sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Vernonia condensata - Boldo da Bahia

Vernonia condensata - Boldo da Bahia 

  • Existem algumas plantas que podemos utilizar para fins medicinais, que são tão populares que passam a fazer parte do nosso dia a dia. O consumo de algumas dessas plantas é mesmo tão habitual que encontramos facilmente em supermercados, feiras e comércios não existindo tanto, a necessidade do cultivo naquele pequeno jardim com ervas que temos em casa. 
O boldo é um ótimo exemplo para esse caso. Mesmo aquelas pessoas que não conhecem tanto sobre essa planta, sabem das suas funcionalidades medicinais e sabem exatamente quando devem tomar um chá da planta. Mas como sempre, mesmo conhecendo bem, existem dúvidas acerca dessas ervas, vamos aqui conhecer um pouco mais sobre o boldo e sobre todas as suas propriedades medicinais, assim como, aprender como fazer um chá e até cultivar em casa, caso você ache necessário e prefira uma folha dessa erva, mais fresca. 
  • Esse boldo é típico do nosso país, mas tem origem africana. Ele chegou aqui, trazido pelos escravos e na verdade é uma espécie que se difundiu do boldo de jardim. Sendo popularmente chamado de boldo baiano, ele ainda recebe outros nomes populares dependendo da região que é cultivado. Biologicamente, essa espécie de boldo recebe o nome de Vernonia condensata, sendo uma planta da família Asteraceae. Esse é o tipo de boldo que encontramos comumente nas feiras e prateleiras de supermercados e mesmo com toda essa praticidade, ainda é uma das mais cultivadas em jardins e hortas no nosso país. As folhas do boldo baiano são muito utilizadas na medicina popular, sendo consumidas em forma de chás ou sucos. 
A funcionalidade dessa espécie de boldo é mais para o tratamento da azia e da indisposição gástrica, por isso é tão comum ouvirmos os mais velhos indicarem o uso do boldo em casos de “empachamentos” no estômago, sendo também o chá mais popular para cura da ressaca. Mas além desses problemas, o boldo também é bastante indicado para o controle da gastrite e estimulante da digestão e do apetite. Mesmo tendo essa infinidade de indicações fitoterápicas, ela deve ser evitada em doses elevadas ou em consumo abusivo, pois pode causar irritações na mucosa do estômago. 
  • Mesmo com o nome de boldo baiano, podemos encontrar cultivos dessa planta em todo o território brasileiro, sendo mais bem cultivada em Pernambuco, Bahia, Ceará, São Paulo e Minas Gerais. Isso faz também com que o boldo baiano acabe recebendo outras denominações como acontece no Ceará que ele também é conhecido como alcachofra. 
O boldo da Bahia – Vernonia condensata é uma planta medicinal também conhecida como boldo-baiano, boldo-japonês, boldo-chinês, boldo-africano, boldo-goiano, boldo-de-Goiás, boldo, acumã, alumã, aloma, aluman, luman, árvore-do-pinguço, fel-de-índio, heparém, dentre outros nomes populares. Inclui os sinônimos botânicos Vernonia bahiensis, Vernonanthura condensata Baker e Vernonia sylvestris. Pertence a família Asteraceae.
  • O boldo da Bahia é uma planta medicinal de origem africana, trazida ao Brasil por escravos durante o período colonial. Em algumas religiões afro-brasileiras, o boldo é considerado uma planta sagrada. A espécie Vernonia condensata faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS). 
Vale ressaltar que o boldo verdadeiro é o boldo-do-Chile, que contêm o alcaloide boldina e cresce apenas em regiões montanhosas naquele país. A planta que conhecemos como boldo aqui no Brasil (boldo falso, boldo pequeno) pertence à família Lamiaceae (Coleus barbatus ( Andrews ) Benth. ex G. Don) e, embora também seja usada para distúrbios hepáticos, possui composição química e propriedades diferentes. Portanto, o boldo-do-Chile não é cultivado no Brasil e deve ser comprado em casas de produtos naturais ou em farmácias. Mas antes de comprar, verifique no rótulo se a espécie da planta é Peumus boldus.

Vernonia condensata - Boldo da Bahia 

Composição Química:
Principios Ativo : 
  • Saponinas, glicosídeo cardiotônico (vernonina), substâncias amargas (lactonas sesquiterpênicas), óleo essencial, flavonóides 
Lactonas sesquiterpênicas:
  • Os terpenos ou terpenóides formam uma diversificada classe de substâncias naturais, ou metabólitos secundários de origem vegetal, especialmente das coníferas, de fórmula química geral (C5H8)n .Tradicionalmente eram considerados como derivados do 2-metil-butadieno, mais conhecido como isopreno, uma molécula com 5 átomos de carbono ou unidade C5. 
A utilização da então chamada regra do isopreno permitiu classificá-los e estudá-los num primeiro momento, quando inúmeros terpenos foram isolados a partir de plantas superiores, muitos deles com valor comercial. Atualmente sabe-se que terpenos com aroma agradável são extraídos de essências de plantas, outros são a base de medicamentos convencionais ou as plantas que os contém são fitoterápicos, alguns são precursores de vitaminas e outros inseticidas. 
  • Estes compostos encontram-se em sementes, flores, folhas, raízes e madeira de plantas superiores assim como em musgos, algas e líquens, enquanto que alguns são encontrados em mamíferos.
A menor unidade terpenoídica, ou seja, unidades C5 ou hemiterpenos, geralmente está presente em diversas classes de metabólitos secundários, muitas vezes como alquilantes (prenilantes), e raramente livres. Uma classe especial de terpenos altamente modificados que contém unidades C5 são as piretrinas, substâncias com propriedade inseticida encontradas em espécies de crisântemo (Chrysanthemum cinerariaefolium, Asteraceae).
  • A grande maioria dos monoterpenos é volátil e constituinte básico de azeites aromáticos (óleos essenciais ou essências), como o mentol, linalol e citral, presentes na hortelã (Mentha x piperita, Lamiaceae), alfazema (Lavandula angustifolia L., Lamiaceae) e no capim-limão (Cymbopogon citratus, Poaceae). Alguns são precursores de uma classe especial de substâncias, os iridóides e seco-iridóides, encontrados por exemplo nas raízes de valeriana (Valeriana officinalis L., Valerianaceae) ou como unidades presentes nas estruturas de alguns tipos de alcalóides complexos. 
Alguns sesquiterpenos estão presentes em diversos óleos essenciais, como o α-humuleno, β-cariofileno, β-farneseno e α-bisabolol, este último constituinte principal da essência de camomila (Matricaria chamomilla L., Asteraceae). Já o α-humuleno e o β-cariofileno estão no óleo essencial da erva baleeira (Cordia verbenacea, Boraginaceae), matéria-prima para a produção do fitoterápico Acheflan® da empresa farmacêutica Aché. Outros sesquiterpenos mais complexos e mais funcionalizados possuem função ecológica ou são componentes ativos de algumas plantas medicinais, como as lactonas sesquiterpênicas, presentes por exemplo na arnica (Arnica montana, Asteraceae) e no tanaceto (Tanacetum parthenium, Asteraceae), e um tipo especial, a artemisinina, importante antimalárico encontrado em Artemisia annua (Asteraceae), planta de origem chinesa denominada "qinghaosu".

Usos medicinais:
  • Distúrbios de estômago e fígado, gases intestinais, colesterol alto, diarréia alimentar, insuficiência hepática, inapetência, inflamação da vesícula, colecistite 
O extrato das folhas do boldo-baiano possui diversos usos na medicina popular brasileira, vez que possui propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. O boldo-da-Bahia também é utilizado por meio de sucos ou chás medicinais. O boldo-baiano apresenta benefícios no tratamento da azia, distúrbios gastrointestinais, controle da gastrite, dores de cabeça, diarreia e age como um antídoto para picadas de cobras, devido as suas propriedades medicinais. 
  • O boldo da Bahia possui um glicosídeo esteroide conhecido como vernonioside B, que foi sugerido como um dos princípios ativos da atividade analgésica (antinociceptiva) dos extratos da folha da Vernonia condensata. 
O boldo da Bahia é considerado um forte remédio para tratar a ressaca, além de estimular o apetite a auxiliar na digestão. Acredita-se que o boldo-da-Bahia também ajuda no tratamento da anorexia, anemia, inflamações e problemas de bexiga. A Vernonia condensata contém ácido clorogênico, flavonoides, frutose, carboidratos, lactose, saponinas, lactonas sesquiterpênicas, sacarose, tanino e óleo essencial. 

Indicação:
  • Planta amplamente cultivada em hortas e jardins domésticos de todo o leste e sudeste do Brasil para uso caseiro de várias moléstias, hábito este herdado de nosso escravos que a trouxeram da África para a Bahia. Somente as folhas são utilizadas, cuja colheita pode ser feita em qualquer época do ano, de preferência antes do surgimento de flores. É empregada tradicionalmente para a supressão de gases intestinais, insuficiência hepática e inflamação da vesícula. As folhas são usadas em infusão como analgésico, sedativo e estimulante do apetite, porém principalmente empregadas nos casos de distúrbios do fígado e do estômago. Também é indicado para colecistite e diarréia alimentar.

Contraindicações:
  • Em doses altas, a Vernonia condensata pode provocar irritações na mucosa estomacal.

Vernonia condensata - Boldo da Bahia