sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Glifosato - (N-(fosfonometil)

Aplicação de glifosato

  • O glifosato (N-(fosfonometil) glicina, C3H8NO5P) é um herbicida sistêmico não seletivo (mata qualquer tipo de planta) desenvolvido para matar ervas, principalmente perenes. 
É o ingrediente principal do Roundup, herbicida da Monsanto. Muitas plantas culturais geneticamente modificadas são simplesmente modificações genéticas para resistir ao glifosato. A Monsanto vende sementes dessas plantas com o marca RR (Roundup Ready).O herbicida é absorvido pelas folhas das plantas, não por suas raízes.
  • Glifosato é um herbicida não seletivo, de ação pós emergente apresentado como concentrado solúvel. Devido às suas propriedades sistêmicas, permite o controle total de plantas daninhas, tanto das mono como das dicotiledôneas, que são atingidas pela ação pela ação herbicida não somente na parte aérea, como nas raízes
Química:
  • O glifosato é um aminofosfonato análogo ao aminoácido natural glicina, que portanto ocupa o lugar desta na síntese proteica. Seu nome é uma contração de glicina + fosfato. 
Bioquímica:
  • O glifosato mata as plantas por inibir a enzima 5-enolpiruvoil-shikimato-3-fosfato sintetase (EPSPS), que sintetiza os aminoácidos aromáticos: fenilalanina, tirosina e triptofano. A EPSPS cataliza a reação do shikimato-3-fosfato (S3P) e do fosfoenolpurivato para formar EPSP e fosfato. Os aminoácidos aromáticos são usados também para produzir metabólitos secundários como folatos, ubiquinonas e naftoquinas. A via do shikimato não está presente em animais. 
Meio ambiente:
  • Segundo a Monsanto, os glifosatos liga-se fortemente ao solo, portanto não vai para os aqüíferos. No solo, é rapidamente metabolizado por desfosforilação. 
Na Argentina, o uso massivo do glifosato provocou a aparição de resistência, levando a um aumento progressivo das doses usadas, e assim a uma desvitalização e perda de fertilidade do solo. O herbicida elimina também as bactérias indispensáveis à regeneração do solo.

Efeitos sobre a saúde humana:
  • Há indícios de que o glifosato do produto Roundup tenha efeitos nocivos sobre a saúde, como o aumento da incidência de certos tipos de câncer e alterações do feto por via placentária. Além disso pode causar danos aos sistemas cardiovascular, gastrointestinal, renal, nervoso e respiratório. Também é uma substância bacteriogênica que impede a reprodução da flora intestinal. A substância também estimula o surgimento do autismo. 

Molécula de glifosato
N-(phosphonomethyl)glycine
Disruptor endócrino:
  • Estudos in vitro (Walsh et al. 2000) demonstraram que o glifosato reduz a produção de progesterona em células de mamíferos, e afeta a mortalidade de células placentárias (Richard et al. 2005). Debate-se se estes estudos permitem classificar o glifosato como disruptor endócrino. 
Resistência ao glifosato:
  • Alguns microrganismos possuem uma forma de 5-enolpiruvoil-shikimato-3-fosfato sintetase (EPSPS) resistente ao glifosato. A versão usada nas culturas geneticamente modificadas foi isolada da cepa C4 da Micobacterium que era resistente ao glifosato. O gene CP4 EPSPS foi clonado e inserido na soja. 
O gene CP4 EPSPS foi manipulado para expressão em plantas pela fusão de sua parte terminal com um peptídeo de cloroplasto obtido de outra planta, no caso a petúnia. Este peptídeo demonstrara anteriormente a habilidade EPSPS bacterial para os cloroplastos de outras plantas. O plasmídeo utilizado para transportar o gene para dentro da soja foi o PV-GMGTO4. Ele possui três genes de bactérias: dois genes PC4 EPSPS, e um gene marcador, de Escherichia coli, que codifica a beta-glucuronidase (GUS).
  • Foi usado o método de aceleração de partículas para injetar o gene no cultivar A54O3 da soja. A expressão do gene GUS foi testada por um método de coloração, e as plantas que apresentaram o gene GUS foram pulverizadas com glifosato para testar sua tolerância.
Culturas geneticamente modificadas:
  • Em 1991 começou a ser vendida a soja geneticamente modificada. Em 2004 o glifosato era usado em 80% das plantações de soja dos EUA para eliminar ervas.
Nomes comerciais:
  • Inicialmente produzido pela Monsanto como Roundup, não está mais sob patente, e agora é vendido sob vários nomes, como TOP UP48 na Tailândia ou Mata-Mato, No Brasil.
Outros usos:
  • O glifosato é um dos vários herbicidas usados pelo governo dos EUA no Plano Colômbia na pulverização oficialmente de campos de coca. Seus efeitos sobre a saúde, sobre plantações legais e florestas tropicais, e sua eficiência na guerra às drogas têm sido fortemente contestados.
Há mais de vinte anos as plantações colombianas têm sido pulverizadas por iniciativa do governo deste país, enquanto outros países andinos produtores de coca optaram pela erradicação manual. Em 2005 o governo colombiano manifestou a intenção de pulverizar com glifosato as reservas florestais (a Colômbia é o terceiro país do mundo em biodiversidade), como a Floresta de Putumayo. Os protestos e denúncias da população, porém, detiveram este ato. Também o governo do Equador protestou, afirmando que o glifosato afeta os camponeses equatorianos. As comunidades indígenas são as mais afetadas pelo herbicida.

Sérios problemas de saúde:
Os moradores das malvinas garantem que o glifosato tem afetado a cidade.
“Quando fizemos o primeiro estudo epidemiológico com a Universidade de Córdoba, apareceram abortos espontâneos, más-formações e patologias ligadas à respiração e a doenças cutâneas”, enumerou Eduardo Quispe, morador e membro da Assembleia Malvinas Luta pela Vida, em conversa com a AFP.
A Argentina é um grande produtor de grãos e, na safra 2013/14, praticamente 100% da superfície de soja e de algodão foi semeada com variedades geneticamente modificadas (OGM), enquanto o milho transgênico representou 95% do total desse cultivo.
  • O motor de entrada de divisas da terceira economia da América Latina são as exportações agrícolas, que em 2012 superaram os US$ 29 bilhões, segundo cifras oficiais.Essa quantidade de recursos, fundamental para a frágil economia argentina, faz que o lobby agrícola não permita que as preocupações dos ambientalistas ganhem peso.
A Monsanto está presente há mais de 50 anos na Argentina, onde o uso de sementes de soja transgênica começou em 1996. Desde então, cresceu de forma contínua e transformou o país no terceiro produtor mundial, depois de Estados Unidos e Brasil.Em 2050, “9 bilhões de pessoas precisarão de alimentação, combustível e roupas. Como vamos conseguir (atender a esta demanda)?”, questionou a multinacional da agroquímica no site da filial argentina.Já a ArgenBio, uma organização que defende o uso da biotecnologia, promove o uso dos transgênicos e alega não haver provas de que os agrotóxicos possam afetar a saúde, se usados corretamente.
“Precisamos de uma agricultura muito mais rentável e produtiva, se levarmos em conta que precisamos de uma produção para alimentar os argentinos e exportar. A Argentina vive das exportações agrícolas”, alegou a especialista em Biotecnologia Gabriela Levitus.
Mas a dúvida está especialmente no uso do glifosato, que, na Argentina, é usado para fumegar próximo de áreas urbanas.Um informe recente da Universidade de Río Cuarto, em Córdoba, que exigiu oito anos de pesquisas, concluiu que há um “claro vínculo” entre o glifosato e mutações genéticas que podem causar câncer, abortos espontâneos e nascimentos com más-formações.
“Os agroquímicos e o dano que provocam estão absolutamente vinculados ao modelo agropecuário vigente”, afirmou o biólogo da UNRC Fernando Mañas, que também denuncia que empresas, produtores e funcionários do governo “costumam ignorar, ou desqualificar pesquisas, cujos resultados lhes sejam inconvenientes”.

Glifosato