segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Salix alba - Salgueiro branco (Aspirina)

Salix alba - Salgueiro branco

  • Salix alba, também conhecido como salgueiro-branco é um salgueiro nativo de zonas temperadas, como o centro e o sul da Europa, o norte da África e o oeste asiático, ainda que, em menor quantidade, também pode ser encontrado na América do Norte. Necessita estar em locais úmidos e não resiste às temperaturas extremas. 
É uma árvore caducifólia que chega a atingir de 20 a 30 metros de altura. O nome deriva das folhas, que são mais claras que a maioria dos salgueiros, devido a uma cobertura muito fina acetinada, prateada na sua parte inferior. As folhas têm tipicamente de 5 a 10 centímetros de comprimento e de um a um centímetro e meio de largura. Os brotos dessa espécie vão da cor cinzento-castanho ao verde-escuro. As flores dióicas são racemos, produzidos no início da primavera e polinizados por abelhas.Um número de salgueiros-brancos cultivados e híbridos tem sido selecionado para uso na silvicultura e horticultura:
  • O salgueiro-taco-de-críquete (Salix alba 'Caerulea'), ou simplesmente chamado de salgueiro-inglês, é especialmente cultivado na Grã-Bretanha para a extração de sua madeira, não somente para a produção de tacos de críquete, mas também para outros usos onde são necessárias madeiras leves que não rachem facilmente. Sua principal característica é ter um crescimento rápido com um único tronco reto, e também por possuir folhas estreitas e longas (10–11 cm de comprimento, 1,5–2 cm de largura) com uma cor mais azul-esverdeada. Sua origem é desconhecida, mas pode ser um híbrido entre o salgueiro-branco e o Salix fragilis. 
O salgueiro-chorão (Salix × sepulcralis 'Chrysocoma', sin. Salix 'Tristis') é um híbrido entre o salgueiro-branco e o Salix babylonica, sin. Salix matsudana. O salgueiro-dourado (Salix alba 'Vitellina') é uma espécie cultivada em jardins e que possui brotos amarelo-dourado por 1-2 anos antes de tornarem-se castanhos. São especialmente decorativos no inverno; um melhor efeito é conseguido ao podar a árvore próximo ao nível do chão a cada dois ou três anos para estimular a produção de brotos novos e mais longos com melhores cores. Outros dois cultivares similares, o 'Britzensis' e o 'Cardinal', têm brotos laranja-avermelhado. 
  • Os salgueiros-brancos são de crescimento rápido, mas de vida curta, sendo suscetíveis a várias doenças, incluindo a doença da marca d'água causada pela bactéria Erwinia salicis (devido a sua característica mancha do tipo 'marca d'água' na madeira) e a antracnose do salgueiro, causada pelo fungo Marssonina salicicola. Essas doenças podem ser um grave problema para o crescimento das árvores destinadas à extração da madeira ou com finalidade ornamental.
O uso do salgueiro é datado de milhares de anos atrás. Hipócrates receitava que pacientes mastigassem a casca do salgueiro para reduzir a febre e inflamação. O gênero Salix inclui outras espécies como o salgueiro-frágil (Salix fragilis), salgueiro-preto (Salix nigra), salgueiro-acinzentado (Salix cinerea), dentre outros. A espécie Salix alba faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.

Composição Química:
  • É em 1828 que Johann Buchner, farmacêutico, procede à extração de cristais amargos da casca do tronco do Salgueiro Branco e lhe dá o nome de salicina. Esta substancia foi posteriormente utilizada pela industria farmacêutica que a sintetizou em ácido salicílico que é a base da composição da famosa aspirina.
A salicilina, o princípio ativo do salgueiro branco, é encontrada em várias espécies dos gêneros Salix e Populus. A substância foi isolada pela primeira vez em 1829, pelo farmacêutico francês H. Leroux. As propriedades antirreumáticas da salicilina assemelham-se muito às do ácido salicílico, no qual se converte por oxidação no organismo humano. 
  • Em 1838, o químico italiano Raffaele Piria mostrou que a salicilina era um glicosídeo, que purificou e do qual obteve, por hidrólise e oxidação da salicilina resultante, o ácido livre. A primeira síntese do ácido salicílico foi feita pelo célebre químico alemão Kolbe, que o preparou em 1859 pela reação entre o fenóxido de sódio e o dióxido de carbono. A produção em larga escala de salicilatos sintéticos começou em 1874, em Dresden, na Alemanha, no mesmo ano em que Van't Hoff e Le Bel propuseram, independentemente, o arranjo tetraédrico do átomo de carbono. 
A despeito das irritações estomacais causadas pela ingestão do ácido salicílico e de seu gosto amargo, sua grande aceitação pela medicina como medicamento eficaz para o tratamento de febres reumáticas agudas, artrites crônicas e gota levou a U.S. Salicylic Acid Company a obter de Kolbe o licenciamento para produção deste ácido nos EUA (Kiefer, 1997).

A salicilina:
Salicilina (C13H18O7) é um β-glicosil alcoólico que contém D-glicose. A salicilina é um antiinflamatório que é produzido da casca do salgueiro. A salicilina está quimicamente muito relacionada ao ácido acetilsalicílico e tem uma ação muito semelhante no corpo humano. Quando consumida, ela é metabolizada em ácido salicílico. O nome na (IUPAC) da molécula é 2-(Hidroximetil) fenil β-D-glicopiranoside. Ela tem a seguinte classificação e propriedades químicas:

Ácido acetilsalicílico

Usos medicinais:
  • As reconhecidas propriedades medicinais do salgueiro passam por atuar como antiflogísticas, analgésicas, adstringente, anti agregantes, anti reumáticas, sudoríferas e antipiréticas uma vez que, dos seus constituintes químicos fazem parte a salicilina, os taninos e os flavonoides.
Durante séculos, o salgueiro-branco é utilizado na medicina popular chinesa e na Europa para o alivio de dores (principalmente de lombalgia e osteoartrose), cefaléia e doenças inflamatórias, como bursite e tendinite. A casca do salgueiro-branco contém salicina, substância química semelhante à aspirina (ácido acetilsalicílico), responsável pelo alívio das dores e efeitos anti-inflamatórios da planta. O salgueiro-branco tem ação mais lenta que a Aspirina, mas os efeitos podem durar por mais tempo. 
  • Na medicina alternativa, a excreção de ácido salicílico aplicada ajuda a reduzir irritações na região urinária, reduzindo a inflamação. O salgueiro-branco é usado como um líquido para limpeza bucal. Gargarejo para amigdalite. Enxaguante para cabelos para combater a caspa. Compressas e cataplasmas para curar queimaduras. Embebição para picadas de insetos, feridas e suor exagerado nos pés. Os brotos do salgueiro são comestíveis, além de serem uma boa fonte de vitamina C. Pode ser comido cru, mas geralmente é ingerido seco em forma de farinha. As folhas jovens do salgueiro também são comestíveis e podem ser usadas como forragem para gados.
Hipócrates escreveu no século V a.C. sobre um pó amargo extraído da casca do salgueiro que poderia aliviar dores e reduzir febres. Este remédio é também mencionado em textos do Antigo Egito, Suméria e Assíria. Os índios nativos americanos usavam-na para combater a dor-de-cabeça, febre, dores musculares, reumatismo e calafrios. O reverendo Edward Stone, um vigário de Chipping Norton em Oxfordshire, Inglaterra, relatou em 1763 que a casca do salgueiro reduzia a febre. 
  • O extrato ativo da casca, chamado salicina, devido ao nome em latim para o salgueiro-branco (Salix alba), foi isolado em sua forma cristalina em 1828 por Henri Leroux, um farmacêutico francês, e Raffaele Piria, um químico italiano, que, em seguida, conseguiu isolar o ácido em seu estado puro. A salicina, como a aspirina, é um derivado químico do ácido salicílico.
Indicações:
Dores : 
  • A casca pode ser tomada como remédio para dores de cabeça, de dentes e de costas. O uso principal é na inflamação, dores e rigidez musculares e articulares, e em problemas como lesões desportivas e gota. Tem poucos efeitos secundários e pode ser preferível aos anti-inflamatórios em problemas que, como a osteoartrite, requerem um uso prolongado. 
Febre:
  • Tome uma infusão (talvez com gengibre, gingiber officinalis) para controlar febres e aliviar o mal-estar e desconforto que acompanham uma infecção aguda. Se tiver 39 °C ou mais, consulte logo um médico. 
Contraindicações:
O salgueiro-branco contém salicilatos que podem interagir com uma série de drogas anticoagulantes, beta-bloqueadores, diuréticos, drogas anti-inflamatórias não-esteróides, metotrexato e fenitoína. É contraindicado o uso do salgueiro-branco por pessoas alérgicas à aspirina. Overdoses podem causar erupções na pele, irritação no estômago, náuseas, vômitos, inflamação dos rins e zumbido nos ouvidos. Devido ao risco de desenvolver síndrome de Reye (doença muito rara, mas grave, associado com o uso de aspirina em crianças), a casca do salgueiro-branco não deve ser administrada a crianças menores de 16 anos de idade¹.

Salix alba - Salgueiro branco