quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O Tratamento para Preservação de Madeiras

Para alcançar a qualidade conforme os padrões da Norma ABNT 16143, este sistema gera informações precisas em cada etapa do tratamento da madeira, que podem ser acessadas e monitoradas a distância. 

  • O conceito aplicado à construção deste equipamento industrial, num projeto da Montana Química em parceria com a Seller Mecânica e Construção, incorporou a implantação de um “Sistema de Automação e Monitoramento por Comando Via CLP (Comando Lógico Programado)”.
 Ele permite o acionamento e a operação de válvulas, com abertura e fechamento automáticos, operação pré-definida por programa de computador (software) que tem por objetivo a otimização do processo e da mão de obra para tratamento da madeira.
  • A madeira, devido as suas propriedades físicas, mecânicas e químicas, tem sido utilizada com grande destaque em relação a outros materiais, ou seja, em boa parte dos projetos de engenharia e decoração, móveis, ferramentas, dentre outros, por ser um material renovável, podendo ser continuamente produzido por reflorestamentos.
Quando e utilizada, a madeira esta sujeita a decomposição ou deterioração por agentes físicos, químicos ou biológicos, pois e a parte morta de um vegetal, não apresentando mais vida.
  • Quando exposta ao tempo, sofre a influencia de variações de temperatura, de precipitações pluviométricas, de substancias químicas presentes no meio e de organismos xilófagos. Sua exposição a luz solar provoca deterioração de seus constituintes, enquanto que a alternância de chuvas resulta na absorção e perda de água causando inchamento e contração, o que, como consequência, contribui para sua deterioração. A própria atmosfera contribui com a deterioração da madeira, pais as partículas de poluentes presentes juntamente com as substâncias químicas do solo e da água reagem com seus componentes, deteriorando-os.
No decorrer de milhares de anos de evolução, a natureza selecionou organismos que obtêm seu alimento direta ou indiretamente da madeira. Entre estes se incluem bactérias, fungos, insetos, moluscos e crustáceos, que decompõem a madeira para utilizar seus constituintes como fonte de energia.
  • Via de regra, os agentes físicos, químicos e biológicos atuam em conjunto na madeira, acelerando seu processo de deterioração. Dos agentes deterioradores, os biológicos são os de maior importância.
Por ser um produto natural, a madeira apresenta, de especie para especie e mesmo em uma mesma especie, variações de suas propriedades. Assim, sua resistência ao ataque de agentes biológicos varia significativamente entre diferentes especies, em urna mesma especie, ou mesmo em diferentes regiões de um tronco. Mourões de algumas especies podem durar mais de 30 anos, enquanto que de outras não chegam a 2 anos. De acordo com CAVALCANTE, o cerne e geralmente bem mais resistente do que o alburno.
  • Ha inúmeras maneiras de se retardar a ação de agentes biológicos deterioradores. O método mais amplamente adotado e o da impregnação da madeira com substâncias tóxicas aos organismos xilófagos. Ha vários processos de impregna<;ao de madeira, bem como inúmeras substâncias que podem ser empregadas. A escolha de cada processo e substância depende do ambiente em que a madeira vai ser utilizada.
Primórdios da Preservação de Madeiras:
  • De acordo com CAVALCANTE. tem sido difícil estabelecer quando, pela primeira vez. o homem se utilizou conscientemente de algum processo para preservar madeira. Sabe-se que ha mais de 2.000 anos atras, já se queimava a superfície da madeira para protege-la contra organismos deterioradores terrestres. Com a mesma finalidade aplicava-se óleo de oliva. óleo de cedro, bem como alho fervido misturado com vinagre. 
A deterioração da madeira de cascos de embarcações foi de enorme importância econômica no ambiente marinho ate a utilização de cascos de ferro, que foi iniciada no final do seculo XVIII. Fenícios e cartagineses, utilizavam piche para proteger os cascos de suas embarcações, enquanto que no seculo III antes de Cristo os gregos aplicavam alcatrão, cera ou chapas de chumbo. As embarcações de Arquimedes de Siracusa (287-212 a.c.), bem como as dos romanos, eram também protegidas por chapas de chumbo.
  • Vários outros métodos químicos e/ou físicos foram experimentalmente utilizados ( através de tentativa e erro) para proteger a madeira contra o ataque de organismos. Somente no seculo XVII e que investigações mais rigorosas sobre preservação de madeiras começaram a ser desenvolvidas na Alemanha e mais tarde na França e Inglaterra. 
Varias substancias foram experimentadas e relativamente poucas mostraram-se eficientes. O desenvolvimento de estradas de ferro, a partir de 1825 e da energia elétrica a partir de 1879, promoveram a industria e a pesquisa em preservação de madeiras. Dentre os fatos importantes ocorridos na área de substancias e métodos utilizados para proteger a madeira destacam-se:
  • O emprego de creosoto (1681), cloreto de mercúrio (1705), fluoretos (1861), sais de Woman (1907), CCA (1933), pentaclorofenol (1936) e CCB (2ª. Guerra Mundial); A utilização de pressão para forçar a entrada do preservativo na madeira (1831 ). a invenção do método de tratamento por célula-cheia ( 183 8), substituição de seiva ( 1840) e por célula vazia (1902).
Foi relativamente fácil mesmo nos tempos antigos, associar com moluscos e crustáceos a deterioração de madeiras em contato com o mar. O mesmo e valido quanta aos insetos e a deterioração causada por estes organismos em madeira em ambiente terrestre. 
  • Contudo, as causas do apodrecimento da madeira só foram descobertas aproximadamente no ano de 1865, embora vários tratamentos de madeira contra este tipo de deterioração vinham sendo feitos ha mais de 2.000 anos. Ate 1863 havia varias explicações para o apodrecimento. e a mais comum estipulava que ele era o resultado de metamorfoses naturais que ocorriam durante o envelhecimento da madeira. 
Naquela data, o alemão Hermanu Schacht estabeleceu que os fungos eram os responsáveis. Trabalhos tem mostrado que bactérias também deterioram madeira. Atualmente, as pesquisas tem se voltado para as interações microbiológicas que ocorrem durante o apodrecimento, e os actinomicetos (bactérias filamentosas) vem sendo muito estudados sob este aspecto.
  • Nos últimos 15 anos, segundo o consultor técnico da Montana Quimica Valdevino Jose Carlos, houve um questionamento muito grande no que diz respeito aos três tipos de preservativos de madeira mais utilizados no mundo: Creosoto, Pentaclorofenol e Arsenicais inorgânicos (inclusive CCA). Houve também o desenvolvimento das classes de riso que vieram facilitar o emprego da madeira preservada na construção civil.
Em consequência desses dois fatos, o questionamento da toxicidade dos três preservantes tradicionais mais consumidos, e a criação das classes de risco, ocorreu o aparecimento de uma avalanche de novos preservantes de baixa toxicidade. Entretanto, esses novas produtos tem-se mostrado também menos eficiente, mais caros, e de efeito residual mais curto. Mas alguns deles tem encontrado emprego em situações menos agressivas principalmente nas classes de risco 1 e 2.

Todas as madeiras do projeto são Pinus de reflorestamento, de maior resistência e recebeu um tratamento contra cupins, fungos, entre outros que podem causar danos à madeira, porém o veneno utilizado não passa para as plantas.

Preservação de Madeiras no Brasil:
Desenvolvimento Industrial:
  • A implantação da preservação de madeiras no Brasil está intimamente ligada ao desenvolvimento das ferrovias. A primeira ferrovia brasileira foi inaugurada em 1854 e parece que os primeiros dormentes preservados foram utilizados no Brasil entre 1880 e 1884 e e quase certo que tenham sido importados. 
A primeira usina de preservação de madeiras sob pressão começou a operar em 1902 e foi importada da Inglaterra pela antiga Estrada de Ferro Central do Brasil para o tratamento de dormentes com creosoto. Ela foi instalada na Estação de Francisco Bernardino, em Juiz de Fora- MG.
  • As tentativas de uso de madeira roliça de eucalipto como poste aconteceram desde 1905, mas foi somente em 1935 que a Companhia Telefônica Brasileira utilizou pela primeira vez postes de eucalipto preservados com Carbolineum pelo processo Banho quente-frio. 
Esses postes foram instalados em um campo de apodrecimento da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e após 26 anos encontravam-se em perfeito estado. Posteriormente, estudos realizados em postes de eucalipto tratados pelo processo Boucherie, quente-frio e vácuo-pressão em autoclave, instalados entre 1935 e 1955 também pela Companhia Telefônica Brasileira, apontam que o poste de eucalipto quando submetido a um tratamento preservativo adequado, tem urna expectativa de vida media de 40 anos. 
  • No entanto, somente a partir da instalas;ao da primeira usina produtora de postes, operando pelo processo vácuo-pressão, em 1945, com a crescente escassez de especies nativas de boa resistência natural e somando ainda o aumento gradativo das necessidades de expansão de redes telefônicas e elétricas, e que o poste de eucalipto preservado foi aos poucos surgindo como mais uma alternativa para uso em sustentação de redes de eletrificação e telefonia.
A partir de 1957, varias usinas para tratamento de madeira sob pressão foram instaladas, chegando o total, em 1981, a cerca de 42. Postes, dormentes e mourões são as principais peças de madeira que foram tratadas ate o ano de 1982. Em menor quantidade incluem-se cruzetas, esteios e madeiras serradas para a construção civil.
  • Algumas empresas reconhecem no poste de eucalipto uma boa alternativa frente a outras, primeiramente por razoes econômicas, seguido pelo fato de apresentar inúmeras vantagens relacionadas ao transporte e manuseio, alem de ser obtido de recursos naturais renováveis. A experiencia mundial indica que não só os países de grande vocação florestal, como a Alemanha, Suécia, E.U.A,
 Finlândia entre outros países, utilizam intensamente os postes de madeira, mas ate a Inglaterra, pobre de florestas, rica de cimento, carvão e ferro, prefere importar postes de madeira para suas redes elétricas. Uma comparação entre a utilização de postes de madeira preservada no Brasil e nestes países confirma o fato de que não estamos empregando este material á altura do seu potencial. Nos EUA, por exemplo, o poste de madeira preservada e usado em linhas telefônicas, de distribuição e transmissão de energia. 
  • O consumido de postes de madeira preservada representa por ano, mais de 99% de todos os postes empregados, sendo estimada uma vida media de 30 - 35 anos para as peças. Na America do Sul países como o Uruguai, Peru, Chile, Colômbia e Argentina vem usando postes de madeira ha longos anos. com ótimos resultados. 
No Brasil, as empresas de energia elétrica começaram a utilizar mais intensamente o poste de eucalipto na desada de 1960. Na época, o usuário, assim como o fabricante, não possuíam referenciais quanto aos processos e produtos utilizados. Frequentemente adotavam normas ou especificações estrangeiras, que nem sempre referiam-se a madeira de Eucalyptus sp ou as condições de uso brasileiras, on ate mesmo, estabeleciam critérios baseados na experiencia prática que possuíam. O desenvolvimento da industria de preservação de madeiras no Brasil foi também impulsionado pelos seguintes fatores:
  • Promulgação da Lei Federal 11° 4.797 de 20/10/1965, do Decreta n° 58.016 de 18/03/1966, do Decreta n° 6!248 de 30/08/!967 e das Portarias do IBDF n° 2748-DN de 16/03/72 e Portaria n° 055/82-P de 08/03/82, regularizando a industrialização e emprego de madeira preservada;
  • Criação, em 25/08/69 da ABPM - Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira;
  • Criação, a partir de 1973, de normas e especificações sobre preservação de madeiras pela ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas;
Ratificação de convenio pelo IBDF (instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal), IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A) e da ABPM (Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira), objetivando a divulgação da preservação de madeiras e a criação de serviço de controle de qualidade de madeira preservada e produtos preservativos.
  • Com estes fatores, ficou parcialmente resolvido o problema da falta de referenciais. Entretanto, apesar de ser de custo inferior ao do concreto, os postes de madeira são poucos empregados e em alguns estados o seu emprego e vetado pelas concessionarias de energia elétrica, pelo simples fato de desconhecerem as vantagens desse material de engenharia.
O principal problema do setor de preservação de madeiras e o desconhecimento e preconceito por parte dos consumidores, sendo necessária a conscientizas:ao e o trabalho com qualidade como forma de consolidar o conceito e a credibilidade da madeira tratada no mercado nacional.

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