produzida são:
  • O reúso não deve resultar em riscos sanitários à população; 
  • O reúso não deve ocasionar prejuízos ao meio ambiente; 
A fonte da água que será submetida a tratamento para posterior reúso deve ser quantitativa e qualitativamente segura; e A qualidade da água deve atender às exigências relacionadas aos usos a que ela se destina. 
  • As características da água cinza dependem primeiramente da qualidade da água de abastecimento; segundo, do tipo de rede de distribuição para água potável e para água cinza; e, terceiro, das atividades realizadas. 
Os componentes presentes na água variam de fonte para fonte, onde os estilos de vida, costumes, instalações e usos de produtos químicos são variáveis importantes. Além disso, existe o risco de degradação química e biológica de componentes químicos dentro da rede de transporte de esgoto e durante a sua armazenagem (BLUM, 2002). 
  • Por este motivo, deve-se levantar os constituintes presentes nos esgotos, devido ao risco sanitário provocado por substâncias químicas orgânicas e inorgânicas e microrganismos. Esses organismos representam risco sanitário tanto pelo tipo de prejuízo à saúde, como pelo curto tempo de resposta entre a infecção e o desenvolvimento da doença. 
Esgotos tratados podem ser reutilizados eficientemente, desde que os sistemas de tratamentos sejam adequados para reúso e removam principalmente microrganismos patogênicos e matéria orgânica. 
  • Para Asano et al. (1996) os principais parâmetros relacionados à qualidade da água recuperada a serem analisados são os microbiológicos devido a preocupação com a proteção da saúde pública. Além disso, este autor destaca a importância das características da qualidade da água recuperada e principalmente que não seja esteticamente desagradável. 
A saúde pública é protegida pela redução da concentração de patogênicos na água recuperada, controlando especificamente os constituintes químicos, e/ou limitando a exposição pública, o contato, a inalação e a ingestão com a água recuperada (CROOK, et al., 1994). 

A bactéria 'Pseudomonas aeruginosa', conhecida como bactéria de nadador, foi encontrada em 81 dos 200 galões e garrafas de água analisados.

Presença de Micro-organismos:
  • Segundo Amorim (2001), a água contaminada ou poluída ocasiona as doenças de veiculação hídrica, as quais são diferentes das doenças de transmissão hídrica, aquelas em que a água atua como veículo do agente infeccioso e também doenças de origem hídrica, causadas por substâncias químicas presentes na água em concentrações inadequadas. 
Em casos de reúso, os microrganismos devem ser primeiramente considerados para garantir que a sua presença não represente risco significativo para a saúde dos usuários. O controle dos microrganismos depende do monitoramento da qualidade da água através dos diversos processos de tratamento. 
  • Para isso, é necessário diferenciar os processos biológicos dos micro-organismos, que podem ser agrupados, conforme a natureza do metabolismo predominante, em aeróbios e anaeróbios. Os processos aeróbios são aqueles em que os microrganismos usam oxigênio dissolvido na água em seus processos respiratórios. Os processos anaeróbios são aqueles em que os microrganismos apresentam o mecanismo da respiração intra-molecular na ausência de oxigênio. 
O índice de Escherichia coli é comumente usado como indicador de contaminação fecal por meio do seu teor na água cinza. Além disso, alguns vírus como o enterovírus, podem se espalhar através das fezes contaminando a água. 
  • Segundo Eriksson et al (2002), vírus patogênicos, bactérias, protozoários e helmintos escapam dos corpos de pessoas infectadas em suas excretas e podem ser transmitidos para outras vias de exposição do esgoto. Estes microrganismos podem ser introduzidos nas águas cinzas pela descarga da bacia sanitária, higienização de bebês e crianças, troca e lavagem de fraldas, bem como lavagem de vegetais não cozidos e limpeza de carnes cruas. 
Watercasa (2001) apud Santos, Zabrocki e Kakitani (2002), apresenta as concentrações de coliformes fecais em edificações com sistema de reúso de água cinza.
  • Outros parâmetros podem ser também de interesse, principalmente em locais onde pessoas extremamente suscetíveis à infecções (como idosos, HIV-positivo e pessoas transplantadas) podem estar expostos ao reúso de águas cinzas. 
Além disso, pessoas que podem ter tido contato com fontes contagiosas, tais como refugiados, imigrantes que tenham visitado seus países nativos e/ou pessoas que viajaram para locais com problemas de saúde especial, podem carregar outros patogênicos quando retornam desses locais. Adicionalmente, traços de urina podem estar presentes em águas cinzas de banheiros. 
  • A urina é geralmente estéril e inofensiva, mas algumas infecções podem originar patógenos transmitidos por este líquido. As principais infecções causadas pela urina são a febre tifoide (Salmonella typhi) e a leptospirose (Leptospira). 
A ocorrência e concentração de microrganismos patogênicos no esgoto dependem de uma série de fatores, os quais incluem as fontes de contribuição no esgoto, a saúde geral da população contribuinte, a existência de doenças transmissíveis na população e a capacidade dos agentes infecciosos sobreviverem fora de seus hospedeiros em condições ambientais (CROOK, 1998).

Definição e classificação dos organismos patogênicos:
  • Qualquer microrganismo é patogênico em potencial, porém apenas um número limitado de espécies podem provocar doenças (AMORIM, 2001). 
Segundo Crook (1998), o potencial de transmissão de doenças infecciosas por meio de agentes patogênicos é o risco mais comum associado com o reúso não potável de esgoto tratado. 
  • O agente infeccioso que pode estar presente no esgoto não tratado pode ser classificado em três grandes grupos: bactérias, protozoários e helmintos, e vírus. Crook (1998) e Amorim (2001) comentam sobre os principais organismos patogênicos encontrados no esgoto, conforme descrito a seguir. 
Bactérias:
  • São microrganismos de aproximadamente 0,2 a 10 µm de comprimento. Como as bactérias patogênicas estão presentes nas fezes dos indivíduos infectados, então, o esgoto pode conter uma larga variedade e concentração de bactérias. A bactéria patogênica mais comum encontrada no esgoto é a Salmonella, que causa a febre tifoide. Outras bactérias do esgoto não tratado são Vibrio cholera, Mycobacterium tuberculosis, Clostridium, Lepstopira e Yersinia.
Conforme destacado a Escherichia, juntamente com o gênero Enterobacter e Klebisiela constituem o grupo dos coliformes fecais, um importante indicador de contaminação fecal na água. 
  • Uma atenção especial deve ser dada às bactérias capazes de induzir infecções externas no corpo, ou seja, infecções causadas apenas por um simples contato com as águas contaminadas, não necessitando de ingestão deste insumo, como por exemplo, Pseudonomas aeruginosa e Staphylococus aureus. Portanto, quando a água destina-se a atividades de contato primário, como recreação, deve-se ter um cuidado maior com a presença destas bactérias.
Fungos:
  • Os fungos encontrados nas águas poluídas têm origem no solo, uma vez que os verdadeiros fungos aquáticos não se adaptam às águas poluídas. Para que os fungos cresçam e se multipliquem, é necessário que as águas poluídas sejam ricas em matéria orgânica. 
Vírus:

São parasitas intracelulares capazes de se multiplicar somente em células hospedeiras. Os tamanhos variam de 0,01 a 0,3 µm. Os vírus entéricos mais importantes são: 
  • Enterovírus (polio, echo e coxsackie), Norwalk vírus, rotavírus, reovírus, calicivirus, adenovírus e vírus da hepatite A. O reovírus e o adenovírus são conhecidos por causarem doenças respiratórias, gastroenterites e infecções nos olhos. O Norwalk vírus e o rotavírus causam diarréia. 
Para sobreviver e se multiplicar, é necessário que os vírus estejam parasitando uma célula hospedeira viva. Portanto, em águas contaminadas, com material fecal, podem ser encontrados vírus entéricos, sendo que alguns podem apresentar uma maior resistência à cloração, levando a sua eliminação por adsorção por carvão ativado. 
  • Para Asano (1998), os vírus entéricos, do ponto de vista de saúde pública, são os grupos mais críticos de organismos patogênicos, devido à possibilidade de infecção pela exposição em baixas doses.
Protozoários:
  • São cistos parasitas maiores que as bactérias e variam de 2 a 60 µm. Eles não se reproduzem no ambiente, porém são capazes de sobreviver no mesmo, por muitos anos, em condições ideais. 
Helmintos:
  • Ascaris lumbricoides, Taenia saginata e solium são os helmintos mais comuns. Os ovos e larvas destes helmintos apresentam-se aproximadamente na faixa de 10 a 100 µm, são resistentes ao ambiente e podem sobreviver aos procedimentos de desinfecção. Porém, os ovos podem ser removidos através de processos de tratamento de esgoto, tais como sedimentação, filtração ou lagoas de estabilização. 
Algas:
  • As águas sujeitas à proliferação de algas azuis (cianofíceas) têm se mostrado nocivas ao homem, podendo ocasionar gastroenterite. As cianofíceas (cianobactérias) são microrganismos procariontes, cujas células costumam ficar agregadas em colônias e dependem da oferta de luz, fósforo e nitrogênio (poluentes orgânicos). As principais cianobactérias são microcistinas, cilindrospermopsina e saxitonas. 
As toxinas produzidas pelas cianobactérias apresentam efeitos adversos à saúde por ingestão oral, podendo ocasionar febre, dor abdominal, náuseas e vômitos. A morte devido a sua ingestão é causada por lesão hepática ou do sistema nervoso. 

Sistema de reuso - O truque é passar a água do tanque para as plantas através de uma válvula de sentido único."A água e os nutrientes que as plantas precisam vêm direto do tanque de peixes",